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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3. Aclimatação

5.9.1. Ganho de Peso e comprimento médio

Os juvenis de robalo-flecha iniciaram o experimento no mês de março com peso médio inicial de 1,1 ± 0,4 g e comprimento médio inicial de 47,6 ± 6,1 mm. Depois de 6 meses de cultivo, após sua última biometria, o peso médio foi de 3,7±5,5g e comprimento médio de 71,0 ± 22,7 mm, totalizando um crescimento médio de 2,6 g e 23,4 mm (Fig16). Conforme já comentado, o baixo crescimento médio observado no presente trabalho foi influenciado por alguns fatores observados durante experimento.

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Figura 16: Box plot apresentando a média, erro padrão e desvio padrão do comprimento total (mm) dos juvenis de robalo-flecha cultivados nas cinco biometrias realizadas durante período de estudo.

Figura 17: Box plot apresentando a média, desvio padrão e o erro padrão do peso dos robalos nas cinco biometrias realizadas no período de estudo.

Acredita-se que o pequeno tamanho inicial dos organismos, a baixa freqüência alimentar, as mudanças na composição nutricional e no tamanho do pellet das rações fornecidas e também a queda na temperatura da água em alguns períodos foram os fatores que possivelmente mais influenciaram o crescimento dos juvenis de robalo-flecha durante o projeto. Mean Mean±SE Mean±SD Bi o 1 Bi o 2 Bi o 3 Bi o 4 Bi o 5 30 40 50 60 70 80 90 100 C o m p rim e n to (m m ) Mean Mean±SE Mean±SD Bi o 1 Bi o 2 Bi o 3 Bi o 4 Bi o 5 -4 -2 0 2 4 6 8 10 P eso (g )

35 O elevado desvio padrão observado nos valores de comprimento e peso médio dos robalos após última biometria foi decorrente da heterogeneidade no tamanho dos organismos amostrados, pois no final do experimento foi observado um número de indivíduos, em torno de 3%, que apresentava comprimento (mm) e peso (g) bem maiores que a média geral, sendo que alguns organismos atingiram até 164 mm e 33,2 g (Fig. 17). Infelizmente não existem referências sobre o desenvolvimento de juvenis de robalo-flecha cultivados em tanques-rede marinhos no Brasil, o que dificulta uma comparação dos resultados obtidos.

Figura 18: Heterogeneidade observada no desenvolvimento dos juvenis de robalo-flecha cultivados em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

No trabalho realizado por Roos (2011), na mesma área foi observado um maior crescimento dos juvenis de robalo-peva em relação aos robalos-flecha do presente estudo, pois em 6 meses de cultivo os peixes que tinham no início do projeto em média aproximadamente 3 g e 70mm, ao final do projeto atingiram aproximadamente 8 g e 95mm. O crescimento dos robalos-peva registrado por Roos (2011) foi maior possivelmente devido ao maior tamanho inicial dos organismos e menor densidade de estocagem em relação aos robalos-flecha do presente estudo.

36 A influência do tamanho na taxa de crescimento foi relatada por diversos autores Cerqueira (2005) apud GUARIZI (2010), em experimentos realizados com Robalo-Peva (C. parallelus )em tanque rede, observaram taxas de crescimento inicialmente baixas em peixes pequenos, entretanto estas taxas aumentaram a quando os peixes atingiram 30g (peso corporal).

Além disso, existem estudos que enfatizam a influência de fatores como freqüência alimentar e temperatura água no crescimento de peixes marinhos. De acordo com FAO (2006a) recomenda-se que juvenis de robalo-europeu (Dicentrarchus labrax) com 1,5-2,5g sejam pré-engordados até 10-15g, com alimentação automática a cada 10-15 minutos, geralmente com temperatura controlada. Já juvenis de Robalo asiático (Lates calcarifer) com 1,0-2,5 cm podem ser colocados em tanques flutuantes em rios, zonas costeiras ou lagoas, ou diretamente em viveiros de água doce ou salobra e ser alimentados com sobras de peixe picado (4-6 mm), ou em grânulos de pequenas dimensões entorno de 30 a 45 dias. Uma vez que os alevinos alcançaram 5-10 cm podem então ser transferidos para os viveiros de crescimento (FAO, 2006c).

