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FATORES AMBIENTAIS DETERMINANTES E CONDICIONANTES DA SAÚDE DA POPULAÇÃO EM

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A avaliação e as análises ora apresentadas foram organizadas com o objetivo de apresentar, de forma condensada, as situações de risco ambiental de interesse para a saúde, por meio de informações retiradas das bases de dados dos sistemas de informação gerenciados pela vigilância em saúde ambiental de Alagoas.

A Saúde Ambiental é a área da saúde pública afeta ao conhecimento científico e à formulação de políticas públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente natural e antrópico que a determinam, condicionam e influenciam, com vistas a melhorar a qualidade de vida do ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade.

Os indicadores de vigilância da qualidade da água para consumo humano descrevem, inicialmente, a oferta de água pelo poder público, além das principais formas de tratamento e os responsáveis. Ainda dentro das informações geradas pelo Sistema de Informação da Qualidade da Água – SISAGUA analisa-se a qualidade da água distribuída à população, considerando a ausência de coliforme total.

A análise dos indicadores de vigilância de contaminantes atmosféricos de interesse para a saúde pública é, inicialmente, mostrada a partir de uma série histórica de focos de calor, por municípios, sendo também analisada a frota veicular.

A análise dos indicadores de vigilância ambiental relacionada a áreas de solo contaminado ou sujeita à contaminação mostra o número de áreas cadastradas relacionadas a contaminantes químicos que podem causar doenças na população afetada, analisada a proporção de postos de combustíveis, indústrias químicas e sucroalcooleiras e outras atividades de interesse.

A análise dos fatores ambientais determinantes da saúde da população mostra uma série histórica e tem por objetivo final subsidiar as áreas técnicas afins, tais como, a de doenças de veiculação hídricas, a de hepatite A, a de doenças do aparelho respiratório, entre outras, e a contribuir para o direcionamento de suas ações para áreas de maior risco ou verificar situações de anormalidades nos territórios.

Trata-se de uma análise elaborada a partir de dados secundários obtidos nos diversos sistemas de informação da vigilância em Saúde Ambiental gerenciados pela Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS, Coordenação Geral de Vigilância em

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Saúde Ambiental – CGVAM, do Ministério da Saúde – MS, em conjunto com as Secretaria Estaduais- SES e Municipais de Saúde - SMS.

Do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água – SISAGUA foram analisados os dados de Sistemas de Abastecimento de Água - SAA cadastrados, formas de tratamento, responsáveis; procedência da água bruta além da avaliação quantitativa e qualitativa das análises laboratoriais dos últimos quatro anos.

Os dados analisados a partir do sistema de informação de Solo contaminado ou sujeito a contaminação foram: a) áreas cadastradas nos últimos quatro anos; b) classificação por contaminantes; e c) população exposta aos contaminantes.

A análise dos contaminantes atmosféricos de interesse para a saúde pública nos municípios, considera informações ambientais e de saúde que envolvem: a) informações ambientais – Indústrias de transformação, indústrias de extração, número de focos de calor (queimadas) e frota veicular; e b) Informações de saúde – Morbidade e mortalidade por doenças do aparelho respiratório. As duas informações geram uma pontuação que classifica os municípios em alto médio e baixo risco.

Em se tratando de água para consumo humano, Alagoas tem Sistemas de abastecimento de Água – SAA nos 102 municípios, sendo a maioria, 60%, proveniente de manancial subterrâneo; do total de SAA cadastrados, 74% estão sob a responsabilidade das prefeituras municipais, alguns deles denominados “Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto- SAAE”.

Para o indicador Cadastro de SAA no Sistema de Informação da Qualidade da Água – SISAGUA, devido a série histórica não apresentar grandes flutuações, o comparativo foi realizado entre os anos 2007 e 2010 onde, no ano de 2007, há 290 SAA cadastrados e, em 2010, 334, o que significa um incremento de aproximadamente 13%, indicativo de maior sensibilidade das equipes técnicas municipais em identificar as formas de abastecimento nos territórios.

Na análise dos tipos de tratamento, observa-se que, nos anos analisados, 2007 e 2010, os “SAA Sem Tratamento” ocupam a primeira posição com 45% e 46%, respectivamente. Para manancial de superfície, onde o tratamento da água deve ter no mínimo o tratamento por filtração além da desinfecção, os sistemas com insuficiência de tratamento passam de 26%, em 2007, para 45%, em 2010. As

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formas de tratamento “Convencional” e “Filtração com Desinfecção” apresentam pouca alteração nos dois anos, o que se pode ver no quadro 01.

Quadro 01 – Água para consumo humano: Captação, Formas de Tratamento e responsáveis, anos 2010 e 2007.

