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Como já especificado anteriormente, as comunidades florestais ombrófilas que cobrem as encostas da Serra do Mar dividem-se, de acordo com IBGE (1992), nas formações altomontana, montana e submontana.

Os estudos que abrangem estas três formações concentram-se nas regiões sul e sudeste do País, sendo particularmente freqüentes no estado de São Paulo. Esta tendência deve-se não só ao fato de haver uma maior concentração de institutos de pesquisa e universidades nestas regiões, mas também por nelas localizarem-se os últimos remanescentes significativos da comumente denominada Floresta Atlântica, que originalmente dominava quase toda a costa brasileira. A seguir são apresentados aspectos gerais de alguns estudos realizados no sudeste brasileiro, abrangendo as comunidades submontanas e montanas.

IVANAUSKAS (1997), em exaustivo levantamento de uma FOD Submontana no município de Pariquera-Açú (SP), contemplou não só a vegetação, mas também

os solos e a serapilheira. As análises fitossociológicas foram realizadas em quatro áreas amostrais, totalizando 1,2 ha onde foram registrados todos os indivíduos com perímetro à altura do peito (PAP) = 15 cm. Detectou-se densidade de 1.745,5 ind/ha e área basal de 61,456 m²/ha. Os indivíduos distribuíram-se em 53 famílias e 183 espécies, com destaque para as famílias Myrtaceae, Lauraceae e Leguminosae. A estrutura da floresta foi principalmente representada por Euterpe edulis, Ficus

gomelleira, Sloanea guianensis, Aparisthmium cordatum, Pausandra morisiana, Virola oleifera, V. gardneri e Sloanea obtusifolia.

A demografia de árvores em uma comunidade submontana foi estudada por MELO (2000), que analisou resultados obtidos com a amostragem de 1,0 ha numa vertente montanhosa da Ilha do Cardoso (SP). Em um espaço de tempo entre duas medições de quase sete anos, o autor verificou no compartimento dominante (diâmetro a altura do peito – DAP = 9,9 cm) um acréscimo de 727 para 756 ind/ha na densidade e de 43,48 para 45,57 m2/ha na área basal. Foram detectadas 109 espécies no compartimento dominante e 60 espécies no sub-bosque. As espécies com maiores valores de importância no estrato dominante foram Euterpe edulis,

Cryptocarya moschata, Virola oleifera, Chrysophyllum flexuosum, Malouetia arborea, Hieronyma alchorneoides, Calyptranthes lucida e Garcinia gardneriana.

GUILHERME et al. (2004) analisaram a estrutura do componente arbóreo de um trecho de formação submontana entre as altitudes de 86 – 130 m s.n.m. no Parque Estadual Intervales (SP). O levantamento fitossociológico baseou-se em dois blocos amostrais de 0,99 ha cada onde todos os indivíduos com DAP = 5 cm foram registrados. A densidade total da comunidade analisada foi de 1.554,6 ind/ha e a área basal atingiu 34,64 m2/ha. A amostragem abrangeu 172 espécies pertencentes a 51 famílias botânicas, com destaque para a família Myrtaceae, tanto em riqueza específica quanto abundância. As espécies com maior importância estrutural foram

Euterpe edulis, Sloanea guianensis, Guapira opposita, Bathysa australis, Eugenia mosenii, Garcinia gardneriana, Marlierea obscura e Virola bicuhyba.

Em estudo desenvolvido no Parque Estadual da Serra do Mar (SP), TABARELLI e MANTOVANI (1999) analisaram a cronoseqüência de regeneração (10, 18, 40 anos e floresta madura) de uma FOD Densa Montana entre as altitudes de 870 a 1.100 m. Para tal foram instaladas parcelas retangulares de 2.000 m2 em cada um dos estágios sucessionais, sendo incluídos todos os indivíduos com DAP

superior a 3,2 cm. Nos quatro trechos de floresta foram amostradas 168 espécies arbóreo-arbustivas pertencentes a 43 famílias, sendo que Myrtaceae, Lauraceae, Melastomataceae e Rubiaceae as famílias com maiores riquezas. Na floresta madura detectou-se densidade de 2.335 ind /ha e área basal de 38,6 m2/ha.

Visando comparar dois métodos de amostragem num trecho de FOD Montana no Parque Estadual Carlos Botelho, município de São Miguel do Arcanjo (SP), AGUIAR (2003) instalou 64 parcelas retangulares de 900 m2 e 320 pontos quadrantes numa região com altitude variando entre 690 e 821 m. A amostragem por parcelas resultou na detecção de uma densidade igual a 1.657 ind/ha (com DAP = 5 cm) e de uma área basal de 44,6 m2/ha, abrangendo 252 espécies pertencentes a 60 famílias, com destaque para Myrtaceae, Lauraceae, Rubiaceae, Sapotaceae e Euphorbiaceae. As espécies que mais se destacaram na estrutura florestal foram

Micropholis crassipedicellata, Euterpe edulis, Ocotea catharinensis, Pouteria bullata, Alchornea triplinervia, Mollinedia oligantha, Alibertia sp. e Vantanea compacta.

