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Primeira versão Versão após a reescrita Lance o dado para cima, para

ver quem começa jogando. O primeiro deverá pegar uma das cartas e faça o que ela pede.

Após obedecer, lança o dado para cima, qual for o próximo. E assim por diante...

Vence quem obedecer as cartas e chegar até o final do tabuleiro.

Lance o dado para cima para ver quem vai jogar, pois cada jogador já terá escolhido um número do dado e quem tiver escolhido o número que cair, deverá pegar uma carta surpresa e fazer o que estiver escrito nela.

Por exemplo: José escolhe o número 1, Maria, o número 2, João, o 3, Marta, o 4, Ana, o 5 e Carlos escolhe o número 6. Um dos jogadores lança o dado para cima, se parar no número 3, então, João, que escolheu esse número, deverá pegar uma carta surpresa e fazer o que ela pede.

Fonte: Autoria própria.

Podemos perceber, por meio da reescrita desse tópico, que os alunos tentaram considerar todos os elementos trabalhados, desde o empre- go adequado dos verbos, o uso correto da pontuação, até a ampliação de informações, inclusive com a exposição de um exemplo para melhor compreensão do interlocutor.

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E para trabalhar o tópico Como vencer, selecionamos as regras dos jogos Vamos combater a dengue (grupo 11) e Kica-ball (grupo 5) para discutir- mos, novamente, sobre a organização das informações, o uso da pontua- ção e a clareza das instruções.

Após o trabalho de reescrita coletiva, os alunos reescreveram a última versão de seus textos. Nessa etapa, procuramos atender individual- mente cada grupo, apresentando sugestões, apontando alguns proble- mas na materialidade linguística do texto e esclarecendo as dúvidas que ainda persistiam.

Os grupos se mostraram muito conscientes de suas produções e difi- cilmente aceitavam sugestões que pudessem modificar seus projetos. Mesmo a proposição para uma troca de palavra ou para o acréscimo de uma informação era analisada para ver se não modificaria suas inten- ções iniciais. Assim, o resultado final demonstra a autonomia, a respon- sabilidade e a criatividade de cada um por suas produções.

De um modo geral, o resultado foi excelente, pois os alunos avançaram no processo de aprendizagem e produziram textos do gênero Regras

do Jogo possíveis de serem compreendidos mesmo por um interlocutor

distante, que tivesse acesso por meio das redes sociais. É o que pode- mos observar nas regras do jogo Faça se puder6.

Podemos observar que o texto apresenta os elementos constitutivos dos gêneros – conteúdo temático, construção composicional e estilo; utiliza-se das imagens para complementar as informações, mostrando compreender a necessidade de trabalhar com mais de uma linguagem na produção de textos desse gênero; não apresenta problemas graves quanto a materialidade linguística; e possibilita a compreensão e execu- ção do jogo. Destaca-se, nele, ainda, a forte presença do slogan do jogo, a letra S com o fundo pintado de laranja e de um espaço específico para que os jogadores possam escrever suas anotações. Esse foi um aspecto também de destaque nos textos, ou seja, algumas particularidades que não estavam nos modelos, mas que foram acrescentadas pelos alunos como o espaço para as anotações.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao nos inserirmos no Mestrado Profissional em Letras – Profletras – trouxemos conosco dúvidas, angústias, tensões que são próprias do professor que, no seu dia a dia, se volta muito mais para questões práti- cas e muito pouco para questões teóricas, haja vista a carga horária de trabalho que inibe qualquer tentativa de extrapolar o “fazer” docen- te. E, nessa busca exacerbada de dar conta de conteúdos, de atender

6 As regras do jogo Faça se Puder. Disponível em: <https://issuu.com/criadoresdejogos/docs/fa__a_ se_puder>.

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ao que foi planejado, embora visualizemos inúmeros problemas que nos assolam didaticamente e que envolvem os alunos no processo de aprendizagem, falta-nos a teoria, a orientação, o ato da pesquisa para encontrar alguma possível solução.

Esse recorte destaca a importância da ampla aprendizagem dos alunos em um curto período de tempo; a possibilidade de um professor da Educa- ção Básica avaliar sua própria prática e expandir seus conhecimentos teóricos; e a possibilidade de socialização com outros professores, pois, ao desenvolver uma pesquisa no ambiente escolar, necessariamente vai envolvendo outros docentes, a escola, o que provoca maior aceitação dos resultados obtidos. Essa importância atribuímos ao Profletras, um mestrado profissional destinado aos professores que atuam na Educa- ção Básica e que possuem experiência prática, mas que, de modo geral, carecem de conhecimentos teóricos.

Após nossos estudos teóricos, a elaboração e a aplicação das ativida- des, as produções escritas demonstraram que os alunos se apropriaram da função social da escrita e produziram enunciados coerentes, capa- zes de instruir os interlocutores de forma satisfatória para que pudes- sem desenvolver os jogos criados. As etapas de reescrita, por sua vez, evidenciaram a reflexão sobre o uso da língua, de modo que os alunos pudessem entender que existem diversas maneiras de se dizer algo e que uma delas precisa ser construída, considerando a situação de inte- ração. Como eles dispunham de todas as informações sobre o texto que estavam produzindo e sobre seus possíveis interlocutores, a reescrita direcionou-se no sentido de tornar o enunciado compreensível, demons- trando o projeto de dizer do autor.

Concluímos, portanto, que a fase de reescrita, uma das etapas de nossa pesquisa, foi essencial para que os alunos apreendessem a função social da escrita e assumissem seu projeto de dizer dentro de uma situação concreta de interação, pois corroboramos Menegassi, quando ele afirma que é fundamental que o aluno “[...] realize um processo ativo e contínuo de reestruturação de seu dizer em busca da adesão ao jogo enunciativo que se procura estabelecer, principalmente quando se trata da linguagem escrita” (MENEGASSI, 2011, p. 106). Assim, toda a reflexão desenvolvida nessa etapa foi motivada pelo desejo de que os interlocutores compreen- dessem as instruções apresentadas, o que exigiu adequações linguís- ticas e discursivas. Portanto, a reescrita é um importante momento de reflexão sobre a escrita e sobre o processo de autoria, constituindo-se, assim, em um momento ativo e consciente de ensino e aprendizagem de usos reais da língua.

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