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3. ANÁLISE DE DADOS

3.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1.5 fatores que interferem na qualidade da assistência de enfermagem

Gráfico 5: Fatores que interferem na qualidade da assistência de enfermagem

Dentre os fatores identificados pelos sujeitos que interferem na qualidade da assistência de enfermagem, onde a maioria assinalou mais de uma questão, foram: recursos materiais (36%), estrutura física da unidade (26%), comprometimento profissional (19%), recursos humanos (16%) e disponibilidade de profissionais (3%).

Em relação ao fator com maior porcentagem, recursos materiais, que se tratando de um hospital municipal, necessita de recurso da Prefeitura, onde primeiramente se faz a solicitação para depois ela ser atendida, e que nem sempre estão disponíveis os recursos.

A estrutura física da unidade faz parte de uma estrutura antiga, que estão sendo ampliada, para posteriormente ser adequada para maior conforto e emocional para cliente e profissionais, e assim estimulando a melhoria da qualidade dos cuidados prestados.

De acordo com a resolução nº 293/2004 do COFEN (1998) que trata do dimensionamento do quantitativo mínimo de profissionais de saúde nas instituições, visa resolver a maioria dos problemas relativos aos recursos humanos, garantindo mais segurança e qualidade na assistência de enfermagem. Sendo assim se ocorresse uma distribuição qualitativa equilibrada e correta do número de profissionais de enfermagem, não ocorreria o

16%

36%

3% 19%

26%

Dentre os fatores abaixo qual é o que mais

interfere na qualidade da assistencia de

enfermagem?

Recursos Humanos Recursos Materiais

Disponibilidade de Profissionais

Comprometimento Profissional Estrutura Física da Unidade

déficit de funcionários citados pelos sujeitos, fortalecendo a qualidade da assistência de enfermagem aos pacientes.

O quantitativo de pessoal de enfermagem está geralmente abaixo do necessitado seja por contratações insuficientes, atestados médicos, licenças ou outros acarretando em prejuízo funcional e qualitativo nos serviços prestados e assim acabam assumindo responsabilidades muitas vezes além, de sua capacidade física, mental e emocional, conforme cita Silva (2008).

Segundo Mathias (2009) a rotina de enfermagem é caracterizada por uma diversidade de serviços repetitivos, com ritmo intenso, exigindo esforço físico e desgaste emocionais, somando a sobrecarga de trabalho interferem diretamente na qualidade de vida dos profissionais, no interesse, na disponibilidade e no comprometimento profissional, interferindo assim na qualidade da assistência de enfermagem.

Para Pedrosa (2010) o desenvolvimento da prática em saúde necessita de garantia de infra-estrutura apropriada, com disponibilidade de equipamentos adequados, de recursos humanos capacitados e de materiais e insumos suficientes à assistência prestada.

Quando questionados se os recursos materiais e a estrutura física da unidade são adequados para a prestação do serviço, todos os sujeitos responderam que os recursos materiais e estrutura física não são adequados na unidade, como mostra as seguintes respostas:

“Não. Pode ser melhor, porque os recursos materiais são mais fáceis de conseguir, mas o espaço físico é restrito” (TE Orquídea).

“A unidade está bem danificada e recursos materiais péssimos.” (TE Copo de Leite).

“Não. Pois às vezes temos casa que a unidade não suporta o atendimento, devido à falta de materiais, de condições trabalhistas, para oferecer e desenvolver um atendimento eficaz” (TE Rosa Branca).

“Não a maioria das vezes usamos o improviso pela falta de materiais” (TE Margarida).

“Razoável, poderia ser melhor, trabalhamos muito com o improviso, falta materiais, que são essenciais para desenvolver bom trabalho. O espaço físico em relação ao internamento é pequeno e nos quartos tem muitos leitos, facilitando a contaminação, mais vai melhorar” (TE Azaléia).

“Não, os processos de compra (licitações) são muitos lentos, falta muita medicação, materiais para curativos, equipamentos de monitorização de paciente, ventiladores mecânicos, espaço físico inadequado para comportar uma população com mais de 80 mil habitantes que depende do SUS” (Enf. Rosa Vermelha).

