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Capítulo II – Relatório de Estágio no Centro Hospitalar da Cova da Beira –

6. Farmácia Clínica

O conceito de farmácia clínica tem por base o desenvolvimento de uma atividade farmacêutica centrada no doente, com o objetivo de otimizar a terapêutica farmacológica promovendo a cura e/ou prevenção da doença.

A sua implementação passa pela inclusão do farmacêutico numa equipa multidisciplinar, devendo parte do seu tempo de trabalho ser desenvolvido nos serviços clínicos, junto do doente e dos outros profissionais de saúde. Utilizando os seus conhecimentos de farmacodinâmica, farmacocinética, interações, monitorização da adesão e dos resultados da terapêutica, o farmacêutico traz um contributo significativo:

 Na elaboração do plano terapêutico;

 No desenvolvimento e implementação de protocolos clínicos;

 Em ações de formação sobre a utilização racional dos medicamentos [10].

No CHCB a vertente de farmácia clínica está presente através da realização de diversas atividades que vão desde o acompanhamento da visita médica, disponibilização de informação de medicamentos a diferentes profissionais de saúde e a participação do farmacêutico na tão vasta área da farmacocinética clínica.

6.1. Acompanhamento da visita médica

As visitas médicas são realizadas por uma equipa multidisciplinar constituída por médicos, farmacêuticos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos. Como objetivo desta visita está o seguimento e avaliação do doente dependendo da sua condição clínica, antecedentes e prognóstico. Esta participação na equipa multidisciplinar permite que o farmacêutico emita a sua opinião acerca da terapêutica instituída ao doente (posologia, forma farmacêutica e via de administração), colabore na prevenção e deteção de efeitos secundários, interações farmacológicas, estados de desnutrição ou de carências nutricionais e participa na vigilância do cumprimento de protocolos terapêuticos instituídos ou na deteção da necessidade da sua implementação [14].

Para além da participação concreta na visita médica, o farmacêutico presta também auxílio ao pessoal da enfermagem de alguns serviços clínicos ao dirigir-se a estes para prestar a informação que seja necessária.

6.2. Farmacocinética Clínica

A farmacocinética permite estudar a evolução temporal das concentrações do fármaco no organismo, podendo ser utilizada para determinar a dose de fármaco necessária para atingir uma concentração adequada no local de ação. A aplicação da farmacocinética ao controlo terapêutico individualizado é orientada por determinações analíticas de concentrações séricas de fármaco e tem como objetivo a individualização posológica dos tratamentos de modo a obter uma eficácia terapêutica máxima com incidência mínima de efeitos adversos. Existem fármacos cuja monotorização é de extrema importância por terem uma estreita margem terapêutica como é caso da vancomicina e dos aminoglicosídeos, ambos monitorizados no CHCB.

No CHCB o processo de farmacocinética clínica inicia-se com um pedido por parte do médico através do preenchimento de um impresso próprio para o efeito. Torna-se importante referir que o ato de monotorização pode ser proposta também pelo farmacêutico.

O doseamento sérico em si é realizado pelo laboratório de patologia clínica sendo que a posterior análise e interpretação é realizada pelo farmacêutico. Esta análise de resultados é feita com a ajuda de um programa informático (Abbottbase PK System) que calcula os parâmetros farmacocinéticos relativos a um doente específico, parâmetros estes que permitem construir o regime posológico individual mais adequado.

Após a análise de dados e posteriores conclusões, os dados são enviados para o médico através do preenchimento de um impresso, ficando uma cópia arquivada no SFH.

6.3. Informação sobre medicamentos

A atividade de informação é uma tarefa complexa que exige uma seleção e avaliação prévia e cuidada da informação a ser cedida. O objetivo principal desta atividade é promover um uso eficaz, económico e seguro de medicamentos ou outros produtos farmacêuticos através da cedência de informação de forma ativa ou ainda sobre a forma de aconselhamento.

A informação em si pode ser solicitada tanto por outros profissionais de saúde como por doentes (no setor de dispensa em ambulatório). Sempre que o farmacêutico recebe um pedido de informação deve, em primeiro lugar, definir exatamente qual é a questão e os seus objetivos associados através do diálogo com quem colocou a questão. Deve também certificar-se que, antes de responder, tem na sua posse toda a informação necessária (obtida em bibliografia adequada) para fornecer o esclarecimento de uma forma clara e objetiva. A informação deve então ser enviada, ou transmitida verbalmente a quem a solicitou, sendo que deve sempre ser anexada a documentação na qual o farmacêutico se baseou para preparar as suas respostas.

No CHCB, os serviços farmacêuticos possuem um programa informático que permite registar cada informação que é fornecida, bem como quais foram as questões efetivamente colocadas e as respostas dadas. Este sistema de informação torna-se bastante útil não só por funcionar como um acesso fácil a todas as informações que foram previamente cedidas, mas também por permitir que os restantes membros dos SFH consultem as informações, diminuindo o tempo de resposta.

Para além desta informação que é cedida por resposta a uma questão efetuada, existem situações em que o farmacêutico intervém de forma proactiva, fornecendo ele mesmo informações ou sugerindo alguma alteração que maximize o efeito terapêutico ou minimize os efeitos adversos. Nestas situações, o médico responsável é contactado e a sugestão do farmacêutico é proposta podendo resultar numa intervenção caso a sugestão seja aceite. Todas a intervenções que são aceites são registadas informaticamente, anotando qual o farmacêutico responsável pela mesma, qual a intervenção que se realizou e se esta possuiu impacto financeiro, tornando assim evidente o importante papel do farmacêutico hospitalar não só perante a terapêutica dos doentes mas também ao nível do funcionamento de todo o hospital.

No CHCB existe ainda uma terceira forma de prestação de informação, esta sob o formato de folhetos informativos a serem fornecidos ao doente. Estes folhetos são também elaborados pelos farmacêuticos e visam complementar as bulas que acompanham os medicamentos que muitas vezes são tidas em esquecimento por parte dos doentes, quer por serem demasiado extensas, quer por serem redigidas numa linguagem que por vezes se torna inapropriada. Assim sendo, os folhetos contemplam diversos tipos de informação, por exemplo: a forma administrar os medicamentos, efeitos adversos, interações medicamentosas e com alimentos, como proceder em caso de esquecimento e condições de conservação.