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2. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA

3.2. Facebook e Twitter – Usos e características

A literatura trabalha com dois conceitos quando o assunto é comunicação mediada por computador: o de mídia social e rede social. São termos distintos que merecem ser definidos aqui. Facebook e Twitter são mídias sociais, que vem a ser os meios pelos quais as redes sociais de sujeitos são construídas e compartilhadas. São meios de propagação de conteúdo. Essas plataformas de conteúdo relacional se tornaram populares com a web 2.0, época em que se evidenciaram as ferramentas potencializadoras da interação entre os participantes,

58 produção colaborativa e troca de informações. Na definição de Boyd e Ellison (2008, p. 211), Facebook e Twitter são sites de redes sociais, pois dispõem de serviços que possibilitam aos participantes a construção de perfis públicos ou semi-públicos, de acordo com as limitações do sistema, além de permitir a formação de listas de pessoas com as quais possam compartilhar, visualizar e percorrer conexões uns dos outros.

Já as redes sociais são nodos de relacionamento, são grupos de pessoas, comunidades com interesses mútuos que compartilham e conversam sobre temas similares.

Em 2004, o Orkut foi uma das primeiras mídias sociais utilizadas pelos usuários para acompanhar campanhas eleitorais. Em 2012, um dos instrumentos de interação e participação durante as eleições foi o Facebook (criado por Mark Zuckerberg), que completou 10 anos em 2014 com 1,19 bilhão de participantes, o que coloca essa mídia como a maior rede social do mundo. Com essa marca, o Brasil continua a ocupar o segundo lugar no ranking mundial de usuários, ficando atrás apenas dos Estados Unidos22 (em relação à pesquisa da Socialbakers – Facebook Statistics de janeiro de 2013).

No ano de seu surgimento, em 2004, o Facebook atingiu o primeiro milhão de usuários. Nele, os participantes mantêm contato com amigos, colegas e familiares, Além disso, divulgam seu próprio conteúdo e informação de interesse pessoal. Eles podem gerenciar seus perfis, ao escolher e publicar uma foto de capa e outra que os identifiquem. As conexões são recíprocas e simétricas (uma pessoa envia solicitação de amizade e a outra aceita se quiser). Há espaço sem limite de caracteres para os conteúdos de texto, bem como existe a possibilidade de anexar imagens e vídeos nas mensagens.

Essa mídia social disponibiliza também as ferramentas curtir, para quem gosta do que foi publicado por outros; e a compartilhar, que é um recurso embutido nesse site e que permite ao usuário se apropriar dele e expandir seu uso (disseminar fotos, notícias, vídeos,

links para sites) dentro de suas práticas sociais. Os usuários também podem comentar as

mensagens alheias. Outros recursos são o link para envio de mensagens diretas (para aqueles que não querem torná-las públicas na página do perfil) e os emoticons, representações gráficas que facilitam a comunicação e ajudam os participantes a demonstrarem o grau de suas sensações.

Além do Facebook, uma rede de relacionamento utilizada pelos candidatos nas campanhas eleitorais, por sua facilidade de uso e disseminação, é o Twitter. Quanto à adesão

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FELIPE Ventura. Com 1,19 bilhão de usuários, Facebook está mais forte do que nunca. UOL, 31 out. 2013. Disponível em http://gizmodo.uol.com.br/facebook-3q2013/ Acesso em 30 mar. 2014.

59 desse aplicativo, o Brasil é o quinto país com o maior número de participantes ativos, atrás dos Estados Unidos, Japão, Indonésia e Reino Unido. De acordo com o diretor-geral do microblog no país, Guilherme Ribenboim, o Brasil possui 64,7% usuários ativos23.

