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2. Revisão da Literatura

2.2. O fenómeno MOOCs

Os MOOCs são uma nova forma de transmissão massiva de conhecimento, caracterizada por ser aberta a toda a comunidade, ministrada a distância e recorrendo a uma ligação à internet (Morgado, Spilker, e Silva, 2013).

Face ao seu crescimento abrupto e à visibilidade dos MOOCs, The New York Times publicou um extenso artigo sobre este fenómeno educativo, o que fez com que 2012 fosse denominado como “o ano dos MOOCs” (Pappano, 2012).

Sendo um tópico ainda emergente, é necessário efetuar um enquadramento histórico dos MOOCs analisando o seu desenvolvimento e caracterizando diferentes aspetos a eles inerentes. Nestes aspetos destacam-se as áreas de utilização com maior probabilidade de sucesso para os MOOCs, os diferentes modelos utilizados para estruturar os MOOCs, as principais plataformas já existentes para a persecução de cursos MOOC, os principais promotores deste tipo de cursos, e por fim, identificar os principais desafios, de forma a responder a algumas questões como por exemplo: Quais as principais barreiras ao desenvolvimento dos MOOCs? Qual a perspetiva das Universidades e grandes empresas sobre os MOOCs? Qual a perspetiva dos participantes face a estes cursos?

O movimento MOOC, advém da convergência da educação aberta, do software livre e da disponibilização de conteúdos abertos e deu os primeiros passos através do consórcio OpenCourseWare do Massachusetts Institute of Technology (MIT), tal como é possível ver na Figura 2-1. O termo MOOC foi introduzido por Dave Cornier durante um curso designado por “Connectivism and Connective Knowledge” (Sanchez-Gordon e Luján-Mora, 2014).

Página 16 de 164 Figura 2-1 – MOOCs timeline

Fonte: (Yuan e Powell, 2013)

Os MOOCs nasceram da necessidade de fomentar o processo de inovação no campo da formação (quer seja do tipo formal ou informal) e da difusão universal do conhecimento, de uma forma aberta e orientada pelos princípios da difusão massiva e gratuita de conteúdos. Os MOOCs recorrem, para tal, a ferramentas e plataformas online que permitem a interatividade e que promovem a colaboração, quer ao nível da criação de novos recursos, como também da elaboração de atividades colaborativas.

A este “movimento” educativo de cariz evolutivo está associado à proliferação dos REAs e à necessidade cada vez mais presente de criação de conhecimento, face a um mundo cada vez mais aberto, conectado e virtual.

Segundo Mak, Mackness e Williams (2010) os MOOC são os meios atuais onde se desenvolve o processo de ensino-aprendizagem, e que permitem a propagação exponencial do conhecimento, visto que se desenvolvem em redes sociais ou em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs).

Os MOOCs diferem do princípio orientador dos AVAs tradicionais que têm como objetivo principal apoiar as disciplinas presenciais ou que permitem a realização de cursos fechados totalmente virtuais. Já os MOOCs surgem com o objetivo massificar o processo de educação visto serem cursos abertos, que se desenvolvem em ambientes virtuais e que por sua vez são acessíveis a todos aqueles que se propuserem a realizar o curso. O conhecimento é aberto e em rede, o que faz do MOOC uma forma privilegiada de disseminação do conhecimento.

Página 17 de 164 Atualmente existem já diferentes ambientes virtuais adequados ao desenvolvimento de MOOCs. As plataformas que assumem um lugar de destaque são: Canvas Network1, CogBooks2, Coursera3, ECO4, edX5, EMMA6, FUN7, Future Learn8, MiriadaX9, OpenClassRoom10, Open2Study11, Udemy12, Udacity13, UNED COMA14, UniMOOC15, Unow16, Veduca17, entre outras.

Relativamente às perspetivas de desenvolvimento dos MOOCs, há autores que sustentam que os MOOCs proporcionam uma alternativa válida e ao ensino tradicional como Hernández (2010) que refere que

“os MOOCs representam experiências de aprendizagem realmente inovadoras. Vão além das experiências iniciais e limitadas de mudança na educação, como OCW (Open Course Ware), baseadas ainda em objetos de aprendizagem isolados e mudanças na forma de compreender o conteúdo, mas também propostas metodológicas e novos papéis para os dinamizadores e participantes. Afirma-se, nesse caso, de forma explícita que nem Stephen Downes nem George Siemens, seus responsáveis, desempenham papéis de instrutores tradicionais, mas que são simplesmente nós em uma rede maior.”

(Hernández, 2010 apud Mattar, 2013) Já segundo Mattar (2013), o conceito “aberto” já é, por si só, bastante delicado, pois há cursos em que existe um custo inerente à obtenção de um certificado de participação no curso. Todavia o acesso ao conhecimento permanece aberto, mesmo que, ainda segundo Mattar (2013), exista a tendência para que certos MOOCs passem a serem pagos, perdendo assim o seu princípio de “aberto”.

