• Nenhum resultado encontrado

Contudo, mesmo com o objeto estudado, é de extrema necessidade informar sobre

suas formas de prevenção por ambas as partes (tanto empregado como também empregador),

de modo a evitar ou pelo menos diminuir a freqüência e o risco dos acidentes.

Adotando-se uma visão prevencionista, deve-se considerar como causa de acidentes qualquer fator que, se não for removido a tempo, conduzirá ao acidente. A importância deste conceito reside no fato incontestável de que os acidentes não são inevitáveis e não surgem por acaso, mas sim são causados e passíveis de prevenção, pelo conhecimento e eliminação, a tempo, de suas causas. (MARTINS, JUNIOR, MENEZES, 2010, p. 85).

Ao olhar preventivo, os acidentes ocorrem por fatores não removidos a tempo, assim

serão inevitáveis e não surgem por um acaso, pois são de possível prevenção.

Porém essa visão é um tanto restrita, ressaltando o artigo 21 da Lei 8.213/91 com

todas as suas entidades equiparadas ao acidente do trabalho, portanto assim inexistiriam

quaisquer outros tipos de acidentes a não serem aqueles sofridos no ambiente trabalhista.

De modo que isto não exime o empregador e as empresas de manter os serviços

especializados em segurança e medicina do trabalho, estabelecido no dispositivo 162 da

Consolidação das Leis do Trabalho.

As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho. Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo estabelecerão: a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza do risco de suas atividades; b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa, segundo o grupo em que se classifique na forma da alínea anterior; c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de trabalho; d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho, nas empresas. Art. 162 com a redação dada pela Lei 6.514, de 22.12.1977. (SARAIVA, LINHARES, TONASSI, 2017, p.151).

Assim, os referidos órgãos para as medidas de segurança serão a CIPA (Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes) e o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de

Segurança e em Medicina do Trabalho). Cujo quais têm regulamentação especifica em suas

Normas Regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho.

A CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar permanentemente compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A tarefa da CIPA é “cuidar e zelar por adequadas e seguras condições nos ambientes de trabalho, observando e relatando condições de risco, solicitando ao empregador medidas para reduzi‐ los e eliminá‐ los, bem como para prevenir a ocorrência de acidentes e doenças. Cabe‐ lhes, ainda, orientar os trabalhadores e empregadores quanto à prevenção de tais eventos”. Sua constituição é obrigatória em todos os estabelecimentos especificados nas instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho (NR‐ 5, Portaria do Ministério do Trabalho n. 3.214/78). [...]. O número de empregados e o grau de risco são os critérios adotados pela NR‐ 5 da Portaria do Ministério do Trabalho n. 3.214/78 para se avaliar se a CIPA deve ou não ser constituída. [...]. Regulamentando o referido artigo e dando cumprimento às exigências previstas em seu parágrafo único, a NR‐ 4 da Portaria n. 3.214/78 do Ministério do Trabalho disciplina detalhadamente a constituição, a composição e as atribuições nas empresas do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). O SESMT tem a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. A empresa está obrigada a manter o SESMT de acordo com a quantidade de empregados e o grau de risco da atividade principal, composto, conforme o caso e de acordo com o

dimensionamento estabelecido pela NR‐ 4 da Portaria n. 3.214/78 do Ministério do Trabalho, por médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho. [...]. O SESMT é caracterizado como um órgão essencialmente prevencionista, estando voltado para a eliminação dos riscos existentes no ambiente de trabalho. Nesse sentido, deve exercer atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores e do empregador para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. (ROMAR, 2013, p. 683-685).

A CIPA e o SESMT são organizações dentro da empresa que asseguram a prevenção e

redução de acidentes, auxiliando os empregados e empregadores de forma recíproca na

manutenção da segurança no âmbito laboral, concretizando um controle de riscos e medidas

corretivas dos mesmos.

Ressalta-se ainda a extrema importância de fornecimento de EPI’s (Equipamento de

Proteção Individual) ao trabalhador também para a prevenção de acidentes e doenças

advindas do exercício do trabalho, estabelecido no artigo 166 da CLT:

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. (BRASIL, Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: https://bit.ly/1vTymS6).

Compreendendo então, não sendo suficientes as medidas de ordem geral é necessário

o fornecimento destes equipamentos adequando-se ao risco da atividade exercida e em

perfeito estado de conservação.

Por conseguinte a CIPA e o SESMT deverão informar ao empregador sua devida

distribuição e aos empregados sua correta utilização, conforme previsto na NR-6 do

Ministério do Trabalho.

Em resumo, todo empregador tem a obrigação legal de proteger a saúde e a integridade física do seu empregado contra os riscos ocupacionais, mantendo um meio ambiente de trabalho adequado e seguro, por meio da implementação de medidas de proteção coletiva ou, quando essas não forem viáveis, pelo fornecimento gratuito e em perfeito estado de conservação e funcionamento do EPI adequado à atividade do empregado. É também obrigação do empregador treinar o empregado e tornar obrigatório o uso do equipamento; caso contrário, responderá pelo pagamento de multas, por indenizações de natureza material e moral e até criminalmente, no caso de lesão grave ou morte do trabalhador. E o empregado está legalmente obrigado a usar em suas atividades o EPI que o empregador lhe forneceu, devendo mantê-lo e conservá-lo, podendo sofrer sanções se negar a fazê-lo. Os EPIs, portanto e segundo a NR-6, têm caráter suplementar ou complementar, devendo ser adotados em adição às medidas de proteção de ordem coletiva, quando estas se demonstrarem

insuficientes à completa proteção do trabalhador, nas situações emergenciais, durante a fase de implementação das medidas de proteção coletiva ou, finalmente, quando houver total impossibilidade de implantar as referidas medidas. (AYRES, CORRÊA, 2017, p. 259).

Concluindo, todo empregador tem a obrigação de cuidar e proteger a saúde e

integridade física de seu empregado com medidas adequadas de proteção e instalação de

órgãos responsáveis para tanto, com o devido fornecimento de equipamentos e treinamento de

uso, isto caso não o faça resultará em multas, indenizações e penalizações. Bem como o

empregado resguarda o ônus da utilização da proteção concedida, sofrendo sanções ao deixar

de fazer, conforme previsto em na Lei 8.213/91, parágrafos seguintes do artigo 19.

[...] § 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador. § 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho. § 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. § 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o Regulamento. (BRASIL, Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991 – Previdência Social. SARAIVA, 2014, p. 1534).

Documentos relacionados