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Na Tabela 3 estão descritos os valores médios obtidos para todas as variáveis em cada fase do testemunho identificada com base na análise de agrupamento.

Tabela 3 - Valores médios e desvios padrão encontrados em cada fase do testemunho MD09-3243CQ para os indicadores de paleoprodutividade (COT, NT, δ13C, δ15N, C/N, derivados de clorofila, teor de carbonato) e variáveis sedimentológicas (taxa de sedimentação, média, grau de seleção, assimetria, curtose e frações granulométricas).

5.4.1 Fase VI (33.700 – 33.050 anos cal A.P.)

A Fase VI representa a fase mais curta, constituída pelos oito centímetros (205/206, 203/204, 201/202 cm e 199/200 cm) da base do testemunho, que compreendem o período entre 33.700 e 33.050 anos cal A.P.. Nesta fase, o COT tendeu a aumentar ligeiramente de 0,81 a 0,86%, enquanto o NT oscilou entre 0,08 e 0,10%. Em relação às razões isotópicas, o

COT (%) 0,83 ± 0,06 1,21 ± 0,24 0,66 ± 0,27 0,90 ± 0,25 0,40 ± 0,12 0,83 ± 0,03 NT (%) 0,08 ± 0,01 0,11 ± 0,02 0,07 ± 0,02 0,09 ± 0,02 0,05 ± 0,01 0,08 ± 0,01 δ13C (‰) -20,31 ± 0,25 -21,92 ± 1,26 -22,94 ± 0,76 -23,03 ± 0,81 -21,43 ± 0,50 -22,81 ± 0,16 δ15N (‰) 5,76 ± 0,22 5,14 ± 0,63 6,17 ± 1,00 5,29 ± 1,11 6,24 ± 0,40 6,08 ± 0,14 C/N 10,47 ± 0,59 10,98 ± 1,05 9,13 ± 1,15 10,14 ± 1,47 8,45 ± 0,90 9,92 ± 1,12 Derivados de clorofila (SPDU) 0,15 ± 0,05 0,27 ± 0,08 0,12 ± 0,08 0,12 ± 0,07 0,06 ± 0,04 0,20 ± 0,10 Teor de carbonato (%) 33,16 ± 1,60 31,62 ± 3,91 42,06 ± 8,75 26,78 ± 4,39 51,04 ± 6,39 24,67 ± 3,05 Taxa de sedimentação (cm.ano-1 ) 0,017 ± 0,000 0,017 ± 0,000 0,012 ± 0,006 0,005 ± 0,000 0,008 ± 0,003 0,012 ± 0,000 Média (ϕ) 6,55 ± 0,22 7,11 ± 0,16 5,83 ± 0,44 7,15 ± 0,26 5,99 ± 0,52 7,67 ± 0,06 Grau de Seleção (ϕ) 2,15 ± 0,13 1,97 ± 0,10 1,91 ± 0,19 1,93 ± 0,10 2,15 ± 0,24 1,87 ± 0,03 Assimetria (ϕ) 0,42 ± 0,07 0,23 ± 0,05 0,51 ± 0,06 0,22 ± 0,07 0,54 ± 0,08 0,19 ± 0,01 Curtose (ϕ) 0,88 ± 0,07 0,83 ± 0,05 1,07 ± 0,14 0,86 ± 0,05 1,16 ± 0,17 0,84 ± 0,02 Areia (%) 1,44 ± 2,23 0,09 ± 0,13 10,39 ± 6,97 0,07 ± 0,12 9,73 ± 8,72 0,00 ± 0,00 Lama (%) 98,56 ± 2,23 99,91 ± 0,13 89,61 ± 6,97 99,93 ± 0,12 90,27 ± 8,72 100,00 ± 0,00 Areia fina (%) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,02 ± 0,06 0,00 ± 0,00

Areia muito fina (%) 1,44 ± 2,23 0,09 ± 0,13 10,39 ± 6,97 0,07 ± 0,12 9,71 ± 8,68 0,00 ± 0,00

