• Nenhum resultado encontrado

III: Análise do texto de partida relevante para tradução

III. 3. Factores intratextuais

No seu modelo, e ao contrário da Nova Retórica e da típica distinção básica entre conteúdo e forma, Christiane Nord afirma que já é longa a evidência, em Linguística, de que estas duas dimensões dificilmente se podem separar num signo linguístico. Além disso, ter-se-á provado complicada a aplicabilidade na análise textual das duas como categorias (cf. Nord 1991: 79). Parte-se aqui mais da hipótese de que a inversão de um modelo de síntese da produção de um texto conduz a um modelo de análise textual, em que o propósito comunicativo do emissor faz parte da dimensão semântica e determina a selecção de itens de informação. Na dimensão da estruturação do texto, são seleccionados os mais importantes elementos internos na transmissão da mensagem, elementos esses que não são apenas informativos, mas também exibem uma função estilística (cf. Nord 1991: 81).

Nord define estilo como a forma através da qual a informação é apresentada ao receptor, uma definição puramente descritiva, referente à intenção do emissor (este envia pré-sinais ao receptor sobre como efectuar a recepção com base na sua competência textual de decifração dos padrões estilísticos de certos tipos de texto) bem como às normas e convenções sociais.

Tal como no caso dos factores extratextuais, do ponto de vista metodológico verifica-se a recursividade da análise dos intratextuais e a sua interdependência. Para alguns textos a análise focar-se-á em certos elementos internos, ao passo que noutros a sua distribuição será mais convencionalizada. Ao tradutor caberá dominar activamente os padrões de expressão estilística para decidir que elementos achará necessários para cumprir a função desejada para o TC (cf. Nord 1991: 84).

Tema

Em geral, todas as abordagens de análise textual dão relevância a este factor, ainda que com diferentes visões: Reiß (1984) centra-a na questão “o quê” e Wilss (1977) refere que é de cariz pragmático mas, na visão de Nord, sem o justificar. Por isso a autora de “Textanalyse” aponta seis razões que relevam esta dimensão: a) existe coerência se um tema domina o texto, sendo preciso ter em atenção uma possível hierarquia temática em caso de combinação de textos e na presença de elementos não verbais a marcarem-na; b) a inserção cultural do tema, o que condiciona as pressuposições e a sua relevância para a tradução, o que não impica que, no caso em que o contexto do TP não é universal, o TC tenha de se condicionar à cultura da LP; c) a determinação do tema delimita as realidades extralinguísticas, permitindo ao tradutor perceber se possui saber-fazer (também terminológico) e que pesquisa terá de empreender; d) permite efectivar o controlo de compatibilidade, a viabilidade da tarefa; e) permite, uma vez feita a análise do tema, abordar a função do título e ambiente textual, dado que na nossa cultura as convenções sintácticas apontam para a tematização desde o título; f) pelo tema se pode inferir elementos extratextuais ainda não obtidos com a análise inicial e confirmar/infirmar as expectativas geradas por essa análise (cf. Nord 1991: 86-87).

A competência linguística desempenha aqui papel central, pois explicar a coerência textual (relações entre elementos textuais) não basta para completar a compreensão textual. Esta emana da coordenação da informação verbalizada com uma realidade particular, um conhecimento do mundo. Nord (Nord 1991: 88) cita Scherner (1984) na sua factorialização do modo de compreensão textual pelo leitor: o horizonte de emissor e receptor, os conhecimentos que têm armazenados; a competência linguística adquirida; a situação comunicativa que ambos percebem; o co-texto, o ambiente linguístico dos elementos em questão. A relevância destes factores para o tradutor reside no facto de este tentar perceber que os horizontes não se devem apenas às idiossincrasias individuais, mas também às influências culturais, pelo que o tradutor

nunca poderá ser um observador desinteressado: entende o texto por contraste com o seu horizonte e tenta encontrar justificação intelectual para esse entendimento (Nord 1991: 88).

