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CAPÍTULO III ― METODOLOGIA DO TRABALHO LEXICOGRÁFICO

3.9 Dicionários de aprendizagem como ferramenta didática: usos e outros traços

3.9.3 Funções e tipos de dicionários bilíngues: reflexões pertinentes

As ideias publicadas

Shcherba constituem o primeiro passo no sentido de preencher teórica observada pelo próprio

constituem o gérmen (GELPÍ, 2003, p. 25).

Embora Shcherba (1939)

Metalexicografia, não se lhe pode atribuir autoria pela popular “Teoria do dicionário bilíngue”. Essa teoria

dicionários para os pares linguísticos a serem descritos em uma dada obra de referência bilíngue.

Tal proposta só veio à luz no ano de 1934, no prefácio de um dicionár bilíngue publicado na Rússia e que propunha

(...) for eache pair explanatory foreing

tongue of the user of the respective dictionary and, depending on the actual needs, tow dictionaries of a special kind (...

tongue into the foreign language (MUGDAN, 1989 apud GELPÍ, 2003, p. 30).

Duas comunidades distintos sistemas

linguísticos

processo de conceptualização, lexicografia bilíngue

Funções e tipos de dicionários bilíngues: reflexões pertinentes

publicadas no Opyt obščej terorii leksikografii o primeiro passo no sentido de preencher

observada pelo próprio Shcherba nos estudos lexicográficos e o gérmen do que na atualidade se designa M

Shcherba (1939) seja considerado o fund

etalexicografia, não se lhe pode atribuir autoria pela popular “Teoria do ue”. Essa teoria defende a elaboração de quatro distintos para os pares linguísticos a serem descritos em uma dada obra de

veio à luz no ano de 1934, no prefácio de um dicionár bilíngue publicado na Rússia e que propunha,

e pair of languages, four dictionaries are needed; definitly tow explanatory foreing-language dictionaries with explanation in the mother tongue of the user of the respective dictionary and, depending on the actual needs, tow dictionaries of a special kind (...) for tranlating from the mother tongue into the foreign language (MUGDAN, 1989 apud GELPÍ, 2003, p. 30).

Duas comunidades- distintos sistemas linguísticos Necesidade de comunicação interlinguística (comunidades = usuários) Função didática (auxiliar usuários) Função codificadora/ descodificadora 115 lexicografia bilíngue

Funções e tipos de dicionários bilíngues: reflexões pertinentes

ej terorii leksikografii (1939) por

o primeiro passo no sentido de preencher a lacuna tudos lexicográficos e Metalexicografia

seja considerado o fundador da etalexicografia, não se lhe pode atribuir autoria pela popular “Teoria do a elaboração de quatro distintos para os pares linguísticos a serem descritos em uma dada obra de

veio à luz no ano de 1934, no prefácio de um dicionário

of languages, four dictionaries are needed; definitly tow language dictionaries with explanation in the mother tongue of the user of the respective dictionary and, depending on the actual ) for tranlating from the mother tongue into the foreign language (MUGDAN, 1989 apud GELPÍ, 2003, p. 30).

Necesidade de comunicação interlinguística (comunidades =

116 A confecção de quatro diferentes dicionários na teoria do dicionário bilíngue se vincula diretamente às necessidades dos usuários porque, a depender desse aspecto, produz-se para cada língua (a) um dicionário de compreensão com explicações na língua materna (L1) do utente, (b) um dicionário para tradução ou codificação da L1 para a L2.

Os lexicógrafos alemães há algum tempo na observância dessas noções explicam já ser lugar comum “en la teoria y metodologia del diccionario bilíngue la distinción entre dos funciones, una pasiva y uma activa” (WERNER, 1998, p. 139-158).

Os pesquisadores germânicos constatam, a despeito disso, lacunas ainda existentes na pesquisa e metodologia lexicográfica bilíngue em alguns países. No Brasil, só muito recentemente, começou-se a considerar a especialização dos dicionários bilíngues quanto às funções, em análises metalexicográficas.

O objetivo principal dessas análises de natureza teórico-metodológica é promover a reflexão acadêmica e o progresso das técnicas atualmente empregadas no desenho de dicionários bilíngues destinados a usuário brasileiro em contextos de línguas estrangeiras.

Pioneiro neste tipo de pesquisa, F. Bugueño, em colaboração com outros autores brasileiros, tem chamado atenção para a necessidade de a lexicografia bilíngue brasileira se ater às noções estabelecidas pela teoria do dicionário bilíngue, já há muito praticada em países europeus. Com base nessas mesmas noções, Nadin (2009) empreende o estudo crítico de cinco dicionários bilíngues que contemplam o par linguístico português e espanhol e se destinam a usuários brasileiros, em processo de aprendizagem do Espanhol como língua estrangeira. Partindo da dicotomia dicionário ativo versus dicionário passivo, o referido autor propõe para o citado par de línguas a elaboração de quatro distintos dicionários.

A exemplo de Carla Marello (1996, p. 31-52), Nadin (2009) e Bugueño (2007) se centram nas especializações funcionais dos dicionários bilíngues e, assim, generalizam os traços estruturais das categorias lexicográficas bilíngues, conforme tenham uma orientação ativa ou passiva.

