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Formação Integral: Segundo Silva (2010) a educação integral foi defendida como modelo a ser adotada pelos trabalhadores Em 1867, no Congresso (AIT) que se realizou em Lausanne, quando foram

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Educação e agroecologia: tecendo relações

58 Formação Integral: Segundo Silva (2010) a educação integral foi defendida como modelo a ser adotada pelos trabalhadores Em 1867, no Congresso (AIT) que se realizou em Lausanne, quando foram

discutidas nove questões pelos delegados, a quinta questão referia-se: ao papel, ambos os gêneros na sociedade, a educação de criança, a elaboração de um programa de educação integral, James Guillaume relata em seus registros “5ª QUESTÃO. - Funções Sociais. - Papel do homem e da mulher na sociedade. – Educação das crianças. - Ensino integral. - Liberdade de ensino. (...) Ensino cientifico, profissional e produtivo. Estudo de um programa de ensino integral.” Durante o Congresso de Bruxelas, realizado de 06 a 13 de setembro de 1868, a educação integral foi retomada como meta que deveria ser alcançada. As experiências mais divulgadas foram a de Paul Robin, com o Orfanato de Cempuis (1880 - 1894), e A Colméia (1904-1917) de Sebastien Faure; estas e outras empreitadas receberam o apoio crítico dos demais companheiros da Internacional. (GUILLAUME apud SILVA, 2010) Cabe também frisar que inúmeras experiências de educação integral foram inauguradas pelos operários aqui no Brasil. Dentre os pioneiros em nossas terras podemos citar a Escola Eliseu Reclus em Porto Alegre, Escola 1º de Maio com Pero Matera afrente no Rio de Janeiro, e em São Paulo os signatários de Francisco Ferrer y Guardia os diretores Adelino de Pinho, João Penteado e Florentino de Carvalho com as Escolas Modernas que alimentaram os trabalhadores com educação como ferramenta de emancipação integral da classe trabalhadora nas duas primeiras décadas do século XX.

Comentado [C48]: Repetido

Comentado [C49]: Vc usa A maiúsculo e a minúsculo para tratar

formas de agricultura ecológica de alto desempenho energético, que sustentem a necessidade do campo e da cidade. Que possa assim ser o modelo de agricultura a ser implantado nas próximas décadas, rumo ao reequilíbrio ecológico e à sustentabilidade.

O investimento destinado às pesquisas em agroecologia é claramente inferior aos investimentos para o agronegócio59. Porém a agroecologia vem se desenvolvendo nas

universidades e centros de pesquisa. Cursos formais têm levantado a bandeira da agroecologia, e com isso, aberto espaços para que o debate acerca das antigas grades curriculares das agronomias e agropecuárias possam se transformar e acompanhar novas demandas. A preocupação com a formação de profissionais nas áreas agroecológicas é recente, mas já aponta para a pequena modificação no cenário agrário brasileiro. A necessidade de sujeitos que tenham em sua formação uma conscientização ecológica apresenta o desafio de romper com as grades estabelecidas e rígidas existentes no sistema científico de ensino, pesquisa e extensão.

No Brasil, entre outros países, os serviços de extensão rural foram orientados para difundir o modelo de agricultura industrial proposto pela revolução verde, era comum encontrar técnicos que defendiam a opinião de que os agricultores familiares (camponeses) precisavam acompanhar o progresso e sair do “atraso” em que se encontrava o campo brasileiro, isso contribuiu para urbanizar o estilo de vida das áreas rurais.

ABCAR60 (1958: 9) definiria a extensão rural como: “Um sistema educacional e dinâmico, extraescolar, não obrigatório, democrático e informal” (...) uma atividade “orientada em função do meio, com a participação direta, voluntária e consciente da população rural”.

Extender o conhecimento técnico ao agricultor era o método praticado nesta época pelos extensionistas rurais, de forma que o profissional levasse o conhecimento

59 Isso é claro devido à discrepância entre os investimentos ao agronegócio e a agricultura familiar. Dados divulgados no final de novembro de 2015 pela presidenta Dilma Rousseff, apontam que serão disponibilizados recursos na ordem de R$ 136 bilhões para o agronegócio, enquanto a agricultura familiar receberá R$ 21 bilhões, ou seja, 15,4% do total

60 Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural- Fonte: www.portal.mda.gov.br

125 cientifico ao agricultor. O método adotado para essa intervenção foi denominado difusionismo, e não levava em consideração o conhecimento tradicional do agricultor, o que com o tempo, ocasionou a perda do conhecimento popular já presente no modo de vida dessas famílias. Quem regia esse sistema eram os valores do capital internacional, valorizando métodos de adoção de técnicas de produção para urbanização e matéria- prima para as indústrias recém-criadas.

José Augusto Pádua 61 apresenta em seus estudos:

“No período da ditadura militar, foram executadas diversas políticas que influenciaram esse cenário”. Dentre essas políticas estava à renovação dos currículos das escolas agronômicas, influenciado pelos Estados Unidos e a criação, no ano de 1996 do “Sistema Nacional de Crédito” (SNCR), que financiavam pacotes de assistência técnica, com sementes e insumos agrícolas. Houve incentivo para a transformação de grandes propriedades em empresas rurais, ocasionando o abandono das famílias pobres do campo, por falta de financiamento. ”

Os efeitos negativos ocasionados são diversos, como por exemplo: a desterritorialização campesina e desnacionalização de matérias primas e produtos agrícolas para a alimentação. Os efeitos agravaram a exclusão social, a degradação dos ecossistemas e perda da biodiversidade e gerou inchaço urbano ocasionado pelo êxodo rural.

