Gênero: o público feminino no IFSP-SRT

A importante ascensão do movimento feminista no século XXI nos remete a verificar como se enquadra a participação feminina no IFSP câmpus Sertãozinho. De acordo com os dados pesquisados do público discente ingressante no IFSP-SRT dos anos de 2008 a 2016, constatou-se que a participação feminina no câmpus ainda é bem baixa. A média de discentes do gênero feminino entre 2008 e 2016 representou somente 37% do público total, conforme indicado no Gráfico 4. Em uma análise mais recente, do ano de 2016, o público feminino representou somente 36% do público discente, evidenciando um público predominantemente masculino no IFSP-SRT, apesar da participação feminina ter tido um momento de evolução nos anos de 2010 e 2011, mas se manteve praticamente estável em representatividade até 2016, estando em 2016 no mesmo patamar de 2008.

Gráfico 4 - Composição do público ingressante do IFSP-SRT

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017 e acesso aos sistemas Escolac e SUAP-Edu.

A Tabela 8 demonstra como se comportou a evolução do público feminino no IFSP-SRT no período analisado de 2008 a 2016:

Tabela 8 - Evolução do público feminino em número de 2008 a 2016 M F % Mulheres Evol. Públ. F 2008 143 79 36% - 2009 176 83 32% -4% 2010 182 110 38% 6% 2011 201 154 43% 6% 2012 215 135 39% -5% 2013 188 118 39% 0% 2014 239 111 32% -7% 2015 176 105 37% 6% 2016 262 150 36% -1%

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017.

A divisão entre os gêneros ao longo dos anos pode ser melhor visualizada no Gráfico 5:

Gráfico 5 - Composição do público ingressante do IFSP-SRT por gênero

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017 e acesso aos sistemas Escolac e SUAP-Edu.

O Gráfico 6 demonstra que, apesar de ser instável o comportamento da participação feminina no câmpus, com períodos de crescimento, mas também de declínios, a linha de tendência se apresenta de forma estável, não demonstrando uma tendência de crescimento do público feminino no câmpus durante os últimos anos:

Gráfico 6 – Número de mulheres na composição do corpo discente – IFSP/SRT – 2008 a 2016 (em %)

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017 e acesso aos sistemas Escolac e SUAP-Edu.

Ao analisar a divisão dos discentes femininos pelos cursos oferecidos pelo IFSP-SRT (Gráfico 7), contatou-se que a grande procura do público feminino é pelos três cursos oferecidos na área de ciências humanas no período analisado (Gestão de Recursos Humanos, Técnico em Administração e Gestão Empresarial). Com relação à área de ciências exatas, a grande procura feminina se apresenta pelos cursos da área de Química, tanto na modalidade técnica quanto na licenciatura, sendo o restante dos cursos da área de exatas predominantemente masculinos. Isso pode ser explicado pelo grande preconceito de gênero que ainda prevalece na sociedade, ao considerar que tais cursos devam ser frequentados por homens apenas, seguindo uma cultura tradicional e políticas públicas que, apesar de considerar que as mulheres devam participar da economia, não garantem de modo adequado a disponibilidade de vagas em certas áreas que são consideradas de propriedade masculina (LAMAS, 1996). Vale ressaltar aqui que o curso técnico em Gestão Empresarial na modalidade EJA foi oferecido somente nos anos de 2008 e 2009, sendo substituído pelo curso técnico em Administração na modalidade EJA nos anos de 2010 e 2011, não sendo oferecido nenhum curso técnico na área de ciências humanas até 2016 quando retorna o oferecimento do curso técnico em Administração, porém, não mais na modalidade EJA e sim na modalidade concomitante/subsequente, o que pode contribuir para a retomada do aumento do público feminino no IFSP-SRT. De 2011 em diante foi oferecido o curso superior de Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos e a partir de 2012 tem início o curso superior em Licenciatura em Química, ambos predominantemente femininos. Em 2017 tem início o curso

de Licenciatura em Letras, o que poderá também contribuir para a ampliação do público feminino. Por outro lado, o curso de Tecnologia em Automação Industrial (superior) foi substituído pelo curso de Engenharia Elétrica, podendo fomentar ainda mais o público masculino também a partir de 2017, devido à tradição cultural.

Esse estudo demonstra que há muito o que se trabalhar ainda para romper preconceitos tradicionais que ainda imperam na sociedade, haja vista a baixa participação do público feminino nos cursos oferecidos no IFSP-SRT.

Gráfico 7 - Divisão do público discente por gênero e curso no IFSP-SRT

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017 e acesso aos sistemas Escolac e SUAP-Edu.

Um outro aspecto analisado quanto ao público feminino diz respeito à evasão. Dados demonstram que, apesar do público feminino ser bem inferior ao público masculino em termos quantitativos, a evasão deste público também é alta, acompanhando os aspectos de interesse desse público, sendo os maiores índices de evasão do público feminino nos cursos de exatas (Gráfico 8). Nos cursos da área de ciências humanas oferecidos até 2011 na modalidade EJA, apesar da procura por este público ser alta, a evasão também era significativa. Aparecem como exceções com relação a cursos da área de exatas o curso Técnico em Química e o curso de Licenciatura em Química, os quais têm a maior procura pelo público feminino. Porém, com relação a evasão, o curso técnico de ensino médio na área de Química possui o menor índice de evasão do câmpus, enquanto que o curso de

Licenciatura em Química representa altos índices de evasão, o que será tratado nas seções 5 e 6. Merecem destaque também para efeito de evasão do público feminino os cursos Técnico em Automação Industrial (nível médio) e Engenharia Mecânica, onde, apesar de não terem um público feminino representativo, deste público poucos evadem.

Gráfico 8 - Evasão feminina por cursos no IFSP-SRT

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos nos relatórios fornecidos pela Coordenadoria de Registros Escolares IFSP-SRT em 30/04/2017 e acesso aos sistemas Escolac e SUAP-Edu.