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Fundamentos estéticos, políticos e éticos do currículo.

No documento Projeto hemisférico (2.005Mb) (páginas 76-80)

3 DIMENSÃO PEDAGÓGICA

3.2 Fundamentos estéticos, políticos e éticos do currículo.

3.2.1 Estética da sensibilidade

Esta liga-se à preocupação e ao esforço contínuo e perma- nente para recolocar no centro do trabalho e da produção a criação e a beleza, no dizer de CALVINO (2001, p. 22), valoriza “a leveza, a delicadeza e a sutileza” em todas as dimensões da vida, na maioria das vezes vistas como padronizada, rotineira, austera. Essa visão reflete as características próprias do tayloris- mo/fordismo de um tempo em que os fatores físicos, mecânicos e instrumentais condicionam o modo de produzir e conviver na sociedade.

A estética da sensibilidade dá asas à criatividade, ao espírito inventivo, à curiosidade pelo inusitado, à afetividade para contri- buir para formação de identidades para conviver e suportar as incertezas, inquietações e imprevisibilidades.

A formação de um estudante conforme esse princípio, certa- mente proporcionará a ele a internalização de valores e atitudes relacionados à valorização da diversidade, qualidade, inclusão social e todas as formas de expressão que devem estar presen- tes no desenvolvimento do currículo e na gestão escolar, me- diante estratégias de ensino e aprendizagem ativas, construtivas e criativas direcionadas para o aprender a fazer.

3.2.2 Ética da identidade

A preocupação ética reveste-se de importância, hoje, porque expressa a nossa luta pela superação da crise moral que atraves- samos em nossos países. Embasada nos princípios da estética da sensibilidade e da política da igualdade, exprime-se pelo ideal de

humanismo em um tempo cujo paradigma que o rege encontra-se em transição.

A convicção de que a ética é um fundamento educativo que tem subjacente a concepção de que a educação é um processo de construção de identidade, pressupõe que educar é propiciar ao es- tudante as condições para que as identidades sejam construídas pelo desenvolvimento da sensibilidade e pelo reconhecimento do direito à igualdade, a fim de que os mesmos orientem suas condu- tas por valores que atendam às exigências de seu tempo.

Ressalte-se que a ética da identidade se manifesta pelo reco- nhecimento de sua própria identidade e da do outro.

No âmbito da educação e mais precisamente do currículo esco- lar, o princípio da ética tem como fim a construção da autonomia. Para tanto, se faz necessário criar oportunidades para que os es- tudantes realizem aprendizagens voltadas para o aprender a ser. Assim, estarão em jogo as manifestações de responsabilidades, solidariedade, autonomia, auto-conhecimento, entre tantos outros igualmente importantes. Para viver e conviver em um mundo mar- cado por tantas contradições e mudanças paradigmáticas que nos foram legadas desde a segunda metade do século XX, os cidadãos e as cidadãs precisa mobilizar saberes, capacidades e competências para que os mesmos se preparem para pensar e agir como sujeitos de sua própria história.

3.2.3 Política da igualdade

A preocupação política centra-se na garantia dos direitos e de- veres dos cidadãos e das cidadãs. Isso significa que um dos grandes desafios que se apresenta à escola, ao currículo e aos educadores, e que afeta os países da sub-região, é a desigualdade e a exclusão so- cial existentes entre segmentos da sociedade, como também a bus- ca do acesso à saúde, à educação, ao emprego, ao meio ambiente, além dos preconceitos e discriminação por motivo, de raça, sexo, religião, cultura, pessoas portadores de necessidades educacionais especiais ou pessoas idosas.

Sob o olhar da estética e da ética, a política da igualdade deverá orientar a seleção e a organização de todos os conteúdos curricula- res com o discernimento de que ela é, também, um conteúdo que terá presença marcante nas ciências, nas artes, nas linguagens, as- sim como em temas relacionados aos direitos da pessoa humana, ao respeito, à responsabilidade e à solidariedade.

Nessa perspectiva, a preocupação política no âmbito da edu- cação e do currículo permeia o processo de apropriação, criação, legitimação e distribuição do poder na sociedade, assim como a construção de estruturas de poder que estabelecem relações de dominação e de subalternidade (IMBERNÓN, 2000, p. 172).

A política da igualdade supõe que aos estudantes serão ofere- cidas condições que possibilitem o desenvolvimento da autonomia, a qual será mediada por estratégias de ensino direcionadas para o aprender a conhecer e aprender a viver juntos.

Em resumo, os tipos de aprendizagem propostos por Delors como pilares da educação e do conhecimento no século XXI são aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Eles poderão funcionar como eixos estruturantes do modelo referencial curricular aqui delineado, vejamos:

Aprender a conhecer – aprendizagem que objetiva a conquis-

ta do domínio dos instrumentos do conhecimento para a com- preensão do mundo circundante sob os seus diversos aspectos; o despertar da curiosidade intelectual; aprofundar o saber no sentido crítico-reflexivo para construir a explicação do real, me- diante a aquisição de autonomia e da capacidade de apreender a multiplicidade de circunstâncias que permeiam as relações de produção sociais e humanas.

Aprender a fazer – aprendizagem interligada à educação pro-

fissional. Visa proporcionar ao sujeito condições favoráveis de desenvolvimento de competências e habilidades para pôr em prática os conhecimentos teóricos (conceitos, pressupostos, prin- cípios, informações, etc.), bem como a preocupação com o aspec- to formativo e a aquisição de competência pessoal. Nesse sentido,

aprender a fazer tem subjacente o aprender a conhecer.

• Da noção de qualificação à noção de competência. • A desmaterialização do trabalho e a importância dos servi-

ços entre as atividades assalariadas. • O trabalho na economia informal.

Aprender a viver juntos – aprendizagem centrada em dois eixos

fundamentais: a descoberta do outro e a participação em projetos direcionados para os interesses e objetivos coletivos ou o bem co- mum.

Aprender a ser – aprendizagem objetiva e desenvolvimento total

da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido es- tético, responsabilidade. A educação deve contribuir para o desen- volvimento da personalidade, da autonomia, de responsabilidade pessoal. Esta perspectiva estimula a descoberta das potencialidades da pessoa, tais como: memória, raciocínio, sentido estético, capaci- dades físicas, aptidões, talentos, entre outros.

3.3 Abordagens teóricas orientadoras dos processos de cons-

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