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CAPÍTULO 5. O TRADUTOR E INTÉRPRETE EM LIBRAS

5.2 FORMAÇÃO DO TRADUTOR/ INTÉRPRETE EM LIBRAS

A abordagem sobre a formação do tradutor e intérprete tem por objetivo conhecer as instituições que disponibilizam os cursos, como se obtém a certificação, as disciplinas mínimas exigidas, a legislação que regulamenta a formação e a situação do intérprete e do tradutor como profissional.

O curso de Tradutor e Intérprete tem como meta oferecer ao mercado de trabalho bacharéis capacitados para interpretação e tradução de textos, nas línguas portuguesa e inglesa, e para o desenvolvimento de pesquisas nesta área. Os graduandos têm diversas oportunidades profissionais, e de viagens, no país e no exterior.

O curso inclui disciplinas específicas como: Historiografia da Tradução, Processo de Construção do Texto Literário, Educação Cultura e Sociedade, Teorias de Tradução, Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, Língua Inglesa: Morfossintaxe,

Oficina de Dublagem e Legendagem, Prática de Interpretação Simultânea, dentre outras.

A Lei n. 12.319/2010 regulamenta a profissão e formação de Tradutor Intérprete de Língua Brasileira de Sinais. A formação consiste em curso de graduação em língua de sinais e outra língua falada, habilitando o aluno como tradutor e intérprete do idioma escolhido, estes profissionais são facilmente absorvidos pelas empresas e escolas, em virtude da política nacional de educação inclusiva, e pela demanda ser inversamente proporcional aos profissionais certificados.

É comum popularizar as expressões tradutor e intérprete dando a impressão de que são sinônimas; no entanto, são profissões distintas, como já demonstrado neste capitulo, muito embora a formação básica seja a mesma, há diferença, pois, sinteticamente, o tradutor se atém à tradução de textos escritos, ao passo que o intérprete faz a tradução de textos orais.

A profissão do intérprete, apesar da existência da Lei n. 12.319/2010, não é regulamentada pelo Ministério do Trabalho; portanto, em tese, qualquer pessoa poderá exercê-la, desde que tenha no mínimo o ensino médio e o certificado de proficiência. Encontra-se em tramitação na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei n. 9.382/2017, que dispõe sobre o exercício profissional e condições de trabalho do profissional tradutor, guia-intérprete e intérprete de LIBRAS, revogando a Lei n. 12.319, de 1º de setembro de 2010.

Se aprovada a norma dará mais valorização e segurança na atuação do profissional, estabelecerá jornadas de 6 horas diárias ou de 30 horas semanais, sendo que o trabalho de tradução e interpretação superior a uma hora de duração deverá ser realizado em regime de revezamento, com, no mínimo, dois

profissionais. Pelo projeto, conforme artigo 2º, o exercício dessas profissões será privativo para:

Art. 2º O exercício da profissão de tradutor, guia-intérprete e intérprete é privativo: I – dos portadores de diploma em cursos superiores de bacharelado em tradução e interpretação em LIBRAS - Língua Portuguesa ou em Letras com habilitação em tradução e intepretação de LIBRAS e Língua Portuguesa, oficiais ou reconhecidos pelo Ministério da Educação; II – dos portadores de diploma em cursos superiores em outras áreas que, na data de publicação desta Lei, tenham sido aprovados em exame de proficiência em tradução e interpretação em LIBRAS - Língua Portuguesa; III – dos portadores de diploma em cursos superiores em outras áreas que possuírem diplomas de cursos de extensão, formação continuada ou especialização, com carga horária mínima de 360 (trezentos e sessenta horas) e tenham sido aprovados em exame de proficiência em tradução e interpretação em LIBRAS - Língua Portuguesa; IV – dos profissionais habilitados nos termos do art. 4º da Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010, até a data de publicação desta Lei; V – dos profissionais que comprovarem atuação de 5 anos, até a publicação desta Lei; VI – dos portadores de certificado de exame de proficiência em Tradução e Interpretação de LIBRAS - Língua Portuguesa, até a data de publicação desta Lei

O processo de formação exige significativo conhecimento da língua falada e aquela a ser traduzida; durante o processo, o indivíduo pode optar pela especialização como PROFESSOR: Proficiência no ensino da LIBRAS: Atuar como instrutor, ou ainda, INTÉRPRETE: Proficiência no uso da LIBRAS - Atuar como intérprete. Para ingressar neste universo é preciso fazer curso de LIBRAS, o Decreto nº. 5.626/2005 define o meio pelo qual o interessado deve obter a formação de tradutor e intérprete de LIBRAS, em nível médio, deve ser realizada por meio de:

I - Cursos de educação profissional; II - Cursos de extensão universitária; e

III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições credenciadas por secretarias de educação.

