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5. METODOLOGIA APLICADA NO APURAMENTO DE CUSTOS E PROVEITOS COM

5.1. FASE DE EXECUÇÃO

O modelo que será apresentado foi realizado com recursos internos do município e teve por base os seguintes passos:

Capítulo V - Metodologia aplicada no apuramento de custos com AA, AS e RU no MVPA

 Dados recolhidos junto da contabilidade, designadamente no que respeita aos custos com fornecimentos externos;

 Elementos recolhidos junto das unidades orgânicas operativas, para obtenção das chaves de rateio, designadamente, dos ativos não dedicados e recursos humanos;  Estimativa para valorização de ativos, designadamente das redes de abastecimento

e saneamento.

Com base em dados reais obtidos a partir dos valores faturados pela CMVPA aos munícipes, foi elaborado um resumo dos proveitos incidindo sobre distintas perspetivas:

 Faturação, anual e mensal, por utilizadores;

 Faturação, anual e mensal, da tarifa fixa, com níveis definidos em função do diâmetro nominal do contador;

 Faturação, anual e mensal, da tarifa variável, considerando os consumos efetuados dentro de cada escalão.

Assim, o MVPA deve identificar os proveitos e custos diretamente decorrentes do exercício das atividades em estudo, recorrendo aos dados constantes das peças contabilísticas obtidas a partir da contabilidade patrimonial (geral). Após o reconhecimento dos custos e proveitos diretos dos serviços em análise, o MVPA deve proceder ao apuramento dos custos indiretos, que têm impacto nas Atividades Acessórias ou Complementares (AC) bem como os custos que não devem ser incluídos no apuramento a realizar, ou seja, Outras Atividades ou Serviços – (OAS), de forma a obter a distribuição de proveitos e custos.

Quanto aos critérios de imputação de custos indiretos, Cunha & Rodrigues (2012) recomendam que sejam abordados alguns desses critérios, de forma a minimizar a arbitrariedade e eventuais efeitos prejudiciais na afetação dos referidos custos.

A repartição de custos indiretos pelos serviços ou atividades em análise deve ser efetuada de acordo com a seguinte metodologia (Cunha & Rodrigues, 2012):

 Seleção de uma base de imputação adequada ao custo e em causa;

 Apuramento, com base em dados históricos ou previsionais, da afetação dos custos por cada serviço ou atividade objeto de análise (daí resultando uma chave de imputação);

Capítulo V - Metodologia aplicada no apuramento de custos com AA, AS e RU no MVPA

 Distribuição do valor do custo indireto em causa por cada serviço ou atividade objeto de análise em função do respetivo nível de utilização da base de imputação. Ilustra-se na Tabela 3, a base de imputação do custo indireto das atividades com base no nº. de funcionários afetos ao serviço.

Tabela 3 Base de imputação dos custos indiretos/comuns

Fonte: Elaboração do autor

Sobre a imputação de custos aos serviços, o POCAL obriga à utilização do sistema de custeio total o qual se traduz num método de apuramento do custo dos produtos que considera quer os custos fixos quer os custos variáveis. Deste modo, a afetação de custos indiretos pode ser efetuada de acordo com diferentes bases de imputação.

Descrevem-se de seguida as bases de imputação que se afiguram mais adequadas e que poderão ser utilizadas com maior frequência (Cunha & Rodrigues, 2012):

 Proveitos de vendas e prestações de serviço de cada atividade: assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção dos proveitos diretos gerados por cada atividade;

 Nível de produção de cada atividade (expresso em unidades físicas): assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção do nível de output físico de cada atividade. Quando as unidades físicas das diferentes atividades que se estão a analisar são distintas (como é o caso dos serviços de águas, m3, e resíduos, toneladas), deve-se utilizar uma unidade física padrão (utilizando-se para o efeito coeficientes de conversão predefinidos);

 Pessoal diretamente afeto a cada atividade (expresso em FTE4

): assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção da intensidade física do fator trabalho diretamente afeto a cada atividade.

