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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA NOSSA

FONTE: Motivos de Insatisfação

TEIXEIRA (corresponde a 933 respostas) ISET (corresponde a 8913) Nós (corresponde a 200 respostas) Condições de trabalho Frustração profissional 47,8% 24,1% 31,1% 33,1% 30,93% 59,28% Fonte: “Ser professor gosto ou desgosto”, In TEIXEIRA (org.), Ser Professor no Limiar do Século XXI, (2001, p.235)

74 Podemos constatar pela leitura do quadro anterior que:

O que ressalta da leitura deste quadro é que, à medida que vamos avançando no

tempo a frustração profissional aparece como motivo de insatisfação cada vez mais

forte, enquanto diminuem as condições de trabalho como principal motivo de

insatisfação. Este facto deve estar associado às novas leis e regulamentações que actual

governo tem vindo sucessivamente adoptando em que os professores são os principais

75 CONCLUSÃO

Embora a escola deva proporcionar aos alunos tempo de recreio, tempo de

estudo individual e novas aprendizagens, sejam estas ao nível do desporto, das

expressões ou de uma língua estrangeira, devem estar asseguradas todas as condições

necessárias para que os professores possam exercer as atividades extracurriculares com

sucesso e dignidade.

Quanto mais as pessoas se sentirem motivadas para aquilo que fazem, mais

rentável será a sua capacidade profissional, aumentando por conseguinte, a sua

satisfação profissional.

Após a análise estatística dos resultados do nosso trabalho de campo deparamo-

nos com algumas situações que demonstram o quanto os professores revelam

insatisfação profissional face ao prolongamento de horário nas escolas do 1.º CEB,

nomeadamente ao modo como está a ser gerido e implementado.

Os resultados obtidos, mais pertinentes foram os seguintes:

Relativamente às características dos professores inquiridos a maioria possui mais

de 36 anos de idade, é do sexo feminino, metade lecciona no meio urbano a outra

metade no meio rural. Todas as escolas onde passamos o questionário estão agrupadas.

Quanto à componente de apoio à família, nomeadamente, nas atividades de

enriquecimento curricular, são os agrupamentos os que mais promovem este tipo de

atividades. De referir que há escolas onde o Despacho n.º 12591/2006 ainda não foi

implementado.

No que se refere à aplicação do respectivo despacho, verificamos que 76,4% dos

professores concordam com o apoio à família a dar à família mas que este não deve

76 necessidade porque os pais têm horários maiores que os dos filhos”, há uma percentagem de professores (32,82%) a assumir que é “um serviço que não deve ser prestado pela escola”. Salientamos, também que 23,59% entende que apoio dado à família desresponsabiliza os pais pela educação dos filhos, ou seja a maioria dos

professores discorda do apoio dado às famílias.

Contudo, constatamos que a maioria dos professores mais velhos e os que

lecionam no meio urbano manifesta opinião favorável.

Quanto ao prolongamento de horário, a maioria dos professores defende que “é um bom apoio para os pais”, mas também que “cria mais indisciplina na escola” e “cansa desnecessariamente os alunos”. No entanto, verifica-se que os professores mais novos e os que lecionam no meio urbano manifestam, maioritariamente, concordância

com o prolongamento de horário.

Relativamente às atividades de enriquecimento curricular, apurámos que, em

geral, as atividades de apoio ao estudo e o ensino do inglês funcionam razoavelmente.

Contudo, os professores mais novos afirmam que o apoio ao estudo funciona mal. No

meio rural ou urbano onde se situa a escola funcionam razoável ou bem. Quanto ao

ensino do Inglês e a atividade física e desportiva apuramos que os professores opinam

que estas atividades decorrem de uma forma razoável e até mesmo bem. De referir que

o inglês é a única língua que está a decorrer nas escolas onde foi passado o questionário.

Na maioria das escolas não está implementado o ensino da música. Porém, nas

escolas onde decorre esta atividade os professores são de opinião de que esta funciona

razoavelmente e até mesmo bem. São os professores do quadro de escola e os do meio

rural que mais afirmam não existir o ensino da música.

No diz respeito a outras atividades, verificamos, também que 45% dos inquiridos

77 A maior parte dos professores inquiridos diz sentir-se insatisfeita com a

profissão que exerce, afirmando que se pudesse mudava de profissão. Este facto

contraria estudos realizados por TEIXEIRA e dos diferentes estudos de alunos do ISET

(cf., TEIXEIRA, 2001, p. 216), em que a larga maioria dos professores inquiridos

afirmou querer “permanecer na profissão”. Pensamos que a mudança de atitudes dos professores face à sua profissão está relacionada com toda esta conjuntura de políticas e

reformas não só ao nível educativo, mas essencialmente ao nível da progressão da

carreira e da alteração da idade e do tempo de serviço para a aposentação. Só assim, se

justifica uma mudança de opinião tão radical dos professores que pode ser passageira.

Relativamente aos motivos de satisfação a maioria dos nossos respondentes

refere como motivo de satisfação profissional a auto-realização (66,67%) e como

motivo de insatisfação a frustração profissional. Estes resultados vão de encontro aos

resultados obtidos, nos estudos de TEIXEIRA.

Por esta nossa análise concluímos que os professores apesar de não estarem

satisfeitos com a sua profissão apontam como primeiro motivo de satisfação a auto-

realização e como primeiro motivo de insatisfação a frustração profissional. Feito o

cruzamento da escolha da profissão com a componente de apoio à família e aos aspectos

desfavoráveis quanto ao prolongamento de horário, constatámos que os professores que

referem mudar de profissão são os que manifestam maior descontentamento quer no

apoio a dar à família quer quanto ao prolongamento de horários - aspetos considerados

desfavoráveis.

Feita a análise das respetivas respostas e respondendo à nossa pergunta de

partida “Prolongamento de horário e satisfação profissional dos professores” parece-nos que o prolongamento de horário é aceite pelos professores mas este deve ser assegurado

78 não pelos professores mas por agentes educativos ligados às autarquias ou a outras

instituições.

Por último resta-nos concluir que quanto mais as pessoas se sentirem motivadas

por aquilo que fazem, mais rentável será a sua capacidade profissional, aumentando, por

conseguinte, a sua satisfação profissional, o que não se verifica nos professores, onde o

descontentamento é geral e em que o professor parece ser o “culpado” por todos os males se verificam na educação.

Propostas para o futuro:

Com base nos achados desta pesquisa, apresenta-se algumas sugestões ou

recomendações para futuras pesquisas.

- Fazer uma pesquisa semelhante só com Educadores de Infância e ou professores do 2.º

ciclo para se comparar a perceção dos mesmos com os docentes do 1º ciclo. Aplicar o

mesmo inquérito mas alagar o leque de indicadores das questões da Satisfação e

Insatisfação profissional, ou formulá-las abertas para se obter um leque de respostas

muito mais variado e diversificado e assim se poderem comparar os respetivos

resultados.

- Fazer uma pesquisa semelhante com os profissionais não docentes, em exercício, nas

Escolas/Centro Escolares/Agrupamentos para verificar se estes profissionais têm uma

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