• Nenhum resultado encontrado

A filosofia da Web 2.0 a serviço da democratização da informação e transparência: o novo caso americano dos governos eletrônicos e a relação com

Portugal

Apesar dos “percalços” nas eleições presidenciais que elegeram George Bush em conformidade com o desastre mundial111, e o fato de a economia americana se manter há muito de maneira forjada112, os projetos de e-governo promovidos pelos Estados Unidos geram uma exportação de modelo de transparência assentado no conceito de democracia americano113. O que esta afirmação teria a ver com a lusofonia? O professor da Universidade do Texas em Austin, Gary Chapman, que desenvolve um trabalho chamado Século 21, cuja visualização está disponibilizada no endereço http://www.21stcenturyproject.org/, esteve em Lisboa114 e no Porto este ano e realizará algumas ações em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Feup) no sentido de aplicação de idéias com base em experiências similares do programa para Portugal115. A CPLP tomou conhecimento do projeto através desta tese116.

111

“Desde a campanha eleitoral de 2000, quando o presidente George Bush enfrentou o candidato democrata Al Gore, os EUA já propunham uma agenda diferenciada para as suas Relações Internacionais. (…) Em primeiro lugar, a eleição foi muito conturbada e constrangedora, senão ridícula.”. Disponível em: http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20060427175259.pdf?PHPSESSID=8ae 83f39cff63d111081b61e29dec6db [Em linha]. [Consultada em 04-2008].

!!"#“Desde o último ano do governo Clinton a economia americana vem sendo mantida e estimulada por

medidas excepcionais e não tem um crescimento harmônico nem é auto-sustentado”. Disponível em: http://www.oxfordusa.com/pt/?q=node/174 [Em linha]. [Consultada em 04-2008].

113 “Uma das características da globalização liberal – aquela realmente existente – é que ela se faz sob o

patrocínio da democracia – a liberal.”. Disponível em:

http://www.antroposmoderno.com/textos/Capitalismo.shtml [Em linha]. [Consultada em 04-2008].

114 “Porque não utilizar wikis, blogues, mapas, imagens e galerias fotográficas para governar? Esta é a sugestão de Gary Chapman, director do “Projecto Século 21” e membro da Escola de Assuntos Públicos de Lyndon Baines, da Universidade do Texas, em Austin. O especialista estará hoje na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, para debater esta forma inovadora de gestão. Chapman defende que as novas ferramentas disponibilizadas pela chamada “Web 2.0” são uma interessante e potencial oportunidade histórica para transformar os governos”. Disponível em: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=9298 [Em linha]. [Consultada em 04-2008]. 115 Cfr. Anexo IX – Entrevista a Gary Chapman, criador do Projeto Século XXI, página 168.

116 O assessor da CPLP Paulo Palm, em evento no Porto sobre lusofonia, tomou conhecimento do projeto do professor Gary Chapman através da entrevista da mestranda com o pesquisador.

Brasil, Índia, China e outros países emergentes solicitam desde 2003 que a forma de governar a internet seja democratizada e que não fique apenas nas mãos do governo americano. A proposta tem sido constantemente negada pela ONU, mas em 2007 o Brasil lançou uma proposta de Internacionalização da gestão do meio que foi aceita na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, em Tunis117. Isso prova que existe um potencial de aliança estratégica entre Brasil, maior país de língua portuguesa, Índia e China, com Goa e Macau, se CPLP puder aproveitar o que cada membro destes representa em termos de desenvolvimento e aplicação de softwares.

As idéias de Chapman correspondem, em termos de utilização de recursos tecnológicos e filosofias de interação, produção de conteúdos e novos meios de diálogo, ao que esta tese propõe na criação de uma Lusofonia Digital. Para a referida correlação, foi feita uma entrevista118 direcionada a este estudo com o especialista, que relatou as hipóteses de novos canais para os países de Língua Portuguesa. Os modelos online de ferramentas colaborativas, e suas explicações, descritos no projeto Século XXI podem ser acessados pela página http://21stcenturyproject.org/collaboration_tools.htm, registrados na tabela abaixo. Este é um mapeamento de recursos feito por Chapman que pode ser aproveitado para analisar as hipóteses de criação de novos canais no campo desta proposta de Internet e Lusofonia:

117 Disponível em: https://www.governoeletronico.gov.br/noticias-e-

eventos/noticias/serpropgenoticia.2007-04-15.5294926550/?searchterm=internacionalização. [Em linha]. [Consultada em 05-2008].

No que diz respeito às questões de transparência e e-governo, Chapman está trabalhando em uma nova versão para este uso, que será lançada na gestão do novo presidente dos EUA, em 2009. Tais ações serão descritas em Portugal ainda este ano. Se a CPLP pudesse se associar a este programa, as ferramentas também poderiam se estender para a criação de uma proposta a ser aplicada nos governos dos países de língua portuguesa como início de combate à corrupção (não somente nos Palop e Timor, mas também no Brasil e em Portugal).

“This is an area we've been working in for many years. The work that I described in Lisbon and Porto, about making the U.S. federal budget an online, interactive data source, is not yet launched. We hope that it will get started within the next couple of months. It is aimed at a policy innovation for the next Presidential administration, the one that takes over in January of 2009”119.

Mas quando perguntado sobre se esse sistema que está para entrar nos EUA poderia, se usado em Portugal, se estender aos países de língua portuguesa através da CPLP sob mecanismo de cooperação, o especialista diz que tudo isso é muito relativo e não responde com grande entusiasmo e arrisca inclusive uma autocrítica:

“The answer is complicated, because it depends on a lot of things. The answer in the U.S. is also dependent on a lot of things. In our case, we need a receptive government, which we are hoping will be true after our election in November. In Portuguese-speaking countries, it would be necessary for the government to be cooperative, at the least, in order to provide the necessary information on the Internet”120.

Chapman mostra-se muito otimista em relação aos custos de projetos dessa natureza e sua experiência explicita que é uma alternativa mais barata do que os canais mais tradicionais. O entrave se dá nas questões de acesso, com base nas quais o professor

119 Cfr. Anexo IX, entrevista com o professor Gary Chapman, página 168. 120 Cfr. Anexo IX, entrevista com o professor Gary Chapman, página 168.

defende que é também muito complexa a resolução do problema da exclusão digital e enumera as dependências desse processo.

“Solving the "digital divide" problem is complex. It takes many different things to happen. Energy is one problem. Internet access is another problem. Literacy is a big problem. But one of the biggest problems is demand -- getting enough people in very low-income areas to actually want access to the Internet. There are lots of people trying to figure out why low-income people should want to use the Internet, especially when they have much more important needs. The widespread use of mobile phones could point us toward an answer. We have to learn the difference between the information needs that are met by mobile phones and those that are met by the Internet. And in a few years time, the Internet will be part of mobile networks, as it is starting to become in several countries now”121.