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4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA

4.1.5 Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5),

Dissolvido

Oxigênio Dissolvido (OD):

O oxigênio (O2) é o mais importante gás dissolvido na água. Tem baixa

solubilidade e alto consumo pelos seres vivos. As principais fontes de oxigênio para a água são a atmosfera e a fotossíntese. Por outro lado, as perdas se devem ao consumo pela decomposição de matéria orgânica (oxidação), perdas para a atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como ferro e manganês. Fatores como despejos poluidores, variações de temperatura, salinidade, pressão atmosférica e da turbulência das águas podem prejudicar as concentrações deste gás no corpo hídrico.

De acordo com o estabelecido pela Resolução CONAMA 357/2005, a concentração de Oxigênio Dissolvido não pode ser inferior a 5 mg/L em águas doces classe 2.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO):

Com relação à demanda bioquímica de oxigênio (DBO5), esta tem uma

tendência a um comportamento inversamente proporcional ao parâmetro do oxigênio, pois quanto maior o consumo de oxigênio, maior o decaimento da concentração deste gás nas águas e, consequentemente, a elevação do consumo de oxigênio para a oxidação da matéria orgânica. Estes episódios são comuns principalmente quando um corpo hídrico é receptor direto de esgotos domésticos.

Segundo a classificação prevista pela Resolução CONAMA 357/2005 os valores para Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) devem ser inferiores a 5 mg/L O2 em águas doces Classe 2.

Demanda Química de Oxigênio (DQO):

A demanda química de oxigênio (DQO) mede o oxigênio consumido através da oxidação química de compostos orgânicos presentes. Portanto, o valor obtido é uma estimativa indireta do teor de matéria orgânica. No teste de DQO estão sujeitas a oxidação tanto a fração biodegradável quanto a não biodegradável ou inerte da matéria orgânica (APHA, 1998), fato este que pode superestimar a demanda requerida de oxigênio (VON SPERLING, 2005).

Os valores da DQO serão iguais ao da DBO se toda matéria orgânica do meio for oxidável em até cinco dias – como a glicose e a frutose, p. ex. - mas normalmente são maiores que os da DBO5, pois apresenta maior carga de

material pouco lábil e de degradação que inicia quando os mais lábeis estiverem esgotados, as proteínas, por exemplo. O aumento da concentração de DQO num

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corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem industrial, além de ser muito útil para observar a biodegradabilidade de despejos.

Como na DBO5 mede-se apenas a fração biodegradável num prazo de cinco

dias, quanto mais este valor se aproximar da DQO significa que mais facilmente biodegradado será o efluente.

A Demanda Química de Oxigênio não é parâmetro de enquadramento em Classes de Uso da Resolução CONAMA 357/2005.

Déficit de Oxigênio:

O déficit de oxigênio corresponde a diferença entre a concentração de saturação do oxigênio no meio líquido e a concentração de oxigênio dissolvido na água em um dado instante.

Esse parâmetro foi analisado somente para o ponto PS3 nas três profundidades (PS3s, PS3m e PS3f).

A Resolução CONAMA 357/2005 não utiliza esse parâmetro para fins de enquadramento nas Classes de Uso.

4.1.3.3 Avaliação do comportamento dos parâmetros nos pontos de amostragem:

Concentração de Oxigênio Dissolvido (OD):

Na campanha de janeiro/2016 a maior concentração de oxigênio dissolvido foi registrada para o ponto PSJ (9,87 mg/L), localizado a jusante da confluência com a água turbinada pela UHE Passo São João. Enquanto o ponto PS2, localizado imediatamente a jusante do barramento da UHE Passo São João, apresentou uma redução na concentração de oxigênio dissolvido, alcançando o menor valor registrado para a presente campanha (6,48 mg/L). Nos pontos seguintes (PS3, PS5, PS6 e SJ1) a concentração de oxigênio dissolvido voltou a

subir, mas em nenhum ponto atingiu o valor observado para o ponto Jus PSJ. Com exceção do ponto PS2, todos os pontos analisados durante a presente campanha encontram-se próximos à saturação (Figura 16).

Mesmo diante do decréscimo na concentração de oxigênio dissolvido verificado para o ponto PS2, todos os pontos podem ser classificados como Classe de Uso 1, de acordo com o estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA.

