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1.8 A relação entre os papéis ocupacionais e a qualidade de vida na velhice

3.4.4 Ficha de identificação

A Ficha de identificação foi elaborada pela pesquisadora, a fim de obter dados demográficos, socioeconômicos e de saúde. Os dados foram coletados por meio de entrevista.

3.4.5 Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais (ANEXO E)

Este instrumento foi criado pela terapeuta ocupacional Frances Oakley e colaboradores (OAKLEY et al., 1986) com o propósito de obter informações a respeito da percepção do indivíduo quanto a participação em papéis ocupacionais ao longo da vida e sobre o grau de importância atribuído a cada papel. Também possibilita extrair, de forma complementar, dados sobre a capacidade do indivíduo em manter o equilíbrio entre os papéis,

uma vez que poderá avaliar as perdas e ganhos de papéis entre as dimensões de passado, presente e planejamento para o futuro (OAKLEY et al., 1986; CORDEIRO, 2005; KIELHOFNER, 2008).

Os dez papéis ocupacionais apresentados para coleta de dados são (CORDEIRO, 2005):

1. Estudante: Freqüentar a escola de tempo parcial ou integral; 2. Trabalhador: Emprego remunerado de tempo parcial ou integral;

3. Voluntário: Serviços gratuitos, pelo menos uma vez por semana, em hospital, escola, comunidade, campanha política, etc.;

4. Cuidador: Responsabilidade, pelo menos uma vez por semana, em prestar cuidados a filho, esposo (a), parente ou amigo;

5. Serviço doméstico: Pelo menos uma vez por semana, responsável pelo cuidado da casa através de serviços como, por exemplo, limpeza, cozinhar, lavar, jardinagem, etc.;

6. Amigo: Tempo empregado ou fazer alguma coisa, pelo menos uma vez por semana, com amigo;

7. Membro de família: Tempo empregado ou fazer alguma coisa, pelo menos uma vez por semana, com um membro da família tal como filho, esposo (a), pais ou outro parente;

8. Religioso: Envolvimento, pelo menos uma vez por semana, em grupos ou atividades filiadas a sua religião (excluindo-se o culto religioso);

9. Passatempo / Amador: Envolvimento, pelo menos uma vez por semana, em atividades de passatempo ou como amador tais como costurar, tocar um instrumento musical, marcenaria, esportes, teatro, participação em clube ou time, etc.;

10. Participante em Organizações: Envolvimento, pelo menos uma vez por semana, em organizações tais como Rotary ou Lions Club, Vigilantes do Peso, etc.

A questão central da Lista é identificar os papéis que servem para organizar a vida diária dos indivíduos. Assim, a frequência do desempenho está incluída nas definições dos papéis, como exposto acima (CORDEIRO, 2005).

Além dos 10 papéis ocupacionais, o instrumento disponibiliza um campo para um papel não listado que se tenha desempenhado, desempenha no momento e/ou planeja desempenhar no futuro (OAKLEY et al., 1986; CORDEIRO, 2005).

O impresso para coleta de dados é dividido em duas partes. A parte I avalia a percepção do indivíduo sobre a sua participação nos principais papéis ocupacionais ao longo da vida, a parte II identifica o grau de importância atribuída a cada papel (OAKLEY et al., 1986; CORDEIRO, 2005).

É importante frisar que na parte I, além de assinalar a percepção do idoso sobre o seu desempenho ocupacional no passado, presente e futuro, como sugere o instrumento, tomamos nota acerca das atividades desenvolvidas dentro de cada papel ocupacional.

O esquema de tempo utilizado no estudo consiste em:

- passado: se refere ao período dos 40 aos 60 anos; - presente: inclui o dia de hoje e os sete dias anteriores; - futuro: é qualquer momento a partir de amanhã.

Para a definição do esquema de tempo foi utilizado como base os estudos que aplicaram a Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais em idosos (ELLIOTT; BARRIS, 1987; WATSON; AGER, 1991; MCKENNA; BROOME; LIDDLE, 2007). Os artigos de Elliott e Barris (1987) e McKenna, Broome e Liddle (2007) não apresentaram a descrição do esquema de tempo, sugerindo, portanto, a sua aplicação de forma usual, como recomendado por Oakley e colaboradores (1986), conforme demonstrado:

- passado: se refere ao período de tempo até sete dias atrás;

- presente: se refere não somente a hoje, mas também inclui os sete dias passados;

- futuro: é qualquer tempo de amanhã em diante.