O Twitter foi criado em 2006 por Jack Dorsey, Bin Stone e Evan Williams. É um dispositivo de comunicação mediado pelo computador para publicação de micromensagens em que os participantes respondem, inicialmente, à pergunta O que você está fazendo? (What

are you doing?) num espaço de 140 caracteres. Com o passar dos anos, as postagens nessa

mídia adquiriram outro viés, por exemplo, com a publicação de mensagens publicitárias e relacionadas ao cotidiano dos participantes. Hoje, o lema, descrito por Marques et al. (2011,

p. 350) é “Siga o que lhe interesse” (“Follow your interest”), ou de acordo com Guzzi (2010,

p. 30) as perguntas são: “Com quem você está conversando?”, “Quem você está rastreando”,

“Por onde anda a realidade afinada com seus interesses?”. Dessa forma, nota-se que o “quem”

assumiu papel preponderante na medida em que o Twitter acompanha mais intensamente ações e pensamentos dos participantes.

É uma estrutura que conecta seguidos (following) e seguidores (followers), construindo canais de informação em rede. As conexões são assimétricas. O usuário abre uma conta, constrói uma página e passa a seguir outros participantes sem ter seus consentimentos ou aprovações, gerando consequências para ambos, pois os seguidores de um usuário passam a receber seu conteúdo. Ao mesmo tempo, o usuário passa também a ser seguido por outros

twitters. Esse microblog é o principal atrativo para quem quer se manter informado por meio

de notícias.

Alguns códigos de mensagem são padronizados, como a hashtag (#), que relaciona palavras-chave a determinado conteúdo para que seja encontrado por outros tuiteiros ou mesmo reunir pessoas que participam de eventos ou se interessam por assuntos específicos; a arroba (@), que identifica o tuiteiro e possibilita o rastreamento do usuário, aparecendo para

ele na aba “respostas” ou replies; e o RT (retweet), colocado antes da mensagem para quem

quer repassar conteúdo de outros usuários. Nessa plataforma é possível ainda organizar listas de usuários que são seguidos e realizar pesquisa sobre essas listas para saber em quais delas está determinado participante. No Twitter, ferramentas de encurtamento de links permitem que o usuário complemente sua mensagem acrescentando um link que direcione seus seguidores para outros sites de notícias, fotos e vídeos. Além disso, os participantes podem

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TECNOLOGIA. Brasil é o quinto maior mercado do Twitter no mundo. Gazeta do Povo, 23 mar. 2014. Disponível em http://http://www.gazetadopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1456239 Acesso em 30 mar. 2014.

60 divulgar ações e tecer comentários sobre fatos e pessoas nos Trending Topics, que podem servir de material para agendar a imprensa. Na análise de Oliveira (2011, p. 18), em relação às eleições 2010:

o twitter teve um peso maior na estratégia digital das eleições brasileiras do que nas norte-americanas, e acabou muitas vezes por pautar a mídia chamada 'tradicional'. Declarações dos candidatos em seus perfis acabavam ultrapassando os limites da internet: apareceram como tópicos em entrevistas televisivas e ganharam páginas em jornais e revistas.

A busca por mais participantes incentiva as empresas que gerenciam as mídias sociais a uma constante atualização e inovação, inclusive na produção de aplicativos específicos direcionados para os objetos miniaturizados, como tablets e smartphones. O objetivo é satisfazer o público e atrair mais usuários. Em relação às mídias sociais propriamente ditas, as empresas procuram ofertar mais ferramentas que possam aumentar as capacidades de conexão e de comunicação entre os participantes. No que se refere ao potencial conectivo, uma pesquisa24 apontou que, no Facebook, 13 % dos usuários publicam conteúdo próprio, 53% compartilham conteúdo e interagem e 34% são meros espectadores. Já no Twitter, apenas 10% realizam postagem de conteúdo, outros 35% partilham informações e se engajam e 55% são espectadores. Metade dos participantes do Facebook valorizam o compartilhamento ou like, e 32% valorizam o retweet.

Mas a preocupação atual das empresas que possuem conta nas redes sociais também se direciona para os valores dessas conexões muito mais do que para o número de usuários. Nesse panorama, observa-se que na política os vínculos entre eleitores e candidatos podem se tornar mais fortes a partir das conversas, da interação construída entre ambos, do conhecimento mútuo, com o entendimento do valor desses vínculos, dessas conexões por ambas as partes.