Farmacovigilância

No hospital Villa Sofia-Cervello, o farmacêutico responsável pelo controlo e validação da nutrição parentérica dedica-se também à farmacovigilância. O seu trabalho é reunir informações sobre reações adversas sentidas pelo paciente e/ou ineficácia do fármaco para a patologia prescrita. No formulário estão discriminadas todas as informações relativas ao paciente, nomeadamente, o nome, data de nascimento, sexo, data em que surgiu a reação adversa, origem étnica, massa corporal, altura, data da última menstruação e gravidez (quando aplicável). É especificada a descrição da reação adversa (por um médico), a sua origem, gravidade, exames laboratoriais realizados e tipo de resolução (recuperação total, sequelas, morte). Neste segmento, existem duas maneiras de compilar esta informação. A primeira usa um formato em papel (Figura 5) que posteriormente é transformado em formato informático e

submetido à Rede Nacional de Farmacovigilância (RNF). A alternativa a esta primeira opção, é submeter diretamente esta informação online, num site (vigifarmaco.it) (Figura 6) dedicado somente à submissão de farmacovigilância. Neste site, as submissões são organizadas com 3 cores diferentes, sendo que um formulário com a cor verde significa que já foi aceite pelo website, a de cor amarela significa que este está pendente de aceitação e, por último, o vermelho significa que falta ser completada

quer as introduzidas manualmente, quer as introduzidas online. Este website permite, ainda, que os cidadãos possam identificar e alertar para possíveis reações adversas, falhas de eficácia, etc.

Figura 5. Relato único de suspeita de reação adversa

Reflexão final

A realização do estágio profissionalizante no “Ospedali Riuniti Villa Sofia - Cervello” foi uma oportunidade única, no entanto foi encurtada abruptamente devido à pandemia de Covid-19, passando para cerca de 3 semanas de estágio, o que deveria ter sido de 3 meses. Isto tirou-nos muitas oportunidades de conhecer melhor o hospital, os seus variados serviços e o seu funcionamento. Contudo, saber um pouco mais é sempre vantajoso e, esta experiência proporcionou-nos conhecer um pouco o funcionamento de um serviço nacional de saúde estrangeiro. Em comparação com a realidade portuguesa, constatamos o retardamento da burocracia italiana. A utilização de receitas manuais e vinhetas de medicamentos, juntamente com anexos escritos manualmente não é prático nem concordante com um país de tanto destaque, como Itália, tendo potencial para o surgimento de erros de dispensação com muita facilidade. Outro aspeto que nos colocou alguma dificuldade de adaptação foi o facto de cada departamento do hospital trabalhar com um formato de receita diferente, ou seja, um utente que venha de uma consulta de Hematologia apresenta um documento diferente de um utente que venha de uma consulta de Cardiologia, embora os documentos fossem para o mesmo efeito, o que se tornou num desafio para nós, interpretar tantas receitas de formatos tão diversificados. Adicionalmente, gostaríamos de referir o facto do papel do farmacêutico ser essencialmente um papel de supervisão e de validação e o facto de não existir a classe de Técnico de Farmácia, fazendo com que o Enfermeiro tenha um contacto muito próximo com o medicamento ao nível da organização da medicação para internamentos e mesmo na preparação de certos medicamentos como supracitado.

A barreira linguística foi também um desafio, contudo, e uma vez que havíamos aprendido o básico de italiano, o quotidiano tornou-se numa lição linguística e, com o passar do tempo e a tentativa de comunicar, fomos conseguindo compreender todo o discurso. Concluindo, e apesar dos contratempos e da brevidade da experiência, esta foi uma mais valia tanto para a nossa futura carreira, como para as nossas vidas, ao nos permitir viajar pela Sicília e ver paisagens únicas e incríveis, bem como locais históricos, arquitetura e arte que tiveram originaram em diversos pontos da história.

Referências bibliográficas

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