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FREQUÊNCIA DAS FORMAS DE REMISSÃO NAS REESCRITAS

Quadro 01 – Frequência das Formas de Remissão nas Reescritas.

FREQUÊNCIA DAS FORMAS DE REMISSÃO

NAS REESCRITAS

FORMAS DE REFERENCIAÇÃO OCORRÊNCIASNº DE

Repetição propriamente dita de

unidades do léxico 52

Elipse 44

Retomada por pronome 39

Caracterizador situacional 15 Nominalização/Encapsulamento/

Rótulo prospectivo 8

Anáfora associativa 7

Substituição lexical por

hiperônimo 2

Dêixis espacial 2

Rótulo retrospectivo 1

Substituição lexical por sinônimo 1

Fonte: Autoria Própria.

Sobre as formas remissivas mais utilizadas pelos alunos nas reescritas, notamos a preferência pela repetição propriamente dita de unidades do léxico. A ocorrência da elipse em grande quantidade nos chamou a aten- ção. Talvez esse fato tenha ocorrido devido ao gênero textual reescrito e à presença dos elementos da narrativa. O rótulo retrospectivo e a subs- tituição lexical por sinônimos foram os recursos que menos ocorreram nos textos, seguidos da dêixis espacial e da substituição lexical por hipe- rônimos. Uma ocorrência que nos chamou atenção pela pequena quanti- dade foi a substituição lexical por sinônimos, apenas um caso apareceu em todos os textos analisados.

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O gráfico abaixo apresenta uma comparação, quanto ao uso dos recur- sos da referenciação, entre as retextualizações dos capítulos Mudança,

Fuga e Cadeia do texto de Graciliano Ramos:

14 13 38 32 18 64 0 10 20 30 40 50 60 70

1ª Reescrita 2ª Reescrita 3ª Reescrita

Texto 1 Texto 2

Figura 01 – Gráfico Comparativo dos Recursos de Referenciação nas Reescritas 1, 2 e 3.

Fonte: Autoria Própria.

Percebemos um avanço significativo no uso dos recursos de retoma- da, pois comparando a reescrita do primeiro com o último texto, há um aumento de 100% de uso dos recursos. Ressaltamos que apenas o aumento da quantidade não é sinônimo de melhoria nos textos, pois esses recursos poderiam ter sido utilizados de forma que comprometes- sem a compreensão textual como ocorreu no segundo texto da primeira reescrita, em que um aluno utilizou um número excessivo de repetição propriamente dita e prejudicou o entendimento do texto. Os dois últi- mos textos, os quais fazem parte da última reescrita demonstram maior consciência dos alunos em relação aos usos das retomadas, fato que proporciona uma melhor compreensão dos textos.

Em um levantamento sobre as formas remissivas mais utilizadas pelos alunos nas reescritas, pudemos perceber que a maioria dos recursos coesivos aparece desde o primeiro até o último texto, como é o caso da repetição propriamente dita de unidades do léxico. Isso demonstra que os alunos faziam uso das retomadas, mas de forma menos frequente. Porém, a partir da explicação sobre a importância da referenciação nos textos e da prática dessa atividade, passaram a elaborar textos em que esse recurso estava presente em função de uma melhor compreensão.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da leitura de uma narrativa longa e do desenvolvimento de uma sequência didática voltada para a retextualização, organizamos e delimi- tamos um trabalho com textos em sala de aula. Com a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, pudemos adentrar no mundo dos textos literários de forma contextualizada em uma turma de EJA. Diante de uma pesquisa qualitativa de natureza etnográfica tivemos a oportunidade de mostrar aos alunos que, independentemente do lugar onde vivemos, não pode- mos ser como Fabiano, personagem da obra trabalhada, que pensava e desejava pouco.

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Sobre as habilidades de escrita dos alunos na produção textual da obra lida e sobre os avanços na qualidade textual, levando-se em consideração o uso da referenciação, ficou evidente um progresso entre as três etapas de retextualização, e uma visível melhoria nas produções textuais, tornan- do os textos mais coesos e coerentes. Retextualizar é um processo que demanda tempo, correção e melhoramento do texto. Os alunos conhece- ram formas de referenciação, algumas das quais eles já utilizavam, mas passaram a ter uma consciência da importância do uso desses recursos para a melhoria da escrita. Constatamos que os alunos utilizam uma série de recursos de referenciação e percebemos, por meio das análises, que esses recursos podem quando causar efeitos de leveza e estilo, além de marcarem distanciamento entre o autor e as personagens. Desse modo, ressaltamos a importância do trabalho sistematizado com o texto nas aulas de Língua Portuguesa.

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A RELEVÂNCIA DO ENSINO