• Nenhum resultado encontrado

Função Consumo: ( ) C

No documento ESCLARECIMENTOS AOS CANDIDATOS (páginas 71-74)

Em sua obra Teoria Geral, Keynes definiu o consumo como uma função linear da renda (não se assuste! Não haverá nenhuma matemática complicada!). Em outros termos, a teoria keynesiana assume que a única

variável que afeta o comportamento do consumo das famílias é a renda. Em termos mais simples, admite-se que a as decisões de gasto das famílias em bens de consumo (eletrodomésticos, alimentos, vestuário etc.) são dependentes apenas da renda. Sendo assim, a função consumo pode ser escrita como:

cY

C

C=

o

+

,

0< c<1

Essa expressão diz que o consumo (agregado) possui um termo constante e uma variável. O termo constante,

o

C

, é denominado consumo autônomo. Por que autônomo? Porque essa é uma parcela do consumo que possui autonomia com relação à renda, Y. Isso implica que mesmo que uma pessoa não tenha renda, ela terá que consumir. Apenas para facilitar a intuição, assuma que

C

o equivale ao consumo de “subsistência”. Se você ainda não se convenceu, imagine que o consumo autônomo, embora independente da renda, depende da riqueza. Quer dizer que renda é diferente de riqueza? Sim! Riqueza é uma variável de estoque enquanto a renda é uma variável de fluxo. Em outras palavras, riqueza diz respeito aos ativos (móveis, imóveis, títulos, ações etc.) que uma pessoa possui e a renda corresponde somente à variação dessa riqueza. Se uma determinada pessoa costuma gastar menos do que a sua renda lhe permite, ela estará acumulando riqueza. Caso contrário, estará prejudicando o seu futuro!

Dessa forma, é possível que uma pessoa seja rica mas não possua renda – ela não desempenha nenhuma atividade remunerada. Assim, ela é compelida a consumir frações da sua riqueza ao longo do tempo. Diz-se que essa pessoa estará desacumulando a sua riqueza (ou poupança) ao longo do tempo. Por outro lado, é possível que uma pessoa tenha renda alta mas não seja rica. Ela simplesmente gasta toda a sua renda em bens de consumo. Em suma,

C

o é a parcela do consumo que não depende da renda mas pode ter alguma relação com a riqueza.

O segundo componente da função consumo,

cY

, mostra a fração da variável renda que é destinada ao consumo. O termo

c

é denominado propensão marginal a consumir e mostra que impacto as variações da renda terão sobre o consumo, isto é:

Y

C

c

=

. Será que um acréscimo de uma unidade na renda será destinado exclusivamente ao consumo? De acordo com Keynes, não. Para Keynes, um aumento de uma unidade na renda elevará o consumo (

c>0

), porém em uma proporção inferior (

c<1

).

Se você se lembra do tópico sobre Contas Nacionais, esta constatação não lhe surpreendeu. Com efeito, se a renda das famílias (em uma economia fechada e sem governo) foi definida como consumo mais poupança, então uma parcela da renda, por menor que seja, deve tomar a forma de poupança. (Lembre-se de que a

macroeconomia estuda as variáveis em termos agregados e não o comportamento de uma determinada pessoa ou família. Assim, haverá poupança em um economia mesmo que muitas pessoas não poupem).

Por isso, a propensão marginal a consumir nunca será igual a 1. Uma fração da renda (20%, por exemplo) será destinada à poupança.

A função consumo pode ser representada graficamente como uma reta com intercepto

C

o e inclinação

c

. C C=Co+cY Co Y

O gráfico mostra que o consumo varia com a renda, mas em uma proporção inferior a 1. Por exemplo, quando a renda aumentar em 10 unidades, o consumo certamente crescerá, mas menos do que 10 unidades. Uma parcela dessa renda adicional será destinada à poupança.

Função Poupança:

( )S

A poupança pode ser definida como o consumo adiado (ou consumo futuro). Alguém poupa recursos no presente apenas com a intenção de consumi-los no futuro. Nesse sentido, a poupança corresponde ao complemento do consumo, ou seja, se

S

C

Y

=

+

Então,

C

Y

S

=

Substituindo

C

por

C

o

+cY,

tem-se:

(C

cY)

Y

C

cY

Y

S

=

0

+

=

0

(

c)Y

C

S

=

0

+

1

, ou

sY

S

S

=

0

+

,

0< s<1

Onde

S

o

=−C

o e

s= 1−c

.

Observação importante:

c+ s=1

. Isto quer dizer que a fração da renda destinada ao consumo somada à fração da renda destinada à poupança deve ser igual a 1 (ou 100%).

Assim como a função consumo, a função poupança possui um termo constante e uma variável. A termo constante é denominado poupança autônoma. Corresponde ao que é poupado quando a renda é nula. Observe que o valor da poupança autônoma é exatamente igual ao valor do consumo autônomo com o sinal trocado. Como poupança é consumo adiado, quando a renda for nula o consumo autônomo se dará às expensas do consumo futuro. O consumo autônomo reduz a poupança futura na mesma quantidade. Dito de outra forma, na ausência de renda, o consumo será dado por

C

o e o consumo futuro será reduzido em

C

o, já que S reduzirá em

C

o (

S

o

=−C

o). Quanto mais se consome hoje, maior o sacrifício amanhã24.

O segundo componente da função poupança,

sY

, também é muito semelhante ao da função consumo. Ele mostra a parcela da variável renda que é destinada à poupança. O termo

s

, conhecido como propensão marginal a poupar, informa qual o impacto que as variações da renda terão sobre a poupança, isto é:

Y

S

s

=

. Se a renda aumentar em uma unidade qual será a variação da poupança? A resposta é dada pela propensão marginal a poupar

s

. Veja o gráfico a seguir:

S

S=So+sY Y So=-Co

Observe que, assim como na função consumo, as variações da poupança estão associadas às variações da renda. Porém, a relação é inferior a 1. Quando a renda aumentar 10 unidades, a poupança aumentará menos do que 10, já que uma parte desse aumento será destinado ao consumo. Vale notar que, geralmente, a inclinação da função poupança é inferior à inclinação da função consumo. Em outras palavras, geralmente a

24 Lembre-se de que a taxa de juros não está sendo considerada na análise. Se for levada em conta a taxa dejuros, a poupança autônoma não precisa ser necessariamente igual em valor ao consumo autônomo.

propensão marginal a poupar é inferior à propensão marginal a consumir, uma vez que as pessoas tendem a utilizar a maior parte da renda para adquirir bens de consumo.

Exemplo: Se

C

=10+0,8Y

,

S

=?

Lembre-se que a poupança é o complemento do consumo. Portanto:

S

C

Y

=

+

Y

Y

S

=

−10−0,8

Y

S

=−10+0,2

Note que

c+ s

=0,8+0,2=1

e

S

o

=−C

o

=−10

.

(Dica: para visualizar a evoluação da poupança a partir da propensão marginal a poupar, atribua diferentes valores para a renda e observe qual a variação correspondente do consumo (

C

)e da poupança (

S

). Se você calcular

Y

C

e

Y

S

No documento ESCLARECIMENTOS AOS CANDIDATOS (páginas 71-74)