Silte muito grosso (%) 29,17 ± 3,43 12,80 ± 5,04 34,28 ± 4,17 10,69 ± 6,97 32,93 ± 5,06 0,85 ± 0,09

Silte grosso (%) 18,98 ± 1,17 21,22 ± 2,32 19,19 ± 1,99 21,72 ± 2,05 18,85 ± 2,20 20,24 ± 1,00

Silte médio (%) 13,47 ± 1,07 17,92 ± 1,47 11,21 ± 2,44 18,29 ± 0,96 11,16 ± 2,67 18,97 ± 0,54

Silte fino (%) 10,90 ± 1,32 15,98 ± 1,27 8,15 ± 2,01 16,85 ± 2,21 8,01 ± 2,35 19,48 ± 0,35

Silte muito fino (%) 9,96 ± 1,01 12,29 ± 0,89 6,79 ± 1,81 13,14 ± 1,71 6,80 ± 1,83 15,08 ± 0,50

Argila (%) 16,09 ± 2,17 19,70 ± 1,73 10,00 ± 3,09 19,24 ± 2,11 12,51 ± 3,73 25,38 ± 1,26

δ13

C apresentou valores menos negativos no final da fase (-22,61‰), e o δ15N variou entre 5,92 e 6,24‰.

A razão C/N apresentou uma variação expressiva, passando de valores iniciais de aproximadamente 8,27 para valores acima de 10 (10,68) na metade da fase, por volta de 33.350 anos cal A.P.. Grandes variações também foram observadas nos derivados de clorofila e no teor de carbonato, os quais apresentaram o comportamento aparentemente opostos, sendo que os derivados de clorofila apresentaram valores mais altos no início e fim da Fase VI, enquanto o teor de carbonato atingiu 26,03% em 33.200 anos cal A.P. (Fig. 13).

Essa fase é caracterizada por uma granulometria mais fina e ausência de areia, com um sedimento composto em maior proporção por argila (25,38 ± 1,26%), seguida por silte grosso, silte fino, silte médio e silte muito fino. O silte grosso tendeu a se manter relativamente constante ao longo de todas as fases (Fig. 6). Os grãos apresentaram o maior diâmetro médio (7,73 ϕ) considerando todo o testemunho. Por outro lado, o grau de seleção, assimetria e curtose apresentaram valores mais baixos (1,87 ± 0,03 ϕ, 0,19 ± 0,01 ϕ e 0,84 ± 0,02 ϕ, respectivamente), valores estes responsáveis por classificar os sedimentos desta sucessão como “pobremente selecionados”, com assimetria positiva e forma platicúrtica (Tabela 3).

5.4.2 Fase V (33.050 – 26.150 anos cal A.P.)

A Fase V representa o período entre 33.050 e 26.150 anos cal A.P., no qual pôde-se observar uma tendência à redução dos valores de COT, NT, C/N e derivados de clorofila em relação a fase anterior, tendo sido registrados valores entre 0,19 e 0,58%, 0,03 e 0,06%, 6,62 e 10,07, e 0 e 0,15 SPDU, respectivamente. Em contrapartida, o δ13C e δ15N tenderam a aumentar, atingindo valores iguais a -20,54‰ e 6,91‰. Nessa fase foram observados dois pontos com valores mínimos de C/N (181/182 cm – 6,62 e 163/164 cm – 6,66) e derivados de clorofila – 0 SPDU em 163/164 cm e 159/160 cm (Fig. 13).

O teor de carbonato apresentou um aumento significativo, alcançando seu maior valor observado no testemunho MD09-3243CQ (61,66%). Por outro lado, foi observada a redução da taxa de sedimentação para 0,005 cm.ano-1 por volta de 31.300 anos cal A.P. (Fig. 11; Tabela 3).

