• Nenhum resultado encontrado

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 AB AIR A AN TA S AR AM AR I BO M J ES US DA SE RR A CA PE LA D O A LTO ALE GR E CA TU CO ND E CR AVO LAN DIA FIR MIN O A LVE S GU AJE RU IBO TIR AM A ITA NH EM LA JED INH O MA NS IDA O NO VA CA NA A OU RIC AN GA S PO NTO NO VO RIA CH AO DA S N EVE S RIB EIR AO DO LA RG O SA NTA BA RB AR A SA NTA NA SA O S EBA STIA O D O P ASS E TU CA NO

Gráfico 11: Endividamento Municipal (DCL/RCL) Desagregado dos Pequenos Municípios Baianos Selecionados e Limite da LRF – 2003

Fonte: Elaboração Própria.

A grande maioria dos pequenos municípios baianos permaneceu com endividamento entre 0% e 50%, ou seja, níveis muito abaixo do imposto pela LRF de 120%. Pode-se ainda observar que muitos municípios se apresentaram sem endividamento, com valores abaixo de 0%. O exemplo mais extremo é o do município de Ribeira do Pombal em 2002 com saldo positivo de 30%.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se este trabalho observando que a situação dos pequenos municípios baianos selecionados já se mostrava superavitária antes mesmo da promulgação da LRF. E após sua vigência a partir do ano 2000, houve aumento do superávit fiscal desses municípios. Entre os anos 2000 a 2006, o superávit aumentou de R$ 329,8 mil em 2000 para próximo de R$ 1,3 milhão em 2006, o que representou uma taxa média de crescimento aproximada de 25,5% no período.

O superávit é explicado pelo maior aumento das receitas frente à soma dos gastos com consumo, juros e encargos da dívida e investimentos entre 2000 e 2006. Na composição das receitas, as Receitas Próprias tiveram crescimento médio de 19% superando em muito o crescimento médio de 6% das Receitas de Transferências no período. No caso

das Receitas Próprias foi o ISS o que mais contribuiu com o aumento da arrecadação, apresentado taxa média de crescimento 20,73% entre 2000 e 2006. Enquanto que entre as Receitas de Transferências unilaterais no nível federal, a cota do FPM apresentou taxa média de crescimento de 5,22% e no nível estadual, a cota do ICMS a taxa média de crescimento foi de 4,74% no período.

O maior aumento relativo das Receitas Próprias frente às Receitas de Transferências revela o esforço fiscal empreendido pelos pequenos municípios baianos selecionados para aumentar seus recursos frente às novas demandas sociais e as responsabilidades constitucionais. Esforço que pode ser explicado pela modernização fazendária, pelo crescimento dos serviços de comércio e de suporte às indústrias, da regulamentação e cobrança de impostos e taxas antes não cobrados e da mudança de cultura dos administradores públicos. A tais fatores se somam o maior rigor na fiscalização, a redução da burocracia, a atualização de cadastros, adoção de um sistema de informatização adequada e a maior autonomia de tributar, pode ter sido a fórmula para as prefeituras elevarem sua receita tributária.

O aumento das Receitas Próprias dos pequenos municípios baianos frente às Receitas de Transferências contrariou a teoria do flypaper effect, ou seja, o aumento de recursos advindos das transferências intergovernamentais leva os municípios a gastarem mais sem se esforçarem para buscar recursos próprios. O que se pôde perceber pelos dados é que ocorreu exatamente o contrário.

Todavia, apesar do aumento dos recursos disponíveis para os Municípios, estes passaram também a ter maiores despesas na realização de suas funções básicas, como saúde e educação, que foram ampliadas também com a Constituição Federal (CF). A CF repassou muitos dos encargos de responsabilidade dos Estados e da União para os Municípios. As receitas para estas despesas têm caráter vinculado, ou seja, só se pode gastar o recurso para a finalidade específica, como por exemplo o FUNDEF que só pode ser gasto com educação. Com isso não sobram recursos para que os municípios melhorem o bem-estar de sua localidade e, portanto, se viram forçados a buscarem a ampliação de suas Receitas Próprias.