Isso também exerceu graves impactos negativos sobre as culturas rurais que historicamente se desenvolviam em sintonia com os diversos biomas brasileiros. Os povos habitantes dessas áreas rurais se organizavam de forma a cuidar do meio ambiente, o que emprega um caráter conservacionista a eles. Na prática cultural destas populações o conhecimento necessário para manejar os recursos naturais e manter a qualidade de vida, deve ser elaborado no conjunto da comunidade e ser transmitido continuamente ao conjunto das gerações.

Com esse processo histórico, observamos como os valores da vida camponesa, instaurados até então na vida dos sujeitos do campo, foram desarticulados e as formas

61 In: PADUA, José Augusto. A insustentabilidade na agricultura brasileira. Disponível em: <http://www.encontroagroecologia.org.br/files/Apres_Padua.rtf>.

tradicionais de organização social da vida desorganizadas, a ponto de percebemos que em regiões em que a tecnologia da agricultura industrial foi adotada, as identidades locais foram afetadas pelas formas de globalização. O que se procurou difundir não foi apenas uma tecnologia, mas sim um novo modo de vida, uma nova sociedade baseada na industrialização.

Esse formato de extensão rural causou defasagem na construção do conhecimento das famílias agricultoras. Estas confiaram e acreditaram nos conhecimentos oriundos dos técnicos que não se preocuparam em sociabilizar as informações, transferindo e trocando as tecnologias já existentes nas diversas localidade.

Sobre o método de trabalho adotado pelos extensionistas, Paulo Freire comenta este cenário:

“Tal é o dilema do agrônomo extensionista, em face do qual precisa manter-se lúcido e crítico. Se transforma os seus conhecimentos especializados, suas técnicas, em algo estático, materializado e os estende mecanicamente aos camponeses, invadindo indiscutivelmente sua cultura, sua visão de mundo, concordará com o conceito de extensão e estará negando o homem como um ser da decisão. Se, ao contrário, afirma-o através de um trabalho dialógico, não invade, não manipula, não conquista; nega, então, a compreensão do termo extensão. ” (FREIRE, 1983: 29)

Por isso, na atualidade se instaura a necessidade de capacitação de agroecólogos

62, profissionalmente reconhecidos ao redor da América Latina (profissão pouco

reconhecida no Brasil), tem um dos papéis importantes de romper barreiras dentro das universidades para desenvolver a ciência necessária para a realidade camponesa. Segundo Petersen (2007:8):

“Como praticantes de um novo enfoque científico que coloca em xeque os fundamentos conceituais e metodológicos do paradigma convencional de desenvolvimento rural, os agroecólogos têm pela frente o desafio de aprimorar seus métodos e instrumentos de ação”

62 Agroecólogos-http://www.brasilprofissoes.com.br/profissoes/publicas/concursos-carreiras- publicas/agroecologo. Agroecólogo é o profissional especializado na Agroecologia.O objetivo desse profissional é elaborar e executar projetos de produção agrícola socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável

127 Para mudar esse processo é necessário romper com as metodologias verticais e unidirecionais de gerir o conhecimento, abrir os canais horizontais de diálogo entre agricultores e técnicos/engenheiros em diversos âmbitos. Na academia e em outros espaços de diálogos de saberes.

“O agroecólogo necessita uma formação em via dupla, um currículo acadêmico para ser aceito num mercado de trabalho, e um currículo oculto63, ou seja, aquele espaço de aprendizagem necessária diante seus princípios de vida, porém não ofertados pela universidade. ” (LIMA, 2014:)

O que é necessário é a habilidade de comunicação que esses novos profissionais terão que abarcar em sua formação, pois a inserção na realidade social dos agricultores, pode necessitar debates no âmbito de engajamento político para a resolução de determinadas demandas que possam surgir conjuntamente com o trabalho técnico de produção. O que é importante é o profissional agroecólogo ser estimulado desde sua formação a viver a realidade em que vai atuar, de forma que o pertencimento à determinada realidade vai permitir que seu trabalho seja de fato de cunho agroecológico, de forma que possa ocasionar a mudança necessária na localidade.

O agroecólogo é o profissional necessário para realizar a ponte entre os conhecimentos acadêmicos e os conhecimentos populares. Diferente da educação do campo, que forma professores para atuar nas escolas rurais, o agroecólogo é um técnico agroecológico, se possível, socialmente engajado a ponto de modificar o formato de comunicação com o agricultor, não mais estendendo o conhecimento no sentido limitado da extensão rural, mas intercambiando informações necessárias para os avanços tecnológicos das áreas rurais, construindo saberes, conjuntamente com as culturas das populações locais.

63 Currículo oculto- Em seu trabalho ROMANELLI (1997) define currículo oculto da escola como o

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