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3. Metodologia

3.5. Técnicas e Instrumentos de recolha de dados

3.5.3. Observação das interações no ECOiMOOC

A observação é uma técnica que privilegia o papel do investigador e que permite que este possa acompanhar de perto o objeto de estudo “descrevendo os comportamentos em seu ambiente [...] extraindo as estruturas reveladoras de significado do fenômeno estudado” (Chizzotti, 2008: 65-76).

Segundo o ponto de vista de De Ketele e Roegiers (1999:23-25) “a observação é concebida em função de um quadro teórico de referência [...] orientado por um objetivo final e organizador [e que não pretende] o discurso do sujeito [mas os] comportamentos observáveis”. Já segundo Marconi e Lakatos (2007:190) a observação é assumida como “uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspetos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenômenos que se desejam estudar”. Assim sendo e de acordo com este caso específico, a observação foi uma das técnicas utilizadas nesta pesquisa para a recolha de dados, referentes à interação dos participantes do MOOC nos diferentes dispositivos disponibilizados no ambiente virtual no qual o MOOC foi ministrado.

A finalidade desta técnica é ficar a conhecer de uma forma verossímil como as interações se dão entre os participantes e simultaneamente conseguir tirar elações sobre o Módulo de Ambientação, cingindo-se apenas à recolha de dados provenientes da interação. Tal como refere Serrano (2004:32) o que interessa é ficar a “conhecer as realidades concretas nas suas dimensões reais e temporais, o aqui e o agora no seu contexto social”.

Com a aplicação desta técnica pretendeu-se a recolha de dados relevantes para o Estudo de Caso em questão e assim permitir iniciar a análise de dados de sendo que

Página 81 de 164 “[…] o processo de busca e organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalho com os dados, a sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta de aspetos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros”.

(Bogdan e Biklen, 1994:205) Assim sendo, esta análise particular implicou a criação de categorias de acordo com a natureza da participação, sendo que foi novamente utlizado o “método comparativo constante” para “categorizar” as mensagens quanto ao seu teor e assim as poder classificar e posteriormente, fazer a análise dos dados obtidos.

3.5.3.1. Análise das interações

Com base nas questões investigativas e de forma a apresentar um trabalho investigativo mais consistente e coerente, deu-se lugar à análise de conteúdo das mensagens provenientes do Módulo de Ambientação do MOOC “Competências Digitais para Professores” (1ª e 2ª edição) de forma a tentar determinar se é possível fazer um comparativo das edições e se, de alguma forma, a Gamificação pode ou não influenciar o número de interações assim como a sua natureza.

Para Chizzottti (2008:98) a análise de conteúdo privilegia a análise, seja ela lexicológica, categorial, da enunciação ou análise de conotações, ou seja, a análise de conteúdo tem como objetivo fazer a decodificação das “mensagens” presentes na comunicação seja ela qual for (escrita, visual, gestual, entre outras), apreendendo o seu real conteúdo quer seja explícito ou implícito.

No caso desta investigação em particular, a análise de conteúdo foi baseada nas mensagens trocadas entre os participantes (participante/participante, participante/equipa facilitadora) ao longo do Módulo de Ambientação ou a posteriori (mensagens com a hashtag da Ambientação) mas referentes ainda ao módulo em questão. Em suma, os dados recolhidos relacionam-se com a participação nas atividades através dos diferentes dispositivos do ambiente virtual do iMOOC, nomeadamente através dos posts e comentários (dos participantes e da equipa de facilitação) nos seguintes dispositivos: as Curtas, Blogs, Bookmarks e Partilha de Ficheiros. A análise de conteúdo foi baseada nas mensagens trocadas entre os participantes (participante/participante, participante/equipa facilitadora) ao longo do Módulo de Ambientação ou a posteriori (mensagens com a hashtag da Ambientação) mas referentes ainda ao módulo em questão. Estas intervenções foram

Página 82 de 164 coligidas e classificado o seu conteúdo com base no Quadro de Indicadores de Comunidade (Community Indicators Framework, CIF). Galley, Conole e Alevizou (2012:379) definem que a CIF (Figura 3-17) se encontra construída em torno de quarto aspetos: a) a participação, o modo como os indivíduos se envolvem na atividade; b) coesão, laços entre os indivíduos e a comunidade como um todo; c) a identidade, como é que os indivíduos percebem a comunidade e o seu lugar nela; e d) a capacidade criativa, a capacidade da comunidade criar, partilhar artefactos e conhecimento e compreensão.

De acordo com o quadro de Indicadores anteriormente apresentado, ressalva-se a negrito os itens que foram utilizados para fazer a classificação das mensagens. Foi ainda criado um novo item referente ao pedido de apoio técnico uma vez que no Módulo de Ambientação é natural que se encontrassem mensagens deste teor pois o período que foi analisado é referente à primeira semana do MOOC, no qual os participantes dão os seus “primeiros passos” no ambiente virtual. Pelo mesmo motivo não foram usados todos os indicadores existentes no quadro, só foram utilizados os que se encontram a negrito, uma vez que na fase inicial de interação os dados existentes não se coadunavam com a panóplia de indicadores acima indicados.

Figura 3-17 – Quadro de Indicadores de Comunidade Fonte: (adaptado de (Galley, Conole e Alevizou, 2012))

Página 83 de 164 Assim, para dar origem a esta recolha de dados foi utilizada a técnica da observação que “[...] utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspetos da realidade. Consiste em ver, ouvir e examinar factos ou fenômenos” (Marconi e Lakatos, 2007:90) e permite assumir um papel de destaque na investigação em causa pois segundo Vale (2000:233) “a observação é a melhor técnica de recolha de dados do indivíduo em atividade, em primeira-mão, pois permite comparar aquilo que diz, ou que não diz, com aquilo que faz”.

Deste modo e de forma a clarificar o tipo de observação utilizada recorreu-se ao esquema de Coutinho (2014) apresentado na Figura 3-18.

Figura 3-18 – Tipologia de Técnicas Observacionais usadas nas Ciências Sociais e Humanas

Fonte: (adaptado de (Coutinho, 2014))

Segundo o esquema anteriormente apresentado o tipo de observação realizada foi estruturada, tendo em conta a dimensão medição visto que foi elaborada uma grelha estruturada de acordo com o que se pretendia observar, abrangendo os indicadores referidos anteriormente. No que diz respeito à dimensão participação foi do tipo misto uma vez que o investigador tanto assumiu um papel de participante como observador como de observador como participante. Nos momentos em que a observação foi do tipo participante, essa

Página 84 de 164 participação teve sempre como finalidade não influenciar a forma de interação “natural” do participante, assumindo um papel “discreto” na interação sempre com vista ao objeto de