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4. EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL: SISTEMA DE AVALIAÇÃO E ALGUMAS

7.2 O PERFIL DO AVALIADOR NA BUSCA POR EXCELÊNCIA

O avaliador tem um papel de extrema relevância no processo de avaliação de qualquer curso e isso não foge a regra no caso da modalidade a distância. O perfil dos avaliadores, tanto em termos de formação e conhecimento do objeto avaliado, como experiência de atuação em processos avaliativos, são de extrema importância e impactam significativamente na avaliação dos cursos.

Pela legislação brasileira, a excelência está em um avaliador ter uma formação mínima em nível de doutorado. No entanto, pela brecha apresentada pela própria lei (§ 4º do Art. 5) e pela realidade brasileira encontrada, muitos dos avaliadores que estão atuando possuem uma formação em nível de mestrado.

O relatório sobre os novos instrumentos de avaliação de cursos de graduação apresentado por Funghetto (2012), que apresenta a titulação dos avaliadores no ano de 2010, aponta que 27% dos avaliadores que atuaram nesse ano tinham a titulação de mestre. Esse cenário brasileiro fica evidenciado pelos próprios sujeitos desta pesquisa, pois a metade dos avaliadores em EAD pesquisados possui uma formação em nível de mestrado.

Um dos pontos perguntados aos sujeitos da pesquisa foi qual deveria ser a titulação mínima de um avaliador para que fosse garantida a excelência no processo de avaliação de um curso em EAD. A maioria dos sujeitos apontou que a formação mínima de um avaliador deveria ser em nível mestrado por não acreditarem que o critério formação seja o determinante da qualidade no processo.

Um entrevistado apontou que a titulação mínima poderia ser especialização. Segundo o A1, a titulação mínima deve ser de mestre, mas depende muito da experiência que a pessoa

tem em cursos a distância. Um especialista que atua na área também tem essa capacidade. Já

o A4 aponta não acreditar que a titulação esteja sempre acompanhada de competência. Por

isso, a experiência, competência e habilidades é que devem ser consideradas para um avaliador.

Segundo o A6 a experiência na docência no ensino superior na modalidade a

distância deve ser um requisito exigido. A titulação não garante a qualidade da avaliação apesar de contribuir, mas a experiência e o conhecimento de um curso superior e das especificidades da EAD são fundamentais.

A experiência em avaliação e conhecimento das especificidades da Educação a Distância foram uns dos aspectos evidenciados na fala de todos os sujeitos pesquisados como

fundamentais para uma avaliação com qualidade. O entrevistado A5 destacou essa importância ao apontar que por diversas oportunidades são apresentados relatos de

avaliadores sem conhecimento da modalidade e que julgam a partir de preceitos do presencial.

Não conhecer a modalidade do objeto que está sendo avaliado é um fator extremamente preocupante. Como aferir qualidade e garantir a excelência de um curso se o avaliador não entende a essência de um ensino mediado por tecnologias?

O entrevistado A4 traz para o debate um ponto bem significativo que é a falta de conhecimento da própria área da Educação. Essa ideia fica posta quando afirma que, além da

titulação, existem outras habilidades e competências que devem ser consideradas. Em especial, um entendimento maior da área da Educação é salutar, pois muitos avaliadores têm perfil técnico e, apesar de serem docentes, carecem de compreensão pedagógica.

Um dos pontos apresentados pelo A8 como fundamentais para compor o perfil de um avaliador na modalidade a distância está no fato desse profissional passar pelo processo de aprender online. Passar pelo processo educativo num curso de EAD ajuda a conhecer melhor

o processo. Ter sido aluno, tutor, professor, coordenador e saber elaborar material didático também trazem um conhecimento e experiência importantes para a avaliação.

Branco (2003) corrobora com essa ideia ao dizer que é imprescindível ao profissional que trabalha com EAD participar do processo de aprender online, usando todas as tecnologias de um ambiente virtual de aprendizagem, para que possa compreender adequadamente as dificuldades e facilidades dos alunos online, sentindo na pele como é esse processo, o que ele cobra e o que ele oferece para aqueles que por ele passam.

