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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3. Aclimatação

5.9.2. Taxa de crescimento específico

Apesar do robalo-flecha possuir características morfológicas e hábitos semelhantes a espécies como robalo-peva, são espécies diferentes o que dificultam comparações mais consistentes.

5.9.2. Taxa de crescimento específico

A taxa de crescimento específico total observada no experimento foi de 0,6275 %/dia, sendo a mais elevada registrada entre os dias 07 de agosto e 02 de outubro, de 1,418 %/dia. Já a menor foi de -0,011, obtida entre os dias 20 de junho e 07 de agosto (Tab. 1). A maior taxa, registrada no final do experimento, possivelmente seja decorrente do aumento na temperatura da água nos meses de agosto e setembro associada a disponibilidade da ração Aquaxcel, que além de uma melhor composição nutricional tem os pellets de tamanho ideal para os peixes. Por outro lado, a menor taxa de crescimento registrada entre os meses de junho e agosto fizeram com que a taxa de crescimento específico fosse negativa neste período. Como descrito anteriormente, a freqüência alimentar, a composição e tamanho da ração e a temperatura da água possivelmente influenciaram o crescimento dos peixes e consequentemente a taxa de crescimento específico total.

Considerando que a freqüência alimentar foi a mesma no decorrer de todo experimento, pode-se afirmar que as diferentes taxas de crescimento específico provavelmente foram conseqüência das diferentes temperaturas e do tipo das rações, pois no mês de julho, quando a temperatura média da água chegou a 18,2°C a taxa de crescimento dos robalos-flecha foi a mínima registrada.

A taxa de crescimento específico de 0,6275 %/dia observada nos robalos-flecha do presente experimento foi semelhante às taxas obtidas por Roos (2011), sendo que em seus 4 tratamentos utilizando robalos-peva, as taxas foram (0,56, 0,32, 0,13 e 0,05%/dia). Guarizi (2010) observou valores de TCE entre 2,05 e 2,13 %/dia para os robalos-peva, alimentando duas e quatro vezes ao dia respectivamente. Tsuzuki & Berestinas (2008) apud Roos (2011) também com robalos-peva obtiveram 1,3 %/dia, sendo a alimentação de duas vezes ao dia. Portanto, se verifica um incremento na taxa de crescimento especifico associado a um aumento na frequência alimentar dos peixes.

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Tabela 3: Taxa de crescimento específico (TCE) total e taxas de crescimento específico (TCE) parciais calculadas entre cada biometria dos juvenis de robalo-flecha cultivados na Enseada da Armação do Itapocoroy

Data Nº de dias TCE (%/dia)

19/03 a 20/04 32 0,628

20/04 a 20/06 60 0,414

20/06 a 07/08 48 -0,011

07/08 a 02/10 55 1,418

19/03 a02/10 195 0,6275

5.10. Despesca

A contagem final dos organismos foi realizada na própria área de cultivo, ao lado do próprio tanque-rede, para diminuir stress causado aos peixes. A partir da contagem final dos peixes foi possível estimar a sobrevivência durante o experimento. A separação foi feita após contagem, onde os peixes visivelmente maiores eram capturados e colocados em caixas separadas, já que a diferença de tamanho era bem visível em alguns peixes. O fato de este procedimento ter sido realizado rapidamente no próprio ambiente com auxílio de embarcações e não em laboratório provavelmente contribuiu para não haver mortalidade nesta etapa, pois caso os peixes fossem levados para o laboratório, possivelmente o stress causado seria maior. Conforme observado no estudo realizado por Roos, (2011) com juvenis de robalos-peva, onde realizando o procedimento de seleção em laboratório obteve mortalidade de 20%, já com a realização da seleção por tamanho no mar a mortalidade diminuiu consideravelmente, sendo inferior a 1%.

5.11. Parâmetros para análise de biomassa e sobrevivência

5.11.1. Sobrevivência

Após contagem final dos organismos calculou-se o percentual de sobrevivência dos juvenis de robalo-flecha cultivados. Dos dez mil indivíduos que iniciaram o experimento apenas 7,7% sobreviveram até o mês de outubro, ou seja, 92,3% dos organismos morreram, pois conforme foi afirmado não foram observados escapes (fugas) de peixes do tanque-rede.

Diversos fatores que agiram associados influenciaram a mortalidade dos peixes, entre estes cabe destacar o tamanho médio inicial dos peixes, variabilidade nas rações

39 oferecidas, diminuição no consumo de ração, possível inanição, heterogeneidade de tamanho dos peixes, canibalismo, e quedas na temperatura da água. estes fatores atuando em conjunto possivelmente contribuíram para a baixa sobrevivência dos peixes cultivados. Cabe destacar que patologias não foram monitoradas durante experimento, podendo também ser outro fator que possa ter influenciado na mortalidade dos juvenis de robalo-flecha.

Esses fatores são citados por alguns autores para outras espécies. Baldisseroto e Gomes (2005) para o robalo-peva dizem que após desmame, quando é fornecida alimentação artificial, em substituição a alimentação natural, uma parte dos organismos não se adapta a ração e morre por inanição. Cerqueira e Correa (2003) apud Baldisseroto e Gomes (2005) citam também o canibalismo, e revelam que este fator é favorecido pela densidade e por diferenças no tamanho dos organismos cultivados.

Na região da Penha, Roos (2011) nos cultivos de robalo-peva verificou sobrevivências entre 92,5 e 56,3% em seus quatro tratamentos. Considerando, que as condições ambientais foram semelhantes e a frequência alimentar foi a mesma, pode-se supor que a maior mortalidade no presente trabalho esteja associada ao pequeno tamanho dos peixes no inicio do experimento e ao tipo de ração oferecida.

Para espécies de peixes cultivadas no mar mediterrâneo (pargo e robalo europeu) a sobrevivência ao atingirem tamanho comercial pode variar de 10 até 50%, dependendo da espécie cultivada e das técnicas de produção utilizadas (HELLIN, 1986).

5.11.2. Biomassa final

A biomassa final está diretamente relacionada com a sobrevivência e o desenvolvimento dos organismos cultivados. No início do experimento o número inicial de organismos era elevado, sendo estimado um povoamento do tanque com 10.000 indivíduos, totalizando uma biomassa inicial de 170 g/m3. Após 6 meses o número de peixes diminuiu expressivamente, ocasionando uma perda de biomassa no tanque em decorrência da baixa sobrevivência ao final do projeto, sendo assim, a biomassa final foi de 44 g/m3.

A densidade inicial utilizada foi baixa se comparada a cultivos comerciais de algumas espécies no mar mediterrâneo, por exemplo, para o pargo europeu se recomenda densidades médias de 10-15kg/m³. (FAO, 2006a). Já para o robalo-europeu e robalo

40 asiático, aplicam-se altas densidades iniciais, em torno 20-35 kg/m³ (FAO, 2006b) e 15 a 40kg/m³ (FAO, 2006c) respectivamente.

É importante destacar que não foi possível iniciar experimentos com estas densidades, devido a limitação na disponibilidade de alevinos associado ao tamanho dos tanques (64 m3)

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