“Não, pois há carência de materiais, equipamentos e a estrutura física não é adequada” (Enf. Violeta).

Podemos notar em todas as falas que como faltam materiais e com estrutura física inadequada, isso afeta diretamente na qualidade do cuidado com o cliente, onde na maioria das vezes a única opção é o improviso de alguns materiais, substituição da medicação por outra disponível na unidade, o espaço físico do internamento é pequeno, comportando um número excessivo de leitos, e como citado pela TE Azaléia facilita a contaminação entre os pacientes.

Para Mariano (2009) as condições de trabalho dos profissionais de enfermagem trazem repercussões para a saúde do trabalhador que sobrecarregado de atividades, ainda adota no cotidiano dos plantões postura corporal inadequada que geram problemas de ordem física.

Segundo Oliveira (2001) estudos realizados com equipe de enfermagem hospitalar evidencia que as jornadas rotativas causam alterações do sono, distúrbios nervosos e digestivos, além de desorganizarem a vida familiar e social dos trabalhadores. E ainda ocorre exposição a fatores de risco mecânicos e ambientais específicos, é ainda agravada pelos recursos materiais insuficientes e inadequados, que ocasionam condições inseguras no trabalho.

Para Faria (2010) estudos salientaram que a falta de recursos materiais e humanos para o desenvolvimento da assistência de enfermagem, desencadeia sentimentos de estresse, angústia e ansiedade a estes profissionais, além de descomprometimento com a assistência prestada.

Para Sarquis (2009) a exposição aos fluidos biológicos, associada ao ritmo acelerado de trabalho, número reduzido de trabalhadores e a inadequação de recursos materiais são fatores desencadeantes de processos de sofrimento mental.

A estrutura física da instituição hospitalar, muitas vezes, é inadequada: possuindo salas apertadas, corredores estreitos, salas que deviam estar acopladas uma à outra, distantes entre si, ausência de boa iluminação, ventilação, janelas, estrutura física antiga e em más condições, banheiros insuficientes para o número de funcionários, ausência de armários para guardar bolsas e objetos pessoais, de um local de descanso digno para enfermagem entre outros problemas. Gerando frustração, irritação e fadiga no funcionário que tem de se adaptar a situação apesar de realizar bem o seu trabalho (SILVA, 2008).

Ainda de acordo com Silva (2008) os recursos materiais e os equipamentos também participam desse contexto. Sabemos que o ambiente interfere na qualidade de vida do ser humano acontecendo o mesmo em relação à enfermagem e o ambiente institucional.

Conforme cita Leite (apud Silva, 2008) o hospital, como toda empresa, também realiza um processo administrativo com entradas e saídas, o intuito de economizar é uma constante, diante dessa meta o material utilizado nos hospitais muitas vezes não é o de melhor qualidade, mas o de melhor preço.

A estrutura física inadequada impossibilita a efetivação da integralidade, dificultando a obtenção de bons resultados nas intervenções em saúde, interferindo na continuidade do cuidado e desqualificando a assistência e o específico cuidado de Enfermagem. A falta de materiais compromete o alcance de metas, pois determinadas ações são interrompidas e pacientes são encaminhados a outros serviços. A falta de insumos é impeditiva de uma adequada atenção à saúde, pois compromete o desenvolvimento da atenção/serviço ofertado, gerando também descrédito na população (PEDROSA, 2010).

Segundo Medeiros (2006) constata-se nos trabalhadores do serviço público uma frustração pela falta de material, exigindo maior capacidade de improvisação para a realização de procedimento, deixando-os insatisfeitos em relação à assistência prestada ao paciente, podendo desencadear o sofrimento no cotidiano desses trabalhadores.

Cegacno (2005) conclui que a atual situação da saúde brasileira afeta diretamente o trabalho da enfermagem nas instituições de saúde, pois a falta de recursos faz com que o improviso seja uma constante no cotidiano da equipe de enfermagem, acarretando no descontentamento e sofrimento no trabalho. Além de um ambiente organizado, a equipe de enfermagem considera que condições e materiais adequados para realizar os cuidados são motivos de satisfação e prazer no trabalho e, além disso, a carência de material dificulta a realização do cuidado.

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