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CAPÍTULO 4. MODELOS DE GESTÃO

4.2 MODELO COMUNITÁRIO – ESCOLA COMO COMUNIDADE

Este modelo abrange uma gestão participativa, onde a comunidade colabora na formulação dos projetos educacionais e integra o núcleo educacional como parceiro modificador de cultura. Este modelo se apresenta como um sistema mais cooperativo, onde todos os atores tem conhecimento da estrutura organizacional e trabalham em prol de um objetivo único, contudo, há que se ter cautela, para que o caos não se instale.

De acordo com Araújo (2013, p. 61), a gestão democrática está relacionada a um ambiente participativo, o que implica trabalho coletivo e compartilhado para atingir objetivos comuns, tendo por compromisso promover a participação de todos os atores envolvidos no contexto educacional, ou seja, direção, professores, pais, profissionais e outros representantes da comunidade local.

O processo democrático se aproxima do modelo comunitário, pois nele os atores estão imbuídos em alcançar a melhor eficiência dos projetos desenvolvidos; juntos, Direção, professores, corpo administrativo, pais e alunos, cada qual exercendo seu papel dentro da organização, almejam os melhores resultados no âmbito financeiro, administrativo-pedagógico, de infraestrutura, de formação e, qualificação de mão de obra e por fim, de resultado acadêmico.

Segundo Figueiredo & Castanheira (2013, p. 5) no modelo colegial as organizações tomam suas decisões através de um processo consciencioso de discussão. O poder é compartilhado entre alguns ou todos os membros da organização que, em tese, conhecem e entendem os objetivos da instituição. Aqueles que estão na liderança, são vistos como facilitadores do processo participativo, buscam responder aos anseios e às necessidades dos demais e procuram oportunidades para testar e criar novas iniciativas de política, neste modelo, a autoridade que resulta da experiência é mais valorada do que aquela que deriva do cargo formal (apud Bush, 2011, n.p).

O nível de participação dada ao coletivo define o estilo de gestão e é o gestor escolar, através de sua liderança, quem delineará o clima educacional. O clima de uma escola é o conjunto de efeitos individuais percebidos pelas pessoas, quando interagem com a estrutura formal, bem como o estilo dos gestores escolares, influenciando nas atitudes, crenças, valores e motivação dos alunos, professores e demais membros da comunidade escolar (Silva, 2001, p. 54).

Para implantar um modelo comunitário ou colegial é necessária uma mudança de cultura, uma conscientização coletiva do que é uma gestão democrática participativa; deve haver uma transformação no pensamento pedagógico dos docentes e discentes, para reconhecer as demandas desse novo modelo de gestão, e as necessidades e desejos expressos pela comunidade escolar. (Araújo, 2013, p. 53)

Para a consolidação da gestão democrática é importante que haja a participação de todos os sujeitos nas decisões, uma vez que:

Para a concepção democrática, a participação nas decisões coletivas é um bem a ser promovido, pois é específico do homem participar da vida política, sem o que o indivíduo não se realiza plenamente, torna-se alienado ou perde sua característica de ser livre, na medida em que a liberdade é entendida no seu sentido positivo de participação (Silva, 2010, p. 40).

A participação é a base deste modelo; segundo Silva (2010, p. 40) é um instrumento formado pela cooperação, solidariedade e responsabilidade. “A participação deve ser pensada como forma de vida, com um bem em si mesma, como promotora da coletividade, que visa formar pessoas na sua totalidade como membro de uma comunidade”.

A abordagem do trabalho de gestão com a participação dos diferentes segmentos da escola e da família demonstra as mudanças que se processam na sociedade atual e que a escola tem de acompanhar. É com base nestes novos paradigmas da sociedade democrática, que se fundamenta melhor a compreensão sobre a realidade e os processos que a constroem.

O gestor deve coordenar as ações, atuando como facilitador, como o ator que possibilita os meios e espaços para a participação assumindo um papel de coordenador democrático do processo, bem como um conjunto de responsabilidades de forma compartilhada com os diferentes segmentos colocando a participação da comunidade como prioridade nas demandas contemplando a gestão democrática e participativa, (Oliveira, 2013, p. 16-17)

A interação da comunidade com a escola proporciona ao gestor uma visão mais aprimorada das necessidades e dificuldades, no aspecto educacional, interativo e social dos alunos; esta experiência contribui para melhorar a eficiência e a eficácia das metodologias de ensino e de interação.

A relação entre os atores deve ser harmônica e de cooperação, fortalecendo o papel da comunidade nos mecanismos de controle, decisão e avaliação, o que “facilita, na verdade, o empenho de todos os membros na consecução das metas da organização e a ligação do sucesso individual ao sucesso da empresa, tornando simultaneamente mais difícil a ocorrência de conflitos de interesses. Aqui a socialização desenvolve-se em redor de uma meta colectiva, de tal modo que os

indivíduos farão o que estiver de acordo com o bem comum” (Estevão, 2018. p. 32)

A democratização tem início dentro da escola com a participação de todos os atores interessados e envolvidos no processo educativo na construção do projeto político-pedagógico, que, de acordo com Veiga (2003, p. 29) “é um processo de vivencia democrática e medida que todos os segmentos que compõem a comunidade escolar e acadêmica participam dela”

Chiavenato (2010, p. 10), confirma que o conceito de gestão deve contemplar tanto o interesse das pessoas quanto das organizações. Torres (2011, p. 91-109) complementa que as ações de uma gestão escolar democrática e participativa estão associadas ao compartilhamento de responsabilidade e decisão.

A criação de ambientes participativos é, pois, uma condição básica da gestão democrática, uma vez que dá às pessoas a oportunidade de controlar o próprio trabalho, ao mesmo tempo em que se sentem parte orgânica de uma realidade e não apenas apêndice da mesma ou um mero instrumento para a realização dos seus objetivos institucionais. (Lück, 2000, p. 27)

A participação caracteriza-se por uma força de atuação consistente pela qual os membros da escola reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e dos seus resultados. Esse poder seria resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir em torno de questões que lhe dizem respeito (Lück, 1998, p. 13-17).

Um gestor que queira introduzir com sucesso um modelo democrático participativo em sua instituição de ensino, deve ter a argúcia de entender que o caminho está em angariar a cooperação eficaz de todos os envolvidos, estimulando o diálogo e a participação, permitindo que as decisões sejam

tomadas em conjunto com os diversos segmentos da comunidade escolar e superar o modelo centralizador.

A instituição de Ensino passa a ter um papel agregador, centralizador, onde a gestão baseia-se numa política que favoreça os processos coletivos e participativos de todos os atores: pais e comunidade, colaboradores técnicos, direção e coordenação, setor pedagógico e professores a alunos, nos diferentes níveis de comando e liderança.