Assim, para que um profissional desempenhe a função de avaliar a qualidade de um curso de graduação a distância de forma eficaz e eficiente é imprescindível que tenha uma formação mínima em nível de doutorado (atendendo a legislação vigente), mas que além desse critério, apresente experiência em avaliação do ensino superior, um maior entendimento da área da Educação, conhecimento e experiência nas especificidades da modalidade a distância.

A capacitação dos avaliadores é outro ponto muito discutido para que se atinja um nível de excelência no processo de avaliação dos cursos de graduação a distância. Assim, quando questionados sobre esse aspecto, os entrevistados apontaram que a capacitação deve ser contínua e não somente sobre critérios e parâmetros de avaliação, mas o contexto de um

Ao encontro dessa ideia, o entrevistado A4 aponta que alguns conhecimentos prévios

dos avaliadores devem ser potencializados nas capacitações, como: 1) Elaboração de Materiais didáticos; 2) Conhecimento de AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem; 3) Processos de Mediação centrados no Tutor; 4) Utilização de mídias.

Conforme o entrevistado A2, um aspecto que deveria ser adotado na capacitação dos avaliadores diz respeito à experiência de avaliação. O avaliador em capacitação deveria ser

confrontado com situações práticas, inclusive participar de avaliações in loco juntamente com outros avaliadores.

Esse é um dos aspectos apresentados pelo sistema de garantia de qualidade (acreditação) da agência DTEC, já abordado nos capítulos anteriores. O avaliador qualificado, além do curso de capacitação de avaliadores, passa por um momento de treinamento, servindo como um “avaliador em treinamento” em, pelo menos, uma avaliação in loco antes de participar efetivamente do processo de acreditação de um curso em EAD, para que aprenda na prática com seus pares.

A comissão de acreditação de um curso em EAD nos EUA é composta por, no mínimo, 5 avaliadores (presidente da comissão, examinador de padrões educacionais, examinador de padrões de negócios, um especialista para cada área temática e um observador).

No Brasil, na avaliação dos cursos a distância, a comissão é formada, em geral, por 2 avaliadores. Quando questionados sobre esse aspecto, a maioria dos entrevistados apontou que uma comissão de avaliação deve ser formada por, no mínimo, três avaliadores para que seja garantida a excelência na avaliação de todos os aspectos de um curso de graduação em EAD.

Esse ponto fica evidente na fala do entrevistado A6, ao afirmar que três pessoas

seriam suficientes, contando com experiências tanto no ensino superior quanto em EAD. O olhar diferente contribui com a avaliação. Corroborando com essa ideia o entrevistado A2

aponta que uma comissão formada por um número ímpar de integrantes contribui com a questão da imparcialidade.

O entrevistado A7 aponta alguns aspectos importantes que poderiam determinar o número de integrantes para uma comissão de avaliação. Segundo esse sujeito da pesquisa o que determina o número de pessoas envolvidas está relacionado com o conhecimento e a

competência dos envolvidos. É de extrema importância ter alguém graduado no curso a ser avaliado; um pedagogo que conheça a EAD; alguém que conheça métodos de avaliação

pedagógica; alguém que conheça a especificidade do material didático que deverá acompanhar as disciplinas.

A fala do sujeito A7 em relação à avaliação do material didático vem ao encontro de como é o processo implantado nos EUA com a acreditação. O material didático é avaliado por especialistas na área do curso e conhecimento específicos em Educação a Distância. Cada especialista elabora um relatório sobre o material avaliado, verificando se atende a critérios de excelência.

Diante do exposto, percebe-se a importância do avaliador na busca de excelência na avaliação dos cursos. O fato de termos profissionais avaliando o ensino superior sem um perfil determinado como de excelência para a função, põe em dúvida a garantia de qualidade e expõe a fragilidade do processo com a atual formação do Banco de Avaliadores no que diz respeito à modalidade a distância no Brasil.