Para aumentar o sucesso dos MOOCs há ainda vários desafios a superar. Como afirma Milman (2012), apesar de haver inicialmente muitas inscrições nos MOOCs, muitos dos inscritos acabam por abandonar os mesmos, sendo que existe uma taxa de desistência 1 www.canvas.net/ 2 www.cogbooks.com/ 3 https://pt.coursera.org/ 4 https://ecolearning.eu/ 5 https://www.edx.org/ 6 https://platform.europeanmoocs.eu/ 7 www.fun-mooc.fr/ 8 www.futurelearn.com/ 9 miriadax.net/cursos 10 openclassrooms.com/ 11 www.open2study.com/ 12 https://www.udemy.com/ 13 https://www.udacity.com/ 14 https://coma.uned.es/ 15 http://unimooc.com/ 16 www.unow.fr/ 17 www.veduca.com.br/

Página 18 de 164 considerável quando comparada com a taxa de desistência relativa a cursos online pagos. Alguns dos principais desafios dos MOOCs são enumerados em Milman (2012) e Clarke (2013), nomeadamente:

 Como e se será fornecida a certificação/validação cursos o que implica diretamente no número de interessados;

 Os professores precisam também aprender a lidar com os novos papéis em uma rede de ambientes de aprendizagem online;

 Muitos cursos possuem licença aberta de seus conteúdos sendo permitido a reutilização ou adaptação dos materiais, no entanto existem MOOCs que têm utilizado os seus recursos educacionais com proteção de direitos autorais;

 Nem todos os cursos abertos são gratuitos, algumas instituições cobram taxas de estudantes que desejam obter créditos universitários e é provável que isto se torne cada vez mais comum;

 Apesar de haver a possibilidade de cada indivíduo criar de seu próprio MOOC, é necessário haver uma mobilização de recursos e a criação de consórcios de forma a obter sinergias e capitalizar as experiências adquiridas;

 Consórcios ainda bastante fechados o que dificulta a integração de novos parceiros;  Garantir que os MOOC e os cursos oferecidos pelas Universidades possuam o mesmo

padrão de qualidade de conteúdos e sofisticação tecnológicas.

Barin e Bastos (2013) sintetizam o que para elas são os principais desafios, assim como as principais potencialidades dos MOOCs na atualidade, ilustrados no mapa conceptual apresentado na Figura 2-2.

Ainda segundo Nkuyubwatsi (2013) os MOOCs são uma mais-valia visto adaptarem- se à sociedade do conhecimento, proporcionando a cada aluno a oportunidade de se comprometer, por meio de avaliações formativas e possibilitando a capacidade de personalizar seu ambiente de aprendizagem. Todavia, Nkuyubwatsi (2013) aponta que os MOOCs ainda pecam pela falta de feedback construtivo e a falta de pensamento criativo e original, citando Bates (2012) e com baixas taxas de conclusão, citando Daniel (2012).

Apesar dos desafios ainda existentes, muitas universidades têm contribuído significativamente para o movimento MOOC, adaptando e integrando os seus cursos em plataformas desenvolvidas para o efeito. É importante referir que apesar da grande oferta existente, os cursos têm elementos diferenciadores que são respetivamente os objetivos, as metodologias e resultados esperados por parte da instituição que os elabora (Scopeo, 2013:20)

Página 19 de 164 Figura 2-2 – MOOC desafios e potencialidades

Fonte: (Barin e Bastos, 2013)

É indiscutível que os MOOCs permitem o acesso a cursos de qualidade a um elevado número de pessoas, desde de que as mesmas estejam interessadas em aprender e a compartilhar informações utilizando para tal os recursos tecnológicos que têm ao seu dispor. Cada um pode gerir o seu percurso de aprendizagem, contudo há ainda diversos desafios para além dos já referidos anteriormente, como o idioma nos quais os cursos são ministrados, a falta de competência tecnológica do participante para acompanhar o curso, o sentimento de solidão no ambiente educacional e a alta taxa de abandono, entre outros.

Intrinsecamente, os MOOCs promovem a inclusão e o desenvolvimento da literacia digital, em especial em países em desenvolvimento (Wildavsky, 2015), quer sob a forma de educação formal quer informal, promovendo ainda a vertente de aprendizagem ao longo da vida, estimulando ainda a utilização e desenvolvimento de novos recursos tecnológicos.

Em resumo, pode-se referir que o futuro dos MOOCs será risonho, se forem atingidos os seguintes objetivos: pedagógico (o aluno considera que com esta metodologia consegue aprender e esta aprendizagem lhe servir como elemento de formação); empresarial (as empresas valorizarem seus funcionários através deste processo de aprendizagem) e institucional (universidades e plataformas que alojam os MOOC conseguirem atrair novos clientes e alunos) (Scopeo, 2013:47).

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