No caso do TP em apreço, trata-se de um texto a nosso ver integral, único e tematicamente coerente. Os vários capítulos circunscrevem-se à temática da Linguística das Variedades, a evolução histórica da disciplina e as várias dimensões em que opera, não se detectando pistas em contrário. Ou seja, não parecem existir indícios de que se trata de uma combinação de textos, ainda que o autor se socorra de inúmeros exemplos provenientes de outros tipos textuais para ilustrar as sub-problemáticas que vai analisando.

O tema central da Linguística das Variedades marca presença explícita na designação e no início de praticamente todos os capítulos (sob as mais variadas formas, desde a designação do tema, passando pelo recuso a collocations do género “variação”, “cadeia de variação”, “variedades” e “contacto entre variedades”), sendo provavelmente a publicação no mercado alemão que mais demoradamente se detém sobre o mesmo. Não existe, portanto, hierarquia de assuntos compatíveis, típica de combinação de textos, antes uma ordenação de sub-temas derivados do tema principal: questões centrais, perspectivas, conceptualização, acepções, variação diatópica, variação diastrática e diafásica, diamesia e diacronia, contacto linguístico e Linguística das Variedades, e variação diassistemática e tradução.

O tema obtido pela análise interna corresponde às expectativas geradas pela análise externa, pois nesta o emissor e a sua intenção, ligação ao tema e especialização apontavam para isso mesmo. O mesmo se pode afirmar dos receptores (especialistas na área ou alunos de disciplinas relacionadas), do tempo e local (academia alemã actual na área das ciências da linguagem), do meio (colecção específica) e do pretexto (Sinner refere explicitamente na introdução que o tema estaria en vogue).

A verbalização do tema, além das frases tópicas que referimos acima para cada capítulo, é profusa no que toca ao corpo do texto. Desde logo no título, mas igualmente, se nos é permitido detalhar, na introdução, onde se regista 27 palavras compostas formadas com “Varietaet” por prefixação ou sufixação, isto em apenas 4 páginas. Este

exercício produziu nada mais nada menos do que uma média de 4 resultados por página em média para todo o volume. Se multiplicarmos por 280 páginas, percebe-se a omnipresença do vocábulo. Se considerarmos o termo central “Varietätenlinguistik”, este ocorre 99 vezes ao longo do manual, confirmando a ligação umbilical do conteúdo textual à temática. Adicionais análises de coerência e coesão, com produção de cadeias semânticas reforçariam estes dados, não temos dúvidas.

Este tema está ligado a um contexto cultural específico, o do meio académico- científico germanófono especializado nas questões de variação linguística, que difere quantitativa e qualitativamente do meio académico-científico da CC pelo facto de se encontrar a produção científica e, particularmente, de terminologia, neste último ainda num estado mais incipiente (Holtus 1994: 623). Este facto, entre outras questões, levou-nos a questionar, por exemplo, a inclusão do ponto 4.1 no TC, uma vez que aborda a diversidade de abordagens germânicas sobre a diatopia e culmina num quadro elaborado por Radtke (1973) e citado pelo autor (Sinner 2014: 91), em que se evidencia a abundância de termos variados em alternativa a outros três relativamente centrais: Hochsprache, Umgangsprache e Dialekt. Esta diversidade levou-nos a recorrer a alguma explicitação dos mesmos no TC, ainda que esta estratégia tenha sido mais uma excepção e menos uma regra, pois se trata de um tipo de texto convencionado e em que, no cômputo terminológico geral, as convenções da CC não obrigam a verbalização extra no TC.

Conteúdo

A bibliografia não terá, até Nord, lidado de forma satisfatória com esta questão, permanecendo vagos conceitos como significado e conteúdo e havendo poucas pistas para a sua determinação. Em Thiel (1978) e Reiß (1984) limita-se ao léxico e em Bühler (1984) a um sumário/paráfrase. Quando o tradutor possui um bom domínio da LP e respectivas normas e convenções de produção textual, à partida haverá poucos problemas na aferição do conteúdo, sendo necessário, ainda assim, meios para verificar esse conhecimento intuitivo (cf. Nord 1991: 90).