4 Abreviatura do termo inglês full-time equivalent sendo uma unidade padrão utilizada para a quantificação do fator de produção

trabalho. A quantificação de FTE pode ser feita de forma mais expedita (p.e. duas pessoas em part-time equivalem a 1 FTE) ou de

T otal Pessoal CMVPA 220 Base Atividade Pessoal afeto exploração Administrativos Peso do Pessoal

AA 24 3 0,1090909

AR 7 2 0,0318182

RU 1 1 0,0045455

Total trabalhadore s 32 6 0,1454545

Capítulo V - Metodologia aplicada no apuramento de custos com AA, AS e RU no MVPA

 Custos com o pessoal diretamente afeto a cada atividade: assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção do custo incorrido com o fator trabalho diretamente afeto a cada atividade.

 Capital empregue diretamente afeto a cada atividade: assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção da intensidade física do fator capital5 diretamente afeto a cada atividade. No caso dos serviços de águas e resíduos prestados a utilizadores finais, dada a sua elevada intensidade em capital físico, é frequente utilizar-se apenas o imobilizado corpóreo6 diretamente afeto a cada atividade (bruto ou líquido, consoante se considere as amortizações acumuladas separadamente ou deduzidas no valor do imobilizado).

 Fração de um recurso diretamente afeta a cada atividade (expressa em unidades de capacidade do recurso): assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção da utilização que cada atividade faz de um recurso comum. Como exemplos temos: afetação de áreas administrativas (em m²), afetação de espaços de armazém (em m² ou em m³, consoante o caso), afetação de capacidade de armazenagem de dados (em GB de capacidade de servidor).

 Número de utilizadores de cada atividade: assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção do número de utilizadores ou utentes de cada atividade ou serviço.

 Custos diretos de cada atividade: assume-se que o custo indireto que está a ser imputado é incorrido em proporção dos custos diretos de cada atividade ou serviço.

Relativamente aos valores apurados para o ano de 2012, foi seguida a mesma metodologia de apuramento de custos, como para o apuramento dos proveitos. Assim, foi aplicada a mesma base de imputação.

Na tabela 4, propõem-se, em termos genéricos, bases de imputação que deverão ser aplicadas aos custos indiretos de acordo com a sua natureza.

forma mais detalhada. Neste segundo caso, utiliza-se o horário de trabalho da entidade gestora como fator de conversão (p.e. 7,6 horas/dia x 225 dias de trabalho/ano, significaria que para esta entidade gestora, 1 FTE corresponderia a 1.710 horas/ano. Neste caso, 5 pessoas contratadas para trabalhar 450 horas/ano, cada uma, corresponderiam a 5 x 450/ 1.710 = 1,3 FTE).

5 Através de amortizações e encargos financeiros imputáveis aos investimentos deduzidos dos subsídios ao investimento deduzidos

dos subsídios ao investimento

6 Tal prática reflete o facto de a componente de capital circulante, nomeadamente, dívidas de terceiros e existências, ter uma expressão

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Tabela 4 Seleção de bases de imputação para os custos indiretos

Fonte: Cunha e Rodrigues (2012)

Os valores obtidos nos custos com máquinas e viaturas foram retirados do mapa “Folha controle viaturas e máquinas” da aplicação Máquinas. Os dados obtidos com custos com

armazém, são recolhidos em relatório dos movimentos por origem e destino. Os valores

obtidos no apuramento do Abastecimento de Água e Saneamento, nomeadamente custos com viaturas, foram retirados da aplicação de Máquinas: Relatórios/resumo de folhas de obras com artigos.

Na prática, efetua-se o levantamento de todos os gastos e dados qualitativos/quantitativos ocorridos no Município, para que sejam classificados, e posteriormente tratados.

A maioria dos dados têm a sua origem na própria Contabilidade da entidade, porém, necessitam também de dados não monetários como horas trabalhadas, consumo de matéria-prima por produto etc. Assim, esta fase requer o conhecimento do completo processo produtivo, a fim de não ocorrer o esquecimento de variáveis que compõe este conjunto, e portanto, desvirtuariam o resultado encontrado.

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