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O processo de envelhecimento vem acompanhado por diversas alterações psíquicas e fisiológicas que acarretam danos consideráveis à qualidade de vida do idoso. Dentre as principais alterações decorrentes do avanço da idade estão os prejuízos com a função muscular que afeta diretamente a capacidade de realizar atividades cotidianas. Alterações na composição corporal, parâmetros fisiológicos e neurofisiológicos, sistema sensorial, sistema neuromuscular e velocidade de processamento de informações do SNC são também algumas das modificações oriundas do avanço da idade (45).

Essas mudanças, estruturais e funcionais, acabam por interferir no relacionamento das pessoas idosas com o ambiente. Geraldes (2008) corrobora ainda afirmando que a deterioração dos mecanismos fisiológicos faz com que os idosos respondam mais lentamente e de maneira menos eficaz às alterações ambientais (6). Além disso, fatores resultantes das adaptações orgânicas ao envelhecimento envolvem processos motores e sensoriais que podem influenciar a estabilidade postural do indivíduo e ampliar a probabilidade de quedas ou lesões acidentais (7). O declínio na magnitude das respostas reflexas e reações rápidas, aumento da instabilidade e diminuição do controle postural, maior variabilidade na cinemática de movimentos simples, o aumento da hesitação na execução de movimentos com alvo direcionado e diminuição das capacidades manipulativas surgem também como provenientes do processo de envelhecimento e a eles são atribuídos diversos prejuízos na qualidade de vida dos idosos (5).

O declínio da força muscular é exemplo frequentemente citado quando se trata de adaptações do sistema neuromuscular ao envelhecimento. Tracy e colaboradores (2005) referem ainda que esse declínio ocorre devido apoptose de neurônios e reinervação incompleta das fibras musculares pelas unidades motoras sobreviventes (46). Estudos mostram que, conforme sejam efetivadas medidas de força após a quinta década de vida, a taxa de progressão na redução da força se dá em torno de 8% a 15% por década e tanto homens quanto mulheres exibem o mesmo padrão de diminuição durante o envelhecimento (47).

Além das alterações morfológicas sofridas pelas unidades motoras, as capacidades de movimento também são desafiadas por modificações nas propriedades biofísicas dos motoneurônios, perda de neurônios corticais e uma considerável redução na eficácia da transmissão de impulsos entre os neurônios ao longo do trato córticoespinhal (48).

Em virtude da degeneração dos sistemas sensoriais geram-se déficits na capacidade de obter e processar informações oriundas do organismo e da sua relação com o meio. Logo, percebe-se uma relevante inclinação para a redução das habilidades proprioceptivas em idosos. Isso indica que o aumento do limiar de detecção de vibração e de pressão pelos receptores cutâneos pode apresentar algum impacto diante da funcionalidade dos idosos, incluindo interação das articulações, ação de agarre das mãos e estabilidade postural e de força (44).

Uma possível consequência das alterações nas propriedades dos motoneurônios é o aumento da variabilidade na descarga motora. Muito embora o aumento da variabilidade motora pareça não influenciar a força máxima, esta contribui significativamente para a ocorrência de flutuações de força durante contrações musculares (48). Além disso, danos que afetam as estruturas proprioceptivas podem acarretar disfunções motoras, tais como dificuldades de sustentação dos níveis de força constantes (44).

Entretanto, este não é o principal fator que contribui com os prejuízos referentes à força muscular no idoso. A estabilidade da força é também reduzida em decorrência do processo de envelhecimento, uma vez que, mesmo apresentando força relativamente suficiente para a execução de determinado movimento, torna-se mais complicado para o idoso identificar a magnitude de força a ser aplicada para determinada ação, fazendo com que a aplicação dessa força seja efetivada de modo variante e trazendo a impressão de que isso causa fadiga prematura.

Assim, considerando a impossibilidade de executar uma ação muscular de modo constante, os níveis de força se mantém flutuando em um dado nível médio, sendo que a magnitude da flutuação de força, representada pelo Desvio Padrão (DP) da força, depende fortemente do nível de força empregado na tarefa tanto para jovens como idosos. Basicamente, quando a flutuação encontra-se normalizada em relação a uma força alvo a ação muscular

apresenta-se mais equilibrada. Uma condição contrária a esta apresentada reflete, portanto, em níveis de flutuação de força mais elevados, condição frequentemente encontrada na realidade de idosos, como está representado na figura 08 abaixo (ENOKA, 1997).

Figura 08: Representação gráfica comparativa de Desvio Padrão de força entre jovens e idosos.

Contudo, é válido pensar que a reduzida estabilidade demonstrada pelos idosos pode ser uma consequência de unidades motoras de maior tamanho presentes na musculatura da mão, bem como a questão da suavidade no perfil de força do sujeito com idade mais avançada que recebe influência da maioria das unidades motoras recrutadas recentemente. Estudo de Enoka pressupõem que idosos apresentam flutuações de força, nas fases de encurtamento, alongamento e contrações isométricas, mais evidentes que jovens e que essas flutuações associam-se a uma maior variabilidade na descarga motora (ENOKA, 1997).

Entretanto, esses danos podem ser atenuados e o treinamento de força pode ter fundamental importância para a redução das oscilações de força e declínio da variabilidade motora, de modo a contribuir para a melhoria do controle motor e destreza manual de idosos. Como mostrado na figura 09.

Figura 09: Demonstração da redução das oscilações de força e declínio da variabilidade motora.

Variabilidade motora é um contributo significativo para a capacidade prejudicada de idosos em realizar contração muscular constante. Estudos indicam que as reduções sobre a variabilidade de descarga motora, principalmente associadas ao treinamento com cargas leves foram acompanhadas por declínio na flutuação de força e melhoria na função da mão de idosos (48).

Assim, estudos confirmam a hipótese de que as flutuações de força muscular durante uma contração voluntária influenciam a precisão que pode ser conseguida em tarefas com alvo direcionado. Com isso, as oscilações parecem estar fortemente associadas ao aumento da variabilidade de descarga motora (5, 7, 46, 48-50).

Com base no pressuposto, a significância funcional do aumento na flutuação de força consiste no prejuízo relacionado à capacidade do indivíduo em exercer uma trajetória constante ou mover um membro com precisão a um alvo desejado. Esse tipo de ação muscular é frequentemente requisitado para a execução de movimentos como agarrar, alcançar, manipular e transportar objetos. Sendo, portanto, extremamente essencial para a realização de atividades da vida diária.

2.5 ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA

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