A paráfrase é defendida como instrumento de análise de conteúdo, em que este conceito é definido como a referência de um texto a objectos e fenómenos da realidade extralinguística (do mundo ficcional ou real). Aquela referência é expressa por estruturas lexico-gramaticais (palavras, orações, padrões frásicos, tempo, tom, etc.) que se complementam, reduzindo a ambiguidade e formando um texto coerente. O ponto de partida da análise de conteúdo deve ser a informação veiculada por elementos textuais ligados, na superfície do texto, por meios linguístico-textuais como conexões lógicas, relações tema-rema, perspectiva frásica funcional, etc. (idem: 91).

Os meios de coesão (anáfora, catáfora, substituições, recorrência, paráfrase, pro- formas, etc.) usados na análise de conteúdo variam de língua para língua, constituindo a paráfrase uma dificuldade do TP (procedimento de tradução intratextual), além de que em certas culturas estas são típicas de certas formas de texto.

As conotações (significados secundários) são informações expressadas por um elemento linguístico em virtude da sua associação a um certo código linguístico - níveis estilísticos, registos, estilo funcional, dialectos, etc.). Algumas fazem parte do conhecimento comunicativo de todos os falantes, quando ligadas de perto a um item lexical e presentes num dicionário, enquanto que outras pertencem apenas aos horizontes de emissor e receptor. A função do texto permite gerar expectativas sobre estes elementos (Nord 1991: 93).

A análise da situação interna é igualmente relevante para perceber se equivale à externa. A informação no texto pode ser factual, baseada nos factos vistos convencionalmente como realidade por emissor e receptor, ou ficcional, sendo ficcionalidade uma propriedade pragmática atribuída a um texto pelos participantes na interacção comunicativa. A sua definição depende da noção de realidade e das normas de textualidade prevalecentes na sociedade em questão (cf. Nord 1988, in Nord 1991: 94).

Como foi sendo aventado na análise da situação externa, os factores extratextuais são principalmente verbalizados logo nas primeiras páginas da obra e de forma relativamente visível. O emissor é-o na capa e páginas seguintes, bem como o uso da primeira pessoa o denuncia nos agradecimentos e introdução, onde fica também

visível, ainda que mais indirectamente, a sua intenção. O receptor é referido directamente como “Studierende” na introdução, a propósito da forma de preparação do estudo dos capítulos e indirectamente na inclusão de exercícios, que usam da função operativa. O meio é aludido pela designação da colecção e logo nos agradecimentos, ao referir que este “Lehrbuch” seria impossível sem os agentes mencionados. O tempo consta da data de edição, tal como o local, sendo que este factor recebe várias menções na introdução17. O pretexto é mencionado no prefácio com os agradecimentos ao editor

da Narr, bem como na afirmação, na introdução, de que as questões em Linguística das Variedades estão en vogue. Finalmente, a capa exibe a função do texto (“Einführung”), que é profusamente repetida ao longo do mesmo.

Em virtude da dimensão da obra, recorremos à recensão crítica do TP, elaborada por Sebastian Greußlich (2016), com fonte de uma paráfrase resumida que possa indiciar as unidades de informação mais gerais desta publicação. Assim, a introdução gira em torno da questão sobre se ainda é possível hoje em dia abordar um qualquer tema em Linguística que não desemboque, mais cedo ou mais tarde, na problemática das variedades. Neste capítulo faz-se uma diferenciação entre a Sociolinguística e a Linguística das Variedades, uma descrição da delimitação e posicionamento diassistemático da disciplina, bem como dos conceitos-chave de “Variation, Varietät, Variable, Varianz”, que pertence aos problemas centrais da Didáctica. O capítulo 2 aborda as concepções pré-científicas de variedades segundo três autores modernos (Fernão de Oliveira, Claude Fabre de Vaugelas e Sperone Speroni), e que visa um público estudantil ao conferir uma dimensão histórica ao conhecimento científico listado.

