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2. QUALIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.3 GARANTIA DE QUALIDADE

Ultimamente, o debate sobre a qualidade da educação superior vem sendo focado sobre a perspectiva da garantia de qualidade. Nesse sentido, Marchesi (2003, p. 20) destaca que a qualidade está associada “ao valor, à excelência, àquilo que é digno de reconhecimento, à obra bem-acabada. A palavra qualidade pretende outorgar um elo de garantia e de reconhecimento à realidade à qual se aplica”.

A garantia de qualidade tornou-se uma necessidade para as políticas de mercados a fim de demonstrar que os fundos públicos são gastos eficazmente e os propósitos públicos

para financiamento da educação terciária são realmente preenchidos. (ALDEMAN e BROWN, 2007, citados por MOROSINI, 2008) A garantia de qualidade também implica em uma maneira de atrair estudantes e uma receita segura em ambientes cada vez mais competitivos.

A garantia de qualidade é, também, um recurso importante no fornecimento de sinais para o mercado de trabalho sobre as habilidades e competência dominadas pelos graduados, a fim de garantir que certos padrões sejam buscados e para assegurar que a qualificação conquistada é própria para os propósitos pretendidos.

Hopper (2006) observa que antes de 1990 os métodos de garantia de qualidade centravam-se em medidas de insumos. No entanto, recentemente tem surgido sistemas de garantia de qualidade que abarcam um campo mais amplo que incluem também indicadores de processos e de resultados.

Nesse sentido, Sanyal e Martin (2006), definem qualidade, assim como aplica a Organização Internacional para Normalização5 (ISO) ao Ensino Superior, como a definição

de objetivos de aprendizagem e dispor de estratégias e estrutura para que os estudantes os alcancem.

No entanto, para que os objetivos de aprendizagem sejam válidos, é preciso que sejam estabelecidos critérios acadêmicos e que os mesmos atinjam: a) as expectativas da sociedade; b) as aspirações dos estudantes; c) as demandas do governo, das empresas e das indústrias e d) as necessidades das instituições. Para tanto, é necessário um bom desenho dos cursos, estratégias docentes adequadas e eficazes, professores competentes e um ambiente que propicie a formação.

Na Conferência Mundial sobre Ensino Superior, ocorrida em julho de 2009, com mais de 1.000 participantes de cerca de 150 países na sede da UNESCO, o Diretor Geral da UNESCO afirmou que o Ensino Superior deve ser um tempo para prosseguir os objetivos de equidade, relevância e qualidade, sublinhando a importância dos mecanismos reguladores e de garantia de qualidade.

Corroborando com essa ideia, Sanyal e Martin (2006) apontam que a qualidade de uma instituição ou de um programa de curso pode ser medida pelo cumprimento de critérios mínimos estabelecidos para os insumos, processos e resultados, na qual é denominado de

5 É uma organização não governamental, fundada em 1947, em Genebra, presente, aproximadamente, em cerca de 130 países. Tem como função promover a normalização internacional de produtos e serviços, utilizando determinadas normas, para que a qualidade dos mesmos seja sempre melhorada.

enfoque de qualidade baseado em padrões. Como os objetivos dos atores envolvidos no processo variam, é preciso que sejam estabelecidos critérios mínimos de qualidade, buscando um denominador comum.

Com a internacionalização da educação superior um selo de garantia de qualidade passa a ter maior valor, pois é fundamental para o crescimento na mobilidade de estudantes, a reputação da instituição de educação superior entre os países, o monitoramento da qualidade, a globalização de profissões e a necessidade de padrões comuns. (MOROSINI, 2008, p. 92)

O conceito de garantia de qualidade também é complexo, pois abrange as dimensões múltiplas de inputs, processos e resultados, bem como a maneira como essas dimensões mudam ao longo do tempo. Além disso, a garantia de qualidade também objetiva o melhoramento do fornecimento da qualidade.

Diante do exposto ao longo do capítulo, observa-se que não existe uma definição clara para o conceito de qualidade, pois o mesmo tem evoluído com o tempo e sofre influências conforme o contexto social e cultural. O conceito de qualidade é multidimensional e pluralista. Nesse sentido, é possível afirmar que a qualidade da educação deve ser definida em consonância com certa escala de valores, objetivos e exigências da sociedade em dado tempo e lugar.

Contudo, percebe-se a preocupação com a melhoria da qualidade da educação considerando que nas últimas décadas, no mundo inteiro, está acontecendo um movimento de internacionalização na educação superior e, consequentemente, está voltado para a qualidade da educação entendendo-a como pilar para a formação e atuação profissional.

A internacionalização da educação e a qualidade fazem parte de um mesmo processo, tanto pela quebra de barreiras geográficas e o desenvolvimento dos sistemas comunicacionais como pela necessidade de padrões mínimos que possibilitem a circulação de diplomas e títulos entre os sistemas educativos. (MOROSINI, 2008)

Nesse sentido, o conceito de qualidade que deve permear os processos na educação superior, em consonância com os sistemas de garantia de qualidade num contexto de internacionalização, especialmente na Educação a Distância, objeto de estudo nesta tese, é a garantia de excelência, como ponto de partida e de chegada, nos cursos de graduação ofertados à sociedade.

3 EDUCAÇÃO SUPERIOR NOS EUA: ACREDITAÇÃO COMO GARANTIA DE QUALIDADE

A configuração atual dos processos de garantia de qualidade reflete um legado de décadas de desenvolvimento da prática da acreditação. Ela é vista como um meio de assegurar e melhorar a qualidade do Ensino Superior, auxiliando as instituições e os cursos através do uso de um conjunto de normas (padrões).

Nos últimos anos, a acreditação se tornou um mecanismo de garantia de qualidade muito importante para a Educação Superior devido ao desenvolvimento das tecnologias, o crescimento da Educação a Distância, a multiplicidade de novas ofertas, a internacionalização da Educação Superior, resultando na necessidade de um sistema que garanta a qualidade dos programas e cursos ofertados (GINKEL e DÍAS, 2006).

No entendimento de Sanyal e Martin (2006), a acreditação é o tipo de garantia de qualidade mais aconselhável devido aos seguintes fatores:

• À medida que os tipos de instituições que oferecem cursos de graduação se diversificam cresce a demanda por uma educação certificada. Um selo de qualidade pode auxiliar na identificação de instituições com alto padrão de qualidade;

• A qualidade pode ser ameaçada por vários elementos, incluindo as falsas instituições de ensino. Um título concedido por uma instituição deve ter uma garantia de qualidade e a acreditação é uma forma de proporcioná-la;

• O crescente número de instituições de Educação Superior e de documentos falsificados também aumenta a demanda por sistemas de controle de garantia de qualidade que mantenham os padrões necessários, permitindo aos graduandos terem acesso às melhores ou mais especializadas instituições de ensino;

• A grande concorrência entre as instituições de Educação Superior na busca pelos melhores estudantes transforma sua qualificação numa moeda de câmbio (mediante mecanismos de transferência de créditos, para aumentar a mobilidade estudantil) e, também, propicia que elas tornem-se organizações de ensino com uma qualidade cada vez maior.

A grande expansão da educação superior nos últimos anos tem gerado questionamentos a respeito da qualidade dos cursos oferecidos, levantando o debate de quais são os critérios mínimos que um curso deve ter para que seja considerado de qualidade.

A acreditação assegura o controle de qualidade (padrões) na Educação Superior, auxiliando na identificação de problemas (pontos negativos) e permitindo que medidas corretivas sejam imediatamente adotadas para a melhoria da qualidade.