Figura 16: Valores de Oxigênio Dissolvido (OD) obtidos nos pontos amostrados durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.

Quando comparamos os resultados obtidos na atual campanha com as demais campanhas realizadas no período pós-enchimento do reservatório é possível observar uma discreta redução dos níveis de OD para a maioria dos pontos analisados na presente campanha (PS2, PS5, PS6 e SJ1), o que indica uma maior atividade biológica nesse período (Figura 17). A redução dos níveis de OD pode estar diretamente relacionada ao aumento da temperatura da água observado para essa campanha.

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Figura 17: Valores médios de Oxigênio Dissolvido (mg/L) registrados durante os diferentes períodos de monitoramento da qualidade das águas superficiais (fase pós-enchimento) na UHE Passo São João.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5):

Os valores obtidos para o parâmetro demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) na 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais

da UHE Passo São João, apresentaram picos de consumo de oxigênio em alguns pontos e queda em outros. No ponto Jus PSJ foi observado o menor valor para DBO (8,75 mg/L), seguido pelos pontos PS3m e PS5 (10 mg/L e 10,6 mg/L, respectivamente), enquanto os maiores valores foram registrados nos pontos SJ1 (18,8 mg/L) e PS2 (18,2 mg/L). O ponto PS3 apresentou valores semelhantes para as profundidades superfície e fundo (17 e 17,4 mg/L, respectivamente), já para a profundidade intermediária (PS3 m) o valor registrado para DBO foi menor (10 mg/L) (Figura 18).

Tais resultados classificariam os pontos amostrados como Classe 3, de acordo com a Resolução 357/05 do CONAMA.

Figura 18: Valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), obtidos nos pontos amostrados durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.

Durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais da UHE Passo São João houve um incremento significativo nos índices de DBO5 em relação à média obtida nas campanhas de monitoramento pós-

enchimento anteriores, como pode ser observado na Figura 19. Esse incremento indica redução da qualidade da água nesse período.

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Figura 19: Valores médios de Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO (mg/L) registrados durante os diferentes períodos de monitoramento da qualidade das águas superficiais (fase pós- enchimento) na UHE Passo São João.

Demanda Química de Oxigênio (DQO):

Os valores verificados para DQO na presente campanha foram superiores aos registrados para o parâmetro DBO5, apresentando em média 30 mg/L. Em

águas naturais, como as de um rio represado após estabilização, a DQO, geralmente, apresenta resultados que giram entre 3,0 e 5,0 mg/L.

Figura 20: Valores de DBO e DQO obtidos nos pontos amostrados durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.

Os resultados obtidos na presente campanha para DQO foram superiores aos verificados para as campanhas anteriores, indicando maior concentração de matéria orgânica dissolvida na água nesse período, com exceção dos pontos Jus PSJ e PS3m que apresentaram uma menor demanda química de oxigênio em relação as demais campanhas. O aumento da concentração de DQO num corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem industrial e doméstica (CETESB, 2009). Na área monitorada o imput de matéria orgânica observado para a presente campanha também pode ter origem das lavouras ou da criação de animais domésticos no entorno do reservatório, que em períodos de maior pluviosidade tende a ser carreada para dentro do reservatório. A degradação de material vegetal depositado no fundo do reservatório também pode influenciar os resultados de DQO. Ressalta-se que para o primeiro ano de monitoramento pós-enchimento não foi analisado esse parâmetro (Figura 21).

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Figura 21: Valores médios de Demanda Química de Oxigênio - DQO (mg/L) registrados durante os diferentes períodos de monitoramento da qualidade das águas superficiais (fase pós- enchimento) na UHE Passo São João.

Déficit de Oxigênio:

Observando a Figura 22 é possível verificar que o déficit de oxigênio dissolvido tende a reduzir com o aumento da profundidade. Contudo, os valores obtidos se mostraram bastante elevados para o ponto PS3.

Figura 22: Déficit de Oxigênio Dissolvido nas três profundidades do ponto PS3 obtido com base nos dados coletados durante a 30º campanha de monitoramento da qualidade das águas superficiais na UHE Passo do São João, janeiro/2016.