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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar CTTMar Curso de Oceanografia

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar Curso de Oceanografia

Crescimento de juvenis de Robalo-flecha Centropomus undecimalis (Bloch,1792) durante fase de pré-engorda em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy,

Penha-SC

AUGUSTO GUILHERME MUELLER FILHO

ITAJAÍ 2012

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar Curso de Oceanografia

Crescimento de juvenis de Robalo-flecha Centropomus undecimalis (Bloch,1792) durante fase de pré-engorda em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy,

Penha-SC

AUGUSTO GUILHERME MUELLER FILHO

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de oceanógrafo na Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina.

Orientador: Gilberto Caetano Manzoni

ITAJAÍ 2012

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iii AUGUSTO GUILHERME MUELLER FILHO

CRESCIMENTO DE JUVENIS DE ROBALO-FLECHA CENTROPOMUS UNDECIMALIS (BLOCH,1792) DURANTE FASE DE PRÉ-ENGORDA EM TANQUE-REDE NA ENSEADA DA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA-SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de Bacharel em Oceanografia e aprovado pelo curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar.

Área de Concentração : Aquicultura marinha. Itajaí, 08 de novembro de 2012.

Prof.Dr. Gilberto Caetano Manzoni UNIVALI – CECIESA – CTL

Orientador

Prof.Dr. Paulo Ricardo Schwingel UNIVALI – CECIESA – CTL

Membro

Prof.Dr. Adriano Weidner Marenzi UNIVALI – CECIESA – CTL

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iv DEDICATÓRIA

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v AGRADECIMENTOS

Meu pai, Augusto Guilherme Mueller, muito obrigado por me ensinar a dar valor as coisas realmente importantes da vida. Perseverança, paciência, amor e principalmente humildade são algumas das virtudes que me fazem lembrar e ter orgulho da pessoa maravilhosa que você foi. Obrigado pela confiança e incentivo. Descanse em paz. Te amo. Muito obrigado, ‘’Pai eterno’’.

A minha mãe, Sueli R. Mueller, muito obrigado por todo carinho, amor e dedicação. Te amo. Aos meus irmãos Rafael e Maicon, muito obrigado pelos ensinamentos, e pela força nos momentos difíceis de minha vida, Obrigado.

A toda minha família, muito obrigado pelo amor, compreensão e confiança. A minha namorada Jéssica Montibeller, obrigado por cada momento que passamos juntos, por me ajudar sempre que eu preciso, por estar comigo em todos momentos de minha vida, dividindo cada sentimento comigo. Obrigado.

A todos meus colegas de curso, obrigado por todas alegrias e tristezas que compartilhamos. Contem comigo sempre. A todos os professores, coordenadores e funcionários da UNIVALI, obrigado por toda ajuda prestada e por todos ensinamentos.

A todos que participaram de alguma forma no projeto. EPAGRI, Nicoluzzi, LAPMar (UFSC), UNIVALI. Obrigado. Este tipo de incentivo é muito importante para o desenvolvimento não só da aquicultura, mas todas áreas de pesquisa.

A todo pessoal do CEMar, os ‘’terceiros’’, por dar todo suporte e me ajudar com que foi preciso, sem fazer corpo mole em momento algum. Obrigado não só em relação ao experimento, mas em todos ensinamentos que levarei pra minha vida. Aprendi muito com cada um de vocês. Ao Renatinho, Jeferson, Zé, Giba (Gibera), Karen, dona Eva, ‘’curupira’’, dentre outros. Obrigado pelo companheirismo e pelo espírito de equipe.

Ao orientador do projeto, o honorário professor Dr. Gilberto Manzoni. Obrigado por fornecer todo suporte necessário para realização do experimento, pela confiança, e principalmente, pela oportunidade de eu trabalhar com excelentes pessoas e profissionais. A universidade e a comunidade precisam de pessoas como você. Muito obrigado.

A todas estas pessoas e também aquelas que esqueci de citar aqui, meu sinceros e eternos agradecimentos. Que Deus abençoe a todos. Obrigado.

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vi EPÍGRAFE

‘’Não sabendo que era impossível, foi lá e fez’’ Jean Cocteau

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vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 1 2. OBJETIVOS ... 5 2.1. Objetivo Geral ... 5 2.2. Objetivos Específicos ... 5 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 6 4. MATERIAIS E MÉTODOS ... 11 4.1. Área de estudo ... 11 4.2. Tanque-rede ... 11 4.2.1. Redes ... 12

4.3. Aclimatação dos peixes ... 13

4.4. Alimentação ... 14

4.4.1. Ração ... 14

4.5. Troca de rede ... 15

4.6. Limpeza das redes ... 16

4.7. Parâmetros físico-químicos ... 16

4.8. Biometria ... 17

4.9. Parâmetros para análise do crescimento ... 19

4.9.1 Ganho de peso e comprimento total médio ... 19

4.9.2. Taxa de crescimento específico (TCE) ... 20

4.10. Despesca ... 20

4.11. Parâmetros para análise de biomassa e sobrevivência ... 21

4.11.1. Sobrevivência ... 21

4.11.2. Biomassa final ... 21

4.11.3. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA) ... 22

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 23 5.1. Área de estudo ... 23 5.2. Tanque-rede ... 24 5.2.1 Rede ... 24 5.3. Aclimatação ... 24 5.4. Alimentação ... 25 5.4.1 Ração ... 26 5.5. Troca de rede ... 27

(8)

viii

5.7. Parâmetros físico-químicos ... 28

5.7.1. Salinidade ... 28

5.7.2. Temperatura ... 30

5.8. Biometria ... 32

5.9. Parâmetros para análise do crescimento... 33

5.9.1. Ganho de Peso e comprimento médio ... 33

5.9.2. Taxa de crescimento específico ... 37

5.10. Despesca ... 38

5.11. Parâmetros para análise de biomassa e sobrevivência ... 38

5.11.1. Sobrevivência ... 38

5.11.2. Biomassa final... 39

5.11.3. Conversão alimentar aparente (CAA) ... 40

6. CONCLUSÕES ... 41

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 43

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ix LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Posição do tanque-rede marinho, paralelo ao parque aquícola da fortaleza situado na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 11 Figura 2: Tanque-rede com suas estruturas principais identificadas, flutuadores com diametro de 140mm, anel superior com diâmetro de 50mm e o bracked que une as duas estruturas ... 12 Figura 3: Malha (2,5 mm) da rede utilizada no cultivo de juvenis de robalo-flecha (A). Rede de proteção contra aves marinhas colocada sobre o tanque-rede marinho (B) ... 13 Figura 4: Vista lateral da alimentação dos juvenis de robalo-flecha em tanque-rede marinho na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC (A). Vista superior da parte interna do tanque-rede durante alimentação dos juvenis de robalo-flecha (B). ... 14 Figura 5: Troca da rede. A rede colmatada era amarrada em uma metade do tanque-rede, onde então era paneada para dentro da embarcação (A). Na outra metade já era amarrada a rede limpa (B). ... 15 Figura 6:Rede de cultivo sendo pendurada na balsa de manejo da UNIVALI para secar (A). Rede de cultivo sendo lavada com lavadora de alta pressão (B). Rede de cultivo sendo limpa com vassoura (C)... 16 Figura 7: Juvenis de robalo-flecha selecionados para biometria nas caixas com aeração .... 17 Figura 8: Juvenis de robalo-flecha anestesiados com benzocaína (0,08g/L) antes de serem medidos e pesados. ... 18 Figura 9: Pesagem de um juvenil de robalo-flecha em balança eletrônica digital (0,01g). .... 18 Figura 10: Medição do comprimento total de juvenis de robalo-flecha com paquímetro ... 19 Figura 11: Contagem final dos juvenis de robalo-flecha cultivados em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy. ... 21 Figura 12: Anel inferior do tanque-rede incrustado (A). Rede de cultivo colmatada (B). ... 23 Figura 13: As diferentes rações utilizadas durante o cultivo dos juvenis de robalo-flecha em tanque-rede na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 27 Figura 14: Variação da salinidade no tanque-rede marinho localizado na Enseada da armação do Itapocoroy, Penha-SC. No período de março/2012 a setembro/2012... 30 Figura 15: Variação da temperatura (°C) na enseada da Armação do Itapocoroy no período de março a setembro de 2012. ... 32 Figura 16: Box plot apresentando a média, erro padrão e desvio padrão do comprimento total (mm) dos juvenis de robalo-flecha cultivados nas cinco biometrias realizadas durante período de estudo. ... 34 Figura 17: Box plot apresentando a média, desvio padrão e o erro padrão do peso dos robalos nas cinco biometrias realizadas no período de estudo. ... 34 Figura 18: Heterogeneidade observada no desenvolvimento dos juvenis de robalo-flecha cultivados em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 35

