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Fotografia da Família Polycarpo Anjos, autor desconhedo,

No documento Revisitar o Castelinho (páginas 64-68)

Cesari Brandi escreve sobre a Teoria do Restauro e o Restauro Crítico Esta teoria foi influenciar a Carta de Veneza (onde foi criado o ICOMOS –

41. Fotografia da Família Polycarpo Anjos, autor desconhedo,

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muito próximo da praia e, por conseguinte, da estação de comboios. Quando foi necessário alargar a avenida arborizada, o limite da quinta foi redesenhado. Poucos anos mais tarde, desenhou-se a Avenida Central (atualmente Avenida dos Combatentes da Grande Guerra) que uniu a baixa de Algés até Algés de Cima, e seria necessário, mais uma vez, utilizar uma parte dos terrenos da quinta de Miramar para esta operação urbana.

Na década de 1940, a quinta foi novamente fragmentada e a CMO, com o objectivo de construir na propriedade um parque público e infantil, encara a quinta Miramar como um imóvel de interesse municipal. Apesar das várias tentativas de expropriação, o Governo Civil de Lisboa rejeitou todas as propostas da Câmara, informando que seria necessária a negociação com a família para a CMO adquirir a propriedade.

Enfim, a CMO adquire a quinta Miramar em 1966, passando esta a denominar-se Palácio Anjos, e a sua envolvente ajardinada – respectivamente – Parque Anjos. Existiram algumas obras de recuperação em 1987, devido ao estado de degradação que apresentava, e durante vários anos funcionou como centro de dia e universidade sénior. Mas o palacete, marco na arquitetura de veraneio, viria ainda a ter um destino diferente: em 2003, a Câmara de Oeiras abre um concurso para a sua reabilitação e reconversão no Centro de Arte Manuel de Brito, com o objetivo de acolher a coleção de arte da família Manuel de Brito. Sendo uma coleção de arte contemporânea, seria necessário uma reestruturação do Palácio e uma ampliação que assegurasse o funcionamento adequado ao seu objectivo.

“A presença do Palacete é dominante sobre a envolvente, não só em termos de volume, forma e elementos decorativos, mas pelo peso que representa enquanto memória edificada do local, pelo que nos pareceu que a intervenção nova deveria revelar uma volumetria e linguagem que respeitasse a envolvente e memória do local” (NEVES, 2007:114)

O edifício nesta fase final da sua existência, foi reabilitado pelo atelier Entreplanos

e sofreu uma ampliação e reestruturação para acolher as várias dependências. Não só se reabilitou a residência como também o jardim, considerando o conjunto como uma unidade significante e coesa, de acordo com os princípios de reabilitação contextual referidos, entre outras, pela Carta de Veneza (Carta Internacional sobre a conservação e restauro dos monumentos e dos sítios, aprovada em Veneza em 1964, no II Congresso dos Arquitectos e Técnicos dos Monumentos Históricos, publicada pelo ICOMOS em 1966, sob a designação de Carta 42. Aguarela do Chalet de Miramar

43. 44. Imagens da maquete elaborada

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51 A ampliação com a construção de um novo edifício anexo foi realizada nas traseiras

da casa original, criando o mínimo de impacto visual para o domínio público adjacente. A transição entre o novo e o prévio é suave e não invasiva, apesar de existir uma ligação entre ambos, não deixando de se preservar com suficiente integridade a memória do edifício.

“Seguindo um conjunto de premissas contidas no caderno de concurso, procurou- se que a intervenção reflectisse um profundo respeito pelas memórias naturais, arquitectónicas e sócio/culturais.” (NEVES, 2007:114).

45. 46. 47. Fotografias da ampliação e

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4.3 Centro de Investigação Institucional

O centro de investigação que serve de suporte à investigação científica esta ligado programaticamente à construção de laboratórios, que por sua vez se devem interligar com as salas de estudo.

O projeto de laboratórios obedecem a regulamentos bastante rígidos, sempre dependentes de medidas de segurança, sistemas técnicos e um escalonamento que classifica o tipo de laboratório necessário para cada ramo de ciência. Ou seja, e por exemplo, um laboratório de química tem exigências diferentes de um laboratório de física, pois necessita de lidar com reagentes e possível propagação, entre outros condicionantes. O projeto de laboratórios dividide-se em quatro categorias, BL1, BL2, BL3, BL4, categorias que dividem a escala de exigência regulamentada. Um laboratório do tipo BL1 é um laboratório que não necessita de grande isolamento nem proteção extraordinária da parte dos utilizadores. O tipo BL2 já implica mais precauções: é necessário que o pavimento tenha um rodapé contínuo sem arestas, para evitar ao máximo a acumulação de poeiras. Além destas minucias, o utilizador pode levar para o laboratório elementos exteriores, como computadores. Estes dois tipos de laboratórios são os mais comuns e usuais no ensino superior. Só laboratórios que necessitem aprovação da IPAC (Instituto Português de Acreditação) é que têm de cumprir outras exigências regulamentares mais severas.

O BL3, nomeadamente, tem de ser um laboratório estanque, cujo fornecimento de ar é realizado através de ventilação mecânica. Mais uma vez, não podem existir arestas, pressupõe um ambiente livre de trocas bacteriológicas com o exterior e todo o material necessário tem de se encontrar permanentemente na sala, sendo que qualquer troca necessita um sistema de dupla porta, com eventual utilização de sistema de despressurização, regulado constantemente. Por fim, o tipo BL4 é referido aos laboratórios concebidos para impossibilitar qualquer tipo de propagação, sendo necessário o uso de fatos protetores. Não podem existir qualquer tipo de trocas com o exterior, acrescendo a todas as regras já anunciadas nos tipos de laboratórios anteriores. Este género de laboratórios apenas é utilizado no manuseamento de vírus, ou qualquer tipo de pesquisa que incorra na possibilidade de infecção ou contaminação.

Todos os laboratórios estão dependentes de uma rede complexa de acompanhamentos técnicos, como ventilação, água, gás, eletricidade. A

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53 laboratórios sejam executados com materiais muito resistentes, duráveis e o mais

importante, laváveis. Quando se pretende que o laboratório tenha algum tipo de vão, é necessário utilizar soluções de vidro fixo, muitas vezes com duplo caixilho. Os laboratórios, principalmente de farmácia, além do material básico dependem de atmosferas controladas, nas hottes de química, que proporcionam o isolamento. Apesar dos laboratórios serem objeto de exaustiva regulamentação, não deixam de englobar numa estrutura que se interliga com espaços públicos e acessíveis. A estratégia de colocar salas adjacentes aos laboratórios para pequenas reuniões e consultas bibliográficas possibilita uma apropriação mais dinâmica e diversificada dos espaços do edifício tornando-o num elemento de charneira entre os dois mundos da investigação, científica e humanista.

Para a melhor compreensão destes elementos arquitectónicos, e dos seus requisitos técnicos, apoiamos a investigação com dois casos de estudo, de laboratórios ligados ao mundo académico, com articulações e escalonamentos entre os vários espaços que englobam todas as alíneas que um programa desta magnitude implica.

48. Esquisso de compreensão do

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