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O estudo de fontes documentais das políticas administrativas (Prefeitura de Porto Alegre e Câmara de Vereadores) apresenta o posicionamento ideológico e a forma de construção do “Outro” e da autoimagem dos que se afirmavam “cidadãos”. Em um momento de ditadura militar de cunho conservador, foi possível encontrar, na leitura inicial, disputas entre as estruturas ditatoriais do regime militar frente a manifestações populistas na disputa política na Câmara de Vereadores.

Os documentos da Câmara de Vereadores são apresentados como fontes comprobatórias da narrativa dos entrevistados, busco nos recortes de discursos a construção do “Outro” na perspectiva enunciativa dos interlocutores. Como na tese de doutorado de Sidney Aguilar Filho (2011), as inúmeras referênciam de documentação constituem rastro comprobatório o qual é utilizado para sustentar narrativa Oral dos depoentes entrevistados do decorrer desta pesquisa. Para um entendimento mais amplo do contexto, empenhei tempo para uma leitura rápida sobre os acontecimentos que influenciariam as tomadas de decisões políticas publicadas no período.

Quanto à imprensa, busquei textos sobre o tema em estudo, entre 1966 a 1971, em dois veículos de imprensa escrita: os jornais Zero Hora e Correio do Povo – ambos de grande circulação e popularidade na cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul. Arquivos consultados:

 Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho;

 Biblioteca Jornalista Alberto André da Câmara Municipal de Porto Alegre;  Museu da Comunicação Hipólito José da Costa – Arquivo de Periódico;  Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo;

 Aquivo pessoal dos entrevistados.

Para a pesquisa em arquivo, contei com apoio da obra de Aldovan de Oliveira Moraes (2018) onde encontro relação de fontes sobre o processo de transformação urbana da cidade. Tal instrumento facilitou o escrutínio, contudo, durante as pesquisas em arquivo, encontrei outras matérias não relacionadas pelo autor.

A análise da imprensa72 trilhou caminhos para perceber a contrução da ideia e tratamento sobre o sujeito a ser conhecido por esta pesquisa e de como esse veículo de comunicação faz circular ideias como instrumento de formação de opinião, levantando narrativas de imprensa e sua comunicação na construção do “outro” sujeito histórico “Não- Ser” não reconhecido em sua cidadania. Mesmo não fazendo a pesquisa sustentada em fonte de imprensa unicamente, esta é importante para entendermos a circulação de saberes construído sobre os sujeitos removidos para isso “é preciso pensar sua imersão histórica enquanto força ativa da vida moderna, muito mais integrante do processo do que registro dos acontecimentos, atuando na constituição de nossos modos de vida, perspectivas e conscência histórica.” (CRUZ & PEIXOTO, 2007, p. 257). Entendo que nenhuma das fontes elencadas é expressão de neutralidade dentro deste trabalho, sobre a imprensa tomo que “De há muito, acertamos que o passado não nos lega testemunhos neutros e objetivos e que todo documentos é suporte de prática social (...), fala de um lugar social e de um determinado tempo, sendo articulado pela/na intencionalidade histórica que o constitui.”. A centralidada da leitura da imprensa para essa dissertação pretende observar em análise “os movimentos políticos e sociais, as conjunturas e processos econômicos, e os movimentos e formação culturais às

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Ambos os veículos de impressa passam por processos de alinhamento com a situação política e, em outros momentos, de denúncia, alternando, assim, as representações. O debate das narrativas apresenta disputas. Quando alinhadas ao poder executivo, desumanizam a “maloca”, a “vila de malocas” e os espaços/territórios mal dizendo estes em condenação expressa. Quando o texto se apresenta como denúncia, apresenta a trágica consequência das ações do executivo - o mesmo inclui o “maloqueiro” em seu espaço, em lamentos sobre o abandono e a constatação de mal sem solução.

quais as formas históricas da imprensa se articulam de modo mais específico.” (CRUZ & PEIXOTO, 2007, p. 258). Assim, utilizamos estas fontes de imprensa para analisar a construção deste “Outro” sujeito - sem espaço de fala - em veículo de circulação com função de comunicar e formar ideias ditas como “verdades” que “como uma prática constituinte da realidade social, que modela formas de pensar e agir define papéis sociais, generaliza posições e interpretações que se pretenem compartulhadas e universais.” (CRUZ & PEIXOTO, 2007, p. 258). Essa perspectiva de cuiado pretende atender as necessidades de cuidado sobre a narrativa localizando suas estratégias no alcance de sua informação e mensagem.

Com a leitura das fontes, problematizo as hierarquias sociais e o racismo estrutural e institucional73 em suas construções de um “Outro” estranho ao “Ser”. A intenção da leitura das fontes sobre essa perspectiva é resgatar definidores condicionantes da ausência de direitos e inserção social do sujeito histórico em estudo74.

A fonte de documentos públicos possui leituras diretamente ligadas a discursos políticos por sua vez as disputas de poder e ou de comunicação de dados, estão como docutos que possibilitam uma dupla análise. A primeira apresenta a ideia sobre o “Outro” “Não-Ser” (maloqueiro) e demonstra, ao mesmo tempo, como eram os padrões do imaginário que estabeleciam o “Ser” sujeito “Cidadão” de direitos na cidade de Porto Alegre dentro do período estudado. E a outra demontra os interlocutores de compos em disputa que possuem lugar de fala propositora de regimes de verdades, em casos específicos, demonstra a luta de discursos entre protagonistas do campo político.

2.4 História Pública

A pesquisa pretende a Fonte Oral como fundamental na proposição de leitura, ângulo e modo de entendimento. As demais fontes estão relacionadas para apresentar, legitimar e sustentar as fontes orais em suas memórias. Essa proposta levou a pesquisa à construção em dalogo das fontes orais, daí já poderia definir esta prática como hitória publica. Proponho perceber segundo Almeida:

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O trabalho de história oral como uma prática de história publica sugere práticas de responsabilidade político-social com a memória coletiva. Nesse sentido, as entrevistas

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A biopolítica, sustentada em justificativas ideológicas, expõem argumentos buscados em teorias sociais evolucionistas – eugenia e higienização social.

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Dentre os discursos os recortes narrativos que enquadram as políticas urbanas sob as estruturas conceituais higiênicas, condenadas quanto suas teorias, mas não superadas na prática social segregacionista.