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de Vida no Trabalho (EAA_QVT)”

Passo 5: Formulação do Programa de QVT

No que consiste esta etapa de formulação do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT)? Ela consiste na elaboração do conjunto de projetos em Qualidade de Vida no Trabalho que deve ser, efetivamente, implementado pela organização. Se alguns dos temas abaixo foram, por exemplo, avaliados negativamente, eles podem dar origem a projetos do tipo:

Projeto 1: Promovendo Condições Ergonômicas de Trabalho Projeto 2: Praticando o Reconhecimento no Trabalho

Projeto 3: Disseminando Valores de Qualidade de Vida no Trabalho Um programa sustentável em QVT requer um tratamento institucional com o estatuto de “política de governança”. Para tanto, é importante que o Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) faça parte do planejamento estratégico da organização, tenha previsão orçamentária, recursos financeiros definidos, estrutura operacional de suporte ao desenvolvimento dos projetos.

Definições: Projetos, Ações, Indicadores

Os projetos são iniciativas de promoção de QVT, voltadas para o enfrentamento de temáticas mais complexas, por exemplo, mudança no modelo de gestão do trabalho. A concepção, a operacionalização e a avaliação de projetos de QVT devem ter um horizonte pré-definido, pois uma das características dos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) é ter “prazo de validade”. As ações, propriamente ditas, são medidas mais pontuais de QVT, menos complexas, que não necessariamente requerem a elaboração de um projeto. Por exemplo, instalação de suportes de documentos em monitores nas estações de trabalho.

Um fator, absolutamente estratégico, para monitorar e avaliar o andamento de projetos e das ações de QVT consiste em estabelecer indicadores concretos. O que são esses indicadores?

Qualidade de Vida no Trabalho.

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rabalhador es . FERREIRA , Mário César . E diç ões LP A , Br asília, DF: 2011

Os indicadores de QVT expressam um conjunto de informações empíricas (de natureza quantitativa e qualitativa) que engloba aspectos epidemiológicos, comportamentais e perceptivos e permitem avaliar e monitorar a Qualidade de Vida no Trabalho no âmbito organizacional.

Exemplo de indicador epidemiológico: Quantidade de licenças dos

servidores em um ano por motivo de estresse (ex. R53 mal-estar e fadiga e Z73.0 esgotamento).

Exemplos de indicadores comportamentais: (a) ocorrência de um

aci-dente no local de trabalho; (b) ocorrência de um conflito com o usu-ário dos serviços prestados pelo órgão.

O estabelecimento de indicadores é importante nos Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT), pois eles possibilitam:

Identificar os fatores que intensificam o Custo Humano do Trabalho

(CHT), agregam dificuldades para os trabalhadores construírem Estra-tégias de Mediação Individual e Coletiva (EMIC) eficazes e terminam, portanto, impactando negativamente nas vivências de bem-estar no trabalho.

Monitorar a evolução dos fatores que repercutem na Qualidade de

Vida no Trabalho dos servidores, colocando em risco a satisfação de cidadãos-usuários ou clientes, consumidores e também comprome-tendo os objetivos organizacionais.

Fornecer subsídios para a gestão (planejamento, execução e

avalia-ção) do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho. Os principais tipos de indicadores são os seguintes:

Epidemiológicos: Englobam os fatores relativos à saúde dos

traba-lhadores e se expressam por meio de queixas e agravos (problemas de saúde) que podem ocasionar afastamentos médicos. Exemplos: reclamações e queixas que forneçam indícios de problemas de saúde ou de mal-estar no trabalho; afastamentos por licença-saúde; alcoo-lismo, depressão, estresse, DORT; gastrite.

Comportamentais: Englobam as condutas dos trabalhadores em

re-lação ao emprego (lotação, trabalho, ambiente) e se expressam por meio de desempenho, modos de agir e atitudes. Exemplos: erros, retrabalho, absenteísmo, presenteísmo, nomadismo organizacional (trabalhadores que “perambulam” pelas unidades organizacionais porque são mal avaliados por chefias e colegas), entre outros. Nesta

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modalidade é importante construir um método que quantifique os tipos, as freqüências, os locais de ocorrência, os tipos de tarefas, as causas, as conseqüências etc.

