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1. Introdução

1.6. Caracterização das espécies de Tomilhos

1.6.1. Género Thymus

A família Lamiacea compreende cerca de 300 géneros, e aproximadamente 7500 espécies distribuídas por todo o mundo onde se inclui o género Thymus, este inclui aproximadamente 220 espécies (Girón et al., 2012).

Dentro dos géneros cultivados desta família destacam-se várias espécies usadas como condimentos, tais como: sálvia (Salvia officinalis L.), manjericão (Ocimum basilicum L.), orégão (Origanum vulgaris L.), manjerona (Origanum majorana L.), tomilho (Thymus vulgaris L.) entre outras (Porte & Godoy, 2001) (Figura 6). A composição química dos óleos essenciais

de várias espécies de tomilho tem sido extensivamente estudada (Horváth et al., 2006). Em Portugal podem ser encontradas aproximadamente 11 espécies de tomilho (Faleiro et al., 2003). O género Thymus tem sido creditado por uma longa lista de propriedades farmacológicas, tais como propriedades espamolíticas, expetorantes, antissépticas, carminativas, antimicrobianas e uma elevada capacidade antioxidante (Horváth et al., 2006).

Este género é excecionalmente rico em espécies, devido à diversidade e plasticidade destas plantas (Smolik et al., 2009).

Os fenóis e os terpenos são particularmente característicos do género Thymus (Smolik et al., 2009). A presença de outros compostos e as suas proporções podem sofrer variações consideráveis dependendo da origem das plantas, variedade e de fatores ambientais (Smolik et al., 2009).

Figura 6 - Espécies do Género Thymus

1.6.2. Thymus vulgaris L. Nome Comum: Tomilho vulgar Espécie: Thymus vulgaris Género: Thymus

Família: Labiatae (Lamiaceae) Ordem: Lamiales

Classe: Magnoliopsida Subclasse: Lamiidae Divisão: Spermatophyta

Subdivisão: Magnoliophytina (Angiospermae) Reino: Plantae

Domínio: Eucária

Figura 7 - Tomilho comum, Thymus vulgaris

(adaptado de Flora.on, 2012)

1.6.2.1. Distribuição geográfica

Thymus vulgaris L., mais conhecido como tomilho vulgar é nativo da região do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália, França, Grécia) e também da Ásia (El-Nekeety et al., 2011; Goodner et al., 2006; Letchamo et al., 1995), sendo hoje em dia cultivado em quase todos os continentes. Pertence à família Lamiaceae e ao género Thymus (Golmakani & Rezaei, 2008). É principalmente encontrado em regiões secas, áridas, expostas ao sol, com solos arenosos e calcários enriquecidos com matéria orgânica; é uma planta de solos pobres, rústica, evita a humidade e terras compactadas (Ronicely, 2011).

1.6.2.2. Morfologia

O tomilho vulgar (Thymus vulgaris L.) é uma planta aromática subarbustiva de textura semilenhosa (Goodner et al., 2006) de pequeno porte, de cerca de 15 a 30 cm de altura com praticamente o dobro de largura. No verão surgem numerosas flores pequenas e arroxeadas (Ronicely, 2011). Apresenta uma ramagem ramificada, retorcida, com ramos levemente cobertos de pelos brancos e recoberta por folhas pequenas, lineares a ovaladas e opostas (Guillén & Manzanos, 1999). Multiplica-se por sementes, estaca, alporquia e divisão da ramagem enraizada. As folhas e ramos desta planta são tipicamente utilizados na culinária como condimento e erva aromática.

1.6.2.3. Bioquímica

O óleo essencial do tomilho é responsável pelo aroma típico das folhas desta especiaria, e está armazenado nos tricomas das folhas (Gavahian et al., 2012). Estudos realizados sobre a composição química do óleo desta espécie revelaram que o óleo é produzido em maiores quantidades na época de floração (Gavahian et al., 2012).

O timol é o composto maioritário da composição química do óleo essencial do tomilho, seguido pelo carvacrol, o p-cimeno e o γ-terpineno. Para além destes dois compostos, esta espécie também contém geraniol, linalol, α-terpineol, 1-8-cineol, cimol, borneol, cineno, pineno (Dawidowicz et al., 2008; Daferera et al., 2000; Guillén & Manzanos, 1999; Hussain et al., 2011; Kulišić et al., 2006; Rota et al., 2008; Soković & van Griensven, 2006; Soković et al., 2010).

Esta espécie é conhecida por ser rica em polifenóis como o ácido cafeico e o ácido rosmarínico, flavonas como a apigenina, luteolina, luteolina-7-O-β-glucuronida, luteolina-7-O- β-glucosilada, 6-hidroxi-luteolina-glicosilada e polimetoxiflavonas (Dorman et al., 2003) (Fecka & Turek, 2008).

