• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – A CONFIGURAÇÃO DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO PÚBLICO DA

2.3 A Carreira do Magistério Público no município de Oriximiná

2.3.2 Formas de Ingresso na carreira

O ingresso na carreira do magistério público municipal, para compor o Quadro Permanente de Pessoal do Magistério, ocorre por nomeação, precedido de concurso público de provas e títulos em atendimento ao estabelecido no inciso II do art. 37 da CF de 88.

A formação mínima exigida para o ingresso na carreira de professor é o curso de magistério/curso normal de nível médio. Os professores da rede municipal que possuem a formação mínima e aqueles que embora não a possuam, mas que eram servidores efetivos do município antes da aprovação da Lei N.º 7.315/10 integram o Quadro Suplementar Especial.

Cabe registrar que muito embora o PCCR admita a existência de professores com habilitação em nível médio, a oferta de vagas em concurso público para professor com esse nível de formação vem sendo mantida apenas para atuação na área rural do município.

No primeiro Concurso Público (Edital N.º 001/98), realizado em 1999, foram ofertadas 76 vagas para professor com nível superior e 238 vagas para o cargo de professor com Magistério. Neste Edital, as vagas não foram distribuídas entre área urbana e rural.

Em 2005, o município realizou o segundo Concurso Público (Edital N.º 001/2005), com o cuidado de especificar a quantidade de vagas para a área urbana e rural. Foram ofertadas 129 vagas para professor com nível superior, destas, 34 eram destinadas para área rural e 95 para a área urbana. Para professor de Magistério abriram-se 290 vagas, sendo que 80 eram destinadas à área urbana e 210 à área rural.

O terceiro concurso público foi realizado em 2008 (Edital N.º 001/2008). Neste concurso, não foram ofertadas vagas para professor com nível superior. Em relação ao professor Magistério, ofereceu-se somente 68 destinadas à área rural. O referido Edital especificou o número de vagas por comunidades da área rural.

Em 2010, ao realizar o quarto Concurso Público (Edital Nº. 001/2010), o município ofertou 33 vagas para professor com nível superior, sendo todas direcionadas à área urbana. Foram também ofertadas 103 vagas para professor Magistério, sendo todas direcionadas para a área rural. Neste Edital, o número de vagas foi especificado não mais por comunidade, mas por escolas da área rural.

O fato do município insistentemente ofertar vagas para o cargo de professor com formação em nível médio para a área rural revela a dificuldade de recrutamento destes profissionais para atender a demanda de alunos que encontram-se matriculados na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental. Esta situação não deve ser diferente se considerarmos a demanda de alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental, etapa da educação básica para a qual se exige que o professor tenha formação em nível superior.

Em atendimento ao disposto na EC N.º 19/98, a Lei N.º 7.315/10 (PCCR), no seu art. 59, determina que o servidor do magistério, ao ser nomeado para o cargo de provimento, ficará submetido ao Estágio Probatório por um período de três anos, tempo em que seu desempenho no cargo será avaliado com base nos seguintes critérios: idoneidade moral; assiduidade; pontualidade; disciplina; produtividade; qualidade de Trabalho; e adaptação ao Trabalho (art. 59). O Parágrafo Único deste mesmo artigo dispõe que o Estágio Probatório corresponde a uma complementação do processo seletivo, devendo os Profissionais do Magistério Público ser avaliados por uma comissão designada pela Secretaria Municipal de Educação, composta por

cinco integrantes, sendo: dois representantes indicados pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais; um representante indicado pelo COMEO; um representante indicado pela Diretoria de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Administração; e um servidor do quadro efetivo indicado pela SEMED.

A estabilidade no serviço público só se dará após os três anos de Estágio Probatório. O servidor estável, de acordo com o art. 22 da Lei N.º 6.116/ 99 (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos de Oriximiná), só poderá perder o cargo mediante processo administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurado ampla defesa, em razão de sentença judicial transitada e julgada ou mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, a ser regulamentada em lei complementar.

Para atender a demanda de alunos matriculados em sua rede de ensino, além dos professores que integram o Quadro Permanente de Pessoal do Magistério e o Quadro Suplementar Especial, o município de Oriximiná recorre ao contrato temporário de professores. Esse tipo de contrato é regulamentado pela Lei Municipal N.º 6.059/97, que dispõe sobre a admissão de pessoal por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme disposto no inciso IX do art. 37 da CF de 88.

De acordo com o art. 2º da Lei N.º 6.059/97 considera-se como necessidade temporária de excepcional interesse público as seguintes situações:

Art. 2º [...]

I- Assistência a situações de calamidade pública; II- Combate a surtos endêmicos;

III- Falta ou insuficiência de pessoal para a execução dos serviços essenciais;

IV- Necessidade de implementação imediata de um novo serviço;

V- Greve dos servidores públicos, quando declarada ilegal ou abusiva pelo órgão judicial competente;

VI- Atividades relacionadas com encargos temporários de obras e serviços de engenharia, limpeza, vigilância de patrimônio e outras atividades que não estejam no plano de cargos e salários do município (ORIXIMINÁ, 1997, grifo nosso).

Assim sendo, a contratação de professores temporários se enquadra no inciso III do art. 2º da Lei N.º 6.059/97, por ser a educação um serviço essencial a ser garantido pelo poder público à população. O art. 3º da Lei em questão determina que o recrutamento do pessoal a ser contratado deverá ser feito mediante processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgação, prescindindo de concurso público e o art. 4º dispõe que as contratações deverão ser feitas pelo prazo máximo de 12 (doze) meses, prorrogável, no máximo, por igual período, uma única vez. A Tabela 14 apresenta o número de professores contratados no período de 2006 a 2013.

Tabela 14 – ORIXIMINÁ – Número de professores contratados (2006-2013)

ANO Área Urbana Área Rural TOTAL

2006 5 122 127 2007 5 110 115 2008 8 102 110 2009 21 148 169 2010 7 152 159 2011 0 123 123 2012 0 123 123 2013 5 150 155

Fonte: Setor de Informação e Estatística/SEMED, 2013.

Os dados da Tabela 14 revelam que o número de professores contratos, em 2013, cresceu 22% em relação a 2006. Se considerarmos os dados apresentados na Tabela 09, em 2013 os número de professores contratados representam 17,8 % do total de professores do município. Além disso, muito embora tenha sido realizado, na série histórica em análise, dois concursos públicos (2008 e 2010) com maior número de oferta de vagas destinadas à área rural, os dados da Tabela 14 mostram que o número de professores contratados para atuar na área rural é significativamente maior. Esses dados revelam que o município tem dificuldades em recrutar professores para atuar na área rural, certamente por falta de uma política de incentivo, posto que ao professor da área rural é garantido, no inciso VI do art. 99 da Lei N.º 7.315/10 (PCCR), apenas uma gratificação de auxílio Transporte no percentual de 10 % (dez por cento) incidente sobre o vencimento base, desconsiderando assim a distância e as dificuldades de acesso às diferentes comunidades do meio rural.