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Em CoPs o desenvolvimento desta zona mental é verificado, quando em interações regulares, participantes novatos e inexperientes aprendem com os mais experientes e, na geração de conhecimentos individuais e coletivos, aperfeiçoam suas práticas.

CoPs são ferramentas que podem ser utilizadas no contexto de aprendizagem no trabalho em qualquer tipo de organização para a melhoria de seus processos, proporcionando o desenvolvimento individual e coletivo, aliado à consecução dos objetivos institucionais e à entrega de benefícios para a sociedade. Elas se caracterizam em ambientes de aprendizagem colaborativa e na construção de conhecimento para que membros e instituições sejam beneficiados.

Um benefício para os membros ao participarem de uma CoP, é a oportunidade de formação. E essa formação no e para o trabalho requer enfoque na perspectiva da EPT, essencialmente quanto à FHI.

Assim, passaremos a tecer os conceitos da FHI que fazem relações com CoP nesta pesquisa.

Sob a contingência das necessidades dos trabalhadores, o trabalho deve não somente preparar para o exercício das atividades laborais, mas também para a compreensão dos processos técnicos, científicos e histórico-sociais que lhe são subjacentes e que sustentam a introdução das tecnologias e da organização do trabalho (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2012, p. 750).

A concepção educativa do trabalho alcança sua finalidade quando o sujeito conhece a importância do trabalho para a constituição do gênero humano. A apropriação dos elementos culturais que constituem o homem permite a compreensão de que o trabalho é o meio de produção e de reprodução da vida de cada ser humano (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2011, p. 751).

Um projeto de educação integral de trabalhadores que tenha o trabalho como princípio educativo articula-se ao processo dinâmico e vivo das relações sociais, pressupondo-se a participação ativa dos sujeitos, como meio de alimentar de sentido a ação educativa mediada, repensada, renovada, e transformada continuamente, dialeticamente. Enfatiza a construção coletiva do conhecimento a partir da socialização dos diversos saberes e da realização de um trabalho integrado entre educadores, incorporando os acúmulos advindos das diversas experiências formativas trazidas, individualmente, pelos diferentes sujeitos educadores. (FRIGOTTO, CIAVATTA, RAMOS, 2005, p.71).

A articulação do trabalho como princípio educativo enquanto processo dinâmico das relações sociais, com participação ativa dos sujeitos na busca do sentido de uma educação transformada continuamente e dialeticamente, traz a ideia de que interações colaborativas no trabalho são capazes de desenvolver potencialidades do ser humano e levar para uma FHI.

As CoPs promovem interações colaborativas no trabalho e, por isso, são capazes de contribuir para o desenvolvimento de seus membros, e de suas formações de maneira integral.

No contexto da EPT, há a intencionalidade para que a formação de trabalhadores preconize a capacidade de alcançar a compreensão total do processo, por meio dos mais variados conhecimentos, e que transcenda a teoria, sendo possível que tenhamos trabalhadores intelectuais alinhados com a prática, a realidade concreta e objetiva, num constate repensar da práxis.

Nesse sentido, considerando que uma CoP é um instrumento de aprendizagem no trabalho de forma dialética e cooperativa, ou seja, da construção do conhecimento por intermédio da práxis, repensada e renovada num ato contínuo, fica evidente a perspectiva de contribuição de CoPs para a formação integral de seus participantes.

A ligação entre trabalho e educação se constitui em atividade específica do ser humano. Significa que apenas o homem trabalha e educa. O trabalho como princípio educativo abrange os sentidos ontológico e histórico, uma vez que se refere à práxis humana e permite a compreensão do processo histórico de produção do conhecimento. Refere-se à finalidade da ação educativa de levar os indivíduos à compreensão de que eles são os principais atores da sua formação, por meio do trabalho (SAVIANI, 2007).

A formação integral visa ao desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes que transcendem as necessidades do mercado de trabalho. O desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes de forma integral, quando falamos em educação profissional, pode estar atrelado à aprendizagem organizacional. Dessa maneira, a aprendizagem organizacional deve ser conduzida para que contribua para uma formação profissional integral. A partir disso, trabalhadores irão se tornar aptos para trilharem um caminho autônomo no mundo do trabalho e em sociedade.

É necessário direcionar ações para que a aprendizagem organizacional seja interdisciplinar, com pilares que conduzam ao desenvolvimento de todas as dimensões do trabalhador. Uma ação possível é o desenvolvimento de uma CoP ou VCoP, que seja conduzida para a solução de problemas laborais ao mesmo tempo que contribuirá para a formação integral de seus membros.

A formação integral é promovida com o desenvolvimento das dimensões cognitivas, afetivas, éticas, sociais, lúdicas, estéticas, físicas e biológicas, que devem ser trabalhadas de forma conjugada para assim potencializarem as capacidades de cada indivíduo, a fim de que ele possa evoluir plenamente e ter autonomia para os desafios da vida em sociedade (GUARÁ, 2006).

Outrossim, a formação integral do homem não se dá apenas quando atrelada ao ensino formal e intencional, mas também durante todo o seu processo de desenvolvimento, na vida cotidiana, articulando saberes em diferentes contextos (GUARÁ, 2006), como em uma VCoP desenvolvida em ambiente de trabalho.

A formação integral depende de relações de integração, seja de conteúdos, de projetos ou de intenções. De uma composição de saberes com cultura articulada e da abertura dos projetos individuais, emerge uma renovação de atitudes que socializa o poder, exige a negociação, o reconhecimento e a valorização de outros saberes.

Dessa forma os resultados são mais duradouros para os sujeitos envolvidos (GUARÁ,

2006).

A integração de conhecimentos e saberes na vida social garante ao homem sua sobrevivência, seus relacionamentos pessoais, seu trabalho produtivo e dão sentido a sua vida. A educação integral visa a formação e o desenvolvimento humano de forma global, o que vai muito além da educação que propicia apenas o acúmulo informacional (GUARÁ, 2006).

Diante do que foi abordado nessa seção, instituímos uma VCoP com ações direcionadas para contribuir com a FHI dos seus membros. Para a compreensão das ações tomadas neste estudo, apresentaremos a seguir a metodologia da pesquisa.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do IFRS (Anexo I), conforme metodologia e instrumentos de pesquisa descritos em seguida.