As folhas do tomilho são uma excelente fonte de muitos tipos de vitaminas incluindo a vitamina A, betacaroteno, vitaminas do complexo B, vitamina C, vitamina E e vitamina K (García-Risco et al., 2011).

1.6.2.4. Aplicações

O tomilho é uma das plantas aromáticas mais utilizadas na indústria alimentar devido ao sabor específico desta erva (Gavahian et al., 2012). Os monoterpenos fenólicos do tomilho, timol e carvacrol, são os principais compostos que contribuem para o aroma característico do seu óleo essencial. Também são conhecidos por inibir a peroxidação lipídica.

Na medicina o óleo essencial do tomilho é utilizado devido às suas atividades antimicrobianas, carminativas, expetorantes, espasmolíticas, diuréticas bem como antioxidantes. Atividades estas atribuídas ao timol e ao carvacrol, componentes fenólicos do óleo essencial, sendo o timol o mais potente (Al-Bayati, 2008; Bazylko & Strzelecka, 2007; Bhaskara Reddy et al., 1998; El-Nekeety et al., 2011; Gavahian et al., 2012; Hussain et al.).

As atividades antifúngicas, pesticidas e antibacterianas do óleo essencial de tomilho foram demonstradas por diversos investigadores (Bhaskara Reddy et al., 1998)

O timol tem demonstrado efeitos antibacterianos, antifúngicos e anti-helmínticos, é também muito utilizado como ingrediente de pastas dentífricas devido ao seu efeito

antibacteriano. O carvacrol tem sido investigado principalmente devido aos seus efeitos bactericidas (García-Risco et al., 2011).

1.6.2.5. Estudos in vivo e in vitro sobre os efeitos dos seus extratos

Com o avanço da ciência os estudos in vivo e in vitro desenvolvidos com extratos e óleo essencial da espécie Thymus vulgaris têm sido cada vez maiores principalmente devido aos seus componentes medicinais. Foi desenvolvido um estudo in vivo por El-Nekeety e colaboradores (2011) que teve como objetivo determinar os componentes do óleo essencial do Thymus vulgaris e avaliar os seus efeitos protetores contra a aflatoxina, indutora de stresse em ratos, concluindo que o óleo essencial do tomilho possui uma elevada atividade antioxidante e um efeito protetor contra a toxicidade das aflatoxinas e esta proteção é dependente da dosagem de óleo aplicada. Outro estudo in vivo teve como objetivo estudar o efeito do óleo essencial do tomilho como suplemento na dieta de ratos para avaliar os efeitos que este tinha sobre os danos causados pela idade, medindo a atividade da SOD (superóxido dismutase) e GSHPx (Glutationa Peroxidase) e o estado total oxidante em vários tecidos de rato chegando à conclusão que os ratos onde se tinha colocado o suplemento do óleo na dieta apresentavam maior atividade antioxidante que os restantes (Youdim & Deans, 1999). Shati e Elsaid (2009) estudaram o papel in vivo de extratos aquosos de tomilho e gengibre no melhoramento dos danos provocados pelo abuso de álcool no fígado e rim e concluíram que estes possuíam um efeito destoxificante e antioxidante contra a toxidade causada pelo álcool (Shati & Elsaid, 2009)

O estudo in vitro da integridade de tecido duodenal de frangos utilizando a linha próbiótica E. faecium AL41 como microrganismo indicador, na água potável, e avaliando os efeitos do óleo essencial do Thymus vulgaris no duodeno foi desenvolvido por Placha e colaboradores (2010) e estes observaram que o óleo essencial numa concentração de 0,4 % (v/v) provoca um efeito negativo na integridade duodenal. O E. faecium conseguia eliminar este efeito e fortalecer assim a imunidade não-especifica. Outro estudo in vitro foi desenvolvido para determinar a atividade antimicrobiana do óleo essencial do tomilho contra fungos micotoxigénicos Aspergillus ochraceus, Penicillium expansum e Penicillium verrucosum, tendo-se verificado que realmente este apresentava actividade antimicrobiana (Nguefack et al., 2012). Foram também feitos estudos in vitro para avaliar o efeito do óleo essencial de Tomilho (Thymus vulagris), rosmaninho (Rosmarinus officinalis) e orégão (Origanum vulgare) numa mistura com uma dose subletal de ácido láctico numa população de L. monocytogenes. com o objetivo de prevenir infeções provocadas por este agente bacteriano, as conclusões deste estudo

revelaram que uma dose sub-letal de ácido láctico aumenta a atividade antilisterial do óleo essencial do tomilho e do rosmaninho mas os efeitos sinergéticos diminuem com concentrações maiores dos óleos (Dimitrijević et al., 2007). Outro dos estudos in vitro feitos com esta espécie diz respeito à avaliação do seu efeito na sobrevivência e crescimento de alguns agentes patogénicos, os testes demonstraram a atividade antimicrobiana do óleo principalmente contra o agente patogénico Pseudomonas aeruginosa (Al-Bayati, 2008).

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