As funções estabelecidas para um dicionário bilíngue se vinculam diretamente à quantidade de informações descritas em nível estrutural. No

117 dicionário ativo, o peso informacional recai na microestrutura, no dicionário passivo a carga está na macroestrutura (NADIN, 2009).

A perspectiva tradutológica da lexicografia também contempla o estudo das funções dos dicionários, ainda que em geral empregue outra terminologia para designar as funções ativa e/ou passiva, tradicionalmente utilizadas na Lexicografia de Aprendizagem. Os dicionários passivos na perspectiva tradutológica se designam dicionários de tema, e os dicionários ativos dicionários de versão.

Há autores, entretanto, que preferem conceber isoladamente os traços funcionais constitutivos de dicionário, como se observa nos pontos abaixo enumerados.

1. função de descodificação escrita; 2. função de codificação escrita; 3. função de descodificação oral;

4. descodificação da L2 (tradução da L2 para L1); 5. codificação da L2 (tradução da L2 para L1).

As propostas de Bergenholtz e Kaufmann (1997) se inserem em uma perspectiva similar a dos pontos elecandos anteriormente e amplia as funções atribuídas aos dicionários bilíngues (especializados), de acordo com seguinte feixe de traços, 1. recepção de textos na L1; 2. produção de textos na L1; 3. recepção de textos na L2; 4. produção de textos na L2; 5. tradução da L1 para a L2; 6. tradução da L2 para a L1;

7. aquisição de informação enciclopédica; 8. aquisição de informação linguística.

118 A presente proposta adota o ponto de vista de Bergenholtz e Kaufmann (1997) acima apresentado e entende o feixe de traços funcionais não necessariamente como estanque, já que podem configurar um mesmo sistema lexicográfico.

3.10 Conclusões parciais

O Capítulo III deste estudo versou sobre a Tipologia de Dicionários, um dos ramos mais proeminentes da Metalexicografia, além de ser o pioneiro no âmbito da pesquisa empírica de dicionários.

O capítulo, in comento, foi sendo desenvolvido a partir da explicitação de variadas e diferentes tipologias propostas, ao longo do tempo, por diferentes estudiosos. A primeira taxonomia de dicionários apresentada foi a de Shcherba (1940) considerada a primeira a levar em conta o estudo científico de diferentes obras lexicográficas de referência, adotando, para isso, uma perspectiva científica relacionada à oposição de pares ou categorias lexicográficas opostas entre si.

A segunda taxonomia a ser explicitada foi a de Malkiel (1967) que propôs uma categorização das obras lexicográficas de referência tendo como ponto de partida os traços distintivos que podiam ser delas ─ obras lexicográficas de referência ─ derivados.

As perspectivas de Shcherba (1940) e Malkiel (1967) inspiraram autores como Rey (1970) e Zgusta (1971) que postularam, respectivamente, sistemas classificatórios nos quais (i) uma categoria lexicográfica raiz derivaria um tipo lexicográfico filho, por meio de traços semelhantes (Categoria raiz => traço: ordem formal dos elementos => categoria filha: dicionário alfabético, inverso) e (ii) os traços que se observam em dicionários enciclopédicos e de língua não são, de fato, estanques, havendo características de dicionários de língua em dicionários classificados como enciclopédicos e vice-versa.

A partir da explanação dessas perspectivas foi possível evidenciar outras classificações de dicionários mais modernas, que se centram em categorias lexicográficas mais específicas, como os dicionários especializados que contemplam, entre outros tipos, os dicionários de aprendizagem. Categoria essa cuja origem e pressupostos metodológicos foram apresentados nas subseções 3.6, 3.7 e 3.8.

119 A subseção 3.9 abordou de forma mais pormenorizada as características ou traços que compõem os dicionários pedagógicos, que abarcam as seguintes subcategorias: a) os dicionários de aprendizagem, destinados ao ensino de línguas estrangeiras e segundas línguas e b) os dicionários escolares, que se destinam ao uso no sistema universal de ensino. O foco das reflexões na seção 3.9 foi a catagoria dos dicionários de aprendizagem, posto que esse tipo lexicográfico constitui o objeto do presente trabalho de pesquisa. Feito isso, abordaram-se algumas questões sobre os dicionários bilíngues e sua inserção no conjunto dos dicionários de aprendizagem, uma vez que nem todos os lexicógrafos consideram que dicionários bilíngues fazem parte da categoria aprendizagem (c.f subseções 3.9.1 e 3.9.2).

Considerar as obras lexicográficas de referência bilíngues como dicionários de aprendizagem implica justificar, nesta pesquisa, o emprego dos modelos de verbetes bilíngues e combinatórios postulados no Capítulo VIII como ferramentas didáticas, bem como permite atribuir-lhes uma série de caracteríscas observadas nas obras bilíngues destinadas ao ensino de línguas, tais como os feixes de traços postulados por Bergenholtz e Kaufmann (1997), explicitados ao final da subseção 3.9.3.

O próximo capítulo explicita outros critérios metodológicos que também permitem contemplar o modelo lexicográfico proposto neste estudo como ferramenta didática para o ensino do Espanhol para lusofalantes e do Português para hispanofalantes.

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CAPÍTULO IV ― METODOLOGIA DE RECOLHA DE DADOS PARA