Em face da complexidade no manejo deste tipo de indicador é mui-

to importante: (a) possibilitar a participação efetiva (concepção, planejamento, execução, avaliação) dos trabalhadores na elabora-ção e validaelabora-ção do método de avaliaelabora-ção e monitoramento; (b) ex-pressar inequívoco respeito às diferenças organizacionais do órgão ou empresa (singularidades das unidades administrativas) e de per-fil dos trabalhadores lotados em diferentes áreas; e (c) adotar rigor científico (conceitual e metodológico) na definição dos indicadores comportamentais de QVT.

Apreciativos: Englobam as avaliações que os trabalhadores fazem

da Qualidade de Vida no Trabalho e se expressam com base, princi-palmente, nos seguintes fatores: condições, organização e relações socioprofissionais de trabalho; reconhecimento e crescimento profis-sional; elo trabalho-vida social.

Os espaços de fala constituem em uma modalidade de indicador 

apreciativo, na medida em que os trabalhadores podem, livremen-te, se expressar sobre o que fazem e as fontes vivenciadas de bem-estar e de mal-bem-estar no trabalho e, sobretudo, proporem medidas para a promoção de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) nos locais onde eles atuam.

Pré-Validação: Gestores e Equipe Multiprofissional

Aqui a tarefa consiste em submeter o Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) à avaliação de dirigentes, gestores e equipe multiprofissional. O cuidado fundamental que deve ser tomado é verificar se o programa elaborado mantém coerência, alinhamento, compatibilidade... com os produtos das duas etapas anteriores: (a) os resultados e mensagens principais produzidos pela etapa do diagnóstico; (b) o conteúdo da política aprovada. O programa QVT precisa se manter nos “trilhos” das etapas que antecederam a sua elaboração. Assim, o objetivo desta pré-validação é “passar um pente fino” no conteúdo e forma do PQVT, antes de submetê-lo à validação do público-alvo.

A análise de pré-validação deve ser orientada por uma espécie de

check-list que visa, sobretudo, garantir coerência interna de conteúdo

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algumas questões podem ser úteis: Os projetos estão, tecnicamente, bem elaborados (estrutura, forma, redação)? Os projetos e ações delineados são compatíveis com os recursos necessários e disponíveis? Eles contemplam tanto os indicadores negativos constatados (produtores de mal-estar no trabalho e colocam em risco a saúde) quanto os indicadores positivos (produtores de bem-estar no trabalho e promotores de saúde)? Eles estão hierarquizados por importância e prioridades?

Validação do Programa de QVT com o Público-Alvo

Esse momento da condução do projeto é marcado por grande expectativa, pois a validação do programa de QVT implica para os participantes saberem, concretamente, o que será feito para atacar os indicadores negativos que eles apontaram e, ao mesmo tempo, promover a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na organização onde trabalham. A participação do público-alvo nesta fase é essencial, pois agrega confiabilidade no processo e, se bem conduzida, autoriza um prognóstico positivo sobre o sucesso do programa de QVT. Tal qual na política, há, entre outras, duas formas básicas para se realizar a validação e que podem ser empregadas em conjunto ou separadas:

Realização de oficinas de validação: Elas devem ser

cuidadosamen-te planejadas e, sobretudo, preverem dinâmicas que estimulem uma efetiva participação do público-alvo. A composição das oficinas deve ser feita com base em pessoas e grupos representativos dos extra-tos que caracterizam o público-alvo (ex. faixas etárias diferenciadas, equilíbrio de gênero).

