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6. ANÁLISE INTERNA

6.2 Mecanismos de Coordenação

6.2.2 Fluxo de informações e recursos

As questões propostas aos entrevistados faziam referência ao fluxo de ações e ao fluxo de informação. Recursos financeiros ou logísticos não passam de uma agência a outra, são executados cada qual em seu país. Então, para os efeitos de entrevistas, considerou-se fluxo de ações como o fluxo de recursos. As respostas nem sempre refletem a separação proposta. A maioria dos comentários que se seguem se referem à circulação de informação:

Poder comunicar-se é um tema complicadíssimo.

[…] ninguém sabe o que estão fazendo ou que resultado de acreditação tiveram, em que momento o fizeram

[...] quando alguém de um país quer comunicar-se com outro [...] não consegue encontrá-lo

[...] nem todas as agências, e te diria que praticamente nenhuma tem a informação em sua página web, pelo menos sobre as acreditações.

[...] há uma altíssima rotação da gente que se encarrega do tema.(1AR)

[...] É difícil quando se contacta os pares e trata de fazer com que as coisas funcionem,

[...] não há uma página única onde esteja disponível toda a informação, a gestão se faz um pouco mais complicada.

[...] tem funcionado bastante mal o tema da secretaria pro tempore e da circulação de país a país.[...] a informação não circula também.

um dos problemas que o ARCU-SUL tem é que [...]tem uma institucionalidade muito fraca. E isso afeta a imagem do Sistema. (2UY)

Agora com o portal o ARCUSUL se torna algo mais corriqueiro, a necessidade de comunicação tende a aumentar e a fluidez da comunicação vai melhorar. (3BR) Os outros países ainda têm a CONAES como interlocutora, e não estão conscientes de que a representação do Brasil é tripartite.

[...] A gente tem solicitado dados de pares avaliadores, e não conseguimos que a comunicação flua. (4BR)

[...] Até onde eu posso sentir, a informação está fluida

[…] Creio que possivelmente não se mantenha, se não mudarmos o sistema de informação, o fluxo não vai se manter (5UY)

[...] percebo que há fluidez entre algumas agências. Mas com outras não […] não está tão fluida a informação.

[...] onde não há agência, se complica um pouco mais. Mas nós nos últimos meses já assumimos de maneira formal e sistemática esta relação. (6BO)

o intercâmbio de dados essenciais para esclarecer ou ampliar [a informação] se dá com naturalidade. (7PY)

[...] está bastante cortado, a informação.

As quatro reuniões que se realizam por ano deveriam estar apoiadas por uma página web que tivesse uma fluidez permanente.

[…]há uma diferença de tempos. (8CO)

[...] em relação com o tempo [...] há bastante mudança nisso, e isso nos impede muitas vezes de acompanhar toda a informação necessária. (9CH)

Oito dos nove entrevistados relata um ou mais problemas de comunicação. As informações sobre os resultados das acreditações, sobre como os procedimentos estão sendo executados em cada país, dados sobre os avaliadores, não estão circulando como se esperava. Quatro dos entrevistados citam a necessidade de informação disponível online.

A Decisão CMC 17/08 cita especificamente a criação de um cadastro regional dos cursos acreditados, mantido pela RANA, o que não se vê em nenhum documento disponível, ou publicado na internet até o momento. Também cita especificamente que a acreditação será registrada pela RANA e publicada pela Comissão Regional Coordenadora de Educação Superior (CRCES). A RANA tem informado à CRCES apenas os números de acreditações por

país, e dados mais precisos, como o nome de cada curso, sua localização, a data em que foi acreditado, não são informados. No entanto, como a CRCES realiza programas de intercâmbio entre cursos acreditados, supõe-se que cada ministério receba essa informação de sua própria agência nacional.

Além da questão da falta de informação sobre os cursos acreditados, a Argentina apresentou análise dos documentos de resolução de acreditação de Chile, Uruguai, Venezuela e Argentina (RANA, 2012), o que demonstra que os documentos de Paraguai, Bolívia, e Colômbia (o Brasil ainda não tem documentos de resolução) não foram considerados ou sequer foram disponibilizados para análise.

Os entrevistados mencionam também a necessidade de uma secretaria permanente e de um website que centralizem a informação do Sistema. A criação de uma secretaria permanente tem sido uma demanda nas atas da RANA desde 2007. Não se concretizou até o momento, apesar de a Argentina ter oferecido a criação de uma secretaria provisória em 2012. Também não houve consenso sobre quais as funções de uma secretaria permanente.

A criação de um website que centralize a informação tem sido um compromisso do Brasil na RANA desde 2011, e está disponível atualmente apenas internamente. Respeitando os acordos da Decisão CMC 17/08, o site foi proposto como link do Sistema de Informação e Comunicação do Setor Educacional do MERCOSUL, e já contém a maior parte da documentação sobre critérios e capacitação de pares, bem como um banco de dados onde se pode agregar os dados de todos os cursos acreditados até momento. Mas nenhuma agência enviou seus dados ainda. Tampouco está definido quem atesta a validade das informações disponibilizadas nos termos da Decisão CMC 17/08, isso ainda está para entrar em discussão. Sobre o fluxo de recursos, ou o fluxo de ações do Sistema, os entrevistados quase não fizeram comentários. As menções são as que se seguem:

[...] a preocupação em tocar os sistemas nacionais fazia com que o ARCUSUL ficasse esquecido até que chegasse uma reunião da RANA ou até o momento de lançar uma convocatória. (3BR)

[…] Um exemplo bem conhecido, que o Brasil não pôde cumprir com os prazos comprometidos nas ações. Por motivos diversos, mas de fato, o resultado é esse. Não efetivou as ações no momento que se esperava. (5UY)

[...] Então há agências que foram mais rápido, terminaram suas avaliações ou estão em processo, e há outras que não. Então há diferença de tempos. (8CO)

O estudo das atas aponta para alguns aspectos importantes. O processo de reunião das comissões consultivas para a elaboração de critérios ocorreu em 2007 e 2008, e os processos de capacitação de avaliadores ocorreram em 2009 e 2010. Durante este período, houve intenso fluxo de ações, compromissos, pessoas, informações, documentos e expectativas. A partir de 2011, o fluxo foi menor, justamente na época em que as acreditações do primeiro ciclo já deveriam estar concluídas.