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4.2 CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA DA ÁGUA

4.2.3 Clorofila “a”

4.2.3.1 Fitoplâncton

Com relação aos organismos fitoplanctônicos que respondem às alterações ambientais de forma rápida e decorrentes da interferência antrópica ou natural, constituem os principais produtores primários da cadeia alimentar da maioria dos ambientes aquáticos. A presença de algumas espécies em altas densidades pode comprometer a qualidade das águas, causando restrições ao seu tratamento e distribuição.

O grupo das bacilariofíceas tem como representantes principais as diatomáceas com suas carapaças constituídas de sílica e de coloração parda. Estas algas beneficiam-se dos ambientes ricos em sílica para a constituição de suas carapaças, predominando na maioria nos locais de águas correntes. Já os

flagelados pigmentados, tanto quanto as clorofíceas, apresentam grande

afinidade com ambientes de baixa turbidez e elevada transparência, permitindo a realização dos processos fotossintéticos em ambientes bem oxigenados.

As clorofíceas apresentam certa importância no ambiente aquático e geralmente predominam nos eventos de florações e nos processos de eutrofização de um corpo hídrico, bem como, as cianobactérias que podem representar sérios riscos à saúde do ambiente aquático devido à produção de toxicidade aos demais organismos aquáticos, inclusive o homem.

No entanto, a presença das cianobactérias está altamente relacionada com valores de pH elevados e períodos de intensa luminosidade nos ambientes aquáticos. Uma rápida resposta de ambientes eutrofizados é dada pela presença massiva dos organismos fitoplanctônicos, principalmente por este grupo, associado a elevada concentração de nutrientes, pH entre 6 e 9, alta transparência e baixa turbidez nas águas, além de uma boa oxigenação. Uma atenção especial deve ser dada a este grupo, pois possuem espécies potencialmente tóxicas. A ocorrência das cianobactérias tem sido relacionada a eventos de mortandade de animais e danos à saúde humana.

Nos sistemas aquáticos naturais e sem influências de cargas de nutrientes, as cianobactérias e demais organismos ocorrem equilibradamente em determinadas proporções da biodiversidade. Entretanto, na ocorrência de eutrofização dos corpos d’água, principalmente os lênticos, desenvolve-se um desequilíbrio ecológico, promovendo rápido desenvolvimento das cianobactérias, ocasionando assim problemas sérios aos ambientes por gerar excesso de matéria orgânica (lodo), produção de toxinas, que afetam a saúde do homem, mortandade de peixes e de outros animais.

As toxinas de cianobactérias são liberadas para água com o rompimento das células. As florações ou “blooms” se caracterizam pelo intenso crescimento desses microrganismos na superfície da água, formando uma densa camada de células a vários centímetros de profundidade.

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Muitos sistemas lóticos recebem aportes de diferentes sistemas lênticos marginais (reservatórios, esgotos, brejos etc.) e contribuem com a transposição das espécies para os rios e os córregos. Com a morte dessas espécies e também uso incorreto de algicidas, a liberação da toxina poderá acontecer.

A Resolução CONAMA 357/05, determina que a densidade de cianobactérias para águas doces Classe 1 não deve ultrapassar 20.000 cél. /mL, 50.000 cél./mL para Classe 2 e 100.000 cél./mL para Classe 3.

4.2.3.1.1 Avaliação do comportamento dos parâmetros nos pontos de amostragem: Fitoplâncton:

A Tabela 7 apresenta os resultados obtidos para o parâmetro Fitoplâncton na 30ª campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais da UHE PSJ.

Tabela 7: Parâmetros biológicos / Fitoplâncton (indivíduos/mL), coletados durante a 30º campanha de monitoramento da Qualidade de Água Superficial na Área de Influência da UHE Passo São João, realizada em janeiro de 2016. Dados agrupados e extraídos dos laudos analíticos

TÁXONS/ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM PS2 PS3s. PS3m PS3f PS5 PS6 SJ1 JUS - PSJ

BACILLARIOPHYTA 6,9 16,4 24,6 19,4 16,4 8 8,9 4,9

CHLOROPHYTA 1 0 1,7 1 5 1 3 2

FLAGELADOS PIGMENTADOS 0,5 0 0 1 3 0 0 1

CYANOPHYTA 0 1 1,7 3 0 0 0 1

Densidade Total (ind./mL) 8,4 17,4 28 24,4 24,4 9 11,9 8,9

Riqueza de Espécies 6 3 9 6 9 5 4 6

De acordo com os dados apresentados na Tabela 7, a comunidade fitoplantônica foi melhor representada no ponto PS3, nas três profundidades, e

no ponto PS5, reunindo a maior densidade de indivíduos/mL, sendo: PS3m com 28 ind./mL, seguido por PS3f e PS5, com 24 ind./mL cada, e PS3s, com 17ind./mL. Os demais pontos apresentaram densidades reduzidas de fitoplâncton, totalizando em média 9,5 ind./mL (Figura 40).

Para esse período (janeiro/2016), a comunidade fitoplanctônica esteve representada por quatro táxons pertencentes às divisões: Bacillariophyta (diatomáceas), Chlorophyta (clorofíceas), Cyanophyta (cianobactérias) e ao grupo sistemático dos flagelados pigmentados. O grupo das bacilariofíceas reuniu a maior riqueza de espécies (8), seguida pelas clorofíceas (6), cianofíceas e flagelados pigmentados, ambos representados por três espécies cada.