Além disso, nesta fase foi observado o maior pulso areia muito fina, totalizando 27,75%, o qual foi acompanhado pela maior contribuição de silte muito grosso (38,63%) e redução das demais frações (Fig. 6). Nesta fase, juntamente com as Fases III e I, foram

encontradas as maiores contribuições de silte muito grosso do testemunho. O aumento da fração areia muito fina e silte grosso refletiu na redução da média em direção ao valor mais baixo obtido, 4,92 ϕ, passando de silte médio a silte muito grosso neste ponto (179/180 cm (31.300 anos cal. A.P.). Nesse mesmo período foi observado o menor valor de grau de seleção, 1,53 ϕ, passando de “muito pobremente selecionados” para “pobremente selecionados”. De uma forma geral, a média apresentou perfil oposto à assimetria, curtose e areia muito fina. Nessa fase foi observado o maior valor de curtose, igual a 1,50 ϕ (163/164 cm), deixando de ser platicúrtica e tornando-se leptocúrtica (Fig. 10; Tabela 3).

5.4.3 Fase IV (26.150 – 17.850 anos cal A.P.)

A Fase IV se estendeu entre 26.150 e 17.850 anos cal A.P. e foi caracterizada por uma tendência oposta a fase anterior. O COT, NT, C/N e derivados de clorofila aumentaram progressivamente, sendo seus respectivos valores médios: 0,90 ± 0,25%, 0,09 ± 0,02%, 10,14 ±1,47 e 0,12 ± 0,07 SPDU. Na profundidade 119/120 cm (19.400 anos cal A.P.) foi verificado o maior valor de C/N, 13,34, e menor δ13C, -25,07‰ (Fig. 13; Tabela 3).

O δ13

C e δ15N, diferentemente dessas variáveis, assumiram valores menores no decorrer da Fase IV, sendo que no início, por volta de 25.750 anos cal A.P. (151/152 cm), o δ15

N atingiu seu valor máximo registrado, igual a 7,53‰ (Fig.13). Também foi observada uma queda brusca do teor de carbonato, que se manteve relativamente constante ao longo da fase (26,78 ± 4,39%), atingindo seu valor mínimo igual a 21,39% em 115/116 cm de profundidade (18.650 anos cal A.P.) (Fig. 13). A taxa de sedimentação permaneceu constante e similar àquela encontrada ao fim da fase anterior (0,005 cm.ano-1) (Fig. 11; Tabela 3).

Nessa fase foi observada a redução da granulometria, com ausência de areia muito fina e drástica redução do silte muito grosso (10,69 ± 6,97%), acompanhada pelo aumento da contribuição das frações mais finas, principalmente silte grosso (21,72 ± 2,05%) e argila (19,24 ± 2,11%), similar ao observado na Fase VI. Essa composição resultou em uma média (7,15 ± 0,26 ϕ) tendendo a silte fino. Além disso, os sedimentos, em geral, foram “pobremente selecionados”, com assimetria positiva e resultaram em uma curva platicúrtica (Tabela 3).

5.4.4 Fase III (17.850 – 14.800 anos cal A.P.)

Essa fase intermediária compreende o intervalo de 17.850 a 14.800 anos cal A.P. e apresentou características e tendências opostas a fase anterior em relação a todas as variáveis estudadas. A princípio, o COT, NT, C/N e derivados de clorofila tenderam a diminuir, ao mesmo tempo em que o δ13C e δ15

N aumentaram, retomando valores similares a condição inicial ao fim deste período. Esses indicadores variaram entre os seguintes valores: 0,42 e 1,23%; 0,05 e 0,13%; 7,50 e 11,79; 0,03 e 0,31 SPDU; -24,39 e -21,70‰; e 3,74 e 7,25‰ (Fig. 13; Tabela 3). Na transição desta fase com a anterior (111/112 cm – 17.850 anos cal A.P.), foi observado o menor δ15N do testemunho, cerca de 3,74‰. O aumento das variáveis orgânicas ocorreu ao mesmo tempo em que a taxa de sedimentação alcançou seu maior valor, 0,017 cm.ano-1, em 99 cm de profundidade (15.500 anos cal A.P.). Essa taxa foi mantida constante até o topo do testemunho (Fig. 11; Tabela 3).

Além disso, verificou-se grande quantidade de areia muito fina e silte muito grosso, alcançando aproximadamente 20,26% e 37,78%, ao mesmo tempo em que as frações mais finas se tornaram reduzidas, em especial, a argila (Fig. 12; Tabela 3).

O aumento da granulometria resultou na média tendendo a silte grosso, e retornando a silte médio no término da fase. A tendência da forma foi incialmente leptocúrtica, passando a mesocúrtica em 95 cm e platicúrtica a partir de 89 cm de profundidade. Os sedimentos variaram em “pobremente selecionados” e “muito pobremente selecionados” ao longo desta fase, ao mesmo tempo em que a assimetria se manteve muito positiva (Fig. 12; Tabela 3).

5.4.5 Fase II (14.800 – 11.350 anos cal A.P.)

A Fase II representa a maior fase e compreende o intervalo entre 87 a 31 cm. Esta fase foi marcada pelo aumento do COT, NT e derivados de clorofila, atingindo seus valores máximos, 2,16%, 0,21% e 0,50 SPDU, seguidos pela redução destes no fim da fase (Fig. 13). No entanto, diferente da Fase IV, o δ13C apresentou-se gradativamente menos negativo, com valores de até -20,10‰, acompanhado por um C/N mais elevado (10,98 ± 1,05). O δ15N, por sua vez, tendeu a diminuir, exibindo o valor mínimo de 4,20‰, próximo ao fim da Fase II (45 cm). O teor de carbonato, por sua vez, apresentou valores relativamente baixos, 31,62 ± 3,91%, e constantes ao longo deste período (Fig. 13; Tabela 3).

Assim como observado na Fase IV, o silte muito grosso apresentou baixa porcentagem (12,80 ± 5,04%) e a areia muito fina estava praticamente ausente (0,09 ±

0,13%), ao mesmo tempo em que foi observado um aumento das frações mais finas em relação à fase anterior, e constância de suas contribuições ao longo desta sucessão (Fig. 6; Tabela 3).

A média foi mais alta em relação à Fase III (7,11 ± 0,16 ϕ), o que resultou na classificação como silte fino na maior parte deste período, com alguns pontos em que foi substituída por silte médio. O grau de seleção e assimetria variaram entre as categorias: pobremente e muito pobremente selecionado, e positiva e muito positiva. A curtose apresentou valores menores (0,83 ± 0,05 ϕ), sendo predominantemente platicúrtica, com um pico aos 73 cm (1,00 ϕ) em que foi classificada como mesocúrtica (Fig. 12; Tabela 3).

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5.4.6 Fase I (11.350 – 10.150 anos cal A.P.)

A Fase I representa o período entre 11.350 e 10.150 anos cal A.P, durante o qual os valores de COT e NT prosseguiram com a tendência de diminuição observada no final da fase anterior. Os valores médios verificados foram de 0,83 ± 0,06% e 0,08 e 0,01%, respectivamente. O δ13C e razão C/N mantiveram valores elevados e relativamente constantes, variando entre -20,79 e -19,90‰, e 8,67 e 11,33. O menor δ13C (-19,90‰) dessa fase representa o valor menos negativo observado em todo o perfil. Por outro lado, o δ15N apresentou valores médios mais elevados que a fase precedente (5,76 ± 0,22‰) e o teor de carbonato exibiu um comportamento análogo ao observado na Fase II (Fig. 13; Tabela 3).

Nesta fase, o percentual das frações mais finas foi levemente reduzido, juntamente com o aumento de silte muito grosso e areia muito fina, alcançando contribuições de 36,37% e 10,02% em 21 cm de profundidade (Fig. 12; Tabela 3). Além disso, a média apresentou valores menores (6,55 ± 0,22 ϕ) em relação à Fase III, passando a ter diâmetro médio próximo a silte médio. A forma platicúrtica se manteve predominante, enquanto os sedimentos passaram a ser em sua maioria classificados como “muito pobremente selecionados” e com assimetria muito positiva.

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