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x LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Desvio padrão, valor máximo e valor mínimo de salinidade registrados entre março e setembro de 2012 na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 30 Tabela 2: Desvio padrão, valor máximo e valor mínimo de temperatura (ºC) registrados entre março e setembro de 2012 na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC. ... 32 Tabela 3: Taxa de crescimento específico (TCE) total e taxas de crescimento específico (TCE) parciais calculadas entre cada biometria dos juvenis de robalo-flecha cultivados na Enseada da Armação do Itapocoroy ... 38

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xi RESUMO

Apesar do grande potencial, a piscicultura marinha no Brasil é pouco evoluída, principalmente se comparada com os principais produtores mundiais. Para que espécies nativas do Brasil, como o robalo-flecha, tenham uma disponibilidade maior no mercado é necessária à realização de estudos que permitam aperfeiçoar as metodologias de reprodução, pré-engorda e engorda desses organismos em cativeiro. Disponibilizando assim, informações importantes sobre o crescimento e sobrevivência da espécie de acordo com as metodologias de cultivo empregadas e sua relação com fatores abióticos. Com a finalidade de obter estas informações foi avaliado o desenvolvimento (crescimento, ganho de peso e sobrevivência) do robalo-flecha (Centropomus undecimalis) em tanque-rede na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC, durante um período de aproximadamente seis meses. No dia 05 de março de 2012 dez mil juvenis de robalo-flecha fornecidos pelo laboratório de pisicultura marinha (LAPMar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), chegaram ao Centro experimental de maricultura (CEMar/Penha), onde permaneceram em quarentena no laboratório, em um tanque de 5000 litros. Posteriormente, os peixes com peso médio inicial de 1,1± 0,4g e comprimento médio inicial de 47,6 ± 6,1 mm, foram transferidos para o tanque rede com o volume de 64 m3, totalizando uma biomassa inicial de 170 g/m3. Os peixes foram alimentados manualmente uma vez ao dia, até a saciedade aparente, com ração para carnívoros. Devido a falta de uma ração exclusiva para Robalos e um problema no fornecimento da ração pela empresa parceira, foram ofertados em diferentes momentos quatro formulações de ração, com um nível mínimo de 50% de proteína bruta. A temperatura (°C) e a salinidade foram monitoradas durante todo o período experimental. Para verificar o desenvolvimento dos peixes, periodicamente foram realizadas amostragens de 100 indivíduos, que eram capturados no tanque rede, anestesiados, medidos e pesados. No dia 26 de outubro foi realizada a contagem final dos organismos para obtenção da sobrevivência e biomassa total do tanque. Os resultados demonstraram que a maior média mensal de temperatura foi de 24,3°C no mês de março enquanto que a menor foi de 18,2°C em julho. A salinidade oscilou entre 34,8 e 26,1. Com relação ao crescimento, os peixes apresentaram um desenvolvimento heterogêneo, com um peso médio de 3,7 ± 5,5 g e comprimento total médio de 71,0 ± 22,7 mm. A taxa de crescimento específico total foi de 0,627 %/dia, sendo que nos meses de junho e agosto os peixes tiveram o menor crescimento. A biomassa final do tanque foi de 44 g/m3, e a sobrevivência foi de 7,7%. A metodologia aplicada mostrou-se eficaz em alguns aspectos, principalmente em relação à aclimatação dos peixes, ao fundeio do tanque rede, trocas de rede, limpeza das redes, anestesia dos peixes e despesca. Contudo, os resultados de crescimento e sobrevivência foram abaixo da expectativa esperada, provavelmente em decorrência do pequeno tamanho inicial dos peixes, da reduzida frequência alimentar, da variedade de rações utilizadas e das baixas temperaturas observadas durante o inverno. Sugere-se a continuidade de trabalhos com esta espécie, mas é importante realizar uma etapa inicial de pré-engorda (berçário) em tanques escavados ou em laboratório, aonde os peixes possam ser alimentados com uma maior frequência e mantidos com água aquecida (20-28oC), para daí então realizar a transferência de peixes maiores (30g) para as estruturas de cultivo no mar.

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xii ABSTRACT

Despite the great potential, the marine fish farming in Brazil is slightly evolved, especially when compared with major world producers. For native species in Brazil, such as snook, have a greater availability in the market is necessary conduct studies to improve the methodologies of breeding, pre-fattening and fattening of these organisms in captivity. Providing thus, important information of the growth and survival of this species according to the methods of cultivation employed and its relationship with environmental factors. With the purpose of obtain this information were evaluated development (growth, weight gain and survival) of snook (Centropomus undecimalis) in cages, at Armação of Itapocoroy bay, Penha-SC, during a period of approximately six months. On 5 march 2012, ten thousand juvenile snook provided by the marine pisiculture laboratory (LAPMar), of Federal University of Santa Catarina (UFSC), arrived at the Experimental mariculture center (CEMAR / Penha), where they remained in quarantine in laboratory in a tank of 5000 liters. Later, the fish with average weight of 1.1 ± 0.4 g and average length initial 47.6 ± 6.1 mm, were transferred to the cage whose volume is 64 m3, totaling an initial biomass of 170 g / m3. The fish were fed manually once a day, to apparent satiation, with carnivorous food. Because of problems in the supply of feed, were offered in different moments four feed formulations, with a minimum of 50% crude protein. The temperature (° C) and salinity were monitored throughout the experimental period. To check the development of the fish, periodically samplings were performed of 100 individuals, who were captured in the cage, anesthetized, measured and weighed. On the 26th of October was made the final count of organisms to obtain the survival and total biomass of the tank. The results demonstrated that the highest monthly average temperature was 24.3 ° C in March, while the lowest was 18.2 ° C in July. The salinity ranged between 34.8 and 26.1. With relation to the growth, the fish showed a heterogeneous development, with an average weight of 3.7 ± 5.5 g and total mean length of 71.0 ± 22.7 mm. The total specific growth rate was 0.627 % / day, and that in the months of June and August the fish had lowest growth. The final biomass of the tank was 44 g/m3, and survival was 7.7%. The methodology was effective in some aspects, especially in relation to acclimation of fish, anchorage of the tank, net exchanges, cleanliness of the nets, fish anesthesia and final count. However, the results of growth and survival were below of the expectation awaited, probably due to the small initial size of fish, reduced food frequency, the variety of diets used and the low temperatures observed during the winter. It is suggested to continue with works with this species, but it is important to realize an initial stage of pre-fattening (nursery) in dug tanks or in the laboratory, where the fish can be fed a higher frequency and maintained with heated water (20-28ºC), so then to conduct the transfer of larger fish 30g to the sea cultivation structures.

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1. INTRODUÇÃO

Aquicultura pode ser definida como cultivo de seres que têm na água o seu principal ou mais frequente ambiente de vida, não abrangendo apenas organismos estritamente aquáticos, mas também os que passam menor tempo de sua existência em terra (CAMARGO; POUEY, 2005). A aquicultura mundial, excluindo macroalgas, atingiu aproximadamente 63,6 milhões de toneladas em 2011. Deste total, o cultivo de peixes é responsável por aproximadamente 61% (39,1 milhões), sendo destes 86% espécies de água doce, 9,2% diádromos e apenas 4,6% espécies marinhas (FAO, 2012).

Acredita-se que no mundo a piscicultura em ambiente marinho teve início por volta do ano 1.400 na Indonésia, onde juvenis de ‘’milk-fish’’ (Chanos chanos) eram capturados nas marés cheias e cultivados em ‘’jaulas’’ improvisadas, chamadas viveiros. Por volta de 1954 no Japão, iniciou-se a utilização de estruturas chamadas de tanques-rede marinhos (SHEPHERD & BROMAGE, 1988). O ‘’milk-fish’’ junto com os salmonídeos são os principais peixes diádromos cultivados, sendo responsáveis por cerca de 3,6 milhões de toneladas (FAO, 2012). O mesmo levantamento diz que desde o começo de 1990 mais da metade da produção mundial de peixes diádromos foi de salmonídeos (FAO, 2012).