Assim, o aumento das Receitas de Transferências foi insuficiente para atender as novas responsabilidades municipais, uma vez que não contemplou as perdas geradas pela desativação de programas, órgãos e até mesmo Ministérios que cumpriam essas responsabilidades diretamente nos municípios.

No que diz respeito aos efeitos gerados pelos limites impostos pela LRF de 60% para despesa de pessoal e de 120% para endividamento, os Pequenos Municípios Baianos Selecionados apresentaram resultados bem distintos. No primeiro caso a LRF objetivava a redução da despesa com pessoal nos municípios endividados, mas como os Pequenos Municípios Baianos Selecionados estavam superavitários estes acabaram sendo incentivados a aumentar essa despesa de 37% em 2000 para 44% em 2006. Revelando que o limite imposto ainda que restritivo para entes deficitários, acabou sendo um estímulo ao aumento de gastos para os entes superavitários. A análise individual revelou que a maioria dos Pequenos Municípios Baianos Selecionados municípios estava com a despesa variando entre 30% e 50% entre 2000 e 2006. Por outro lado, o limite de endividamento dos pequenos municípios foi de 18,4% em 2000 e caiu para 16,6% em 2006. Resultado que levou à uma taxa média decrescente de 1,7% no período. O que se pôde observar é que os valores do endividamento estavam muito abaixo do imposto pela LRF. A análise individual mostrou que a maioria dos municípios apresentou grau de endividamento entre 0% e 50% no período 2000 a 2006.

A LRF foi instituída visando o alcance do equilíbrio macroeconômico e apesar de só considerar os entes governamentais deficitários, seus limites foram impostos igualmente a todos os entes governamentais da Federação. Não considerando as especificidades destes entes, em particular os municípios com diferentes composições populacionais e estruturas de demanda fiscal. Se por um lado levou os municípios deficitários a se ajustarem quanto à despesa de pessoal e ao endividamento. Por outro lado, possibilitou aos municípios superavitários o aumento da despesa de pessoal e por outro não alterou significativamente a evolução do endividamento.

Por fim, os efeitos da LRF no contexto superavitário dos Pequenos Municípios Baianos Selecionados foram por um lado o aumento da despesa com pessoal e a pouca ou

nenhuma influência sobre o endividamento. No caso do aumento da despesa com pessoal em relação à receita corrente líquida, este aumento foi estimulado porque a despesa com pessoal estava muito abaixo do limite da Lei. O que contribuiu para aumentar o número de empregos e a renda local e do entorno destes municípios. E no caso do endividamento, neste não houve efeito significativo uma vez que o grau de endividamento médio dos pequenos municípios baianos selecionados permaneceu muito abaixo do limite da LRF.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Carlos W. et al. Dinâmica dos municípios. Brasília: IPEA, 2007.

ANGHER, Anne Joyce (Org.). Vade mecum acadêmico de direito. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2008.

BARROSO, Rafael; ROCHA, Romero. Is the Brazilian Fiscal Responsibility Law (LRF) Really Binding? Evidence fromState-Level Government. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 32. Anais... Disponível em:

Acessado em: 12 nov. 2008

BENDER, Siegfried; NAKAGUMA, Marcos Yamada. A emenda da reeleição e a Lei de Responsabilidade Fiscal: Impactos sobre Ciclos Políticos e Performance Fiscal dos Estados (1986-2002). In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 32. Anais... Disponível em: http://www.anpec.org.br/encontro2004/artigos/A04A025.pdf. Acesso em: 12 nov. 2008

BRASIL. Banco Central/Departamento da Dívida Pública (DEDIP). Boletim das

finanças estaduais e municipais. Brasília: Banco Central, dez/2001.

BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Perfil e evolução das finanças municipais: 1998-2005. Brasília: Ministério da Fazenda, out/2005.

BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional. Perfil e evolução das finanças municipais: 1998-2006. Brasília: Ministério da Fazenda, out/2006.

