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Geoquímica e mineralogia dos sedimentos nos reservatórios 1 Reservatório de Jurumirim

Granulometria e COT Ponte Nova Ponto

2.3.3 Geoquímica e mineralogia dos sedimentos nos reservatórios 1 Reservatório de Jurumirim

As Tabelas 1 a 5 do Anexo D apresentam os resultados obtidos na digestão total das amostras de sedimentos para todos os perfis sedimentares coletados em Jurumirim. E no Anexo C estão alguns difratogramas das amostras analisadas no perfil coletado em julho de 2013 neste reservatório.

As Figuras 2.23 e 2.24 apresentam os valores médios das concentrações dos elementos determinados no reservatório de Jurumirim nos perfis coletados em Julho e Janeiro de 2013 respectivamente .

Figura 2.23 – Concentrações de alguns elementos determinados em Jurumirim no perfil coletado no ponto 1 em Julho de 2013.

As médias das concentrações foram calculadas de duas formas: primeiro, somente com os resultados referentes à sedimentação após a formação do lago de Jurumirim (nas Figuras 2.23 e 2.24 designado como “pós”), acima das transições provocadas por textura e COT (conforme a datação, este período é relativo ao ano de 1965); e depois com os resultados obtidos na fase de transição dos sedimentos entre o rio Paranapanema e o reservatório (nas Figuras 2.23 e 2.24 designado como “pré”), ou seja, antes da formação do lago da barragem de Jurumirim.

É perceptível que alguns elementos apresentaram variações de concentrações quando se estabelece esta diferenciação entre sedimentos pré e pós-represamento. Alumínio, Fe, P, Mn,V, Ni, Cu, As, Mo e Sb apresentaram, em todos os perfis, concentrações maiores nos sedimentos após a construção da barragem, enquanto os elementos K, Na, Ba, Sr e Mg apresentaram maiores concentrações nos sedimentos antes da construção da barragem.

Figura 2.24 – Concentrações dos elementos determinados em Jurumirim no perfil coletado no ponto 1 em Janeiro de 2013.

As concentrações dos elementos nos demais perfis coletados foram similares em todas as campanhas, sendo mantidas as variações entre os sedimentos pré e pós-represamento com maior ou menor intensidade.

Apenas o ponto 2 apresentou variação nas concentrações de alguns elementos. Para Fe, Ti, V e Hf, as concentrações observadas no ponto 2 foram discretamente superiores aos demais pontos; e há uma menor concentração para os elementos Ca, K, Ba, Sr e Mg, em relação aos demais pontos e perfis. A Figura 2.25 apresenta um comparativo entre os elementos Ti e K (como exemplos de elementos com maior e menor concentrações no P2 em relação ao P1 e P3, respectivamente) para todos os pontos coletados em Jurumirim.

Tal comportamento diferente no ponto 2 pode ser explicado em função dos aspectos geológicos da área de drenagem correspondente a este ponto. A represa de Jurumirim neste local já incorpora o rio Taquari, principal afluente do rio Paranapanema neste reservatório. A bacia hidrográfica desta região é formada em boa parte por basaltos da Formação Serra Geral, enquanto o restante do reservatório drena áreas de rochas pré- vulcânicas e do Embasamento Cristalino, conforme já apresentado no capítulo 1.

Figura 2.25 – Mediana, outliers e extremos das concentrações de Ti e K nos perfis coletados em Jurumirim.

O dendrograma da Figura 2.26 ilustra os grupamentos formados com os resultados dos elementos determinados nos perfis do ponto 1 em Julho de 2013. Os dendrogramas obtidos nos demais perfis são similares.

Em todos os perfis, os dendrogramas indicaram a separação em dois grandes grupos, um onde estão os elementos K, Na, Sr, Ba, Hf, e por vezes Ca e Cd, e outro grupo formado majoritariamente por Fe, Al, Mn, Ti, Cr, V, Cu, Sb e As, incluindo por vezes Sc, Li, P, Mo e Co. E justamente os elementos deste grupo são os que apresentaram enriquecimento ao se comparar o perfil com os sedimentos da fase represa com os sedimentos da fase rio, conforme também pode ser observado nas Figuras 2.23 e 2.24.