Com relação ao desenvolvimento da piscicultura em ambiente marinho, somente a partir da década de 90 foi observado uma expansão mundial, com o cultivo de espécies como o olhete (Seriola quinquerradiata) (SHEPHERD & BROMAGE, 1988). De acordo com FAO (2012) entre as espécies marinhas indentificadas mais cultivadas no mundo estão os pampos e cavalas, cianídeos, dourada (Sparus auratta), robalo-europeu (Dicentrarchus labrax), tainhas (mugilidae). O mesmo estudo revela que do total produzido pela piscicultura marinha, mais de 400 mil toneladas são peixes marinhos não identificados.

No Brasil, a piscicultura marinha supostamente teve início na região nordeste do país, mais especificamente no estado de Pernambuco no século XVII, sendo que durante o governo do holandês Maurício de Nassau eram cultivados robalos (Centropomus spp.), tainhas (Mugil) e carapebas (Eugerres e Diapterus) extensivamente em viveiros de maré (VON IHERING, 1932 apud CAVALLI, 2007). Porém a piscicultura marinha não consta nas estatísticas de produção de pescado do país, não é uma atividade desenvolvida comercialmente, estando limitada somente a algumas iniciativas de instituições de pesquisa, destacando-se o Instituto de Pesca/SP, Universidade Federal de Santa Catarina/SC, Fundação Universidade do Rio Grande/RS e Universidade Federal do Ceará/CE (ROUBACH et al., 2003 apud CAVALLI; HAMILTON, 2009) . Recentemente a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) vem realizando experimentos com peixes marinhos,

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destacando-2 se os realizados com a sardinha-cascuda (Harengula clupeola) (BEHLING, 2008); o robalo-peva (C. parallelus) (ROOS, 2011) e o beijupirá (Rachycentron Canadum) (GOMES, Não publicado).

Analisando as espécies naturalmente encontradas no litoral brasileiro, Cavalli e Hamilton (2007) consideraram três critérios de seleção das espécies para o cultivo: o mercado, o potencial de crescimento e a disponibilidade de tecnologia de cultivo. Estes mesmos autores definiram que os robalos são organismos que reúnem boas condições para serem cultivados.

Para o litoral brasileiro são citadas quatro espécies pertencentes a esse gênero: Centropomus undecimalis, Centropomus parallelus, Centropomus ensiferus e Centropomus pectinatus (FIGUEIREDO & MENEZES, 1985), sendo as duas primeiras predominantes. As espécies do gênero Centropomus de maior importância econômica no Brasil são Centropomus undecimalis (BLOCH, 1792) e Centropomus parallelus (Poey, 1860), denominados popularmente no litoral sudeste-sul como robalo-flecha e robalo-peva respectivamente, e na região nordeste como camori ou camurim (ARAÚJO, 2008).

O robalo-flecha (C. undecimalis) pertence a classe Osteichthyes; sub-clase Actinopterygii; ordem Perciformes; família Centropomidae; Gênero Centropomus (GREENWOOD, 1976 ; RIVAS, 1986 apud MENDONÇA ,2004). O mesmo estudo caracteriza o robalo-flecha como uma espécie eurihalina, podendo ser encontrada no mar, em águas salobras estuarinas, lagunas, rios e lagoas, sendo capaz de se adaptar a diversos tipos de habitat, como fundos de areia, cascalho, lodo, raízes de mangue e lajes. Mendonça, (2004) revela também que estes peixes são organismos catádromos, ou seja, indivíduos maduros que se encontram em rios e lagos de água doce regressam ao mar para desovar, onde permanecem uma temporada antes de retornar ao ambiente estuarino. Acredita-se que os adultos do gênero se reproduzem preferencialmente na boca de rios e estuários e indivíduos jovens se beneficiam das águas costeiras ricas e de manguezais para se desenvolverem, o que facilita a localização e captura de reprodutores e até mesmo juvenis (CERQUEIRA, 2002). Mendonça (OP SIT.) destaca sua adaptação a diferentes habitats, qualificando esses peixes como rústicos e gregários. Se adaptam bem o cativeiro, sendo uma espécie muito resistente ás manipulações e variações dos parâmetros físico-químicos da água (MAGALHÃES, 1931; CHAPMAN et al, 1982; PATRONA, 1984 apud CERQUEIRA, 2002).

São carnívoros e vorazes, se alimentam de moluscos, crustáceos e peixes (MUHLIA-MELO et. al, 1995 apud MENDONÇA, 2004). De acordo com Gomes (1995) apud Mendonça (2004) não existe diferença significativa das taxas metabólicas de robalos-flecha

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3 adaptados em água doce em relação a outros mantidos em água salobra. Howels et. al (1990) apud Mendonça (2004) afirmam que o intervalo de 25 a 29ºC é ótimo para o desenvolvimento normal dos robalos, assim como a salinidade deve estar sempre em torno de 34.

C. undecimalis pode ser comparado em qualidade aos robalos europeu (Dicentrarchus labrax) ou asiático (Lates calcarifer), sendo tais espécies objeto de cultivo em suas respectivas regiões, possuindo preço de venda elevado e oferta ainda insuficiente para cobrir toda demanda (PATRONA, 1988 apud CERQUEIRA, 2002). As espécies do gênero são importantes membros das comunidades estuarinas, ocupando posição de destaque entre aquelas de valor econômico agregado, em função de sua excelente qualidade como alimento, sendo bastante apreciadas (VASCONCELOS FILHO et al., 1995 apud ARAÚJO, 2008). Devido a sua importância econômica, informações sobre a dieta, principalmente das fases iniciais dos robalos, são necessárias para um melhor entendimento sobre seu ciclo de vida. Estas informações são imprescindíveis ao manejo deste recurso natural, tanto para sua propagação (repovoamento), quanto também para viabilizar a produção em escala na aquicultura (ARAÚJO, 2008). Maciel (2006) e Tsuzuki et al (2007) mostram em seus estudos que estes peixes são tolerantes a variações na qualidade da água e salinidade, além de possuir alto preço no mercado. O preço de venda do robalo está abaixo somente do preço do atum, estando acima do valor do salmão e da maioria das demais espécies de peixes comercializadas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP, 2010).

Apesar de seu valor de mercado estar entre os mais elevados, considerando-se peixes marinhos e de água doce, a pesca comercial de robalos do gênero Centropomus tem pouca importância no Brasil (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). De acordo MPA (2012) a produção de robalos pela pesca extrativa no Brasil em 2010 foi de aproximadamente 3645 toneladas. No entanto, por frequentar áreas costeiras e possuir valor comercial elevado, a espécie é alvo de pescadores artesanais, sendo capturado nas modalidades de arrasto e emalhe. É alvo também da pesca esportiva com anzol e caça submarina com arpões (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). Apesar de não existirem informações sobre a quantidade de robalos-flecha capturados, existem relatos de pescadores e mergulhadores que dizem estar cada vez mais difícil capturar esta espécie. Nesse sentido, para que espécies como o robalo-flecha tenham uma disponibilidade maior e mais regular no mercado é necessária a realização de estudos para otimizar e tornar viável a reprodução, pré-engorda e engorda desses organismos em cativeiro. Disponibilizando assim, informações importantes não só de crescimento, mas que também viabilizem o

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4 desenvolvimento de uma metodologia de cultivo, e permitam identificar a influência de fatores abióticos no crescimento e sobrevivência da espécie. A geração destas informações serve também como base para pesquisas envolvendo espécies marinhas com potencial de cultivo no Brasil, para que assim, o cultivo de peixes marinhos seja completamente dominado, gerando emprego, renda e complementando o fornecimento de proteína animal em diversas regiões litorâneas do país.