O grupo das diatomáceas (bacilariofíceas) foi o mais representativo, com ocorrência registrada para todos os pontos amostrados. A espécie Aulacoseira sp. foi a mais frequente, registrada para todos os pontos, seguida por Nitzschia sp., registrada para todos os pontos, exceto para o PS5. As clorofíceas também tiveram representantes em todos os pontos analisados, porém em densidades reduzidas, reunindo em média 2 ind./mL. A espécie Scenedesmus sp., foi a mais frequente, com ocorrência registrada para quatro pontos amostrais, seguida por

Staurastrum sp., com ocorrência em três pontos. As cianobactérias foram

registradas apenas para o ponto Jus PSJ e PS3 nas três profundidades, sendo a espécie Phormidium sp. a mais frequente, enquanto os flagelados pigmentados ocorreram nos pontos Jus PSJ, PS2, PS3 (fundo) e PS5, sendo que Pandorina sp. foi registrada em três pontos.

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Figura 40: Comunidade Fitoplantônica registrada nas amostras coletadas durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.

A predominância das bacilariofíceas nos pontos analisados infere uma vantagem competitiva em relação aos demais grupos. Segundo CETTO, et al. (2004) as diatomáceas são consideradas rápidas e eficientes à colonização. WINTER e DUTHIE (2000) ressaltam a predominância desses indivíduos em ambientes com baixas a moderadas concentrações de fósforo.

Ao comparar os resultados observados na atual campanha com as campanhas de monitoramento pós-enchimento anteriores verifica-se um incremento no número de indivíduos/mL nos pontos PS3 (superfície, meio e fundo) e PS5 na campanha de janeiro 2016, para os demais pontos não são observadas variações significativas (Figura 41).

Figura 41: Valores médios da comunidade fitoplantônica (indivíduo/mL) registrados durante os diferentes períodos de monitoramento da qualidade das águas superficiais (fase pós-enchimento) na UHE Passo São João.

Cianobactérias

A Tabela 8 apresenta os resultados obtidos para o parâmetro Cianobactérias na 30ª campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais da UHE PSJ.

Tabela 8: Parâmetros biológicos / Cianobactérias (células/mL), coletados durante a 30º campanha de monitoramento da Qualidade de Água Superficial na Área de Influência da UHE Passo São João realizada em janeiro de 2016. Dados agrupados e extraídos dos laudos analíticos

CIANOBACTÉRIAS/ESTAÇÕES DE AMOSTRAGEM PS2 PS3s PS3m PS3f PS5 PS6 SJ1 JUS - PSJ

Densidade (cél./mL) 0 42,50 130,4 485,1 0 0 0 73,4

Riqueza de espécies 0 1 1 2 0 0 0 1

Foi verificada a presença de três espécies de cianobactérias nos pontos amostrados durante a campanha de janeiro de 2016 (Figura 42), entre as quais:

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- Phormidium clorium, a espécie mais frequente, com ocorrência registrada para os pontos Jus PSJ e PS3 (superfície e meio), sendo a maior densidade verificada para o ponto PS3s (130,4 células/mL).

- Planktolyngbya limnetica, com ocorrência registrada apenas para o ponto PS3 (fundo), porém, reunindo a maior densidade de células/mL (417,5) entre as espécies registradas.

- Anabaena crassa, registrada apenas para o ponto PS3 (fundo) em densidade reduzida (67,6 cel./mL).

Figura 42: Densidade de Cianobactérias registradas por ponto amostral na 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.

Tais espécies são potencialmente tóxicas a vertebrados, ou seja, sob certas condições ambientais podem desenvolver e liberar toxinas no ambiente. Contudo, a concentração verificada nos pontos amostrados durante a atual campanha ainda não implica em riscos preocupantes à saúde do ecossistema aquático. Todavia, recomenda-se maior atenção ao comportamento desse parâmetro nas

campanhas de monitoramento subsequentes, especialmente para o ponto PS3, profundidades superfície, meio e fundo, e Jus PSJ.

De acordo com o previsto pela Resolução CONAMA 357/05, todos os pontos amostrais atendem o requisito previsto para águas doces Classe 1, em relação às cianobactérias. Frente ao que preconiza esta Resolução, a água dos locais amostrados atende os requisitos básicos para o uso a que se destina, podendo ser mantido o monitoramento padrão para as cianobactérias, uma vez que, não ultrapassa o valor que causaria preocupação no que tange a qualidade das águas.

Ao comparar a atual campanha com os demais períodos de monitoramento pós-enchimento é possível observar que a densidade de cianobactérias registrada para o ponto PS3 (fundo) na presente campanha foi bastante superior à verificada para os demais períodos. O Ponto Jus PSJ apresentou um discreto incremento nessa campanha e os demais pontos sofreram suaves reduções na concentração de cianobactérias (Figura 43).

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Figura 43: Valores médios da densidade de Cianobactérias (cél./mL) registrados durante os diferentes períodos de monitoramento da qualidade das águas superficiais (fase pós-enchimento) na UHE Passo São João.