Parágrafo único. A formação de tradutor e intérprete de LIBRAS pode ser realizada por organizações da sociedade civil

representativas da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.

Destaca também sobre a formação do professor de LIBRAS e do Instrutor:

Art. 4 o A formação de docentes para o ensino de LIBRAS nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: LIBRAS ou em Letras: LIBRAS/Língua Portuguesa como segunda língua.

Art. 5 o A formação de docentes para o ensino de LIBRAS na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que LIBRAS e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue (BRASIL, 2005, p. 4).

O Governo Brasileiro, por meio de seu Ministério da Educação (MEC), instituiu o Exame nacional de Proficiência do Ensino da Língua Brasileira de Sinais (Prolibras) que é uma prova de proficiência, a fim de atender o referido Decreto, diante da necessidade de profissionais fluentes.

Até 2009 as provas de certificação eram realizadas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e habilitou cerca de 5.128 profissionais. Os profissionais aprovados nos exames podem trabalhar no ensino da língua e como intérpretes de LIBRAS para o português e vice-versa. Os que receberem certificado de nível médio estão aptos a lecionar na educação básica e os instrutores e intérpretes de nível superior podem trabalhar em todos os níveis.

Tabela 2 - Certificações de TIL no Brasil

ANO CERTIFICADOS 2006 1.349 2007 1.511 2008 1.283 2009 985 Fonte: Pesquisador

A Resolução DE-38 de 19/06/2009 dispôs sobre a admissão de docentes com qualificação em LIBRAS nas escolas da rede estadual de ensino:

Art. 2º [...]

§ 2º - Os candidatos devem ser portadores de diploma de licenciatura plena, para atuação nas séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, ou de curso de nível médio com habilitação em Magistério, para atuação nas séries iniciais do Ensino Fundamental, e apresentar pelo menos um dos seguintes títulos:

1 - diploma ou certificado de curso de graduação ou de pós- graduação em Letras - LIBRAS;

2 - certificado de proficiência em LIBRAS, expedido pelo MEC; 3 - certificado de conclusão de curso de LIBRAS de, no mínimo, 120 (cento e vinte) horas.

A partir de 2011, o Programa Nacional para Certificação de Proficiência em Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Prolibras) passou a ser realizado pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão vinculado ao Ministério da Educação, com sede no Rio de Janeiro. O Instituto forma profissionais surdos e ouvintes no curso bilíngue de pedagogia, experiência pioneira na América Latina; a modalidade, em breve, vai funcionar também pelo sistema de Ensino a Distância (EAD). (BRASIL- MEC, 2011)

O Prolibras certificará: a) pessoas, prioritariamente surdas, fluentes em LIBRAS, aprovadas no exame interessadas em ser professores ou instrutores da LIBRAS; b) pessoas, ouvintes, fluentes em LIBRAS, tradução e interpretação de LIBRAS/Língua Portuguesa/LIBRAS, interessadas em exercer esta função, principalmente nas instituições de ensino (Relatório Prolibras, de 2008 a 2010).

No Brasil existem inúmeras instituições credenciadas que oferecem curso de LIBRAS, tanto presenciais quanto por EAD (Ensino a Distância); contudo, para o curso de tradutor intérprete ter formação satisfatória é necessário que curso básico de LIBRAS tenha carga mínima de 180 horas. O curso de formação de tradutor e intérprete em LIBRAS tem por objetivo formar profissionais com competências e habilidades em LIBRAS x Português e Português x LIBRAS, de acordo com o Decreto Nº 5.626/2005 e a Lei nº 12.319/2010, contudo, para estar

apto a adentrar no mercado da educação, o egresso dever passar pelo crivo do Prolibras.

No Distrito Federal, há uma escola pública, localizada na cidade de Taguatinga, que é uma referência mundial no ensino bilíngue, para surdos. Trata- se da Escola Categoria 21: é uma escola bilíngue que atende crianças a partir dos 2 anos até o Ensino Médio, contemplando também a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e aula de LIBRAS para a comunidade.

A proposta da escola é completamente inclusiva onde surdos e não surdos possam ter acesso ao aprendizado da Língua de LIBRAS. A abertura do ensino para a comunidade tem o condão de difundir a cultura do surdo, integrar surdos e ouvintes através do respeito pelas diferenças. Este processo basicamente culmina em retirar o surdo do isolacionismo social, provocado pelas barreiras à comunicação.