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Formação de professores no curso de Licenciatura Plena em Letras – Português

No documento LUCIA MARIA OLIVEIRA RIBEIRO (páginas 55-58)

CAPÍTULO I – FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL NO SÉCULO XXI

1.2. Formação Inicial do Professor

1.2.1. Formação de professores no curso de Licenciatura Plena em Letras – Português

Já que o nosso trabalho tem como objetivo identificar que dificuldades sentidas pelos professores que ministram a disciplina de Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental

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II, não poderíamos deixar de mencionarmos informações referentes à formação inicial de professores em Letras-Português.

Na tentativa de identificar se essas fragilidades são devidas à formação inicial dos professores que serão investigados, realizamos um breve estudo sobre a composição do currículo dos cursos de Letras-Português, no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada em 2008, pela Fundação Carlos Chagas, ela destacou que o curso de Letras- Português é composto de 1.397 disciplinas, assim distribuídas,

190 disciplinas são optativas e 1. 207 são obrigatórias, relacionadas aos conhecimentos específicos da área, correspondendo a 51,6% do total. Das demais categorias de análise propostas 15,4% dizem respeito a outros saberes, 10,5% são conhecimentos específicos para a docência, 8,5% a fundamentos teóricos, 12,7% dividem-se de forma semelhante entre conhecimentos relativos aos sistemas educacionais, pesquisa e TCC e atividades complementares. Somente 1,2% das disciplinas é destinado a conhecimentos relativos à modalidade de ensino específicos (INFOESCOLA, 2008).

A pesquisa conclui que, a formação do professor de Língua Portuguesa brasileiro forma mais na direção do especialista disciplinar do que na direção da formação

de um professor de língua portuguesa (INFOESCOLA, 2008).

Segundo Perrenoud, a formação profissional dos professores ainda está em

busca de seu caminho no contexto das universidades (2001 f, g e h, apud PERRNOUD

2002, p. 30). Observemos que em sua obra do ano 2001, o autor direcionava as fragilidades da formação profissional às instituições de ensino superior. Um ano após, em 2002, ele afirma o seguinte, os formadores trabalham, refletem, formam-se, inovam, mas com

frequência cada um continua no seu canto (PERRENOUD, 2002, p. 31). Essas palavras do

autor nos fazem compreender, que de certa forma, os formadores continuam resistindo às mudanças. Mas é forçoso trazermos à consideração que as deficiências ou, se se preferir um termo mais ameno, as dificuldades não podem ser colocadas exclusivamente à inadequada formação dos docentes. Há todo um aparato que contribui para que as dificuldades se façam sentir, nomeadamente o modo como a Tutela rege, financia e legisla a este respeito ou, muito friamente, como tarda em fazê-lo.

E ainda, segundo a pesquisa mencionada acima, a situação não é diferente, no que se refere aos cursos de pedagogia, que têm como objetivo preparar diferentes grupos de profissionais para atuarem na área educacional (Gestores, Coordenadores, Supervisores, Professores e até Pesquisadores). De acordo com a pesquisa, esses cursos

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não priorizam os conteúdos nem as didáticas da Educação Básica. Essas informações possibilitaram à revista Nova Escola comparar a grade curricular do curso de Pedagogia da Universidade de Helsinque (Finlândia) com a que é ofertada no Brasil: na Finlândia o curso tem a totalidade de 1.971 horas enquanto que no Brasil o curso tem duração de 839 horas (carga horária referente a conteúdos e didáticas da Educação Básica). Esses dados evidenciam que no país nórdico europeu, a carga horária relacionada a quê e como ensinar é mais do que o dobro da brasileira (INFOESCOLA, 2008).

Para Azevedo; Ghedin; Silva-Forsberg e Gonzaga.

Se tomarmos por base estudo feito recentemente por Gatti (2010) que trata das características e problemas da formação de professores no Brasil, notamos que a situação não demonstra avanços significativos. A autora, ao analisar projetos pedagógicos de cursos de licenciatura de instituições públicas e privadas das cinco regiões do país, revela um panorama desolador quanto às condições dos cursos de formação de professores para a educação básica, mostrando a necessidade urgente de uma revisão profunda nas estruturas dos cursos. Uma das causas apontadas pela autora para essa situação, que sofre implicações da pulverização na formação e indica uma formação frágil, distante das necessidades formativas de professores para atender às exigências da educação básica, é a ausência de um eixo formativo para a docência que articule teoria e prática. (2012, p.1003).

Dando continuidade ao trabalho, a referida revista, considerando as fontes do Ministério da Educação da Coréia do Sul e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), identificou que a taxa de abandono nos cursos de Pedagogia brasileiro é de 24%, enquanto que na Coréia do Sul é de 0% e ainda, tendo como fontes o Ministério da Educação do Japão e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, sobre formação continuada, assinala que 100% dos japoneses são atendidos em estudos contínuos, enquanto que, em São Paulo, o Estado assiste só 90%, deles. Considerando que São Paulo é o estado brasileiro que mais investe em capacitação, se compararmos com os outros estados da federação, esse percentual decresceria consideravelmente.

Ressaltamos esses três países como parâmetro (Coréia do Sul, Finlândia e Japão) por atingirem os melhores índices nos rankings dos exames internacionais. Essas informações nos fazem acreditar que aquele professor que está em permanente formação, aprendendo sempre, terá oportunidades para gerar mudanças em sua comunidade escolar. Dada a importância dessa formação, no item seguinte faremos considerações pertinentes ao assunto.

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Compreendemos que nem o Sistema Educacional Brasileiro, nem o Curso de Licenciatura Plena em Letras-Português direciona ao professor o que ele deve ensinar em relação à Língua Portuguesa. Conforme Cagliari,

O objetivo mais geral do ensino da língua portuguesa para todos os anos da escola é mostrar como funciona a linguagem humana e, de modo particular o português; quais os usos que tem, e como os alunos devem fazer para estenderem ao máximo, ou abrangendo metas específicas, esses usos nas suas modalidades escrita e oral, em diferentes situações da vida (CAGLIARI, 2009, p. 24).

Neste caso, é importante destacar que o Sistema deve analisar os currículos dos cursos de Licenciatura Plena em Letras-Português para posteriores adequações que possam suprir as necessidades dos professores, que consequentemente, poderá também, atender de forma mais efetiva às necessidades dos alunos, proporcionando uma educação de melhor qualidade. É com esse pensamento, que entendemos que os profissionais da educação carecem de formação continuada ao longo de sua carreira.

No documento LUCIA MARIA OLIVEIRA RIBEIRO (páginas 55-58)