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Atualmente, existem diferentes métodos para avaliar o desempenho dos revestimentos ao longo do tempo, que relacionam a perda de desempenho dos elementos às suas condições de idade e de serviços. Gaspar e de Brito (2008) e Silva (2014) afirmam que o nível de degradação geral de qualquer elemento do edifício, geralmente, pode ser avaliado por meio de um índice quantitativo que representa o seu desempenho global.

Diversos índices foram apresentados por pesquisadores, com o intuito de construir modelos de degradação e obter estimativas da vida útil do sistema analisado. Dentre estes, para o presente estudo, destaca-se o índice severidade da degradação (S), apresentado por Gaspar

(2009). O indicador de degradação é representado em curva de degradação, onde as abcissas correspondem à variável “idade” e as ordenadas à variável do indicador de degradação, denominado “severidade” para cada amostra de fachada inspecionada.

Em alguns estudos, este índice de severidade (S) é chamado por Nível Geral de Danos (NGD), no estudo de Gaspar e Brito (2008) e também por Over Degradation Level (ODL), no estudo de Galbusera (2013).

O índice severidade da degradação (S) foi utilizado em diversos estudos, porém sendo adaptados para a realidade de cada edifício analisado. Inicialmente, o estudo de Gaspar (2009) foi aplicado às fachadas revestidas com reboco argamassado. Posteriormente, foi adaptado por outros pesquisados, cita-se o estudo de Silva (2009), que utilizou este índice para fachadas com revestimentos pétreos e de Bordalo (2010) para fachadas revestidas por placas cerâmicas.

Dentre as diversas adaptações do indicador de degradação severidade (S), destaca a adaptação feita por Silva (2014), que ajustou os critérios da fórmula de severidade para a realidade das fachadas revestidas por placas cerâmicas no Brasil, mais especificamente na região de Brasília-DF e nomeou o índice de degradação como Fator Geral de Danos (FGD).

A metodologia FGD foi baseada em diversos autores que estudaram e aperfeiçoaram as metodologias, visando auxiliar na inspeção, na avaliação e na quantificação das degradações em fachadas, dentre estes se destacam os estudos de Shohet et al. (1999), Gaspar e Brito (2011), Sousa (2008), Silva (2009), Taguchi (2010) e Galbusera (2013).

A metodologia FGD estabelece uma ferramenta que permite estudar os fenômenos que promovem o surgimento e a evolução dos processos de degradação das fachadas, sistematizandoa avaliação do comportamento da degradação em função do tempo nas fachadas com revestimento cerâmico. As análises das curvas de degradação são efetuadas a partir do modelo de cálculo de degradação FGD em fachadas revestidas por placas cerâmicas.

O FGD consiste em um modelo de cálculo de degradação ponderado por pesos referentes aos diferentes tipos de anomalias consideradas no levantamento das inspeções em fachadas. Citam-se como as principais anomalias nas fachadas revestidas por placas cerâmicas o descolamento cerâmico, a fissuração, a falha de rejunte, a eflorescência e a falha de vedação. O índice de degradação FGD, que relaciona a área total degradada com a área total da fachada, considerandoa pior condição possível, é calculado conforme apresentado na Equação 2.1.

FGD =

∑ . . ,

( . ) Equação 2.1

Onde:

FGD – Fator Geral de Danos (%);

An – Área de uma fachada afetada por n tipos de anomalias (m²);

kn – Nível de condição das anomalias contido no intervalo (0; 0,02; 0,20; 2,00; 4,00); k – Constante, equivalente ao nível da pior condição (k = 4,00);

kc,n – Custo relativo de reparação das anomalias observadas; A – Área da amostra de fachada (m²).

n – Referência do tipo de anomalia (n=1 - descolamento cerâmico, n=2 - falha de rejunte e n=3 - fissuras, n=4 - eflorescência e n=5 - falha de vedação).

As variáveis de ponderação k, kn e kc,n refletem e estabelecem pesos de importância para cada tipo de anomalia. A ponderação do kn estabelece a hierarquia de cada tipo de dano em função da extensão de ocorrência. Essa ponderação fornece ainda a sinergia ou a contribuição da propagação dos danos. A Tabela 2.7 mostra os valores dos fatores de ponderação atribuídos aos diferentes tipos de danos.

Tabela 2.7 – Critério de níveis de condição (kn) utilizados por Silva (2014).

Nível de condição (k) Tipo de dano

Nível de ponderação (kn) Nível de ponderação (kcn) Nível 0 – Melhor condição Degradação não detectável visualmente - -

Nível 1 – Boa condição - - -

Nível 2 – Degradação suave Falha de Rejunte (FR) 0,20 0,06 Eflorescência (EF) 0,12 Falha de Vedação (FV) 0,08 Nível 3 – Degradação elevada - - Nível 4 – Degradação grave (extrema) Fissuração (FI) 4,00 1,00 Desc. Cerâmico (DC) 0,82

A constante k para o estudo de Silva (2014) assume o valor 4,0, estabelecendo então o padrão máximo de degradação, ou seja, o maior nível associado aos danos. A pesquisadora afirma que ao atribuir o maior valor numérico de ponderação presume-se a situação mais crítica de determinada amostra.

A constante kc(n) é o fator relativo de custo de reparo e representa a ponderação da

importância relativa atribuída ao custo de reparação de cada tipo de anomalia, e foi obtida em função da proporção pelo custo de reparo mais elevado. Os valores adotados para cada anomalia estão apresentados na Tabela 2.8.

Tabela 2.8 – Constantes de ponderação da importância relativa das anomalias (Silva, 2014). Anomalias kc(n) Falha de Rejunte (FR) 0,06 Eflorescência (EF) 0,12 Falha de Vedação (FV) 0,08 Fissuração (FI) 1,00 Desc. Cerâmico (DC) 0,82

As análises dos resultados do FGD, apresentados por Silva (2014), são efetuadas em função da idade e da influência da orientação cardeal nas fachadas. Na Figura 2.11, apresentam-se os resultados do FGD em função da orientação das fachadas (Norte, Leste Sul e Oeste). Onde pode ser observado que o comportamento das curvas de degradação do FGD mostra tendências diferenciadas para as orientações Sul-Leste e Norte-Oeste.

Figura 2.11 – Curvas de evolução de degradação em função da orientação para Fator Geral de Danos (SILVA, 2014).

O estudo desenvolvido por Silva (2014) formou a base para o desenvolvimento desta pesquisa. Porém, foram necessárias algumas adaptações dos parâmetros e critérios tendo em vista as diferenças dos critérios adotados na quantificação de danos e a inserção de novos edifícios ao banco de dados da pesquisa de Silva (2014), que são apresentados no capítulo de metodologia e discutidos no capítulo de análise de resultados.