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5 2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar o desenvolvimento do robalo-flecha (Centropomus undecimalis) durante fase de pré-engorda em tanque-rede na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

2.2. Objetivos Específicos

a) Avaliar a metodologia de cultivo utilizada pela equipe no experimento;

b) Confrontar os parâmetros ambientais salinidade e temperatura com o crescimento e sobrevivência dos Robalos-flecha cultivados;

c) Determinar o crescimento (cm) e ganho de peso médio (g) do robalo-flecha (C. undecimalis) durante a fase de pré-engorda;

d) Determinar a biomassa final e sobrevivência do robalo-flecha (C. undecimalis) durante fase de pré-engorda;

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6 3. REFERENCIAL TEÓRICO

A pesca e a aqüicultura foram responsáveis por cerca de 148 milhões de toneladas de pescado no ano de 2010, proporcionando um abastecimento per capita aproximado de 18,4 kg de pescado em 2009. A aquicultura foi responsável por 47% do total de pescado comestível em 2010, estando este setor crescendo mais rapidamente que qualquer outro setor de produção de alimentos de origem animal, e a maior ritmo que a população, com um crescimento médio anual de 8,8% nas últimas 3 décadas. Apesar de uma produção expressiva de pescados originária da aquicultura, o cultivo de peixes exclusivamente marinhos corresponde há apenas 3,1%, que representa 1,8 milhões de toneladas (FAO, 2012).

Na Europa as principais espécies cultivadas em ambiente marinho são o pargo europeu (Sparus aurata), o robalo europeu (Dicentrarchus labrax) e o robalo asiático (Lates calcarifer). Cultivadas principalmente no mar mediterrâneo, foram importantes para o desenvolvimento da piscicultura marinha no mundo (FAO, 2006a).

A primeira espécie marinha não salmonidae que se cultivou comercialmente na Europa foi o robalo-europeu (Dicentrarchus labrax), que atualmente é o peixe comercial mais importante e amplamente cultivado nas áreas mediterrâneas, sendo Grécia, Turquia, Itália, Espanha, Croácia e Egito os maiores produtores (FAO, 2006a). O estudo revelou também que no fim dos anos 70 as metodologias e técnicas de cultivo e produção de larvas desta espécie já eram suficientemente bem desenvolvidas na maioria dos países mediterrâneos. O robalo europeu é euritérmico (5-28 °C) e eurihalino, frequentando assim águas costeiras interiores e ocorrendo em estuários e lagunas (FAO, 2006a). Atualmente a maior parte de sua produção provém de cultivos em tanques-redes marinhos com diâmetro de 4 até 10m e 6-8 metros de profundidade (FAO, 2006a). Juvenis são pré-engordados até aproximadamente 15 g com alimentação automática várias vezes ao dia. Após esse tamanho a freqüência alimentar diminui e podem alcançar o tamanho comercial de 400-450g em 18-24 meses (FAO, 2006a).

A alimentação destes peixes é geralmente organizada de acordo com a temperatura e condições da água (HOSSU et. al, 2005). Hidalgo et al (1987) apud Hossu, et. al (2005) investigaram o efeito da temperatura sobre a eficiência alimentar do robalo-europeu (20-30g) e em concluíram que em temperaturas de 15 °C a taxa de crescimento dos peixes foi menor do que em 20°C. Hidalgo e Alliot (1988) apud Hossu, et. al (OP SIT.) avaliaram os efeitos da temperatura da água na utilização da ração para juvenis de robalo-europeu, recomendando algumas necessidades nutricionais na alimentação destes peixes em

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7 temperaturas menores de 20°C. Segundo esses autores o crescimento dos peixes aumentou com o incremento da temperaturada da água. Também foi observada uma maior mortalidade de peixes no tanque em que os organismos tinham menor média de peso (1,44g)

O pargo europeu (Sparus aurata) é uma espécie comum no mar Mediterrâneo, apresenta hábitos eurihalinos e euritérmicos, sendo encontrado tanto em ambientes marinhos e águas salobras, como lagunas e áreas estuarinas, preferencialmente durante as etapas iniciais do seu ciclo de vida (FAO, 2006a). Em média juvenis pequenos (5g) levam 16 meses para atingirem tamanho comercial (350-400g). A engorda em tanques-rede marinhos é o sistema de cultivo normalmente usado nos países do mediterrâneo, com densidades de 10-15kg/m³. Sendo a Grécia o maior produtor da espécie (FAO, 2006a).

De acordo com Hellin (1986) o crescimento do robalo-europeu e do pargo-europeu cultivados no mar mediterrâneo depende muito da temperatura da água, sendo que a temperatura ótima considerada é em torno de 25ºC. Abaixo de 18ºC observa-se redução no crescimento dos organismos, que é completamente bloqueado abaixo dos 12ºC. Para minimizar a influência das temperaturas baixas no crescimento desses peixes, foram realizados cultivos utilizando aquecimento da água, que era mantida em torno de 20ºC o ano todo, proporcionando assim um crescimento contínuo e que os peixes atingissem tamanho comercial em 18 meses. Já outras fazendas utilizam água do mar a temperatura natural, porém só são consideradas adequadas em lugares onde a temperatura não seja inferior a 14ºC. Feito desta maneira, o crescimento dos peixes marinhos na Europa se caracteriza por interrupções no inverno, fazendo com que atinja tamanho comercial ao fim de 2 a 3 anos.

Hellin (1986) revela que cultivos geralmente são realizados em duas ou três etapas distintas, sendo elas: berçário, primeira engorda e engorda. A etapa chamada de ‘’berçário’’ começa quando os alevinos são transferidos do incubatório para os viveiros berçário. Estes viveiros são de pequeno volume (25 a 50 m3) e caracterizados principalmente por possuírem boa acessibilidade (para um melhor controle da criação e redução dos encargos trabalhistas manuais), e temperatura controlada. Os peixes permanecem nesta etapa durante aproximadamente 6 meses, até se atingir peso médio de cerca de 20 -25 g. Daí então os juvenis são transferidos para tanques maiores (60 até 300 m3) para as etapas de engorda, onde permanecem até atingir 300 – 500g. A sobrevivência dos peixes após a etapa de engorda ao atingirem tamanho comercial pode variar de 10 até 50%, dependendo da espécie cultivada e das técnicas de produção utilizadas.

Outra espécie importante cultivada no pacífico indo-ocidental pertencente também à família Centropomidade é o robalo asiático (Lates calcarifer), também conhecido como

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8 ‘’Perca’’, que começou a ser cultivado nos anos 70 na Tailândia e se expandiu rapidamente pelo sudeste asiático (FAO, 2006c). Esta espécie tem características eurihalinas, habitando águas doces, salobras e marinhas. Cresce rapidamente alcançando o tamanho comercial (350 g a 3 kg) entre seis meses e dois anos respectivamente. Geralmente seu cultivo é feito em tanques-redes que variam entre 3x3m e 10x10m, com profundidades entorno de 2-3m. (FAO, 2006c). Segundo esses autores juvenis de robalo-asiático podem ser colocados em gaiolas flutuantes em rios, zonas costeiras ou lagoas, ou diretamente em viveiros de água doce ou salobra. Os peixes podem ser alimentados com sobras de peixe picado (4-6 mm), ou em grânulos de pequenas dimensões. Esta fase nos viveiros dura em torno de 30 a 45 dias, uma vez que os alevinos alcançam aproximadamente 10 cm podem ser transferidos para os tanques de crescimento (FAO, 2006c).

Na última década a produção de peixes planos (linguados) aumentou notavelmente, passando de 26.300 toneladas no ano de 2000 para 148.800 toneladas em 2008, sendo a China e Espanha os maiores produtores (FAO, 2010). As principais espécies planas produzidas são Psetta máxima, Paralichthys olivaceus e, Cynoglossus semilaevis (FAO, 2010).

Recentemente a espécie Rachycentron canadum, conhecido também como beijupirá, tem recebido uma atenção especial. Em Taiwan esta espécie é comumente criada em tanques-rede tanto para o consumo doméstico quanto para a exportação, principalmente para o mercado japonês (LIAO; LEAÑO, 2007 apud CAVALLI; HAMILTON, 2009). Grande interesse no desenvolvimento de tecnologia de cultivo desta espécie reside principalmente na sua alta taxa de crescimento, pois é capaz de atingir um peso médio entre 4 e 6 kg em um ano de cultivo (ARNOLD et. al., 2002; BENETTI et. al., 2008 apud CAVALLI; HAMILTON, 2009), e entre 8 e 10 kg em 16 meses (LIAO et. al., 2004 apud CAVALLI ;HAMILTON, 2009), com taxas de conversão alimentar próximas a 1,5:1 (BENETTI et. al., 2008 apud CAVALLI; HAMILTON, 2009). Segundo esses autores cultivos experimentais com esta espécie estão sendo realizados no litoral de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

No Brasil, experimentos com cultivo de peixes marinhos iniciaram na década de 80 com as tainhas (Mugilidae) (BENETTI ; FAGUNDES NETO, 1985). Posteriormente as pesquisas começaram a ser direcionadas aos robalos (C.parallelus e C. undecimalis).