A parte central do volume inclui os capítulos 3 a 5: no primeiro, é reconstruída a emergência dos modelos teóricos sobre Linguística das Variedades no contexto do debate linguístico com a problemática da variação; segue-se uma discussão crítica de perspectivas sistemáticas fundamentais inerentes à Linguística das Variedades, como a variação no espaço, no capítulo 4, e as variedades diastráticas e diafáscias, no quinto. Neste âmbito, são apresentados, de forma instrutiva, inúmeros casos exemplificativos,

17 Na pág. 9 “im deutschpragigen Umfeld oder im fremdsprachigen Umfeld” - aqui revelando a geografia textual, o posicionamento do emissor face a um ambiente estrangeiro; pág. 10 “im deutschpragigen Raum”; ponto 4.1, pág. 92 “im Hinblick auf die Traditionen im deutschsprachigen Raum”.

como a questão do pluricentrismo, no caso da diatopia, ou parâmetros como pertença de género ou geracional no caso da diastratia e diafasia, ou ainda a discussão de tipos consolidados de variedades como as línguas de especialidade e linguagens técnicas, em que se menciona a problemática da sua classificação sob determinadas dimensões de variedades. A discussão crítica destes pontos e desenvolvida nos últimos anos na academia germânica é referida nos seus pontos principais e de forma clara ao longo destes capítulos.

O capítulo 6 insere-se igualmente nesta linha de discussão crítica, no caso da diamesia e diacronia, fazendo uso do modelo de Koch/Oesterreicher (1985) como ampliação das dimensões de variedades por Coseriu e fundação sistemático- antropológica que opera num contínuo de “proximidade-distância” (Sinner 2014: 209).

Os dois últimos capítulos ocupam-se do contacto linguístico e da tradução, respectivamente, ou seja, a temas com os quais a Linguística das Variedades possui pontos de intersecção. No primeiro são descritos os fundamentos terminológicos e conceptuais do contacto linguístico, são apresentadas variedades induzidas por contacto, variedade de aprendizagem e, por fim, mencionadas as traduções como variedades próprias (ver capítulo IV desta memória). O último capítulo ocupa-se da variação diassistemática como problema tradutório, tal como é visto de um ponto de vista tradutológico, bem como as suas manifestações em textos não ficcionais e textos ficcionais.

Não existe desfasamento entre a situação comunicativa interna e a obtida pela análise externa, como se depreende da descrição das unidades informativas. Lapsos de coesão e coerência parecem igualmente não existir, a julgar pela estruturação temática e constante referenciação anafórica e catafórica sempre que existe a verbalização de argumentos ou conceitos anteriormente avançados ou se esclarece que um conteúdo será abordado em maior detalhe mais à frente no corpo do texto.

A partir da análise de conteúdo, é possível prever conclusões relativamente a outros factores intratextuais. Nestes se incluem a estruturação bem como o estilo. Pensando na já referida definição de Nord (forma de apresentação da informação ao receptor), esperar-se-á neste domínio um estilo neutro mas em associação com a função

didáctica que vise um reconhecimento racional e que se dirija primeiramente às capacidades intelectuais do destinatário, onde preponderarão figuras como o paralelismo e o cumprimento das convenções estilísticas dos textos académicos na área da Linguística.

Pressupostos

Nord (1991) refere que não existe uma noção única de pressuposto, mas que adopta a pragmático-situacional avançada por Schmidt (1976), em que aquele é assumido por emissor e receptor, sendo a comunicação eficaz quando um e outro partilham pressupostos em quantidade suficiente. No dia-a-dia, estes factores não são referidos e reportam-se a objetos e fenómenos (realia) da CP. Os pressupostos incluem a informação que o emissor espera fazer parte dos conhecimentos do receptor, numa perspectiva centrada no primeiro, incluindo um aspecto dinâmico (que se adequa à noção de produção textual que serve de base à sua análise intratextual), bem como um orientado pelo resultado. Segundo convenções sociais de comunicação, não devem ser enunciadas trivialidades nem factos incompreensíveis, devendo o emissor avaliar a situação, os conhecimentos prévios do receptor e a relevância da informação do texto. O tradutor terá de perceber que informação trivial para o receptor do TP pode ser desconhecida para o do TC (cf. Nord 1991: 96).

Estes pedaços de informação não verbalizada tornam difícil ao tradutor a sua identificação, pois este está familiarizado com a CP, pelo que tem de determinar a que mundo pertence o texto. Se factual, então são feitas proposições sobre a realidade, sendo que um texto factual só o é em função da sua classificação, pelo receptor, de acordo com um conceito de realidade dependente de convenções filosófico-sociológicas. Nord (1991) recorre ao conceito de ambiente cultural do texto de Koller (1979), um ponto de ancoragem, para explicar que a informação do mundo da CP que é pressuposta exige que o tradutor ajuste o seu grau de explicitação na CC, o que implica estratégias de expansão e redução que variam segundo tipos de texto e funções textuais (Nord 1991: 98).