Quanto a influência da temperatura, Baldisseroto (2009) afirma que peixes, por serem ectotérmicos, em baixas temperaturas têm metabolismo reduzido, fazendo com que se alimentem menos e consequentemente cresçam menos.

Em relação a heterogeneidade no tamanho dos organismos, Andriello Neto, com. pes. apud Baldisseroto e Gomes (2005) destacam este fator no crescimento de juvenis de robalo-peva, relatando que já foram observados peixes que vieram de uma mesma desova e foram mantidos em lotes nas mesmas condições, apresentando peso entre 100 e 700g. Para minimizar esse problema os autores recomendam que sejam feitas separações por tamanho, periodicamente, principalmente nas fases iniciais (até 100g) (BALDISSEROTO & GOMES, 2005).

Nota-se que independente das diferentes condições de cultivo encontradas, os valores de crescimento observados para os 3% dos robalos que mais cresceram se mostraram semelhantes a estudos realizados com robalos-peva no CE, ES, RJ, e SP, sendo necessários aproximadamente seis meses em condição de clima tropical para juvenis de 1,5 a 3,0 g crescerem até um peso aproximado de 30 g (BALDISSEROTO &GOMES, 2005). Os mesmos autores em observações feitas em Florianópolis verificaram que a partir dos 30 g, a taxa de crescimento dos robalos-peva incrementa-se, obtendo-se peixes de 450g com 12 meses de cultivo.

37 Apesar do robalo-flecha possuir características morfológicas e hábitos semelhantes a espécies como robalo-peva, são espécies diferentes o que dificultam comparações mais consistentes.

5.9.2. Taxa de crescimento específico

A taxa de crescimento específico total observada no experimento foi de 0,6275 %/dia, sendo a mais elevada registrada entre os dias 07 de agosto e 02 de outubro, de 1,418 %/dia. Já a menor foi de -0,011, obtida entre os dias 20 de junho e 07 de agosto (Tab. 1). A maior taxa, registrada no final do experimento, possivelmente seja decorrente do aumento na temperatura da água nos meses de agosto e setembro associada a disponibilidade da ração Aquaxcel, que além de uma melhor composição nutricional tem os pellets de tamanho ideal para os peixes. Por outro lado, a menor taxa de crescimento registrada entre os meses de junho e agosto fizeram com que a taxa de crescimento específico fosse negativa neste período. Como descrito anteriormente, a freqüência alimentar, a composição e tamanho da ração e a temperatura da água possivelmente influenciaram o crescimento dos peixes e consequentemente a taxa de crescimento específico total.

Considerando que a freqüência alimentar foi a mesma no decorrer de todo experimento, pode-se afirmar que as diferentes taxas de crescimento específico provavelmente foram conseqüência das diferentes temperaturas e do tipo das rações, pois no mês de julho, quando a temperatura média da água chegou a 18,2°C a taxa de crescimento dos robalos-flecha foi a mínima registrada.

A taxa de crescimento específico de 0,6275 %/dia observada nos robalos-flecha do presente experimento foi semelhante às taxas obtidas por Roos (2011), sendo que em seus 4 tratamentos utilizando robalos-peva, as taxas foram (0,56, 0,32, 0,13 e 0,05%/dia). Guarizi (2010) observou valores de TCE entre 2,05 e 2,13 %/dia para os robalos-peva, alimentando duas e quatro vezes ao dia respectivamente. Tsuzuki & Berestinas (2008) apud Roos (2011) também com robalos-peva obtiveram 1,3 %/dia, sendo a alimentação de duas vezes ao dia. Portanto, se verifica um incremento na taxa de crescimento especifico associado a um aumento na frequência alimentar dos peixes.

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