Segundo Cerqueira (2002) o laboratório de piscicultura marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (LAPMAR) iniciou suas atividades de pesquisa em 1990 com robalos das espécies Centropomus undecimalis e Centropomus parallelus. Sendo que as primeiras desovas artificiais do C. parallelus foram obtidas em 1995, disponibilizando

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9 informações importantes sobre indução de desova (CERQUEIRA, 1995-a apud CERQUEIRA, 2002), produção de alevinos (CERQUEIRA et. al, 1995 apud CERQUEIRA, 2002) e crescimento em cativeiro com dietas formuladas (CERQUEIRA e HONCZARYK, 1992; CERQUEIRA, 1995-b apud CERQUEIRA, 2002).

De acordo com Guarizi (2010) robalos-peva (C. parallelus) cultivados em tanque-rede apresentam taxa de crescimento inicialmente baixa, porém aumentam a partir de 30g (peso corporal). Este autor revela que uma fase de pré-engorda auxiliaria o desenvolvimento da espécie, possibilitando um melhor controle das condições ambientais e do peixe, podendo resultar em maior crescimento e sobrevivência.

No Espírito Santo, indivíduos da espécie C. parallelus, com peso médio inicial de 1,5g foram estocados em um tanque cilíndrico de 44m³ de volume em água doce . A dieta utilizada foi comercial extrusada, com 48% de proteína bruta. Durante o experimento a temperatura da água variou de 17 a 28°C e o oxigênio esteve sempre perto da saturação. Ao final de 21 meses, os peixes alcançaram peso entre 300 e 400g, com sobrevivência de 80% (PERIN apud BALDISSEROTO& GOMES, 2005).

Em Camboriú-SC, Junior, et. al (2009) apud Roos (2011) nas dependências do Campo Experimental de Piscicultura de Camboriú – CEPC/EPAGRI, foram cultivados robalos-peva (Centropomus parallelus) em tanques circulares de cimento com volume de 2m³ contendo água doce. Os peixes possuíam peso médio inicial de 11,5g e densidade de 863g/m³. Em 240 dias atingiram peso médio final de 46g, sendo que a temperatura sempre esteve acima dos 20°C.

No município de Penha-SC, o Centro Experimental de Maricultura (UNIVALI/CTTMar), vem realizando o cultivo experimental de robalos-peva desde o início de 2011 em tanques redes marinhos, onde foi verificado que os robalos-peva com peso inicial de 3g em 6 meses atingiram cerca de 10g, concluindo assim a fase de pré-engorda (ROSS, 2011). Os mesmos indivíduos 10 meses após o início do experimento apresentaram peso médio de 120g, sendo que a temperatura esteve entre 16,2 e 27 °C.

Com relação ao robalo-flecha (C. undecimalis) existem poucas informações sobre o cultivo da espécie. No México, um experimento utilizando-se um policultivo entre C. parallelus e C. undecimalis em água doce, apresentou resultados interessantes. Em tanque de concreto com volume de 96m³ foram colocados robalos-peva com peso médio de 5,6g e robalos-flecha com peso médio de 29g. A temperatura media foi de 28°C durante os 12 meses de estudo. Ao final obteve-se robalos-peva com peso médio de 124g e robalos-flecha com peso médio de 212g (MEZA et. al, 2006).

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10 O Centro Experimental de Maricultura da Universidade do Vale do Itajaí (CEMar/UNIVALI) juntamente com alguns parceiros como a Universidade Federal de SC, EPAGRI, NICOLUZZI RAÇÕES® e outros vem realizando experimentos com algumas espécies de peixes marinhos destacando-se: robalo-peva, robalo-flecha, garoupa e beijupirá, sendo os resultados obtidos bastante satisfatórios. Um policultivo entre as espécies C. parallelus e C. undecimalis vem sendo realizado desde novembro de 2011, onde juvenis já pré-engordados de ambas as espécies foram distribuídos em um tanque-rede marinho com 64 metros cúbicos. Após 11 meses de policultivo existem indivíduos de robalo-peva com aproximadamente 150 g e robalos-flecha com aproximadamente 400g, sendo que a temperatura da água variou de 16,2 a 27ºC.

Apesar deste volume de trabalho, no Brasil não existem informações sobre o desenvolvimento do robalo-flecha (C. undecimalis) durante a etapa de pré-engorda em tanque-rede marinho , sendo este o objeto de estudo desta pesquisa.

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11 4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Área de estudo

O experimento foi realizado em um tanque-rede localizado no parque aquícola da Enseada da Armação do Itapocoroy, no município de Penha-SC (26º58’S ; 48º38’ W) (Fig.1). A enseada abrange uma área de 6,7 km2 aproximadamente, com profundidade média de 8 metros. É cercada por morros que a tornam abrigada de ondas e ventos provenientes do quadrante sul, mas é exposta para ventos e ondas provenientes do quadrante leste e nordeste (SCHETTINI et, al,. 1999). Nesta região a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), através do Centro Experimental de Maricultura (CEMar) (CTTMar), apresenta uma cessão de área marinha onde desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão relacionadas ao cultivo de organismos marinhos desde 1994, destacando-se o cultivo de moluscos e peixes.

Figura 1: Posição do tanque-rede marinho, paralelo ao parque aquícola da fortaleza situado na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

4.2. Tanque-rede

A estrutura utilizada para o cultivo dos peixes foi um tanque-rede confeccionado com tubos de polietileno de alta densidade (PEAD), sendo que na superfície (linha) da água o

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12 tanque apresenta dois tubos (flutuadores) circulares com o diâmetro de 140 mm. Nestes tubos foram encaixados estruturas de PEAD, denominados de “bracked” que permitem a fixação de outro anel superior também de PEAD (diâmetro 50 mm) que fica aproximadamente 1 metro acima da superfície.

Os tubos flutuadores inferiores, localizados na linha d’ água são responsáveis basicamente por manter a flutuabilidade dos tanques-rede enquanto que o anel superior é utilizado para a amarração das próprias redes de cultivo e as redes de proteção anti-pássaro, além de servir de apoio para as atividades de manejo (alimentação e troca de redes) realizadas nos tanques (Fig.2).

O tanque-rede foi ancorado (fundeado) com auxilio de cabos de polietileno 22 mm comprimento médio de 30 metros, que ligavam os tanques a 6 estacas de ferro (diâmetro 100mm) de 2 metros de comprimento, que foram enterradas em pontos georeferenciados e eqüidistantes. A profundidade aproximada no local onde o tanque está situado é de 8 metros.

Figura 2: Tanque-rede com suas estruturas principais identificadas, flutuadores com diametro de 140mm, anel superior com diâmetro de 50mm e o bracked que une as duas estruturas

4.2.1. Redes

As redes utilizadas durante fase de pré-engorda apresentaram abertura de malha de 2,5 mm e 5 mm entre nós adjacentes e foram confeccionadas com fio multifilamento PA

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13 210/08 (Fig.3). As redes com abertura de 2,5 mm foram utilizadas nos dois primeiros meses e nos outros quatro meses foi utilizada a rede de 5 mm. Estas redes apresentavam o diâmetro e altura de 5,7 e 3,5 metros respectivamente. Porém considerando que aproximadamente 1 metro desta rede ficava emersa e apenas 2,5 metros submersos o volume útil de cultivo disponível para os peixes foi de 64m³.

Uma rede de proteção contra invasão de aves marinhas foi utilizada. Confeccionada com fios de PE com tamanho de malha 2,5 mm e sua função é basicamente evitar a predação dos peixes por aves. As duas redes eram amarradas no anel superior do tanque rede.

4.3. Aclimatação dos peixes

Os juvenis de robalo-flecha (Centropomus undecimalis) foram disponibilizados pelo Laboratório de Piscicultura Marinha da UFSC – Florianópolis no início do mês de março de 2012. O transporte dos peixes foi realizado pela EPAGRI em camioneta, com auxílio de uma caixa de transporte de peixes, com suprimento de oxigênio. Os alevinos chegaram ao CEMar no dia 5 de março onde foram mantidos em laboratório até o dia 26 de março como período de aclimatação, para que se adaptassem completamente a temperatura (°C) e salinidade da região. No dia 26 foram então levados os juvenis de robalo-flecha com média de 1,1 ± 0,4 g e 47,6 ± 6,1 mm ao tanque-rede marinho com auxílio de uma embarcação de alumínio de pequeno porte (5m) com motor de popa de 15 hp, onde permaneceram até o fim do experimento.