Divulgação do programa: Disponibilização do texto completo do

pro-grama de QVT na intranet da organização para a consulta pública e sugestões vindas do público alvo, durante um período de tempo pré-definido (1 a 2 semanas). Nesse caso, o trabalho de divulgação é mui-to importante, pois ele pode aumentar o número de participantes. O rol de comentários e sugestões feito pelos participantes da validação tem um valor estratégico para o ajuste e o aprimoramento do programa de QVT formulado. Esse conteúdo (comentários e sugestões) precisa ser analisado criteriosamente (ex. fazendo uso da técnica de análise de conteúdo de Bardin, 1977): ordenando, categorizando, hierarquizando e tematizando as contribuições que visam à melhoria da concepção do programa. O parâmetro básico, é importante reiterar, é zelar para que haja um fino e

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rigoroso alinhamento entre o conteúdo do programa com os resultados do diagnóstico e a formulação da política. Qualquer sugestão para se incluir uma ação ou projeto novo, claramente descolado dos resultados do diagnóstico, não é recomendável. A validação do programa de QVT é o momento de ser fiel à “voz coletiva” que ecoou do diagnóstico. Por fim, do mesmo modo da política, é muito importante a aprovação final pelos dirigentes, pois eles são os avalistas e os co-responsáveis pela implementação do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT), validado pelo público-alvo.

Divulgação do Programa de QVT

A versão final do programa de QVT deve ser amalgamente ao realizado com relação à política, tal como foi feito com a política, objeto de divulgação a mais ampla possível na organização. As formas que podem ser empregadas são abundantes: confecção de folders, cartilhas, jornal institucional, banners; produção de vídeos; preparação de mídias eletrônicas; realização de palestras. A disponibilização da versão completa do PQVT no formato, por exemplo, de arquivo pdf é uma tarefa prioritária. Não se deve esquecer de disponibilizar um e-mail (ou algo equivalente) para que todos tenham a possibilidade de estabelecer contatos para tirar dúvidas, fazer comentários e sugestões. Cabe enfatizar e retomar que a divulgação, planejada e bem feita do programa, deve produzir três importantes efeitos sobre os trabalhadores:

Responder às expectativas iniciais do público-alvo quando do

traba-lho de sensibilização, confirmando que o diálogo proposto pelos diri-gentes e gestores foi pra valer.

Promover Qualidade de Vida no Trabalho, pois os participantes do

diagnósticos microergonômico tomam consciência de que sua parti-cipação não foi em vão e que sua liberdade de expressão foi respeita-da e considerarespeita-da na formulação do PQVT.

Fortalecer uma cultura da participação em diagnósticos futuros,

re-duzindo a resistência de envolvimento em atividades focadas em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

Formalização do Programas de QVT

Diferentemente da política de QVT, a formalização do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho (PQVT) que, por definição, tem “prazo de validade”, só deve ser feita se houver necessidade e for pertinente para a sua própria operacionalização. Caso contrário, a formalização pode ser um

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fator de “engessamento” das atividades, perturbador do bom andamento e, enfim, comprometedor da própria Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na organização

Eis, portanto, as respostas à pergunta que orientou esse tópico do capítulo concernente ao conteúdo da etapa de formulação do programa de Qualidade de Vida no Trabalho.

O ponto de chegada do trajeto metodológico (divulgação do PQVT) se reencontra com o ponto de partida do projeto (a demanda). Esse é o caminho percorrido na nossa abordagem de QVT para responder com fundamentos teóricos e metodológicos à demanda sobre como promover a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na organização. Caminho percorrido com o suporte do modelo metodológico; nosso “mapa cognitivo”. As tarefas que se colocam na seqüência para os dirigentes, os gestores e a equipe multiprofissional consistem em implantar, avaliar e reciclar o projeto de QVT numa nova edição.

Capítulo 8

O que me causa mal-estar é a inveja dos colegas de trabalho. O fato de as pessoas sofrerem assédio moral. O fato de se tratar mal as pessoas menos graduadas, como, por exemplo, o pessoal da limpeza.

Enfim, resume-se a descortesia das pessoas e a fofoca no âmbito de

trabalho.

Adalta, respondente do IA_QVT.

Qualidade de Vida no Trabalho é dar ao trabalho o exato dimensionamento que ele deve ter na vida das pessoas, propiciando

condições favoráveis ao exercício pleno da sua capacidade criativa e produtiva e

permitindo a sua integração social e familiar.

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