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Formação do pedagogo

No documento GESTÃO DEMOCRÁTICA (páginas 56-59)

2.3 CONCEPÇÃO DE PEDAGOGO, FORMAÇÃO E TRABALHO

2.3.1 Formação do pedagogo

A preocupação com a formação de professores vem sendo direcionada, por um lado, pelos documentos internacionais que enfatizam a necessidade e as pressões do mundo do trabalho, estruturando novas condições formativas fundadas em um modelo informatizado e com o valor adquirido pelo conhecimento na sociedade globalizada. Por outro lado, a formação docente é impactada pela constatação dos sistemas governamentais a respeito da extensão da precariedade dos desempenhos escolares de grandes parcelas da população de países como o Brasil. Políticas públicas e ações políticas movimentam-se, então, na direção de reformas curriculares e de mudanças na formação dos docentes, dos formadores das novas gerações.

Assim, os problemas concretos relativos à atuação profissional dos professores das diferentes redes de ensino inspiram iniciativas chamadas de

“educação continuada”, especialmente na área escolar pública. Conforme Gatti (2008, p.56), os profissionais da educação estão, na verdade, buscando programas compensatórios, e não propriamente de atualização e aprofundamento em avanços do conhecimento, sendo realizados com a finalidade de suprir aspectos da má-formação na graduação dos pedagogos no curso de Pedagogia. Altera-se o propósito inicial da educação continuada, que seria o aprimoramento de profissionais nos avanços, renovações e inovações de suas áreas, dando sustentação à sua criatividade pessoal e à de grupos profissionais, em função de produções científicas.

De acordo com Gatti (2008, p.56), a questão da formação continuada apresenta-se como um requisito para o trabalho, como uma ideia da atualização constante, em função das mudanças nos conhecimentos e nas tecnologias; das mudanças no mundo do trabalho. Entendida, assim, como aprofundamento e avanço na formação dos profissionais da educação.

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Com financiamento do Banco Mundial para a educação continuada, surgem questões que podem suscitar a reflexão sobre a eficácia dos cursos oferecidos, das discussões da área educacional em geral, propostos para professores ou para outros segmentos escolares. Verifica-se a presença de iniciativas dos poderes públicos para formação continuada de professores e, ao lado dessas iniciativas, há um grande número de empresas que oferecem diretamente aos docentes essa modalidade formativa na forma de cursos livres.

Enormes são os limites constatados da educação continuada por meio de cursos estruturados e formalizados, oferecidos após a graduação.

Todas as ocasiões de informação, reflexão, discussão e trocas que proporcionem aprimoramento profissional são consideradas atividades que contribuem para o desempenho profissional. Este rol se acresce de outras possibilidades de educação continuada, como horas de trabalho coletivo na escola; reuniões pedagógicas; trocas cotidianas com os pares; participação na gestão escolar; comparecimento a congressos, seminários; realização de cursos de diversas naturezas e formatos, oferecidos pelas Secretarias de Educação ou por outras instituições dedicadas à formação de pessoal em exercício nos sistemas de ensino; eventos dedicados a relações profissionais totalmente virtuais; processos formativos diversos a distância, como vídeo ou teleconferências, cursos via internet etc.. Considere-se que as iniciativas de formação continuada provêm de inúmeros setores do sistema público, sejam eles da esfera municipal, estadual ou federal; de setores da gestão educacional como, ainda, de outros setores fora do âmbito especificamente educacional; de organizações não-governamentais, fundações, instituições e consultorias privadas, com diferentes durações, ou seja, curta ou média duração.

Gatti (2008, p.57) alerta que a educação continuada abrange muitas iniciativas que, na verdade, são de suprimento a uma formação precária pré-serviço, e nem sempre são propriamente de aprofundamento ou ampliação de conhecimentos. Isso responde a uma situação particular do país, pela precariedade em que se encontram os cursos de formação de professores em nível de graduação.

A educação pode contribuir para melhoria da economia dos países quando qualifica pessoas a serem absorvidas pela sociedade do conhecimento

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e do consumo, porém, não é suficiente para alavancar uma civilização cooperativa e democrática. Faz-se necessário discutir a educação como fator de aprimoramento humano para um mundo mais ético, com formação educacional sólida para todos, com preocupações com a formação do ser social. Gatti questiona (2008, p. 59) a ênfase nas competências a serem desenvolvidas tanto pelos professores como pelos alunos, inferindo que ser competente é condição para ser competitivo, social e economicamente, em consonância com o ideário capitalista hegemônico.

A educação à distância passou, nos últimos anos, a ser uma proposta muito valorizada na política de formação profissional dos educadores atingindo até mesmo o curso de Pedagogia. A justificativa é de que se trata de uma forma mais rápida de prover formação, utilizando as tecnologias disponíveis, podendo flexibilizar os tempos formativos adequados aos alunos que teriam condições de estudar, tendo em vista que muitos já são trabalhadores da educação e que, assim, podem estudar nas horas vagas de que dispõem, sem horários fixos. Portanto, a educação à distância ou mista (presencial/a distância) tem sido o caminho mais escolhido para a educação continuada de professores pelas políticas públicas, tanto em nível federal como estadual e municipal. Além disso, como iniciativa de administrações públicas, esses programas especiais são oferecidos gratuitamente aos professores, com tempo limitado para sua execução. Recentemente o ritmo de oferta desses programas especiais públicos diminuiu bastante, uma vez que muitos professores já foram titulados e os novos ingressantes devem trazer essa formação básica quando de seu ingresso, por exigência da lei. Gatti (2008, p. 61) afirma que

a legislação é resultado de um processo histórico em que ações se desenvolvem e criam impasses pela forma como são praticadas, o que pode gerar movimentos de vários segmentos sociais, movimentos que são levados aos órgãos reguladores, que se podem mostrar atentos nas questões levantadas, e que, em negociação em contexto político, procuram esclarecer ou reformular orientações(Gatti 2008, p. 61).

Constata-se, também, que é preciso insistir na continuidade dos debates a respeito da questão do investimento no orçamento público, para a ampliação de vagas em instituições públicas dedicadas à formação de licenciados, bem

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como investir na qualidade dos cursos, em termos de projetos significativos para a formação, de infraestrutura dos cursos e da dotação de docentes bem qualificados; como ainda investir e na educação continuada, propondo cursos nas modalidades de aperfeiçoamento e de especialização.

2.3.2 Formação e valorização dos profissionais da educação na atual

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