A B

Figura 3: Malha (2,5 mm) da rede utilizada no cultivo de juvenis de robalo-flecha (A). Rede de proteção contra aves marinhas colocada sobre o tanque-rede marinho (B)

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14 4.4. Alimentação

A alimentação dos peixes no decorrer do experimento foi realizada sempre na presença de algum técnico/responsável do CEMar, onde com o auxílio de uma embarcação de alumínio de pequeno porte (5m) com motor de popa de 15 HP chegava-se no local de fundeio do tanque-rede. A alimentação era feita manualmente e vagarosamente até a saciedade aparente dos peixes (Fig.4), geralmente uma vez por dia no período matutino. Somente aos domingos ou em condições climáticas ou oceanográficas desfavoráveis a ponto de impossibilitar a navegação, os peixes não recebiam alimentação.

Para avaliar a quantidade de ração fornecida e a taxa de conversão alimentar, antes e após cada alimentação a quantidade de ração foi quantificada através de uma pesagem em balança eletrônica digital (0,01g), sendo assim possível avaliar a quantidade de alimento fornecida aos peixes por dia.

4.4.1. Ração

Durante o experimento foram utilizados quatro tipos diferentes de ração extrusada. No início do projeto, durante todo período de aclimatação até o mês de abril a ração oferecida aos peixes foi Aquaxcel 5014m, fabricada pela Cargill animal nutrition®, em Franklinton, LA. Esta ração foi cedida pelo Laboratório de piscicultura marinha (LAPMAR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) juntamente com os juvenis de robalo-flecha e possuia 50% de proteína e pellet de 1,5mm.

No mês de abril os peixes passaram a ser alimentados com a ração da Nicoluzzi rações® para peixes carnívoros marinhos, constituída com 50% de proteína bruta e pellet

A B

Figura 4: Vista lateral da alimentação dos juvenis de robalo-flecha em tanque-rede marinho na Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC (A). Vista superior da parte interna do tanque-rede durante alimentação dos juvenis de robalo-flecha (B).

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15 com diâmetro de 2,5mm. Esta ração passou a ser oferecida juntamente com a Aquaxcel, sendo acrescentada gradativamente na dieta dos robalos-flecha até o mês de maio. Com o término da ração Aquaxcel esta passou a compor 100% da dieta dos peixes até o mês de julho.

No mês de julho, pela falta da ração que vinha sendo utilizada, os peixes foram alimentados com uma mistura de duas rações. Essas duas rações já estavam disponíveis no CEMar, uma delas é ração para peixes com até 70 dias de vida, fabricada pela empresa Inve Aquaculture inc., que possuía 55% de proteína e pellet de até 0,6 mm e a outra uma ração de truta Nicoluzzi rações®, com 50 % de proteína e 3,7 mm de pellet. A partir do mês de agosto em diante, a ração utilizada foi novamente a Aquaxcel 5014m com pellet de 1,5mm. O uso da ração Inve, com menor tamanho de pellet, juntamente com a ração de truta foi realizado para disponibilizar pellets menores aos peixes neste período, de maneira que a ração de truta possuía o pellet grande para os organismos.

É importante destacar que a variabilidade no tipo de ração utilizada durante experimento não estava prevista e infelizmente ocorreu devido a uma modificação no cronograma de produção da empresa parceira.

4.5. Troca de rede

Aproximadamente a cada 4 semanas a rede de cultivo que estava no tanque rede era trocada, devido ao desenvolvimento de organismos incrustantes (fouling) na sua parte submersa, que dificultava a circulação da água e aumentava o peso da estrutura. No momento da troca, a rede colmatada era desamarrada até a metade da estrutura e paneada para um lado do tanque, enquanto a rede nova era amarrada no lado oposto (Fig.5). No final, parte da rede incrustada era colocada dentro da rede limpa já amarrada, formando um canal por onde os peixes eram liberados para rede limpa, que era então completamente amarrada e coberta.

.

A B

Figura 5: Troca da rede. A rede colmatada era amarrada em uma metade do tanque-rede, onde então era paneada para dentro da embarcação (A). Na outra metade já era amarrada a rede limpa (B).

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16 4.6. Limpeza das redes

Após a troca, a rede incrustada era suspensa na balsa de manejo da UNIVALI para que os organismos morressem e secassem. Permaneciam cerca de 2 a 3 semanas secando. Este procedimento de secagem era necessário para facilitar a remoção dos organismos incrustantes da malha da rede com uma lavadora de alta pressão, também chamado ‘’lava-jato’’ ou com vassouras (Fig.6).

4.7. Parâmetros físico-químicos

A Temperatura e a salinidade da água foram coletadas de 19 de março a 25 de setembro de 2012. De março até inicio de abril os equipamentos utilizados para coleta destes dados foram um termômetro de imersão e um refratômetro. A partir do dia 12 de abril estes parâmetros passaram a ser monitorados no próprio ambiente, diariamente de 3 em 3 horas, por um equipamento chamado Star Oddi Data Storage Tag (DST), projetado para implementações prolongadas de medição de parâmetros físico-químicos em rios, lagos e oceanos. Este equipamento foi cedido pela EPAGRI para esse trabalho.

Quanto à temperatura, este aparelho pode operar sem problemas em temperaturas de -1 a 40°C, possuindo acurácia de 0,1 °C e resolução de 0,04°C. Em relação a salinidade, o equipamento calcula automaticamente através da condutividade e pode operar entre 13 e 50mS/cm (13 a 37psu).Os dados coletados foram armazenados no próprio equipamento até final do mês de setembro, onde então o amostrador foi retirado e levado para a cidade de Florianópilis para que os dados fossem descarregados em programa específico e posteriormente planilhados em Microsoft Excel 2010.

Os dados temperatura e salinidade, obtidos diariamente de três em três horas, foram transformados em valores médios mensais no Excel 2010e apresentados gráficamente.

A B C

Figura 6:Rede de cultivo sendo pendurada na balsa de manejo da UNIVALI para secar (A). Rede de cultivo sendo lavada com lavadora de alta pressão (B). Rede de cultivo sendo limpa com vassoura (C).

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17 4.8. Biometria

A cada troca de rede, foram amostrados aleatoriamente cerca de 100 indivíduos para que fossem realizadas as biometrias (medição e pesagem) dos peixes. Estes peixes eram capturados com um balde e transportados rapidamente da área de cultivo para o laboratório em caixas de 300 litros com água do mar, no laboratório eram mantidos com aeração e em jejum até o momento da biometria (Fig. 7)

Em laboratório geralmente duas ou três pessoas participavam do procedimento de biometria. Alguns cuidados como atenção e agilidade eram importantes para que o tempo de permanência dos peixes fora d’água ou em contato com anestésico fosse o mínimo possível. Peneiras foram usadas para facilitar a captura dos peixes nas caixas que eram então anestesiados com benzocaína (0,08g/L) (Fig.8), sendo posteriormente pesados em balança eletrônica digital (0,01g) (Fig.9) e medidos (comprimento total) com paquímetro (Fig.10). Posteriormente os peixes eram transferidos para outras caixas com volume de 300 litros com fluxo de água contínuo, onde após aproximadamente 2 minutos, os peixes se recuperavam gradativamente. Após 24 horas, os peixes eram levados novamente ao mar. Os dados obtidos eram planilhados em Microsoft Excel 2010 para posteriormente serem calculados os parâmetros para análise de crescimento.

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Figura 8: Juvenis de robalo-flecha anestesiados com benzocaína (0,08g/L) antes de serem medidos e pesados.

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Figura 10: Medição do comprimento total de juvenis de robalo-flecha com paquímetro

4.9. Parâmetros para análise do crescimento

Com os valores médios de peso (g) e comprimento total dos juvenis de robalo-flecha (mm) observados ao longo do período amostral foram determinados os seguintes parâmetros:

4.9.1 Ganho de peso e comprimento total médio

Para determinação do ganho de peso médio foi realizada uma subtração simples, onde a média de peso dos organismos no final do experimento foi subtraída pela média de peso dos organismos no início do experimento. Obtendo-se então o valor do ganho de peso médio dos robalos-flecha em gramas (g). O mesmo foi realizado com os valores de comprimento total (mm).

