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Fatores Protetores e Fatores de Risco da Doença de Parkinson

A DP manifesta-se normalmente na forma esporádica, possivelmente devido a uma exposição contínua a toxinas ou fatores ambientais, tais como pesticidas, herbicidas, químicos industriais ou metais pesados (manganésio), vírus, etc., ao longo da vida dos doentes (Ascherio et al., 2006; Betarbet et al., 2000; Fang et al., 2012; Frigerio et al., 2006; Harris, Tsui, Marion, Shen, & Teschke, 2012) mas nenhum, além da idade, foi definitivamente confirmado como fator de risco (Levy & Ferreira, 2003; Pereira & Garrett, 2010).

Recentemente, a DP tem sido também atribuída a uma predisposição genética – formas raras, familiares (menos de 5%) – devido à identificação de mutações genéticas em determinados genes que codificam para proteínas associadas à doença, e que têm tido um papel significativo no avanço do conhecimento molecular desta doença neurodegenerativa (Dawson & Dawson, 2003; Dehay et al., 2012; Hardy, Cookson, &

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Singleton, 2003; Pereira & Garrett, 2010; Vaughan, Davis, & Wood, 2001; Wider et al., 2010).

O primeiro trabalho divulgado na comunidade científica referente à identificação do primeiro gene mutado associado à DP data de 1997 (Polymeropoulos et al., 1997), e foi identificado como o gene que codifica para a proteína pré-sináptica α–sinucleína denominado por PARK1 (ou SNCA). Desde então, outros genes foram mapeados e identificados como estando relacionados com a DP (Fahn, 2010; Ritz, Rhodes, Bordelon, & Bronstein, 2012; Wider et al., 2010).

A interação entre as características genéticas e as exposições ambientais é o foco da investigação atual no sentido de compreender e quantificar a contribuição dos diferentes fatores suscetíveis de desencadear a DP (Fahn, 2010; Savica et al., 2012; Tanner, 2010). Os resultados de alguns estudos dão suporte à hipótese de uma etiologia multifatorial para a DP, com fatores ambientais com ação neurotóxica (Ascherio et al., 2006; Betarbet et al., 2000; Fang et al., 2012; Frigerio et al., 2006; Harris et al., 2012) poderem precipitar o desenvolvimento da DP ao agirem sobre um indivíduo geneticamente suscetível (Fahn, 2010; Tanner, 2010), no entanto, outros estudos apresentam resultados contraditórios (Brown, Lockwood, & Sonawane, 2005; Logroscino, 2005; Pals et al., 2003).

Qualquer um dos mecanismos referidos pode influenciar os restantes, uma vez que existe uma estreita relação entre eles, com uma possível via comum de programação da apoptose celular, como referem alguns autores (Bredesen, Rao, & Mehlen, 2006; Dauer & Przedborski, 2003; Fahn, 2010; Lansbury & Lashuel, 2006; Lin & Beal, 2006;

Moore et al., 2005; Perf esquema representativo des

Figura 6 - Rep em degeneração Fanh (2010), p.

Outros fatores, desi ação neuroprotetora. Div desenvolver DP associado 2001; Thacker et al., 200 recetores da adenosina), (A Ross et al., 2000; Schw Takkouche, Caamano-Iso aumento do risco nas mulh

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erfeito & Rego, 2011; Rubinsztein, 2006; desta interação pode ser consultado na figura 6.

epresentação dos fatores etiológicos e patogénicos que ção dos neurônios dopaminérgicos nigro-estriados. Ad p. S5.

esignadamente fatores comportamentais, estão iversos estudos demonstraram uma diminu do aos hábitos tabágicos (Checkoway et al., 20

007) ao consumo de cafeína (relacionado co (Ascherio et al., 2001; Logroscino, 2005; Pal hwarzschild, Chen, & Ascherio, 2002) ou Isorna, & Gestal-Otero, 2002), podendo co ulheres pós-menopáusicas (Benedetti et al., 200

; Sulzer, 2007).Um 6.

ue resultam daptado de

tão associados a uma nuição do risco de 2002; Hernan et al., com a inibição dos Palacios et al., 2012; ou ambos (Hernan, contudo existir um 001) medicadas com

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estrogénios de substituição e que simultaneamente são grandes consumidoras de café (mais de 4 chávenas/dia) (Ascherio et al., 2003; Ascherio et al., 2004; Xu et al., 2006). É também feita a referência à ação protetora relacionada com o consumo de anti- inflamatórios não esteroides (Chen et al., 2003; Gagne & Power, 2010), com maior evidência para o uso de iboprufenos (Samii, Etminan, Wiens, & Jafari, 2009). Gao et al. (2012) (Gao, Cassidy, Schwarzschild, Rimm, & Ascherio, 2012), estudam a possível ação protetora associada à ingestão frequente de flavonoides. Parece existir consenso em relação ao fator protetor associado ao aumento dos níveis séricos de ácido úrico, nomeadamente devido às suas propriedades antioxidantes (Alonso & Sovell, 2010; Cipriani, Chen, & Schwarzschild, 2010; Constantinescu & Zetterberg, 2011; Davis et al., 1996; Levy & Ferreira, 2003). A ingestão de uma dieta alimentar do tipo mediterrânica (Alcalay et al., 2012), rica em antioxidantes, como o chá (Pereira & Garrett, 2010), parece promover a redução do stresse oxidativo e a degeneração provocada pelos radicais livres ao nível dos neurónios da substância nigra (Brown et al., 2005).

Diferentes fatores de risco parecem estar associados à incidência da DP nos dois géneros (Miller & Cronin-Golomb, 2010; Savica et al., 2012), sendo a idade o único fator de risco efetivamente confirmado: a DP raramente surge antes dos 40 anos, aumenta após os 50 e é máxima a partir dos 70 anos, embora esteja descrito um ligeiro decréscimo no grupo etário superior aos 80 anos (Nutt & Wooten, 2005; Schoenberg, 1987; Tanner & Ben-Shlomo, 1999). O aumento do risco de desenvolver DP parece estar relacionado com o consumo de alimentos de origem láctea, principalmente pelos indivíduos do género masculino (Chen et al., 2007; Chen, Zhang, Hernan, Willett, & Ascherio, 2002). Os estudos entre o consumo de vitaminas do complexo B e o risco de DP são contraditórios,

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uns referem que o baixo consumo de vitaminas deste complexo (nomeadamente B6) está associado a um aumento de incidência da doença (Murakami et al., 2010b) mas estudos anteriores muito semelhantes não tinham encontrado esta relação (Chen et al., 2004). Murakami (2010), também demonstrou que o índice glicémico dos alimentos está inversamente relacionado com o risco de DP (Murakami et al., 2010a). A peroxidação dos lípidos está aumentada na substância nigra em indivíduos com DP, sugerindo que os radicais livres estarão implicados na neurodegeneração (D. K. Chan, Mellick, Hung, & Woo, 2003).

Existem poucos estudos, até à data, que avaliem eficazmente o efeito da prática de exercício físico na incidência e progressão da doença (Benatru, Vaugoyeau, & Azulay, 2008; Muller, Welnic, Woitalla, & Muhlack, 2007; Petzinger et al., 2010), embora alguns apresentem resultados contraditórios (Brown et al., 2005; Logroscino, Sesso, Paffenbarger, & Lee, 2006). Contudo, já foi demonstrado em cobaias, com DP, que a prática de atividade física regular de intensidade moderada/alta tem a capacidade de aumentar a expressão genética de recetores dopaminérgicos (D2) estriatais (Vuckovic et al., 2010).