SISÁGUA 2010

CAPTAÇÃO RESPONSÁVEL

TIPO DE TRATAMENTO

CONVENCIONAL FILTRAÇÃO/ DESINFEC. DESINFEC. SEM TRAT. TOTAL

n % n % n % n % n % SUBTERRÂNEO 202 (60,50%) CASAL 00 0,00 02 5,40 7 18,92 28 75,68 37 100,00 PREFEITURA 00 0,00 02 1,21 69 41,82 94 56,97 165 100,00 SUPERFICIAL 132 (39,50%) CASAL 23 45,10 10 19,61 18 35,29 0 0,00 51 100,00 PREFEITURA 13 16,05 09 11,11 27 33,33 32 39,51 81 100,00 TOTAL GERAL 334 (100,00%) 36 10,78 23 6,89 121 36,22 154 46,11 334 100,00 SISÁGUA 2007 CAPTAÇÃO RESPONSÁVEL TIPO DE TRATAMENTO

CONVENCIONAL FILTRAÇÃO/ DESINFEC. DESINFEC. SEM TRAT. TOTAL

n % n % n % n % n % SUBTERRÂNEO 205 (70,70%) CASAL 00 0,00 05 17,24 05 17,24 19 65,52 29 100,00 PREFEITURA 00 0,00 08 4,55 65 36,93 103 58,52 176 100,00 SUPERFICIAL 85 (29,30%) CASAL 23 51,11 09 20,00 13 28,89 00 0,00 45 100,00 PREFEITURA 10 25,00 08 20,00 14 35,00 08 20,00 40 100,00 TOTAL GERAL 290 (100,00%) 33 11,38 30 10,34 97 33,45 130 44,83 290 100,00 Fonte: SISAGUA 2007 e 2010

Relacionado à qualidade da água ofertada à população no período de 2007 a 2010, quanto aos parâmetros de Cloro Residual Livre, Turbidez e Coliforme Total, cujos valores percentuais devem estar conforme a portaria MS No 518/2004, observa-se que em todos os Sistemas de Abastecimento há necessidade de melhoria da qualidade, visto que, considerando-se a média dos últimos quatro anos, nenhum deles atinge 80% de amostras viáveis. Turbidez e CRL apresentam 77% e Coliforme Total 64% das amostras analisadas.

O melhor resultado entre os três parâmetros fica para a segunda região seguida da primeira, em último lugar aparece a quinta região de saúde (Figura 01).

Referente ao número de análises realizadas anualmente, no período de 2007 a 2010, a segunda região é a que apresenta maior número de análises seguida da primeira região e, em último lugar, aparece a terceira região de saúde (Figura 02).

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Fonte: SISAGUA

Figura 01- Qualidade da água por regiões de saúde. 2007-2010

Fonte: SISAGUA

Figura 02 – Quantitativo de Análises realizadas – média por região. 2007-2010 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 turbidez CRL Coliforme Total média 1a 2a 3a 4a 5a média 0 10 20 30 40 50 60 70 turbidez CRL Coliforme Total média 1a 2a 3a 4a 5a média

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Alagoas iniciou, em 2008, as atividades de Vigilância de contaminantes ambientais que envolvem populações expostas a solo contaminado ou sujeito a contaminação - VIGISOLO e Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica de interesse para a Saúde (4AS) - VIGIAR. Atualmente há áreas cadastradas em 30 municípios nas 5 regiões de saúde, sendo 10 na primeira, 7 na segunda, 5 na terceira, 3 na quarta e 5 na quinta região de saúde. Os municípios foram priorizados em função de ter indústrias químicas e/ou por serem municípios prioritários para redução da mortalidade infantil (Figura 03).

Figura 03- Municípios Cadastrados na Plataforma DATASUS/IIMRI/VIGIAR e no Sistema de Informação de Populações expostas a solo contaminado – SISSOLO: 2010

O Sistema de Informação de populações exposta a solo contaminado – SISSOLO tem 245 áreas cadastradas. O quadro 02 apresenta as áreas classificadas quanto ao tipo de contaminação e a respectiva população exposta, onde podemos observar que: na categoria UPAS encontra-se o maior número de áreas cadastradas, 155 (63%), e, também, o maior contingente de população exposta; em segundo lugar, aparecem as áreas Industriais, 48 (20%). Não há cadastro de Áreas

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Agrícolas - AA e de Área Contaminada por Acidente com Produto Perigoso – ACAPP, além das áreas de Mineração – AM não apresentarem população exposta em um raio de 1000 metros. Este quantitativo por classificação está conforme a escolha de áreas que o município priorizou neste primeiro momento, com o objetivo de dar visibilidade aos principais problemas e realizar seus cadastros.

Quadro 02 – Áreas de Solo Contaminado ou Sujeito a Contaminação: Classificação, quantitativo de áreas cadastradas e de população exposta

CLASSIFICAÇÃO Nº DE ÁREAS

CADASTRADAS

POPULAÇÃO EXPOSTA (hab.)

Área de Disposição Final de Resíduos

Urbano – ADFRU 19 10.560 Área de Mineração – AM 2 0 Área Desativada – AD 1 8.000 Área Industrial – AI 48 27.550 Contaminação Natural – CN 18 12.900 Depósitos de Agrotóxicos – DA 1 500

Unidade de Postos de Abastecimento

e Serviços – UPAS

155 352.580

Área de Disposição de Resíduos

Industriais – ADRI

1 1.000

Área Agrícola – AA 0 0

Área Contaminada por Acidente com

Produto Perigoso – ACAPP.