BRASIL. Banco Central/Departamento Econômico (DEPEC). Finanças Públicas: sumário dos planos brasileiros de estabilização e glossário de instrumentos e normas relacionados à política econômico-financeira. 6ª ed. rev. Brasília: Banco Central, jun/2008.

FADUL, Élvia; MELO, Euler Albergaria; MONTEIRO, Augusto de Oliveira. Controle

do gasto público e responsabilidade fiscal: o caso da administração municipal de

Salvador. Organização & Sociedade (O&S), São Paulo, v. 14, n. 41. p.161-175, abr./jun. 2007.

FIOVARANTE, Dea Guerra; PINHEIRO, Maurício Saboya; VIEIRA, Roberta da Silva.

Lei de responsabilidade fiscal e finanças públicas municipais: impactos sobre

despesas com pessoal e endividamento. Brasília: IPEA, 2006. Texto para Discussão nº 1.223

GIACOMONI, James. Orçamento público. 8ª ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 1998.

GIAMBIAGI, Fábio; ALÉM, Ana Cláudia D. de. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 2ª ed., rev. e atual.. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

GIUBERTI, Ana Carolina. Lei de Responsabilidade Fiscal: efeitos sobre o gasto com pessoal dos municípios brasileiros. In: BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional .

Finanças Públicas. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2006. p. 803-841.

GOBETTI, Sérgio Wulff; KLERING, Luís Roque. Índice de responsabilidade fiscal e qualidade de gestão: uma análise combinada baseada em indicadores de estados e municípios. In: BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional . Finanças Públicas. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2007. p. 1-77. Coletânea de Monografias

MENEZES, Rafael Terra de. Impactos da lei de responsabilidade fiscal sobre os

componentes de despesa dos municípios brasileiros. In: BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional . Finanças Públicas: Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2006. p. 747- 801. Coletânea de Monografias

NUNES, Selene Peres; NUNES, Ricardo da Costa. Dois anos da lei de

responsabilidade fiscal do Brasil: uma avaliação dos resultados à luz do modelo do

fundo comum.Brasília: UnB, 2003. Textos para discussão, nº 276.

OLIVEIRA, Wéder de. Lei de Responsabilidade Fiscal, Margem de Expansão e o Processo Legislativo Federal. In: BRASIL. Secretaria do Tesouro Nacional . Finanças

Públicas. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional, 2004. p. 1-80. Coletânea de

Monografias

PARENTE, Giselly Ferreira. Descentralização fiscal e criação de municípios: uma análise da evolução fiscal dos municípios baianos criados em 1989 (1989-2000). 2006. 67 f. il. Trabalho de conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Ciências

Econômicas, UFBA, Salvador, 2006.

REZENDE, Fernado Antônio. Finanças Públicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

ROCHA, Fabiana; GIUBERTI, Ana Carolina. Consenso político com relação à necessidade de disciplina: um estudo da lei de responsabilidade fiscal. In: ESAF. IX

Prêmio Tesouro Nacional – 2004, Lei de Responsabilidade Fiscal - Tema Especial.

Disponível em: http://www.fazenda.gov.br/Premio_TN/index. html. Acesso em: 12 nov. 2008

SANDRONI, Paulo (org. e superv.). Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Beste Seller, 1999.

SANTOS, Clélio dos. O processo de descentralização e as contas públicas do

município de Simões Filho (1995-2002). 2004. 49 f. il. Trabalho de conclusão de

Curso (Graduação) – Faculdade de Ciências Econômicas, UFBA, Salvador, 2004.

SERRA, José; AFONSO, José Roberto Rodrigues. O federalismo fiscal à brasileira: algumas reflexões. Brasília: Revista do BNDES, 2001. Disponível em:

http://www.bndes.gov.br/clientes/federativo/bf_bancos/e0001793.pdf Acesso em: 23 de abr. 2009.

VERSIANI, Flávio Rabelo. A dívida pública interna e sua trajetória recente. Brasília: UnB, 2003. Texto para discussão nº 284. Disponível em:

http://www.unb.br/face/eco/cpe/TD/284Mar03FVersiani.pdf Acesso em: 23 de abr. 2009.

Documentos relacionados