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O Novo Código de Processo Civil se insere no movimento de acesso à justiça, compreendido como acesso a uma ordem jurídica justa, “que busca uma sintonia entre as demandas sociais, econômicas, culturais, políticas e a efetividade da solução em tempo razoável.” (GAMA, 2016).

Fruto das aspirações por uma justiça mais célere e efetiva, a desjudicialização vem se apresentando como uma “alternativa de desburocratização do sistema judicial através de mecanismos extrajudiciais de resolução de conflitos que garantam a celeridade processual, eficácia e segurança jurídica.” (MIRANDA, 2010).

Nesse seguimento, é importante destacar a importância atribuída aos notários e registradores ao prestarem seus serviços conforme o artigo 1° da Lei n° 8.935 de 14 de novembro de 1994: “são destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.” (BRASIL, 1994).

Por meio da desjudicialização, vários procedimentos que antes corriam somente na via judicial, atualmente são rapidamente solucionados na esfera extrajudicial como: retificação de registro, divórcio, inventário e partilha e com a introdução do artigo 216-A na Lei de Registro Públicos, o reconhecimento extrajudicial da usucapião para a aquisição imobiliária.

Nesse contexto, o procedimento extrajudicial de usucapião é:

Uma importante novidade introduzida no ordenamento jurídico brasileiro, possibilitando, em casos em que não haja litígios, o reconhecimento da aquisição de direitos reais imobiliários diretamente ao registro de imóveis sem a necessidade de processo judicial, tornando o caminho mais célere, menos custoso e auxiliando a redução da carga desumana de processos submetidos ao Poder Judiciário. (BRANDELLI, 2016, p. 13).

Ainda esclarece Brandelli (2016, p. 15), que “não há qualquer inconstitucionalidade ou riscos para a desjudicialização da usucapião, desde de que não se afronte a Carta Magna e ainda por ser passível a qualquer tempo de revisão judicial. ”

Destaca-se ainda, que norteia o processo de usucapião extrajudicial alguns princípios e garantias constitucionais: “princípio da acessibilidade da ordem jurídica justa, princípio da legalidade, princípio da segurança jurídica, princípio da publicidade ampla, e o princípio da função social da propriedade. ” (MELLO, 2016).

Nesse sentido, é importante destacar que “a efetividade do instituto da extrajudicial da usucapião possui menores formalidades se comparadas com o processo judicial, sendo uma possibilidade para consolidação da propriedade. ” (GAMA, 2016).

Inclusive, com a edição do Provimento n° 65, de 14 de dezembro de 2017, do Conselho Nacional de Justiça, uniformizou-se a usucapião extrajudicial, “dando ferramentas ao tabelião e ao oficial de registro de imóveis, para se concretizar de forma célere e com segurança jurídica o reconhecimento extrajudicial de usucapião. ” (ASSUMPÇÃO, 2017)

Para finalizar, Mello (2016) destaca que “o processo de usucapião é de natureza administrativa, instaurado a pedido do interessado, que tem por finalidade converter em propriedade uma posse reconhecidamente hábil e qualificada do possuidor, segundo os requisitos predispostos em lei. ”

O presente capítulo abordou os principais aspectos da usucapião, como os requisitos e suas espécies, enfatizando-se a desjudicialização de procedimentos no ordenamento jurídico brasileiro, bem como o procedimento de reconhecimento da usucapião extrajudicial e os fundamentos para a aquisição da propriedade imobiliária por meio deste instituto.

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho expôs a aquisição da propriedade imobiliária pelo instituto da usucapião extrajudicial, considerando o seu reconhecimento no artigo 1.071 do Código de Processo Civil de 2015, que acrescentou na Lei n° 6.015, de 31 de dezembro de 1973, o artigo 216-A, este que sofreu mudanças significativas com a publicação da Lei n° 13.465, de 11 de julho de 2017, sendo regulamento pelo Provimento n° 65, de 14 de dezembro de 2017, do Conselho Nacional de Justiça.

Essa inovação inserida pelo Novo Código de Processo Civil, Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015, busca e efetividade da consolidação da propriedade por um tempo razoável, menos custoso, bem como desafogar do judiciário processos que não possuem um litígio.

A inovação se integra ao fenômeno da desjudicialização do direito, sendo facultativo ao interessado a opção pela propositura do reconhecimento da propriedade pela via extrajudicial da usucapião, esta que abrange o reconhecimento da posse em todas as espécies de usucapião existente no ordenamento jurídico brasileiro, não impedido o interessado de propor judicialmente o reconhecimento da propriedade.

A presente monografia se estruturou em cinco capítulos responsáveis por dividir o trabalho nos elementos principais que o compõem.

O primeiro capítulo trata da introdução, onde se apresentou a descrição da situação problema e sua formulação, a hipótese, a justificativa de ser estudado o assunto exposto no presente trabalho, bem com os seus objetivos gerais e específicos e, por último, os procedimentos metodológicos utilizados e a estrutura dos capítulos.

No segundo capítulo, foram abordados o instituto da posse, o conceito, sua origem, as teorias, suas características e formas aquisitivas.

O terceiro capítulo tratou do instituto da propriedade, observando a origem, o conceito, suas características, formas de aquisição e sua função social. Sendo discorrido no quarto capítulo a análise dos requisitos específicos, os aspectos da usucapião, a desjudicialização de processos no ordenamento jurídico brasileiro e, por último, o reconhecimento e fundamentos da aquisição da propriedade imobiliária pela usucapião extrajudicial.

Concluindo-se então que, a usucapião extrajudicial é um procedimento simples, que facilitará àquele que detém a posse, obter também, a propriedade fundada na posse prolongada no tempo, desde que essa preencha todos os requisitos previstos na lei bem como requisitos administrativos que se acharem necessários pelos cartorários. As mudanças no ordenamento

jurídico brasileiro são significativas, pois irão facilitar de forma rápida e eficaz a resolução de questões que não possuem litigio descarregando a demanda do judiciário.

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