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Capítulo II – Relatório de Estágio no Centro Hospitalar da Cova da Beira –

2. Organização e gestão dos Serviços Farmacêuticos

4.5. Distribuição de medicamentos a doentes em regime de ambulatório e distribuição de medicamentos sujeitos a controlo especial

4.5.3. Medicamentos sujeitos a circuitos especiais: Hemoderivados e MPE

4.5.3.1. Hemoderivados

A dispensa de hemoderivados no CHCB está afeta ao sector de ambulatório e é sujeita a um circuito e controlo especiais.

Para que a dispensa possa ser realizada é obrigatório a apresentação da prescrição médica efetuada num impresso próprio segundo o Despacho n.º 1051/2000 [8]. Este impresso é composto por duas vias: a “Via Farmácia” e a “Via Serviço” sendo que apenas a “Via Farmácia” fica arquivada nos SFH num dossier exclusivo para o efeito. A “Via Serviço” é arquivada no respetivo processo do doente no serviço responsável pela administração do medicamento e no qual o doente está internado. A exceção ocorre quando um doente levanta um medicamento hemoderivado para administração em ambulatório sendo que ficam arquivadas nos SFH as duas vias.

Ao receber a requisição do hemoderivado, o farmacêutico deve confirmar o correto preenchimento do impresso sendo que o quadro A deve possuir a identificação do médico prescritor e do doente, e o quadro B deve conter a justificação clínica da prescrição do medicamento, dose, frequência e duração do tratamento.

O quadro C é preenchido pelo farmacêutico no ato da dispensa onde é anotado o lote, o laboratório de origem/fornecedor, n.º de certificado de aprovação de lote emitido pelo INFARMED e um nº de distribuição sequencial.

Existe ainda um quadro D (só presente no duplicado) que diz respeito à administração do medicamento ao doente, devendo este ser preenchido pelo(s) enfermeiro(s) que faz(em) a administração.

Quando o medicamento é fornecido para administração em ambulatório, o doente que o levanta deve assinar o impresso.

4.5.3.2. MPE

A dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos é também da responsabilidade do setor de ambulatório no CHCB.

Todas as dispensas de MPE têm de ser feitas perante a apresentação de um impresso específico constituído por original e duplicado designado por “Anexo X” -modelo nº1509- aprovado pelo INFARMED e de venda exclusiva da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Este impresso tem que estar devidamente preenchido pelo enfermeiro que administra um MPE e assinado pelo diretor de serviço para o qual o medicamento se destina [9]. A representação do impresso de dispensa de MPE encontra-se no anexo VIII.

Sempre que são dispensados MPE para reposições nos serviços, é da responsabilidade do farmacêutico validar a informação presente no “Anexo X” e assinar em como cedeu o medicamento. É também obrigatória a assinatura do enfermeiro ou auxiliar que recebe a medicação para levar aos serviços. Após a dispensa, o original do impresso fica guardado nos SFH e o duplicado segue com o medicamento. Todos os originais dos impressos são guardados no setor de ambulatório para posteriormente serem entregues à assistente técnica que é responsável por enviar ao INFARMED, de três em três meses, uma relação dos estupefacientes consumidos.

As dispensas realizadas devem ser imputadas no programa informático, permitindo saber o

stock que ainda permanece no serviço e imputar os custos ao serviço que consumiu o MPE.

Todos os meses um farmacêutico do setor de ambulatório dirige-se aos serviços para efetuar a contagem dos MPE bem como verificar validades, podendo trocar medicamentos de validade curta por outros de validade mais alargada, encaminhando os de validade mais curta para os serviços que mais requisitem estes medicamentos.

5. Farmacotecnia

A farmacotecnia é a área dos SFH onde são preparados medicamentos que não se encontram disponíveis no mercado na sua apresentação final, quer devido à toxicidade a eles inerente (no caso por exemplo dos citotóxicos), quer devido a necessitarem de ser adaptados a doentes específicos em que as suas condições pressupõem uma terapêutica individualizada como recém-nascidos, doentes pediátricos, doentes idosos ou doentes com patologias especiais.

Na farmácia hospitalar executam-se na atualidade preparações farmacêuticas que são utilizadas no tratamento de doentes individuais e específicos (o que pressupõe o seu uso imediato) e preparações em escala alargada, por lotes, preparadas com antecedência e destinadas a potenciais doentes [2].

A existência do setor de farmacotecnia nos hospitais permite assegurar uma:

 Maior qualidade e segurança na preparação de medicamentos a administrar aos doentes;

 Resposta às necessidades específicas de determinados doentes, colmatando situações onde não existe disponibilidade por parte do mercado fornecedor;

 Redução significativa no desperdício relacionado com a preparação de medicamentos;  Gestão mais racional de recursos [10].

No CHCB estão à responsabilidade do serviço de farmacotécnica 5 áreas distintas que envolvem: preparação de Nutrição Parentérica (NP) e de outros manipulados estéreis; preparação de medicamentos citotóxicos e biológicos; preparação de manipulados não

A realização das atividades supracitadas encontra-se distribuída por diversas salas, cada uma adaptada consoante as preparações realizadas. A sala dita central está equipada com duas câmaras, uma destinada à preparação de NP e manipulados estéreis e outra destinada exclusivamente à manipulação de citotóxicos e biológicos. É também nesta sala que se encontra armazenado todo o material destinado a estas preparações bem como os registos a eles referentes.

Uma outra infraestrutura do setor é o laboratório de farmacotecnia. Aqui preparam-se todos os manipulados não estéreis e armazena-se o material necessário à sua preparação, assim como as respetivas matérias-primas.

Por fim, a reembalagem ocorre numa pequena sala exclusiva para o efeito e munida de equipamento embalador automático e semiautomático. Os equipamentos e câmaras existentes neste setor serão abordados em maior detalhe aquando da descrição das diferentes atividades.

Para dar suporte ao funcionamento do setor de farmacotecnia existe o armazém 13, onde estão armazenados fármacos exclusivamente utilizados nas atividades referidas, como é o caso dos soros utilizados para a preparação de perfusões, citotóxicos e fármacos que façam parte da pré-medicação de esquemas de quimioterapia. Alguns fármacos estão também distribuídos pelo armazém central (armazém 10). A contagem de stocks do armazém 13 é feita semanalmente de forma a verificar se a informação presente a nível informático se encontra em conformidade com o que está realmente em armazém.

Para a preparação dos manipulados não estéreis existe um armazém de matérias-primas situado no laboratório. A contagem do stock de matérias-primas é feita mensalmente.

Estão responsáveis por este setor dois farmacêuticos com o auxílio de um TDT. A preparação de citotóxicos e NP é realizada pelos farmacêuticos enquanto que a purificação de águas, preparação de manipulados e reembalagem são, na sua maioria, realizadas pelo TDT sempre com posterior validação de um dos farmacêuticos.