As redundâncias, informação verbalizada repetidamente num texto (explicações, repetições, paráfrases, sumários, tautologias, etc. - neste modelo, as situacionais) são indicadores de pressupostos e, de acordo com a teoria da informação, visam combater o ruído, são formas de assistir à compreensão de um texto face a passagens obscuras, irrelevantes ou trechos de pensamento complexo. O nível de redundância depende da quantidade de conhecimentos prévios que o emissor espera do receptor, mas também pode depender de convenções culturais relacionadas com a legibilidade (Nord 1991: 99).

A probabilidade da presença de pressupostos pode ser calculada com base na distância de receptor de TP e receptor de TC face ao ambiente cultural do tema e níveis de explicitação e redundância. Certos elementos de cristalização no texto (construções participiais com o particípio presente, passivas, infinitivos, verbos modais, valências de verbos, etc.) e outros sinais intratextuais (tema, conteúdo, estruturação, traços supra- segmentais), bem como de factores extratextuais (emissor, receptor, tempo, local, pretexto) contribuem para a detecção de pressupostos. Ao tradutor, agente com competência na CC, cabe verificar a compreensibilidade da informação verbalizada segundo o ponto de vista do receptor da CC, localizar e, eventualmente, compensar essa informação (Nord 1991: 100).

O modelo de realidade a que se refere a informação intratextual da obra de Sinner é claramente factual, emitindo do início ao fim proposições sobre a realidade que descreve, as questões relacionadas com a discussão teórica da Linguística de Variedades, numa perspectiva histórico-crítica, mas também actual e didáctica. Seria impossível darmos conta aqui de todas as ocorrências de referências verbalizadas explicitamente no texto a essa realidade, ficando-nos por algumas suscitadas pela introdução, em que, como vimos, a frase tópica faz ressaltar tais “varietätenlinguistische Fragestellungen”. Outros exemplos poderão ser a referência a “Veröffentlichungen”, “Stellenauschreibungen an Fachhochschulen und Universitäten”, ou “sprachwissenschaftlichen Module vieler Bachelor- oder Masterstudiengänge”, e ainda “Boom von Arbeiten”, realia intimamente relacionados com o mundo universitário e discussão académica a que se reporta o texto. A presença de inúmeras construções passivas (“ist auch kontrovers diskutiert worden” ou “ist hier im Rahmen des (vom Umfang her) Möglichen versucht worden”) desde o início indicam que se pressupõe que

o emissor emite juízos verdadeiros do alto do seu papel social de professor na matéria numa faculdade com tradição nessa área no seio da cultura germânica, e que, portanto, esses juízos e referências à recente produção científica exponencial na área da Linguística das Variedades serão recebidos como credíveis.

Na mesma introdução, o autor usa de alusões explícitas ao modelo de realidade referente a essa cultura académica e a uma atitude crítica que lhe subjaz, ao apelidar ironicamente a visão que se tem de certas orientações como “novas”, as quais recebem a “etiqueta” da disciplina. Faz pressupor com tal que é necessária uma visão mais crítica, o que confirma no parágrafo seguinte, ao defender uma visão mais transdisciplinar e crítica, o que se propõe fazer com o volume em questão. Este modelo de realidade é transferível para o TC não só pensando na convencionalização comum e intercultural decorrente do tipo de texto, como também na intenção do emissor de possibilitar a leitura a receptores estrangeiros familiarizados com as línguas românicas. O emissor pressupõe igualmente que os seus leitores são versados na língua franca académica que é o inglês, daí optar por utilizar citações e termos em língua inglesa sem qualquer tradução, pressuposto esse que pode ser transportado para a CC.

Ainda assim, o texto apresenta alguma informação que obriga a explicitação no TC. Um exemplo é o conceito de “Ausbau” (elaboração), avançado por Kloss (1967),

Documentos relacionados