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Fluxos de Investimento e Financiamento

No documento erikaburkowski (páginas 46-48)

CAPITULO 1 – MATRIZ DE CONTABILIDADE SOCIAL E FINANCEIRA BRASILEIRA

1.4.2 Fluxos de Investimento e Financiamento

O fluxo de investimento e financiamento pode ser visualizado pelas linhas e colunas da Conta Capital da MCSF. Na coluna têm-se os investimentos dos agentes. Para o agregado da economia, estes investimentos foram 18% em ativos fixos e 77% em ativos financeiros, o restante foram impostos sobre investimentos, transferências de capital domésticas e externa, ambos com participação ente 1 e 2% dos fluxos de investimentos.

A Figura 1.7 apresenta a evolução dos investimentos em ativos fixos realizados pelos agentes produtivos ao longo dos anos de 2005 e 2009. Como se pode observar, as empresas não financeiras foram responsáveis pela maior parte dos investimentos fixos realizados na economia brasileira. São estes investimentos em ativos fixos, bens de capital (máquinas e equipamentos) que criam capacidade de aumentar o produto da economia. Ao longo dos anos de 2005 e 2008, houve um aumento no volume de investimentos de todos os agentes. No ano de 2009, há uma brusca redução nos investimentos das empresas não financeiras. Por outro lado, há aumento dos investimentos das famílias e do governo. Os montantes estão sendo analisados no agregado a fim de observar variações estruturais, mas destaca-se que o detalhamento desses investimentos, por produto e por setor, pode ser obtido nas MCSF brasileiras (2005-2009).

Os investimentos em ativos fixos realizados pelas famílias foram o segundo mais expressivo dentre os agentes econômicos, referindo-se à construção e aquisição de imóveis. Os investimentos do governo, terceiro mais relevante, referem-se a obras de infraestrutura. Os investimentos em ativos fixos pelas empresas financeiras foram baixos em relação aos demais agentes, mas próximo da participação média dos setores produtivos.

Quanto aos investimentos financeiros, em 2005, aproximadamente 30% dos investimentos financeiros foram em Ações e outras participações, 26% em títulos, 19% em numerário e depósitos, 15% em empréstimos. Mas, configurações bem diferentes são observadas ao longo do período. Em 2006, os investimentos em ações se reduz, empréstimos e numerários aumentam. Em 2007, maior parte dos ativos financeiros estão em numerários, seguidos de títulos, empréstimos e ações, nessa ordem. Já em 2008, os numerários caem abruptamente, empréstimos e títulos são os ativos financeiros mais negociados. Os empréstimos continuam liderando em 2009, seguidos pelas aplicações em numerários e depósitos (que voltam a crescer), títulos e ações, nesta ordem. Os últimos reduzem sua participação em 2009.

Os agentes econômicos utilizaram tanto a poupança quanto passivos financeiros para financiar seus investimentos (fixos e financeiros). Essa foi a informação gerada pelas linhas da Conta Capital. A Figura 1.8 apresenta a participação da poupança e dos passivos financeiros ao longo do período de 2005 a 2009, para o total da economia.

A poupança representou em média 24% do total de recursos. Ao longo dos anos, a variação da participação da poupança nos recursos totais sempre foi muito pequena (coeficiente de variação = 7)5. Já as fontes de recursos financeiros, que representam, em média 76% de todas as fontes de financiamentos, apresentam maior variação percentual em cada instrumento isoladamente (o coeficiente de variação dos instrumentos financeiros vai de 9 a 63). A alta participação dos passivos financeiros no financiamento dos investimentos brasileiros destaca a importância dos fluxos financeiros para a economia.

46 Figura 1.7: Evolução dos Investimentos em Ativos Fixos no Brasil, 2005 a 2009

Fonte: Elaboração própria.

Figura 1.8: Participação das Fontes de Financiamentos no Brasil, 2005 a 2009

Fonte: Elaboração própria.

Empréstimos e ações foram os principais instrumentos a financiar os investimentos no Brasil no período. Em média, eles representaram 18,61% e 18,08% do total, respectivamente. Ressalta-se que esta proporção é o valor da média dos 5 anos para o agregado da economia. Cada agente tem sua estrutura de financiamento variando de forma diferenciada.

Na Figura 1.8, vê-se claramente que a quantidade de moeda em circulação (Numerários e Depósitos) apresenta maior variação; com uma participação média de 19% do total, cai abruptamente, representando 1% em 2008. Neste período, de enxugamento de liquidez, observa-se a importância dos empréstimos e títulos no financiamento da economia (25% e 21% do total). 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 2005 2006 2007 2008 2009

Empresas Não Financeiras Empresas Financeiras Administração Publica Famílias

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 2005 2006 2007 2008 2009

Numerários e Depósitos Títulos Empréstimos

Ações Seguros Outros

47 Este enxugamento de liquidez é reflexo da crise financeira mundial e revela a preferência pela liquidez dos agentes econômicos. A preferência pela liquidez é a demanda global de dinheiro ou de valor facilmente convertido em dinheiro, em lugar de consumir ou poupar em forma de valores que apresentem menor liquidez. Como o papel moeda não apresenta grande garantia contra desvalorização ou inflações elevadas, essa preferência por reservas monetárias costuma se concentrar em outros valores facilmente conversíveis e valorizáveis. Em 2008, observou-se grande fluxo de investimentos em numerários e depósitos para empréstimos e títulos. Assim, empréstimos e títulos apresentaram os maiores crescimentos dentre os passivos financeiros, se constituindo os principais financiadores da economia brasileira durante a crise. Empréstimos financiando, principalmente, as empresas financeiras, não financeiras e as famílias; e títulos financiando empresas financeiras e o governo.

Em 2009, os empréstimos continuam a representar a maior participação dentre as fontes de financiamento da economia brasileira.

Outra questão que deve ser ressaltada refere-se à variabilidade dos fluxos. Enquanto na Conta Produção, na Conta de Setores, de Fatores e na Conta Corrente, a participação de cada fluxo da matriz é praticamente constante ao longo dos anos, na Conta Capital, esta premissa se altera. Os fluxos de poupança e investimentos são praticamente constantes para cada agente, mas as variações de ativos e passivos, ou seja, dos fluxos financeiros é bastante elevada. Especialmente quando cada agente é analisado separadamente. Como o produto deste trabalho será utilizado em uma análise aplicada a empresas não financeiras, o próximo tópico irá detalhar a trajetória dos fluxos de investimentos e financiamentos específicos do agente “empresas não financeiras”.

No documento erikaburkowski (páginas 46-48)