0 0

Fonte: SISSOLO

Há confirmação laboratorial, pelo órgão ambiental, de contaminação em 30 áreas de UPAS e em 2 AI, porém não há estudos epidemiológicos relacionados à população exposta.

O quadro 03, abaixo, apresenta os cadastros de solo contaminado, por região de saúde, segundo classificação e população exposta, onde observa-se que a primeira região tem o maior número de áreas cadastradas (1620) e, consequentemente, o maior contingente de população exposta, o que se justifica por estarem incluídos nessa região a capital Maceió e o município de Marechal Deodoro

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com seu pólo Industrial. Diferente desta situação o segundo maior contingente de população exposta está na quarta região que, juntamente com a segunda, tem o menor número de áreas cadastradas. O que se justifica por ser a região onde está Arapiraca, município com o maior número de cadastros e alta concentração populacional.

Quadro 03 – População exposta a contaminantes de solo por região e áreas cadastradas segundo classificação REGIÕES DE SAÚDE ESTIMATIVA: POPULAÇÃO EXPOSTA

AI CN ADFRU UPAS DA ADFRI AM AD

TOTAL DE ÁREAS 1ª RS 353.945 19 5 2 135 1 0 0 0 162 2ª RS 16.800 12 2 4 0 0 1 0 0 19 3ª RS 5.770 6 5 3 7 0 0 1 0 22 4ª RS 23.800 6 1 5 6 0 0 1 0 19 5ª RS 12.775 5 5 5 7 0 0 0 1 23 413.090 48 18 19 155 1 1 2 1 245 Fonte: SISSOLO

Relacionado à Vigilância de Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica de interesse para a Saúde (4AS), o cadastro dos municípios integra situações ambientais (Fontes fixas de poluição: indústrias extrativas e de transformação; Fontes móveis: frota de veículos automotores; Queima de biomassa: número de focos de calor) com dados de saúde (taxa de morbidade e de mortalidade por doenças do aparelho respiratório). Estes dados geram uma pontuação que diferencia os municípios na análise dos riscos.

O quadro 04 apresenta a pontuação por ano e por região de saúde, e a população total dos municípios cadastrados. Observa-se que, nos três anos analisados, a primeira e a segunda região sempre estão com a maior pontuação, seguidas da quarta; e com a menor pontuação, possivelmente por ser o sertão do Estado e ter menor presença de indústrias e de frota veicular, a terceira região. As três regiões que apresentam maior pontuação relacionada aos problemas de

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poluição atmosférica também envolvem a maior população residente que pode estar sujeita às doenças do aparelho respiratório.

Quadro 04 – Vigilância de Poluentes atmosféricos: série histórica, pontuação média por região e média do Estado REGIÕES DE SAÚDE 2008 2009 2010 MÉDIA 1ª RS 18 22 21 MÉDIA 2ª RS x 22 20 MÉDIA 3ª RS x 11 13 MÉDIA 4ª RS 10 18 17 MÉDIA 5ª RS x 14 18 MÉDIA ESTADO 14 17 18 Fonte: IIMR/DATASUS

O quadro 05 apresenta uma análise comparativa, por região, entre as informações ambientais e os dados de saúde conforme o Sistema de Informação VIGIAR, no ano de 2010. Observa-se que a pontuação referente as questões ambientais supera a pontuação dos dados de saúde na primeira, segunda e quarta regiões; já na quinta, a pontuação é igual; e na terceira, possivelmente por ser a região de menor industrialização, os dados de saúde superam os dados ambientais.

Quadro 05 – Comparativo entre pontuação de dados ambientais e de saúde, ano 2010

REGIÕES DE SAÚDE

PONTUAÇÃO ANO 2010 Informações

ambientais Informações de Saúde

MÉDIA 1ª RS 13 8 MÉDIA 2ª RS 13 7 MÉDIA 3ª RS 6 7 MÉDIA 4ª RS 11 6 MÉDIA 5ª RS 9 9 Fonte: IIMR/DATASUS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados relacionados à oferta de água para consumo humano evidenciam que o poder público não está realizando os investimentos necessários à adequação dos sistemas de abastecimento de Água - SAA à legislação vigente com, no mínimo, desinfecção e filtração e desinfecção quando necessário.

Esta situação coloca a população consumidora em risco de adoecimento e morte e traz importantes informações para a gestão do SUS, no sentido de orientar as prioridades das ações de saúde e estimular a produção de análises mais profundas relacionadas às doenças mais sensíveis a este contexto de risco ambiental.

Na área de vigilância de populações expostas a solo contaminado ou sujeito a contaminação, as 245 áreas cadastradas representam uma pequena amostra das áreas de risco existentes em Alagoas e a necessidade de uma ação intersetorial de forma contínua tanto em relação á identificação das populações quanto à complementação e qualificação das informações levantadas.

A atuação da Vigilância Ambiental de Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica de interesse para a Saúde (4AS) exige, além de estudos epidemiológicos, uma gestão interdisciplinar e intersetorial que envolva políticas e ações dos órgãos ambientais e de desenvolvimento urbano e indústrias com vistas a minorar as situações de risco identificadas e garantir a qualidade de vida e de saúde para a população.

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