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Conforme Matheus Luis da Silva (2013), Antônio de Souza Netto nasceu na cidade de Povo Novo, distrito do Município de Rio Grande, em 25 de maio de 1803. Era filho de José de Souza Neto, natural de Esteio e Teutônia Bueno, natural de Vacaria. Seus avôs paternos eram Francisco Souza, natural de Colônia do Sacramento e Ana Maria, natural de Açores.

Seus avôs maternos eram Salvador Bueno da Fonseca e Ignácia Antônia de Araújo Rocha, ambos natural de Itu em São Paulo.

Netto estudou na Freguesia de São Francisco de Paula, atualmente cidade de Pelotas, junto com seus irmãos Rafael e Domingos Neto. Já adulto mudou-se para Bagé, onde se tornou estancieiro, criador de gado e cavalos. Logo após a incorporação da Província

Cisplatina pelo Império Brasileiro, foi residir no Uruguai. Na guerra Cisplatina (1825-1828), como jovem e intrépido capitão de Cavalaria da Guarda Nacional, na cobertura de nossa Fronteira, no corte do rio Jaguarão.Com a criação da Guarda Nacional (1831) passou a ser Coronel de Legião da Guarda Nacional de Bagé. Ao iniciar o movimento de 1835 (Revolução Farroupilha), Netto era comandante do Corpo da Guarda Nacional de Piratini, composto por recrutas de Piratini, Canguçu, Cerrito (atual Vila Freire), Bagé e Piraí, todos esses locais eram distritos pertencentes à vila de Piratini, criada por decreto do imperial em 1830.

Netto atuou na Revolução Farroupilha desde o início da revolução até os momentos do tratado de paz, quando decidiu se exilar no Uruguai, pois não concordava com os termos do Acordo do Ponche Verde. Netto comandou o Exército Farroupilha e foi responsável pelo cerco à cidade de Porto Alegre (1835 a 1836), porém os revolucionários não conseguiram tomá-la definitivamente perdendo a cidade para os Imperiais.

O General Netto prestou serviços ao Império Brasileiro defendendo as fronteiras brasileiras na guerra da Cisplatina 1825-28, contra Aguirre 1864 e da Tríplice Aliança contra o Paraguai, de 1865-66. Na Guerra do Paraguai, no comando de uma Brigada de Cavalaria Ligeira de Voluntários, fazendo a vanguarda do Exército Brasileiro, ao comando de Osório, de Uruguaiana até Tuyuty. Foi dos primeiros, junto com o General Osório a pisar no solo adversário, em Passo do Rosário, em 16 de abril de 1866.

Em 24 de maio de 1866, por ocasião da batalha de Tuyuty, a maior batalha campal da América do Sul, desempenhou com seus cavalarianos montando cavalos amilhados, importante função tática em Potrero Pires. Essa tática proporcionou a vitória na batalha de Tuyuty.

O General Netto, no inicío da Revolução Farroupilha era capitão da Guarda Nacional, após a proclamação da República Rio-Grandense nos campos de Seival, em11 de setembro de 1836, tornou-se general.

Além do mais, foi o maior cavaleiro e líder de combate da Cavalaria da República Rio-Grandense. Comandou a Brigada Liberal integrada por filhos dos atuais municípios de Piratini, Canguçu, Pedro Osório, Pinheiro Machado e Bagé, até o Pirai, no combate de Seival, de 10 de setembro de 1836, com a ajuda do Corpo de Lanceiros venceu a batalha de Seival e proclamou a República, alimentando ainda mais o sonho de liberdade dos escravos que atuavam no Corpo de Lanceiros.

Na batalha de Seival os farrapos se encheram de esperança após a vitória, num período extremamente adverso à Revolução Farroupilha, assinalado por derrotas frustrantes e a prisão de Bento Gonçalves, na ilha de Fanfa, em 4 de outubro de 1836, por Bento Manuel Ribeiro.

Netto desempenhou por um bom tempo, até o retorno de Bento Gonçalves, as funções de comandante chefe do Exército. Bento Gonçalves quando consegui escapara da prisão, retomou a liderança da Revolução Farroupilha. As funções de Chefe do Estado-Maior do Exército da República Rio-Grandense voltaram às mãos de Bento Gonçalves.

Netto, como já foi citado antes, por não concordar com os termos do Acordo do Ponche Verde tomou a decisão de exilar-se no Uruguai. Em seu auto-exílio no Uruguai, Netto teve condições de criar gado e se tornar um fazendeiro próspero em terras estrangeiras.

O exílio de Netto a Montevidéu só foi possível após um acordo entre o Império Brasileiro e o governo de Montevidéu. Por causa da posição geográfica da República Oriental do Uruguai ocupava em relação ao Rio Prata, bem como grande parte do território da Província do Rio Grande de São Pedro, era disputada pelas Coroas Ibéricas e posteriormente pelos novos Estados que se formavam na região de Buenos Aires que desejava incorporar aos seus domínios esses outros territórios para consolidar as “Províncias Unidas do Rio da Prata”.

Nos anos de 1825 e 1827, o Brasil enfrentou as Províncias Unidas do Rio da Prata com o objetivo de incorporar o território aos seus domínios. Ao término do conflito, foi criada a República Oriental do Uruguai, em 1828. Mesmo a criação de um Novo Estado, não impediu que os brasileiros mantivessem negócios com a Região Oriental. Grande parte das terras e dos gados se encontrava em posse de brasileiros que mantinham negócios no território do Uruguai.

O Uruguai sofria com disputas internas desde 1839. O Governo de Montevidéu solicitou ajuda ao Império Brasileiro para vencer Oribe, que tinha apoio de Rosas (caudilho bonaerense). Oribe era nacionalista e queria combater as elites estrangeiras que dominavam o país. Entre essas elites, encontravam-se os brasileiros que moravam e tinham negócios no território Uruguaio.

De acordo com Matheus Luis da Silva (2013), o Império Brasileiro, em troca do auxílio ao Uruguai, obrigou o governo de Montevidéu a assinar cinco tratados: O de Aliança que autorizava o Império a intervir militarmente se necessário nos assuntos internos dos uruguaios; O de Extradição que obrigava o Uruguai a devolver os escravos que fugissem para a região e não aceitava a abolição uruguaia, podendo os estancieiros brasileiros ter escravos em suas terras no Uruguai; O Tratado de Socorros que determinava um pagamento mensal por parte do Império ao governo da República Oriental para auxiliar com os custos da administração; O Tratado de Comércio e Navegação convertia o Uruguai praticamente numa

“reserva de gado” para o Império Brasileiro. E por último, o Tratado de Limites que estabeleceu as fronteiras entre Império Brasileiro e República Oriental, estabelecendo a

fronteira norte do Uruguai no rio Quarai, ficando com o Império Brasileiro com o domínio total sobre a Laguna Mirim e o rio Jaguarão, fazendo com que o Uruguai perdesse definitivamente imensos territórios em disputa.

O Império Brasileiro, além de garantir segurança ao território, ainda residência aos brasileiros no Uruguai que veio mais tarde beneficiar Antônio de Souza Netto, que se refugiou no Uruguai após o término da Revolução Farroupilha. Netto foi um próspero criador de gado e cavalos e também possuía escravos que trabalhavam em sua estância no Uruguai.

Com esses indícios e os tratados entre o Estado Oriental e o Império Brasileiro não é possível afirmar que Netto tenha se exilado ou buscou exílio no Uruguai. Ao que tudo indica com o término da Revolução Farroupilha, Netto retornou ao Uruguai por possuir relações comerciais na região.

3 NETTO PERDE SUA ALMA: UMA RELEITURA DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA