A definição de alguns parâmetros foi delimitada a partir das análises de FDTotal, conforme
descrito no item anterior. O estudo de FDTotal também expôs o comportamento da
degradação em função do tempo, porém este fator caracteriza apenas os fenômenos de degradação e não reflete a condição nem a gravidade em que o dano se apresenta. Diferentemente do FGD que estabelece uma relação entre gravidade da área degradada e a pior condição de degradação possível de uma fachada.
Pretende-se desenvolver modelos de curvas de evolução de danos que auxiliem pesquisadores e especialistas na compreensão do processo de degradação em que se encontram as fachadas de edifícios com revestimento cerâmico. Nesse sentido, surge assim a importância da aplicação de um fator que estabeleça um grau de gravidade da degradação nas fachadas. O estudo desenvolvido por Silva (2014) formou a base para o desenvolvimento desta pesquisa. Porém, foram necessárias algumas adaptações dos parâmetros utilizados para o estudo da degradação das fachadas, tendo em vista as diferenças dos critérios adotados na quantificação de danos e a inserção de novos edifícios ao banco de dados utilizados por Silva (2014). A importância deste estudo, então, advém da necessidade de adequação de critérios para a realidade do universo de estudo adotado.
3.4.1 FGDA – Fator Geral de Danos adaptado para o banco de dados
O indicador de degradação FGD proposto por Silva (2014) sofreu algumas adaptações. Este novo indicador, agora é nomeado por FGDA e determina a gravidade de degradação.
Ressalta-se que a constante kcn (Tabela 2.8) permanece igual ao proposto na equação do
FGD (Equação 2.1).
6 =
∑ ( ) × 7 8 × 79∑ 7 á × Equação 3.5
Onde:
Ad(n): área danificada por uma anomalia n (m²);
knA: constante de ponderação das anomalias n, em função do nível de condição, onde kn
Є {1,2,3,4};
kc(n): constante de ponderação da importância relativa das anomalias detectadas;
∑kmáx: somatório das constantes de ponderação equivalente ao nível da pior condição,
conforme Bordalo et al. (2010), Silva (2009) e Silva et al. (2011a) – toma o valor 17 (4 + 4 + 3 + 3 + 3) – (anomalias consideradas: descolamento cerâmico, fissuração, falha de rejunte, eflorescência e falha de vedação).
At: Área total da amostra de fachada (m²).
O knA é o nível de condição de degradação, que estabelece uma escala de degradação, de
forma hierárquica, das anomalias conforme sua extensão de ocorrência, como apresentado na Tabela 3.2. A escala de degradação é apresentada em cinco níveis de condição entre 0 (sem degradação visível) e 4 (degradação generalizada), correspondendo o nível 3 ao fim da vida útil do sistema em análise. Os critérios adotados foram baseados na distribuição de frequência de FDTotal, conforme descrito e discutido no capítulo de análise de resultados.
Tabela 3.2 – Critério de níveis de condição (kn) utilizados para o FGDA.
Nível de condição Tipo de dano
Nível de ponderação (kn) % área degradada Nível 0 – Melhor condição Degradação não detectável visualmente - - Nível 1 – Boa condição Falha de Rejunte (FR) 1 < 4,3% Eflorescência (EF) < 1,2% Falha de Vedação (FV) < 5,7% Nível 2 – Degradação ligeira Falha de Rejunte (FR) 2 4,3% < x < 9,0% Eflorescência (EF) 1,2% < x < 1,5% Falha de Vedação (FV) 5,7% < x < 8,1% Fissuração (FI) < 4,0% Desc. Cerâmico (DC) < 37,1% Nível 3 – Degradação moderada Falha de Rejunte (FR) 3 > 9,0% Eflorescência (EF) > 1,5% Falha de Vedação (FV) > 8,1% Fissuração (FI) 4,0% < x < 6,1% Desc. Cerâmico (DC) 37,1% < x < 49,1% Nível 4 – Degradação generalizada Fissuração (FI) 4 > 6,1% Desc. Cerâmico (DC) > 49,1%
No estudo de Silva (2014), o kmáx equivale a uma constante do nível de pior condição (kmáx
= 4,00), porém para que esta constante represente à totalidade da fachada degradada com o maior nível de gravidade possível, para o presente estudo faz-se necessário que esta área de referência contemple a soma dos kmáx (BORDALO et al., 2010; SILVA ,2009; SILVA et
3.4.2 FGDB – Fator Geral de Danos adaptado para as regiões
Pretende-se também, no presente estudo, desenvolver modelos de curvas de evolução de danos que verifiquem a sensibilidade dos danos que ocorrem nas regiões que compõem as fachadas. Nesse sentido, insere-se no FGDA um fator que pondere a degradação em função
da região em que se encontra o dano. Busca-se com essa nova ponderação medir a área degradada (Ad), ponderar em relação à gravidade da anomalia (knA), associar a
importância relativa do tipo de anomalia (Kcn) e associar ainda à região em que a anomalia
ocorre (kr).
Este fator denominado kr, é uma variável adimensional determinada através dos estudos de
FDRC, que consideram o valor característico (80%) de cada região equivalente a 80% da
frequência de ocorrência dos eventos (ver Tabela 4.10). O kr é obtido em função da
proporção do maior valor característico (80%) da região (valor característico (80%) de Transição entre Pavimentos = 0,043). Para esclarecimento da obtenção da variável kr, a
Tabela 3.3 mostra os valores característicos (80%) de cada região, obtidos neste estudo, e o seu respectivo valor de proporção.
Tabela 3.3 – Valores de kr para cada região.
Região Valor característico (80%) (FDRC)
kr
Paredes Contínuas (PC) 0,029 0,68
Aberturas (AB) 0,021 0,50
Sacadas (SC) 0,012 0,28
Cantos e Extremidades (CE) 0,032 0,75
Transição entre Pavimentos (TP) 0,043 1,00
Topo (TO) 0,029 0,67
A adaptação da metodologia para as regiões é denominada FGDB e é calculado conforme
expresso na Equação 3.6.
6 ;= ∑( ( ) × 7 × ∑ 78 × 79á × 7 ) Equação 3.6
Adr(n): área danificada por uma anomalia n (m²) em determinada região (r);
knA: constante de ponderação das anomalias n, em função do nível de condição, onde
knA Є {1,2,3,4};
kc(n): constante de ponderação da importância relativa das anomalias detectadas;
kr: constante de ponderação da importância das regiões r;
∑kmáx: somatório das constantes de ponderação equivalente ao nível da pior condição –
toma o valor 17 (4 + 4 + 3 + 3 + 3) – (anomalias consideradas: descolamento cerâmico, fissuração, falha de rejunte, eflorescência e falha de vedação);
At: Área total da amostra de fachada (m²).
Diante do exposto neste capítulo, a metodologia consiste em estabelecer critérios de quantificação de danos, bem como a sistematização de informações, e propõe uma adaptação da formulação do FGD, de forma a consolidar e aprimorar a metodologia.