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20 4.9.2. Taxa de crescimento específico (TCE)

Segundo BALDISSEROTO, 2009 assume-se que o peso dos peixes aumenta de forma exponencial. Essa estimativa é valida para peixes jovens e é expressa em (%/dia).

o (TCE)= Onde:

o Pt1 = peso total médio (g) da amostra no início do experimento; o Pt2 = peso total médio (g) da amostra no final do experimento; o t = tempo em dias.

Desta maneira foram calculadas as taxas de crescimento específico (TCE) entre cada biometria e a taxa de crescimento específico total em (%/dia).

4.10. Despesca

No dia 26 de setembro de 2012 foi realizada a contagem final e a separação dos juvenis de robalo-flecha em duas classes de tamanho. Para realização desta etapa foram necessárias 2 embarcações, 4 caixas com capacidade de 300 litros de água, 4 peneiras, 2 baldes e 6 pessoas. Durante troca de rede todos indivíduos do tanque foram capturados com peneiras e transferidos para 3 caixas de 300 litros que estavam em uma das embarcações. Os peixes eram então contados individualmente e separados visualmente em 2 classes de tamanho. Os indivíduos que eram visivelmente maiores foram colocados em uma caixa de 300 litros com água do mar e posteriormente levados ao laboratório enquanto que os menores eram soltos no tanque-rede (Fig. 11). Após contagem final a sobrevivência e a biomassa final do tanque foram calculadas.

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21

Figura 11: Contagem final dos juvenis de robalo-flecha cultivados em tanque-rede na Enseada da Armação do

Itapocoroy.

4.11. Parâmetros para análise de biomassa e sobrevivência

4.11.1. Sobrevivência

A sobrevivência foi estimada através de uma contagem dos indivíduos no início e no final do experimento. O resultado foi expresso em porcentagem.

o S=

Onde:

n = número de animais vivos no tanque;

N = número total de indivíduos colocados no tanque

4.11.2. Biomassa final

Foi quantificada a biomassa final multiplicando o peso médio final dos organismos pelo número de indivíduos vivos no tanque após última contagem, dividindo então pelo volume total do tanque. A unidade é . (ROOS, 2011).

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22 4.11.3. Taxa de conversão alimentar aparente (CAA)

No final do experimento, a CAA foi avaliada de acordo com (BALDISSEROTO, 2009), onde:

o Conversão alimentar aparente (CAA) = Onde:

o Af = quantidade de alimento fornecido; o Gp = ganho de peso no período

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23 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Área de estudo

A Enseada da Armação do Itapocoroy possui algumas características ambientais e de qualidade de água que podem ter influenciado o experimento. Verificou-se que pelo fato da Enseada ser um ambiente semi-abrigado, à dinâmica de ondas e ventos não causou prejuízos físicos as estruturas (rede, tanque e cabos de ancoragem) e permitiu que a equipe navegasse para alimentar os peixes e dar manutenção no tanque-rede na maioria dos dias que envolveram o experimento.

A grande quantidade de organismos incrustantes na coluna d’água provocou uma intensa colmatação das redes de cultivo e de outras estruturas que permaneciam submersas (tanques, cabos, bóias) (Fig.12). Este problema de colmatação ou incrustação possivelmente seja influenciado pela produção de moluscos (principalmente mexilhões), que é uma atividade comum na enseada. Muitos moluscos e a fauna associada a este cultivo possuem fase larval planctônica (MACEDO, 2012), ou seja, suas larvas permanecem na coluna d’água até que acabem se desenvolvendo e encontrando nas estruturas de cultivo um local para se fixar e crescer como organismos bentônicos. O que pode ser observado na região em muitas estruturas fundeadas como balsas, longlines, tanques-rede e até embarcações é a necessidade de manejo frequente para retirada de organismos incrustantes.

A B

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24 5.2. Tanque-rede

Em relação a estrutura de cultivo, denominado tanque-rede, pode-se afirmar que o sistema de fundeio/ancoragem foi eficiente, não sendo observado qualquer problema de deslocamento, mudança de posição ou algo do gênero. Em relação ao tipo de plástico, PEAD (Polietileno de alta densidade) também foi observado que se mostrou um material bastante resistente e eficaz para este tipo de estrutura, já que não apresentou nenhum problema de rompimento, furo ou outro dano que pudesse vir a afundar a estrutura de cultivo ou simplesmente deixar que os peixes escapassem. Porém foi verificado problema de incrustação nesse material.

5.2.1 Rede

As redes compostas por fio multifilamento PA 210/08 e malha de 2,5 mm e 5 mm, utilizadas para o cultivo dos organismos, apresentaram algumas pequenas avarias na malha no decorrer do experimento. Possivelmente o contato da rede com organismos incrustantes ocasionava pequenos furos, que eram encontrados e remendados antes de cada troca de rede, para evitar fuga de organismos. Como nenhuma grande abertura foi encontrada durante o experimento, pode-se afirmar que a fuga de organismos não foi um fator responsável pela diminuição da densidade no tanque, ou seja, as redes se mostraram eficazes.

No entanto, a presença de organismos incrustantes na rede é um fator que aumenta o custo de produção requerendo mão de obra para a troca e a limpeza das redes assim como acelera a deterioração das redes.

5.3. Aclimatação

A aclimatação dos peixes durou 13 dias e foi realizada em laboratório nas dependências do CEMar. O objetivo deste período de aclimatação basicamente foi adaptar os juvenis de robalo-flecha provenientes de Florianópolis às características da água da Enseada da Armação do Itapocoroy, de maneira que a água utilizada em laboratório foi captada na Enseada da Armação do Itapocoroy, próximo ao CEMar. A temperatura média neste período foi de 24,3ºC enquanto que a salinidade média foi de 34,8. Durante este período foi observado uma mortalidade pequena de peixes, não chegando a 3% dos organismos. Enquanto a alimentação, neste período observou-se que após primeiros dias,

(37)

25 durante alimentação, os peixes passaram a nadar mais na direção do alimento e se alimentar dos grânulos (pellets) de ração.

5.4. Alimentação

O excesso de ração pode se tornar prejudicial ao experimento, pois além de atrair outros organismos para o entorno do tanque-rede, pode piorar a qualidade de água do tanque. O uso de alimentação manual até a saciedade aparente foi a maneira utilizada durante todo experimento, não só devido a falta de alimentadores automáticos, mas servindo também na minimização de sobras de ração nos tanques, evitando assim grandes desperdícios e diminuindo o impacto desse excesso no ambiente. A turbulência da água em alguns dias, devido a ventos fortes ou ondulação intensa (principalmente do quadrante nordeste), provocou dispersão de parte da ração jogada aos peixes para fora do tanque-rede, fazendo com que os peixes tivessem menos tempo para se alimentar, aumentando consequentemente a sobra de ração e influenciando a taxa de conversão alimentar.

Por outro lado, a frequência alimentar foi um dos principais fatores que possivelmente influenciou o crescimento dos robalos-flecha, já que eram alimentados apenas 1 vez ao dia de segunda a sábado. Também o fato dos peixes não receberem alimentação aos domingos, feriados e quando as condições ambientais eram adversas (ventos, chuvas e ondulações) provavelmente influenciou no crescimento e/ou sobrevivência, pois de acordo com FAO, 2006c juvenis de robalo-europeu (Dicentrarchus labrax) com 1,5-2,5g são pré-engordados até 10-15g, com alimentação automática a cada 10-15 minutos, geralmente com temperatura controlada.

Durante o experimento além da ração, possivelmente os juvenis de robalo-flecha, por serem carnívoros, se alimentaram de organismos que entraram na malha da rede, ou até mesmo organismos que viviam no material incrustado na rede. A presença de alimento natural com pequeno tamanho foi verificada varias vezes no interior do tanque.

Neste sentido, pode-se dizer então que um alimentador automático seria uma alternativa, não só para aumentar a frequência alimentar dos juvenis de robalos-flecha, mas também fornecer alimento aos peixes nos domingos, feriados e dias de condições ambientais ruins.