A deposição sedimentar dos elementos pode ser considerada praticamente constante nos sedimentos da fase represa. Entretanto, o barramento do rio Paranapanema propiciou uma nova dinâmica de sedimentação dos elementos, com incremento para Fe, Al, Mn, Ti, P, Cr, V, Mo, Cu e As quando em comparação com os sedimentos da fase rio Paranapanema.

Isto evidência o enriquecimento destes elementos associados a Fe e Al nos perfis sedimentares de Jurumirim após a construção da barragem. A nova dinâmica de sedimentação aqui imposta propiciou o incremento das concentrações destes dois elementos nos sedimentos de Jurumirim e dos elementos que ocorrem associados a estes majoritários nos sedimentos.

Figura 2.26 – Dendrograma dos elementos determinados em Jurumirim no perfil coletado no Ponto 1 em Julho de 2013.

A Figura 2.27 apresenta os perfis das concentrações dos elementos no ponto 1 em Julho de 2013 e ilustra esta dinâmica de estabilidade das concentrações dos elementos após a formação do lago e pode-se verificar os dois distintos grupos formados; um grupo que apresentou enriquecimento após a construção do lago (as alterações de textura e COT que ocorreram na base do perfil foram consideradas como o ano de 1963, de acordo com o perfil datado) e os elementos que apresentaram decréscimo de concentrações após este período.

Figura 2.27 – Concentrações dos elementos ao longo do perfil coletado em Julho de 2013 no ponto 1 em Jurumirim.

A Figura 2.28 apresenta o fator de enriquecimento para Fe e K, e ilustra as alterações de deposição destes elementos nos sedimentos. Aqui foi escolhido o perfil do ponto 1 de Janeiro de 2014, mas quaisquer perfis apresentariam resultados similares. Nesta Figura, os fatores de enriquecimento (FE) calculados tomando como base os sedimentos da represa

estão representados como “40 cm”. Isto indica que os resultados deste cálculo foram realizados considerando como valor de referência os resultados obtidos na camada de 40 cm de sedimento (camada de sedimento referente ao ano de 1973), ou seja, o fator de enriquecimento foi calculado considerando como resultados de background os valores obtidos após a construção do reservatório de Jurumirim. A indicação “55 cm” refere-se ao cálculo realizado tendo como base os resultados da camada a 55 cm de profundidade do perfil, cujos resultados referem-se à sedimentação do rio Paranapanema pré-represamento ou o início do represamento de Jurumirim.

A normalização dos resultados obtidos no reservatório de Jurumirim pelo fator de enriquecimento (FE) deixa claro este comportamento de sedimentação constante a partir da formação do lago (Figura 2.28). Quando se trabalha com todos os dados do perfil e considera- se como valores de referência para o cálculo do FE (calculado utilizando o Li como normalizador) os resultados obtidos na última camada de sedimento do perfil (ou seja, resultados anteriores ao ano de 1963 – época de formação do lago) foram obtidos fatores de enriquecimento entre 2 a 6 para os elementos Fe, Mn, P e As em todos os perfis. Os elementos Al, Mo, Cr, Cu e V também apresentaram este comportamento (tendência ao enriquecimento), mas com uma intensidade menor. A Figura 2.28 ilustra o FE para os elementos K e Fe, normalizados tendo como referência os anos de 1973 (após a formação do reservatório) e 1962 (antes da formação do lago).

Figura 2.28– Fator de enriquecimento para Fe e K no perfil de Jurumirim coletado no P1 em janeiro de 2014. 1961 1965 1969 1973 1977 1981 1985 1989 1993 1997 2001 2005 2009 2013 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 A n o

FE (normalizado com Li)