De outro modo, no estudo de Watson e Ager (1991) utilizou-se o seguinte marco:

- presente: ano atual;

- futuro: próximo ano e todos os outros anos que se seguirão.

Além disso, foram realizadas consultas com a terapeuta ocupacional Junia Jorge Rjeille Cordeiro e com outros colegas que estavam utilizando o instrumento com idosos no Brasil (CORDEIRO, 2010). A solicitação aos terapeutas ocupacionais foi realizada via e- mail e, dos 7 contatados, somente 2 responderam, Patrícia Cotting Homem de Mello e Alfredo Fernandes Baptista Júnior, descrevendo que aplicaram o instrumento utilizando a definição usual do esquema de tempo.

No presente estudo, os tempos presente e futuro permaneceram com a delimitação original, criada por Oakley e colaboradores (1986). Já o passado foi definido dos 40 aos 60 anos, visando distinguir a percepção dos participantes da pesquisa em relação à transição ocupacional da vida adulta madura à velhice, ou seja, o período imediatamente anterior a fase de aposentadoria e não toda a vida pregressa. O período de toda a vida pregressa pode envolver muito papéis, mesclando fases mais ativas com atividades não praticadas há muito tempo. O limite inferior de 40 anos foi determinado a partir do estudo de Watson e Ager (1991) e os 60 anos marcaram o término desse período, pois é a idade que classifica a pessoa como idosa na sociedade brasileira.

Para a investigação do equilíbrio entre os papéis, analisamos as combinações de desempenho nos 3 tempos. Os Padrões de Desempenho de Papéis Ocupacionais foram nomeados respeitando a terminologia utilizada por Souza (2008):

- Perda1: é caracterizado pela presença de determinado papel no passado, em combinação com a ausência desse mesmo papel no presente e a ausência de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Perda 2: é caracterizado pela presença de determinado papel no passado, em combinação com a ausência desse mesmo papel no presente e a presença de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Ganho1: é caracterizado pela ausência de determinado papel no passado, em combinação com a presença desse mesmo papel no presente e a ausência de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Ganho 2: é caracterizado pela ausência de determinado papel no passado, em combinação com a presença desse mesmo papel no presente e a presença de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Contínuo1: é caracterizado pela presença de determinado papel no passado, em combinação com a presença desse mesmo papel no presente e a ausência de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Contínuo 2: é caracterizado pela presença de determinado papel no passado, em combinação com a presença desse mesmo papel no presente e a presença de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Mudança: é caracterizado pela ausência do exercício de determinado papel no passado, em combinação com a ausência do exercício desse mesmo papel no presente e a presença de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro;

- Ausente: é caracterizado pela ausência do exercício de determinado papel no passado, em combinação com a ausência do exercício desse mesmo papel no presente e a ausência de intenção ou desejo do sujeito em desempenhar esse papel no futuro.

A Tabela 3.4.5.1 apresenta as unidades de tempo referentes aos Padrões de Desempenho de Papéis Ocupacionais.

Tabela 3.4.5.1 – Padrões de Desempenho de Papéis Ocupacionais PADRÕES DE

DESEMPENHO

ESQUEMA DE TEMPO

Passado Presente Futuro

Perda 1 X - - Perda 2 X - X Ganho 1 - X - Ganho 2 - X X Contínuo 1 X X - Contínuo 2 X X X Mudança - - X Ausente - - - Fonte: SOUZA, 2008.

Apesar de a Lista ser auto-aplicável, necessitando do aplicador somente para esclarecimento de dúvidas, é possível utilizá-la em forma de entrevista, mas sempre garantindo ao entrevistado a visualização do instrumento (CORDEIRO, 2007). Essa última opção foi a selecionada para o uso nesta pesquisa, visando padronizar o modo de aplicação à população estudada.

A Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais foi utilizada no estudo por ser o único instrumento que avalia os papéis ocupacionais traduzido e validado para o Brasil, ser de aplicação rápida e fácil, além do seu uso em diversas populações e em diferentes países.

É importante enfatizar que a terapeuta ocupacional Júnia Jorge Rjeille Cordeiro (juniacordeiro@terra.com.br), que adaptou e validou a Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais no Brasil, autorizou o uso do instrumento na pesquisa e da planilha do Excel® de sua autoria, para o registro e cálculos estatísticos básicos, denominada Banco de Dados Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais versão beta 5.

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