(38)

26 5.4.1 Ração

A ração tem extrema importância para o crescimento saudável dos organismos, pois em sistemas de cultivo intensivo e semi-intensivo não existe alimento natural para suprir a demanda. Porém o uso de dietas artificiais possui custo elevado e por vezes não atende todas necessidades nutricionais do organismo. De maneira geral, pode-se dizer que no decorrer do experimento os robalos aceitaram a dieta artificial, sendo que visualmente foi possível observar os peixes se dirigindo na direção da ração durante alimentação, capturando os pellets na superfície ou coluna d’água (Fig. 13). Em relação aos diferentes tipos de ração utilizados não se pode dizer ao certo qual teve melhor ou pior aceitação por parte dos organismos, pois foram utilizadas em épocas diferentes e tinham composição e tamanho variados.

Entretanto o tamanho de pellet possivelmente teve influência na alimentação e no crescimento dos peixes, pois por problema de fornecimento, foram utilizadas rações com tamanho de pellet grande (2,5 e 3,7 mm) nos meses de maio até final de julho. O que provavelmente acabou dificultando a captura de alimento pelos indivíduos menores, e consequentemente facilitando aos indivíduos maiores. Este fato possivelmente contribuiu para aumentar a heterogeneidade no crescimento dos indivíduos, pois provavelmente os organismos maiores conseguiam capturar o pellet inteiro e os menores não.

Além disso, o fato das rações não serem próprias para a espécie possivelmente influenciou a alimentação e consequentemente o desenvolvimento dos peixes, pois as espécies possuem necessidades nutricionais diferentes umas das outras. Para as espécies de peixes marinhos cultivados no Brasil observa-se que não existem rações ‘’específicas’’, ou seja, que sejam elaboradas de acordo com exigências nutricionais de cada espécie, muitas vezes forçando os piscicultores do país todo a utilizar rações de espécies pertencentes a mesma família, ou rações de alguma espécie que possua hábito semelhante. Em relação ao gênero Centropomus, pela falta de um cultivo estabelecido, sabe-se que a demanda de alimento artificial é pequena, ainda não existindo no comércio uma dieta própria para robalo (BALDISSEROTO & GOMES, 2005).

Nutricionalmente todas as rações apresentavam níveis protéicos superiores em relação às exigências nutricionais de espécies marinhas carnívoras que se tem conhecimento. Todas as rações utilizadas no experimento apresentavam concentração de proteína total entre 50 e 55%, diferente de algumas rações utilizadas para algumas espécies cultivadas na Europa, onde de acordo com NRC (2011) as exigências de proteína total para

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27 o robalo-asiático (Lates calcarifer), o beijupirá (Rachycentron canadum) e o robalo-europeu (Dicentrarchus labrax) são respectivamente 38, 38 e 40 % da proteína digestível.

Por outro lado, Hidalgo e Alliot (1988) apud Hossu, et. al (2005), estudando os efeitos da temperatura da água na utilização da proteína em robalos-europeu juvenis, recomendaram 50% de proteína bruta na alimentação destes peixes em períodos onde a temperatura é menor que 20°C.

Considerando que na região da enseada do Itapocoroy, foram observadas temperaturas da água (inferior) a 20ºc durante experimento, pode-se dizer que as rações utilizadas possuíam teor de proteína semelhante ao recomendado por Hidalgo e Alliot (1988) apud Hossu, et. al, (2005).

Figura 13: As diferentes rações utilizadas durante o cultivo dos juvenis de robalo-flecha em tanque-rede na enseada da Armação do Itapocoroy, Penha-SC.

5.5. Troca de rede

Conforme destacado anteriormente o processo de fouling ou incrustação é bastante intenso na área de estudo, tornando o procedimento de troca de rede de extrema importância, não só para evitar problemas de rompimento de redes e/ou cabos como

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28 também pela condição de bem estar dos organismos. As redes colmatadas além de serem muito pesadas também dificultam a troca de água do tanque com o ambiente.

Conforme apresentado anteriormente as redes eram trocadas aproximadamente a cada 4 semanas, de acordo com quantidade de material incrustado, condições do mar e mão de obra disponível para realizar esta atividade. A troca das redes exigia pelo menos 4 pessoas para ser realizada, sendo que o procedimento completo demorava cerca de 2 a 3 horas, de acordo com as condições ambientais e oceanográficas que estavam no dia. Devido a experiência adquirida pela equipe do CEMar, durante esse procedimento o número de organismos que fugiu ou morreu foi mínimo, ou seja, a metodologia de troca de rede se mostrou eficaz.

5.6. Limpeza das redes

A limpeza das redes era realizada no pátio do próprio CEMar com auxílio de uma lavadora de alta pressão (lava-jato) ou vassoura. Este procedimento era bastante demorado e cansativo, sendo que o tempo de lavação variava de 1 a 3 horas de acordo com a quantidade e a umidade do material incrustado. Devido a grande biomassa de organismos incrustantes nas malhas, muitas vezes havia necessidade de mais uma pessoa para ajudar a fazer esta limpeza. Esse processo de lavagem das redes era realizado mais facilmente quando o material incrustado nas redes estava completamente seco, ou seja, quando as redes permaneciam por 3 a 4 semanas secando (ao sol preferencialmente) tempo suficiente para que o material incrustado em todos cantos da malha fossem completamente secos.

5.7. Parâmetros físico-químicos

5.7.1. Salinidade

Após análise dos dados de salinidade obtidos ao longo do experimento, observou-se que a maior média de salinidade foi verificada durante período de aclimatação, no final do mês de março, sendo 34,8. A mínima foi 26,1, registrada no mês de setembro (Fig. 14). O desvio padrão, assim como o valor máximo e mínimo registrado durante todo experimento estão descritos na tabela 1.

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29 Alguns valores de salinidade registrados de abril a setembro, pelo Data Storage Tag (DST), estiveram abaixo dos padrões da área de estudo (19,2), o que indica possível falha de leitura no equipamento. Possivelmente, tenha ocorrido uma colmatação no sensor do equipamento, ocasionando diminuição nos valores. Pois estes valores baixos (menores que 22) registrados durante experimento diferem dos descritos por Pedrosa (2011), sendo que a autora analisou uma serie temporal de 12 anos de dados de salinidade, entre 1996 e 2008, onde observou para a área de estudo uma salinidade média de 31,9 sendo que a salinidade mínima registrada foi de 21,8 e a máxima de 37. Apesar deste potencial erro de leitura, observa-se que se for feito uma análise das médias mensais, os valores médios de salinidade do presente trabalho estão próximos a valores obtidos por outros autores na mesma área de estudo.

Schettini et al (1999) indicaram que a água predominante na enseada é Água Costeira (AC), formada pela diluição parcial das águas oceânicas pelo aporte continental principalmente do rio Itajaí-Açu, com salinidades menores do que 33. Os autores explicam que durante o verão e outono pode haver influência da Água Tropical (AT) com salinidade superior a 35. Roos (2011) na mesma área de estudo verificou valores de salinidade entre 27 a 36 de abril a setembro de 2011.

De acordo com Abreu et al (2006) apud Pedrosa (2011) a área de estudo caracteriza-se em uma baía de formato semi-circular aberta para nordeste. Observam-se algumas redes de drenagem pluvial ao longo da linha de costa na enseada, o que possivelmente poderia influenciar a salinidade em épocas chuvosas.

Outro fator que pode ter influenciado nos valores de salinidade foi a mudança no equipamento de leitura, pois no primeiro mês foi utiilizado um refratômetro e nos demais meses o Data storage tag (DST), tendo em vista que cada equipamento possui sua acurácia, resolução e precisão. A variação de salinidade observada entre os meses de março e abril possivelmente foi conseqüência desta diferença nos instrumentos de coleta.

Apesar destas variações nos valores de salinidade pode se afirmar que este parâmetro não influenciou o desenvolvimento dos peixes, pois os robalos são considerados eurialinos, adaptando-se facilmente a variação de salinidade, sendo que juvenis a partir de 0,5g podem ser aclimatados para água doce em menos de 24 horas (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). Porém são necessários mais estudos sobre a faixa de salinidade ideal para o crescimento do flecha (BALDISSEROTO & GOMES, 2005). Em relação ao robalo-flecha, de acordo com Magalhães, (1931); Chapman et al, (1982); Patrona, (1984) apud Cerqueira (2002) é um peixe resistente a variações dos parâmetros físico-químicos da água.

Referências

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