No Paraná, dentre as formações de FOD de encosta, são as comunidades altomontanas as que vêm recebendo o maior número de estudos, os quais abrangeram diversos maciços montanhosos em distintas condições de latitude, continentalidade e topografia. Tendo em vista a elevada homogeneidade desta formação florestal, os resultados destes estudos apresentam-se bastante próximos com riqueza em torno de 25 espécies, densidades bastante elevadas, geralmente superiores a 3.000 ind/ha, e áreas basais medianas, variando entre 25 e 35 m2/ha. Predominam as famílias Myrtaceae, Lauraceae e Aquifoliaceae e as espécies mais importantes são Ilex microdonta, Siphoneugena reitzii, Ocotea catharinensis,

Myrceugenia seriatoramosa, Drimys brasiliensis e Blepharocalyx salicifolius

(RODERJAN, 1994; AMADO e NEGRELLE, 1998; PORTES, 1998; ROCHA, 1999; SOCHER et al., 2000; KOEHLER, 2001).

Os estudos relativos à formação montana são significativamente escassos no Paraná, podendo-se citar como o principal deles a dissertação de mestrado de SCHORN (1992), que abordou comunidades montanas em três diferentes unidades pedológicas no município de São José dos Pinhais. Para tal, foram instaladas 34 parcelas retangulares de 300 m2 em cada uma das unidades de solo, sendo incluídos no estrato dominante todos os indivíduos com PAP = 30 cm. O autor detectou a presença de 83 espécies, 63 gêneros e 38 famílias, com destaque para

Lauraceae, Myrtaceae, Euphorbiaceae e Rubiaceae. As espécies que caracterizam a estrutura das comunidades analisadas são Alchornea triplinervia, Nectandra mollis,

Cabralea canjerana, Ocotea teleiandra, Syagrus romanzoffiana e Alsophylla phalerata. Os valores estruturais básicos variaram entre cada classe de solo, sendo

que as médias obtidas para densidade e área basal entre as três unidades foram de 598 ind/ha e 36,5 m2/ha, respectivamente.

RODERJAN (1994), tendo como foco principal o gradiente da Floresta Ombrófila Densa no Morro Anhangava, abrangeu apenas de maneira marginal os limites superiores da formação montana com algumas unidades amostrais distribuídas entre 1.135 e 1.200 m. s.n.m. Ainda que com uma amostragem bastante reduzida para esta formação, o autor encontrou 43 espécies arbóreas distribuídas por 23 famílias. A densidade observada foi de 1.394 ind/ha e a área basal alcançou 57,24 m2/ha, sendo que as espécies mais importantes foram Ilex paraguariensis,

Ocotea catharinensis, Cabralea canjerana e Sloanea lasiocoma.

BLUM et al. (2002) analisaram a florística e a estrutura de um pequeno trecho de FOD Montana situado a 850 m s.n.m. no Morro dos Perdidos, Serra de Araçatuba. Através de um sistema amostral permanente constituído de 10 parcelas de 200 m2, os autores detectaram a considerável riqueza florística de 85 espécies e 34 famílias distintas. Destacaram-se no estrato dominante as famílias Lauraceae, Myrtaceae e Aquifoliaceae, sendo Ocotea corymbosa, Cryptocarya aschersoniana,

Ocotea indecora, Nectandra paranaensis, Guapira opposita, Calyptranthes obovata

e Sloanea lasiocoma as espécies mais importantes.

Por fim devem ser ainda destacados os estudos fitossociológicos realizados em comunidades submontanas na Serra do Mar paranaense os quais, a exemplo do que ocorre na formação montana, são também relativamente escassos.

SILVA (1985) analisou um trecho de Floresta Ombrófila Densa nas vertentes do Conjunto Marumbi a 485 m s.n.m., altitude que pode ser ainda considerada como dentro dos limites superiores do patamar submontano. Através do método de quadrantes o autor estabeleceu 80 pontos amostrais, registrando 70 espécies e 31 famílias, com destaque para Myrtaceae, Rubiaceae, Moraceae e Euphorbiaceae. Dentre as espécies mais importantes estão Ficus organensis, Guapira opposita,

A formação submontana foi também contemplada por GUAPYASSÚ (1994), que analisou três fases sucessionais nas porções inferiores da Serra da Prata, município de Morretes. No que se refere especificamente à fase floresta primária, amostrada com 19 parcelas retangulares de 200 m2 a uma altitude de 400 m, foram abrangidas 77 espécies, predominando Cariniana estrellensis, Pseudopiptadenia

warmingii, Talauma ovata, Manilkara subcericea e Sloanea guianensis.

Também estudando diferentes estágios sucessionais, ATHAYDE (1997) avaliou comunidades de FOD Submontana no morro do Quitumbê (200 m s.n.m.), em Guaraqueçaba. Para o estágio arbóreo avançado foram estabelecidas 20 parcelas retangulares de 200 m2 com a detecção de 137 espécies e, segundo a autora, a maior diversidade já detectada para Florestas Ombrófilas Densas no Paraná (H’ = 4,2).